Citações #22 — Ensinando a transgredir

Citações #22

Na resenha que fiz sobre Ensinando a transgredir (bell hooks, 2017), publicado pela editora WMF, eu espero ter conseguido demonstrar o quanto gostei do livro e o quanto o considero uma leitura importante em diversos aspectos. Como muitas passagens ficaram de fora da resenha, trago-as aqui e começo destacando uma que, mesmo estando em um dos últimos ensaios, é essencial para o início deste post:

“Reconhecer que através da língua nós tocamos uns nos outros parece particularmente difícil numa sociedade que gostaria de nos fazer crer que não há dignidade na experiência da paixão, que sentir profundamente é marca de inferioridade; pois dentro do dualismo do pensamento metafísico ocidental, as ideias são sempre mais importantes que a língua” (p.233)

Tendo consciência de através da língua tocamos os outros, quero trazer neste post as citações que deixei de fora da minha resenha sobre Ensinando a transgredir para, quem sabe, conseguir não só despertar o interesse pelo livro, mas também mostrar a vocês como a educação como prática da liberdade não é algo tão complexo assim.

“A prática do diálogo é um dos meios mais simples com que nós, como professores, acadêmicos e pensadores críticos, podemos começar a cruzar as fronteiras, as barreiras que podem ou não ser erguidas pela raça, pelo gênero, pela classe social, pela reputação profissional e por um sem-número de outras diferenças”  (p.174)

A receita para a prática do diálogo é relativamente simples: criar um ambiente harmonioso e igualitário.

“Por isso, uma das responsabilidades do professor é criar um ambiente onde os alunos aprendam que, além de falar, é importante ouvir os outros com respeito” (p.201)

É importante lembrarmos que bell hooks é uma mulher negra que sabe bem o que esses dois termos significam, vivendo-os intensamente. Quando passou a estudar em um colégio misto (para brancos e negros), bell hooks pode compreender bem o preconceito racial.

“Nossa amizade de colegial não se formara porque ele era branco e eu, negra, mas porque víamos a realidade do mesmo modo” (p.40)

Mas bell hooks conseguiu superar muitas das dificuldades impostas pela vida e hoje busca demonstrar como uma excelente saída para o ensino é a educação como prática para a liberdade.

“Para educar para a liberdade, portanto, temos que desafiar e mudar o modo como todos pensam sobre os processo pedagógicos” (p.193)

Uma das maiores dificuldades nessa transformação são os próprios professores, que têm medo de sair de suas zonas de conforto e segurança.

“Sinto que uma das coisas que impedem muitos professores de questionar suas práticas pedagógicas é o medo de que ‘essa é minha identidade e não posso questioná-la'”. (p.180)

E mais do que isso, alunos e professores esquecem que essa é uma relação, acima de tudo, entre seres humanos.

“Essa é uma das tragédias da educação hoje em dia. Um monte de gente não reconhece que ser professor é estar com as pessoas” (p.222)

Mas o engessamento não parte somente dos professores ou então dos alunos, parte também das instituições em que se dão o ensino e como ele é visto pela sociedade.

“Para provar a seriedade acadêmica do professor, os alunos devem estar semimortos, silenciosos, adormecidos. Não podem estar animados, entusiasmados, fazendo comentários, querendo permanecer na sala de aula” (p.194)

Ensinando a transgredir, portanto, faz com que a gente reflita sobre esse aspectos e tantos outros. Se eu fosse falar de cada tema que aparece no livro, de cada pensamento que tive enquanto lia, eu precisaria de posts e mais posts sobre isso, porque quanto mais escrevo, mais penso nos assuntos ali abordados.

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