Fome – Knut Hamsun

Título: Fome
Original: Sult
Autor: Knut Hamsun
Editora: Itatiaia
Páginas: 156
Ano: 2004
Tradução: Adelina Fernandes

Design sem nome (1)

Com o perdão do trocadilho de mau gosto, Fome foi um livro que eu não devorei, mas que me fez pensar bastante ao longo da leitura. E se o título parece estranho, logo nas primeiras páginas ele passa a fazer sentido, nos apresentando um homem que não possui quase nada e que passa todo o livro em busca de trocados para sobreviver.

“Sentado naquele banco, sentia crescer dentro de mim a aversão por esse Deus que consentia que tão insuportáveis amarguras caíssem sobre o meu ser”

Fome (p.22)

Vale notar, também, que nosso protagonista é tão miserável que sequer recebe um nome, enquanto outros personagens são nomeados ao longo da história.

“Como tudo me parecia triste. Já nem chorava: estava excessivamente fatigado”

Fome (p.76)

Fome também é um livro que reflete bem os sentimentos do ser humano: nosso protagonista começa o dia feliz, de repente se irrita com algo, depois enxerga algo pequeno e belo, para logo em seguida agir como um louco e, novamente, acalmar-se. E como a história é praticamente um imenso monólogo, conseguimos experimentar essas sensações ainda mais a fundo.

“Não vira eu frustrados os meus melhores desejos? A paciência esgotara-se e estava disposto a tudo”

Fome (p.90)

O protagonista de Fome sonha com o dia em que escreverá algo que lhe dará muito dinheiro. Para alcançar esse momento, portanto, passa seus dias vagueando pela cidade e escrevendo crônicas e artigos, que tenta vender para o jornal da cidade, em troca de um dinheiro que pouco dura nas mãos desse personagem.

É engraçado como eu ficava muito feliz quando algum dos textos do protagonista era aceito no jornal, mas também ficava brava em vê-lo gastando esses trocados com a certeza (inexistente) de que logo ganharia mais.

O livro está dividido em quatro partes e não há capítulos. Também não há uma diferença muito grande entre uma parte e outra, a não ser o fato de que sempre temos a sensação de que a parte seguinte trará momentos mais fáceis para o personagem.

É interessante perceber como o autor de Fome consegue sustentar essa história por um bom tempo e com tão pouco: só temos um protagonista — miserável — e toda a história acontece em apenas um local, a cidade de Cristiânia (que descobri que hoje trata-se de Oslo, capital da Noruega). Ainda assim, como disse anteriormente, trata-se de uma obra que nos apresenta muitos sentimentos e, para além dos já mencionados, há até episódios de um quase romance que, uma vez mais, nos enche de falsas expectativas para o nosso protagonista.

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