Resultado do meu desafio pessoal de leituras

Em 6 de janeiro deste ano de 2020 eu fiz um post intitulado “12 livros para 2020“, no qual propunha um “desafio” para mim mesma. Uma coisa boba, que nunca fiz e resolvi experimentar este ano.

Uso o adjetivo “boba” porque não foi feito com grandes reflexões. Escolhi 12 categorias de livros para ler. A ideia era que, a cada mês, eu encaixasse, entre outras leituras, um livro de uma das categorias escolhidas.

Antes de contar como foi essa experiência, gostaria de contar um fato engraçado que ocorreu: quando divulguei essa proposta no instagram do blog, recebi um comentário do tipo “Sério, só em 2019 eu li 25 livros”.

Achei esse comentário curioso porque a minha proposta não era exatamente sobre quantidade, mas sobre diversificar (e, no post em questão, eu ainda mencionava que também era para desencalhar livros, apesar de, no final das contas, eu ter lido livros que chegaram a mim esse ano).

Outra coisa que eu ainda gostaria de dizer é: eu definitivamente não sirvo para isso. Ao estabelecer 12 livros para 2020, entendi porque nunca fiz isso antes. Mesmo que fosse uma coisa para mim, senti uma certa pressão, uma certa obrigatoriedade de, a cada mês ler um livro específico. E é curioso, porque eu não determinei que categoria deveria ser cumprida a cada mês, então foi algo bem flexível. E, ainda assim, gerou uma certa preocupação em mim. Vai entender, né?

Então, ao mesmo tempo que foi bacana, é uma experiência que, provavelmente, não vou repetir tão cedo. Além disso, como eu disse antes, foi algo meio “bobo” porque, no final das contas, eu percebi que eu não estava fazendo algo realmente extraordinário. Algumas das categorias que estabeleci, eu facilmente leria de qualquer forma, ainda que esta simplesmente fosse uma proposta de não deixar certas coisas de lado ou de garantir que haveria ao menos uma leitura de determinada coisa.

Em janeiro, por exemplo, escolhi ler uma biografia ou livro de não ficção. Não é como se eu nunca fizesse isso, entende? E a leitura de janeiro não foi a única que se encaixaria neste quesito. De qualquer forma, para esta categoria, escolhi Livre para voar, escrito por Ziauddin Yousafzai, pai da Malala.

Para fevereiro, a escolha foi um livro sobre algum transtorno/doença psicológica. Ainda bem que escolhi esse tema já em fevereiro, né? E, como é o mês do meu aniversário, ganhei um livro que queria muito ler e que se encaixava direitinho nessa categoria, furando, portanto, toda a fila de livros não lidos. A obra em questão foi Céu sem estrelas, da Iris Figueiredo.

Em março escolhi uma categoria que, para mim, era um pouco mais difícil (isto é, algo que eu talvez realmente não fosse ler se não tivesse colocado neste desafio) e que contei com a ajuda do meu namorado para cumprir: ler uma HQ ou um mangá. E a obra que entrou aqui foi uma das minhas melhores leituras de 2020: A diferença invisível, da Madmoiselle Caroline e da Julie Dachez.

Uma das categorias da minha lista incluía um gênero que leio, mas geralmente quando chega às minhas mãos um livro do tipo, isto é, não é algo que, por livre e espontânea vontade eu procure: fantasia. E foi então que, em abril, li Os guardiões dos livros, da Ana Ferrari, outro livro que amei conhecer.

No mês seguinte, segui na categoria de gêneros que leio, mas principalmente quando o livro chega até mim. E, dessa vez, o gênero foi poesia. Em maio, portanto, li A princesa salva a si mesma neste livro, da Amanda Lovelace (e também li A bruxa não vai para a fogueira neste livro).

Junho foi a vez de ler um livro com um protagonista LGBTQ+ e, por isso, escolhi Não inclui manual de instruções, da T. S. Rodriguez. Gostei do fato que este livro também fala sobre autismo (que, aliás, é outro tema sobre o qual amo ler).

Em julho eu escolhi um livro escrito por uma pessoa negra. E o melhor, a escolha incluía uma protagonista negra também. E para melhorar ainda mais: conheci uma autora brasileira que me cativou com sua escrita e que, em breve, vocês verão de novo por aqui. Por enquanto, estou falando de Eu quero mais, da Tayana Alvez.

Em agosto, graças até ao incentivo de uma aluna minha, finalmente cumpri o desafio de ler um livro em italiano, e o escolhido foi outra obra que me encantou bastante neste ano: As pequenas virtudes (Le piccole virtù), da Natalia Ginzburg.

Uma pausa aqui para uma pequena reflexão: uma das categorias que eu havia separado para 2020 era um livro escrito por uma mulher. Se você prestar atenção aos títulos que mencionei de janeiro até este momento, só teve um escrito por homem! Ou seja, da mesma forma que não coloquei “ler um livro nacional”, por saber que eu faria isso, talvez eu não precisasse ter colocado “ler um livro escrito por uma mulher”, não é mesmo? De qualquer forma, considerei esta categoria em setembro, com a leitura de Giselle, da Thais Rocha, outro livro que simplesmente amei.

Depois de setembro, porém, tudo virou uma enorme bagunça (ao menos no quesito do meu desafio pessoal). O que acontece é que, em outubro, para cumprir a categoria “um livro sobre ou que se passe no período do Holocausto“, escolhi ler A bibliotecária de Auschwitz. Mas este livro é um pouco grande (e ok, o tema um pouco pesado) e tive de pausar a leitura, que só veio a ser concluída em dezembro (e a resenha vai ficar para janeiro).

Por outro lado, em novembro, concluí a leitura de As mil e uma noites, que comecei a ler pensando, também, que o meu desafio incluía a leitura de um clássico. Quem acompanhou os meus diários de leitura viu que comecei a ler esta obra em junho deste ano e a concluí em novembro e foi uma jornada muito prazerosa, ainda que longa.

Por fim, não consegui cumprir um dos desafios que propus: ler em inglês. A verdade é que acabei empurrando para a frente essa meta, principalmente porque achei que seria pesado demais intercalar com As mil e uma noites e, no final das contas, resolvi abrir mão de uma vez.

Talvez até desse tempo de ler, agora em dezembro, algo em inglês. Mas fiquei com preguiça de encarar o livro que separei para isso e também acabei resolvendo usar o meu teste gratuito do kindle unlimited para ler/baixar alguns livros que queria muito ler e agora preciso realizá-las antes de ativar novamente o wi-fi no meu kindle…

(não sei se você conhece esse truque, mas sabe quando você assina uma daquelas promoções de 3 meses do kindle unlimited — ou como eu fiz aqui, esse teste gratuito — e chega o momento de dar adeus a ele? Separe dez títulos que você quer muito ler, pegue-os emprestado e deixe seu kindle no modo avião. Assim, você conseguirá ler esses títulos mesmo que já tenha se esgotado a sua promoção, porque eles só vão “sair” do seu kindle quando você ativar novamente o wi-fi).

Confesso que eu achei que cumpriria 100% desse meu autodesafio, mas não estou decepcionada com o meu resultado. Aliás, também estou satisfeita com minhas leituras num geral. Li um pouco menos que no ano passado, mas este ano também trabalhei muito com textos variados. E claro, o que importa sempre é a qualidade, não a quantidade.

A única coisa que quero estabelecer para 2021, e agora, de verdade, para ver se diminuo a minha lista de não lidos (apesar de que sempre chegam novos livros) é, a cada mês, ler ao menos um físico e um ebook dentre os que estão parados aqui. E fechar, no máximo, uma leitura em parceria por mês (isso sim é desafio, sou péssima para dizer não…).

E para você, como foi esse ano? Cumpriu algum desafio ou meta literário que havia estabelecido inicialmente? Já tem planos para 2021?

22 comentários em “Resultado do meu desafio pessoal de leituras

  1. Minha meta era encontrar um autor nacional para chamar de meu. Eu já tinha um estrangeiro (Piers Paul Read), e decidi me debruçar num brazuca. Tive muita felicidade de trombar com Fernando Sabino, me identifiquei totalmente. Agora tento ler a maior quantidade de obras disponíveis dele, mas confesso que estou beeem preguiçoso nesse último trimestre.

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  2. Muito bacana. Confesso que nem sempre consigo ler todas as suas postagens, mas, a acompanho com frequência…
    Parabéns! Só de ler já vale.. Numa cultura como a nossa quando a leitura é desprezada e os livros tarifados com impostos altos, um louvor sua capacidade de leitura e de escrita.
    Bem, me senti convidado a dizer que li muito mais que planejei e não li mais porque trabalhei ainda mais do que imaginava.
    E, um projeto de vida saiu da gaveta. Meu primeiro livro solo já está na gráfica (tudo aprovado e pago). No início de 2021 estará nas livrarias (físicas e virtuais).
    Quanto a ler um físico, permita-me, sugerir, Marcelo Gleiser “A dança do universo”.
    Agraciado natal e profícuo 2021.

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    1. E agradeço imensamente que você acompanhe!
      E, realmente, em nosso país, ler é quase um ato de rebeldia, por vezes.
      2020 pegou a todos de surpresa, né? Mas fico feliz que, em meio a tudo isso, você ainda conseguiu tirar um grande projeto da gaveta. Ficarei de olho nas atualizações sobre isso!
      E muito obrigada pela sua sugestão. Já achei o título muito bonito!
      Ótimo natal e um 2021 ainda melhor.

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  3. Meu livro é literalmente minha Dissertação de Mestrado (você entende bem disso).
    Não é um livro para ser popular. Pelo contrário. Será um livro acadêmico.
    Alteridade e sentido ético da religião em Emmanuel Levinas. (Este é o título).
    Quanto a Marcelo Gleiser, (brasileiro na NASA), é um físico com uma linguagem muito acessível. Mas, é um físico, logo, é uma leitura densa.

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  4. A minha meta era realmente 12 livros no ano, o que pode ser pouco como a pessoa disse no comentário em seu post do Instagram, mas, para mim foi um grande começo. Mesmo não tendo conseguido cumprir, sinto que evolui e me superei bastante. 7 Livros de 12 até que não é tão ruim né? rs

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    1. Como o Estevam disse em outro comentário, só de ler já vale, ainda mais em um país que esse hábito não é nem um pouco valorizado. Se você tivesse colocado uma meta de 6 livros no ano já seria bastante e você ainda teria lido um a mais que isso. Ou seja: está excelente, sem a menor dúvida! E fico muito feliz com isso

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  5. Eu confesso que decepcionei nesse quesito. Acho que em parte porque me pediram para ler uns livros que não queria (sabe quando não é aquilo que você está com vontade?) e aí acabei enrolando e demorando demais. Por outro lado me aventurei com algumas biografias esse ano, que nunca foi um gênero que me despertou curiosidade, mas acabei me surpreendendo e gostando bastante.

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    1. Entendo muito isso de acabar tendo de ler algo que você não está com vontade. Eu já começo com dois pés atrás quando alguém me pede para ler algo, por sentir uma mínima obrigação na leitura. Mas depois até que acaba fluindo, se a história for boa, claro. E achei bem legal que você se aventurou por biografias! E melhor ainda que você se surpreendeu!

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  6. Achei bem bacana essa forma de fazer uma lista de livros, sem ser escolhendo os títulos, mas definindo categorias. Com os títulos definidos, às vezes a gente acaba preso com leituras que não fazem mais sentido no momento.
    PS: muito obrigada por essa dica do kindle, eu sou novata nos leitores digitais, e achei maravilhosa essa ideia rs

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    1. Siiim, concordo! Eu acho MUITO difícil escolher títulos com grande antecedência porque nunca somos os mesmos, né! E imagina, eu fiz essa lista antes de saber que 2020 seria o que foi.
      E de nada! hahahahahah Também aprendi com alguém, através de grupos de leitores hahahaha

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  7. Eu não tinha nenhuma não, mas até me assustei quando meu goodreads mostrou como foi meu eu em livros! Eu tinha lido 172 livros 😱 ai hoje resolvi definir uma meta, de 200 livros, aumentei pouco só pois queria algo realista e não algo impossível kkkkk é a primeira meta de leitura que ja fiz, então vamos ver…

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  8. Olá!
    Eu também não me adapto muito a desafios tão restritos, achei até que você foi bem longe no desafio e pode variar bastante dentro dos temas escolhidos. Minha única meta esse ano é ler livros, é isso. Até selecionei alguns que comprei recentemente pra ler, mas sem pressão.
    Abraços!
    Lygia

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