Santo Butiá — Sofia Neglia

Título: Santo Butiá
Autora: Sofia Neglia
Editora: Duplo Sentido Editorial
Páginas: 40
Ano: 2021

Antes de dar início à resenha propriamente dita, gostaria de contar um pouco mais de onde surgiu esse conto e alguns outros que irei resenhar nas próximas semanas (e meses).

A Duplo Sentido Editorial, uma editora pela qual nutro certo admiração, devidos às lindas obras que publica, criou um projeto chamado Meu Brasil é assim, no qual visitaremos todos os Estados brasileiros através de uma viagem ser sair de casa e totalmente segura em tempos de pandemia.

“O Projeto Meu Brasil é assim reuniu 27 autoras, uma de cada estado do país, para usar e abusar do poder que a literatura tem de nos transportar para qualquer lugar”

A ideia é fazer uma viagem “de ônibus”, passando por cada um dos Estados brasileiros e conhecendo-os através de histórias escritas por autoras que neles nasceram/cresceram.

“As autoras tiveram total liberdade para escrever sobre sua cultura, como a vivenciam e a sentem. A intenção do projeto é fugir dos estereótipos criados ao longo dos anos sobre algumas das nossas regiões, dando espaço para que autoras usem sua voz para contar indiretamente suas vivências em suas cidades”

O projeto durará nove meses e, a cada mês, receberemos três contos. Já estamos no terceiro mês e, no segundo, ao invés de três foram quatro os contos recebidos.

Para garantir as suas “passagens” é preciso apoiar ou assinar a campanha disponível no Catarse (por apenas R$15 mensais você já garante uma passagem básica, que dá direito à visita aos três Estados da vez) ou então aguardar a publicação dos contos na Amazon, mas por um preço um pouco maior daquele que os apoiadores no Catarse estão pagando. Como o ônibus já partiu, você pode pegar o bonde (ônibus) andando e, ao mesmo tempo, conferir os Estados que já visitamos, que são os do Sul e do Sudeste. Hoje, portanto, estou aqui para falar sobre o primeiro deles: o Rio Grande do Sul.

Um dos motivos pelos quais sou admiradora da Duplo Sentido é que, além de publicar mulheres, é uma editora que publica histórias de amor (num sentido bem amplo), coisa que eu amo, como você bem deve imaginar. Os contos desse projeto, portanto, são um prato cheio para a minha zona de conforto literária, ainda que Santo Butiá não tenha como foco um relacionamento romântico e sim questões familiares (coisa que, quando bem retratada, também é ótima de se ler).

A protagonista deste conto chama-se Johanna e ela está para começar uma faculdade de Medicina Veterinária, em Santa Maria (sim, a cidade do acidente na boate Kiss). Sendo de Porto Alegre, Johanna precisa decidir onde morar em Santa Maria e acaba aceitando o convite de uma tia que não conhece tão bem, para morar com ela no sítio da família.

A tia — de nome Astrid — é irmã do pai de Johanna, mas ele parece um pouco contrariado pelo fato da filha escolher morar com ela, ao mesmo tempo que acredita que possa ser bom, por ela ser uma pessoa solitária. Quer dizer, isso é o que ele explica a Johanna.

Ao chegar no tal sítio, e conforme vão passando os dias, Johanna se surpreende cada vez mais, tanto com o local quanto com a própria tia. E nós, leitores, somos fisgados pela magia do lugar, mas também pela vontade de, assim como Johanna, entender porque o pai praticamente não falava do tal sítio e de sua dona. Será que esse mistério irá se resolver?

“Me senti amada como nunca, e me perguntei o que eu tinha feito para merecer aquilo, sendo que nunca havíamos conversado direito”

Ah, e você não sabe o que é butiá e não entendeu o título do conto? Sem problemas, eu também não sabia e adorei entender ao longo da leitura. Começamos muito bem a viagem por esse Brasilzão!

Este conto já está disponível na Amazon. E reforço o meu convite para que você entre nesse ônibus e visite conosco os Estados que ainda não visitamos. Eu já li os demais contos do Sul, que em breve resenharei aqui (um por semana, ok?), e logo mais iniciarei a leitura dos contos do Sudeste. Você me acompanha nessa viagem?

14 comentários em “Santo Butiá — Sofia Neglia

  1. Adorei o projeto, e confesso ter um carinho especial pelo RS, afinal passei oito anos da minha vida naquelas terras! E pela descrição do conto, ele mostra um Rio Grande das pessoas simples, do jeito que realmente é, longe daquele esteriótipo do gaúcho de bombacha. Conheci bem Santa Maria (acho que em algum momento no início do Cachorro Magro eu menciono a cidade), pois namorei um bom tempo uma guria de lá, então me indentifiquei demais com a proposta. Parabéns pela divulgação!

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