Claro que eu escrevi uma longa resenha de Proibidos de esquecer, da Tayana Alvez, mas acabei deixando de fora dela muitos lindos trechos, que hoje trago aqui.
Relembro que a obra não está mais disponível para leitura, mas que fica a torcida para que, num futuro não muito distante, ela ganhe uma nova edição.
Proibidos de esquecer é uma narrativa que carrega em si muitas dores.
“Engulo em seco, porque o vazio que luto constantemente para esquecer ainda dói”
“É sempre mais difícil ver o que dói na gente, né?”
Parte dessas dores é causada por um dos sentimentos mais puros e intensos que existem: o amor. Em todas as suas formas.
“A gente sempre vai olhar para outra pessoa e pensar que seria mais feliz se…”
“O término do nosso casamento não me tirou só a minha esposa, mas a minha melhor amiga”
“Como a gente pode amar alguém que não conhece? Como a gente pode carregar tanta culpa por algo que não fez?”
As perdas também se fazem presentes ao longo desta história.
“Quando o perdi, muito de mim foi perdido também”
“É engraçado como quando a gente está feliz, sente que tudo vai durar para sempre”
“E depois que a gente tem nossa alma partida, nunca é fácil sair do único lugar onde achamos conforto”
Mas se engana quem pensa que este é livro simplesmente triste, daqueles capaz de nos deixar apenas destruídos (deixa também, mas calma lá). Proibidos de esquecer também nos faz ter vários insights positivos sobre a vida.
“As coisas que não duram para sempre também dão certo. Só que no tempo delas”
“Tem reencontros que a gente acha que nunca vão acontecer”
E esta narrativa ainda traz uma definição bem interessante para a inveja.
“Inveja não é querer o que alguém tem, isso é cobiça. Inveja é querer que alguém não tenha alguma coisa”
Por fim, esta é, ainda, uma história sobre recomeços e sobre dar novos rumos às nossas vidas, apesar de tudo.
“No Rio eu sou ‘o pai do Roger’, ‘o pai daquele menino que…’, e eu simplesmente não consigo mais lidar com isso”
Vai me dizer que depois desses lindos trechos você não ficou com vontade de conhecer mais da escrita da Tayana Alvez? Então já segue a autora em suas redes sociais (Instagram | Twitter) e não perde mais nada dela!
Título: Por um triz
Autora: Laís Corrêa
Editora: Publicação independente
Páginas: 270
Ano: 2023
Sinopse
Thales Fernandes vive uma vida totalmente desregrada e superficial, frequentando diversas festas regadas a drogas, bebidas e mulheres, coisas que para ele são sinônimo de uma vida fácil, livre e feliz.
Sua aparência de tirar o fôlego e sua fama facilitam tudo: as garotas vivem se jogando aos seus pés. Exceto uma. É por isso que tudo começa a mudar.
Marina Barros é uma garota centrada em seus estudos e projetos, mesmo afirmando que a vida é muito curta para se preocupar demais. Sempre tranquila, ela não se deixa aborrecer à toa, ainda que seu coração tenha a sina de se apaixonar pelos caras errados.
Quando as vidas de Thales e Marina se cruzam, os dias ganham um novo significado. O que ninguém previa era que um trágico acidente de carro, mudaria completamente os rumos que eles estavam tomando.
E agora? Será que Thales vai aprender a ver e viver a vida de uma forma diferente? E Marina? Será que está certa em sua Filosofia de vida?
Resenha
A resenha de hoje é para quem procura uma história capaz de nos deixar aos prantos. Então já separa uma caixinha de lenço e vem conhecer a história de Thales e Marina.
Marina Barros é uma jovem muito centrada nos estudos e em seus planos pessoais, mas ela sente que sua vida será curta e, por isso, até onde sua timidez e seu jeito permitem, procura viver tudo o que tem direito.
“Eu sou uma pessoa muito calma. Poucas coisas me tiram do sério e eu não sou de ficar arrumando briga. Não seria isso que me faria chorar ou me descabelar. A vida é muito curta para me preocupar com banalidades”
Ela é uma personagem encantadora, daquelas que existem para nos passar uma linda mensagem e nos inspirar.
“A vida é curta, mas o mundo não vai acabar amanhã”
Por outro lado, temos Thales Fernandes, mais conhecido por Tubarão: um daqueles homens que só quer saber de pegação e que vê as mulheres como um simples objeto de prazer. Um horror.
“Eu não me apego, não assumo compromisso com ninguém, não será com ela que tudo isso vai ser diferente! Isso é só um plano para que eu atinja meu objetivo”
Apesar da fama de Thales, Marina acaba se apaixonando por ele, mas evita demonstrar esse sentimento. E é justamente essa aparente falta de interesse dela que chama a atenção de Thales.
Os amigos de Tubarão sabem que só existe uma forma dele conseguir de Marina o que quer: pedindo-a em namoro. E é isso que ele faz.
“Agora, uma parte de mim se sente culpada por todo esse jogo, já a outra se sente orgulhosa por esse feito e eu resolvo não pensar no conflito que há dentro de mim, ao menos não por enquanto”
Esse namoro de mentirinha, contudo, acaba trazendo muitas transformações para a vida de Thales.
“Afinal, se quero mesmo mudar, preciso estar pronto e preparado para os julgamentos que meus parças vão fazer”
É difícil não sentir um desgosto muito grande por Thales e por tudo o que ele faz com Marina, que aceita até demais a situação, até o ponto em que decide dar um basta.
“Eu te amo e isso não vai mudar, porém eu me amo mais e não vou esperar a vida inteira para você começar a seguir o que há dentro do seu coração”
A transformação, contudo, já estava acontecendo dentro de Thales, mas infelizmente ele só foi se dar conta disso tarde demais. E aí a gente até começa a sentir uma pequena compaixão por ele.
“Não tenha vergonha de chorar, isso mostra que você realmente é humano e tem sentimentos”
A narrativa é alternada entre os dois protagonistas e, assim, podemos ver diversas situações sobre o ponto de vista de um e de outro.
Por um triz trata de questões como a valorização de cada momento da vida, a alegria das pequenas coisas, o amor, a traição, a perda e o luto.
“Você não tem que ser forte o tempo todo, sentir a dor da perda é necessário. Você só não pode deixar isso te dominar a esse ponto, Thales”
Esta é, ainda, uma história que fala sobre sexo, drogas, abandono parental e depressão.
“Alguém precisava te dar esse choque de realidade, para ver se você acordava de vez para a vida”
A narrativa se passa no intervalo de pouco mais de um ano e nela temos cenários diversos, como a casa e o apartamento de Thales, a praia, as baladas e a casa de Marina.
O final foge ao óbvio e pode ser considerado triste, mas refletindo sobre ele, percebemos que era o necessário.
“Mal sabia eu que realmente era tarde demais, mas não pelo motivo que estava pensando”
Por um triz pode ser encontrado em formato digital (clique abaixo) e você pode seguir a autora em suas redes sociais (Instagram | Wattpad) para saber mais sobre este e outros lançamentos dela.
E então, será que Marina Barros foi realmente capaz de operar uma mudança significativa em Thales Fernandes?
Faz muito tempo que não respondo uma TAG por aqui e no questionário que fiz no aniversário do Blog vi que esta é uma categoria apreciada pelos leitores deste site.
Por isso, hoje vou responder à TAG Chá literário, que vi lá no blog Literatura Presente, em 2021. Vem comigo?
1- Chá de Camomila — Um livro que acalmou você em situações agitadas.
Vou colocar aqui um livro que não sei explicar muito bem como, nem porque, mas cuja leitura me ajudou a virar uma chavinha numa época que eu precisava virar essa chavinha, deixando algumas coisas mais leves depois disso.
O livro em questão é Pérolas da minha surdez, da Nuccia de Cicco. Apesar de não ter questões relacionados à surdez, esse livro me ajudou a superar outras dificuldades.
2- Chá de maçã e canela combinação perfeita — Um personagem do livro que você se identificou.
Achei essa difícil, porque, para mim, todo livro traz algum personagem com o qual, em certa medida, consigo me identificar. Mas para não deixar de ser específica, vou mencionar a Alice (nome, aliás, que gosto muito), de Profissão Fangirl, da Ana Farias Ferrari.
Como eu disse na resenha, mesmo que eu não seja exatamente uma fangirl, essa personagem vive sentimentos e situações que me fizeram experimentar uma forte (e dolorosa) conexão com ela.
3- Chá mate forte, mas viciante — Um livro que trate de um assunto forte ou delicado, mas você ficou envolvido com a história.
Costumo sempre comentar por aqui que gosto de livros que tratem do Holocausto. Inclusive já realizei várias leituras com essa temática e quero ler tantos outros livros desse tipo.
E, para não deixar esta categoria sem uma resposta mais específica, vou deixar aqui, o último livro que li sobre o tema: O tatuador de Auschwit, de Heather Morris.
4- Chá de Hortelã cheirinho refrescante me ajuda a respirar — Um livro com uma história de amor que te faz suspirar.
Puts, essa aqui foi sacanagem, porque se tem uma coisa que eu gosto é de um romancinho (já que não dá pra viver isso na vida real, que possamos viver ao menos na imaginação, né?).
Contudo, também não posso deixar de citar nesta categoria ao menos um dos maravilhosos livros da Tayana Alves: O irlandês.
5- Chá de morango, sei que existe, mas nunca tomei — Um livro antigo que muita gente leu menos você.
Existem muitos clássicos (e não clássicos) que várias pessoas leram e eu não. Acontece.
O escolhido daqui, porém, é um clássico que eu tenho um exemplar físico, que quero muito ler, mas que estou adiando há algum tempo: A metamorfose, de Franz Kafka.
Essas foram as perguntas e respostas da TAG Chá literário. E as suas escolhas, quais seriam?
Título: Luzes: quando as luzes se apagam (livro 1)
Autor: Leblon Carter
Editora: Publicação independente
Páginas: 2015
Ano: 2022
Sinopse
Simas é um jovem de dezenove anos que acaba de se formar na faculdade de comunicação e artes de São Paulo. Apaixonado por literatura e escrevendo seu primeiro livro para participar do concurso de pequenos escritores de Nova Iorque, ele se vê obrigado a trabalhar em um cinema antes de poder concretizar seu sonho.
Lá, ele conhece Cedric, um jovem colega de trabalho por quem começa a despertar sinceros sentimentos. Em meio ao trabalho árduo, a escrita e o amor não correspondido, Simas se vê em apuros quando percebe que relacionamentos amorosos podem gerar diversos problemas para ele e para qualquer outro que queira se aventurar nessa história.
Aos poucos, ambos vão percebendo que a última sessão só acaba quando todas as luzes se apagam, ou quando o primeiro beijo acontece.
Resenha
Alguns livros conseguem equilibrar clichê e criatividade na medida certa, trazendo uma narrativa agradável de ler. É isso o que acontece com o livro que hoje vou resenhar: Luzes.
“O conceito de arte é meio único para cada pessoa. Não dá para generalizar”
Nesta obra, Simas nos conta sobre a sua vida, nos mostrando um cotidiano que poderia ser banal, mas que carrega tanta sentimentalidade e profundidade que fica difícil não se envolver.
“Às vezes penso que o ser humano é tão complexo e vazio ao mesmo tempo”
Simas é jovem, mas logo entendemos que sua infância não foi das mais fáceis e que ele ainda tem muita coisa para ajeitar na vida (assim como ainda tem muito o que viver também).
“Tudo se refere à passado, presente e futuro. Sem isso somos um amontoado de pele, osso e carne, que anda por aí, sem destino ou rumo fixo”
Ele mora com a irmã mais velha e, ao longo das páginas, vamos entendendo que ele tem uma relação complicada com a mãe (coisa que só se explica totalmente mais para o final do livro) e pai sequer faz parte de sua vida.
Em Luzes, acompanhamos o início de Simas em seu novo emprego. Apesar de ter formação em cinema, o único cargo que ele consegue é como PAC, aquelas pessoas que conferem nossos ingressos, recolhem óculos 3D, limpam as salas do cinema…
“Quando você se forma em um curso que escolheu por amor, provavelmente acredita que as portas do mercado de trabalho vão magicamente se abrir. Porém, não foi bem isso que aconteceu comigo”
O próprio autor de Luzes — Leblon Carter — trabalhou como PAC, o que torna essa narrativa ainda mais rica, nos apresentando detalhes que muitas vezes desconhecemos.
O mais interessante, contudo, é o uso dos paralelos — muitas vezes mais presentes na forma de narrar do que fazendo parte da história em si — entre cinema e literatura e, claro, a análise das cores e luzes que o personagem volta e meia faz.
“As luzes internas tinham tons azulados, dando um ar de tranquilidade e calmaria”
A história não se passa em um intervalo de tempo muito grande, mas é o suficiente para que a vida de Simas passe por boas transformações: ele faz novas amizades e, claro, se apaixona. Mas será que esse sentimento o levará a algum lugar?
“E, mesmo com o som alto do filme nos alto-falantes, no teto, e as luzes piscando, na tela, em ritmo frenético, nada conseguia ser tão mágico quanto olhá-lo, de perto, em quase um escuro completo”
A maior parte da narrativa se passa dentro do próprio cinema, ainda que possamos, ao longo dela, também conhecer alguns outros espaços que compõem a vida do protagonista. Por mais delimitante que isso possa parecer, em momento algum a narrativa é monótona (muito pelo contrários, aliás).
“Então, independente de qual cor sejamos lá fora, temos a mesma tonalidade, aqui dentro”
Para além do cinema, das luzes e do amor, este livro nos fala bastante sobre solidão, de uma maneira que é difícil não se sentir tocado.
“Já eu… bom. Eu era a solidão. O lado azul da família. E não que eu seja antissocial ou que odeie seres humanos, mas existem momentos em que aquela tristeza momentânea bate e você só quer ficar sozinho. Ouvir apenas as vozes do seu pensamento e tentar se entender, por um milésimo de segundo, antes que as coisas comecem a ruir novamente. E as pessoas parecem nunca entender isso. Então, quando você as abandona por um dia, para poder se dedicar totalmente nos outros trezentos e sessenta e quatro, elas acreditam que você está bravo ou que não quer mais falar com elas. E, por tê-las ignorado por um dia, você é ignorado, pelos outros trezentos e sessenta e quatro restantes”
E, claro, sendo Simas um escritor, o poder da palavra (tema que sempre chama a minha atenção) também se faz presente ao longo das páginas.
“Porque, seja de maneira intencional ou não, sempre machucamos outras pessoas. Palavras cortam como faca. Pensamentos escuros embaralham uma mente sã. Agressões físicas marcam a pele. E, às vezes, não nos damos conta disso. É como estar em uma guerra: você escolhe ser ferido ou ferir. E, acredite quando digo: a outra pessoa não vai pensar duas vezes em escolher te ferir”
Disponível apenas em formato digital, Luzes é um livro que vai te fazer vivenciar diversos sentimentos ao lado de Simas. Uma história para quem quer ler sobre amor e solidão apresentados de uma maneira quase poética, ainda que seja prosa pura.
“Não há nada mais instigante para mim do que ler um livro que me faça viajar para outro lugar”
Para garantir o seu exemplar, basta clicar abaixo. E não deixe de seguir o autor em suas redes sociais, para acompanhar o seu trabalho e seus lançamentos (Instagram | Twitter).
Se você já leu minha resenha de Fisheye, da Kami Girão, deve ter percebido que esta é uma história muito bonita e interessante. Por isso, hoje trago aqui alguns dos trechos que ficaram de fora do post anterior.
Uma das coisas que me chamou a atenção na narrativa foi o humor ácido da protagonista, que a cada página fica mais e mais justificado diante de tantos percalços vividos por ela.
“E ri porque era humilhação demais para que eu me atrevesse a chorar”
A história tem como tema central a perda da visão de Ravena Sombra, mas ela também trata de muitos outros tipos de perdas.
“Ainda doía perceber que minhas amizades haviam morrido”
“Mas nem mesmo uma aceitação prévia consegue evitar a dor de perder alguém”
E também fala sobre o medo e o poder (muitas vezes negativo) que esse sentimento tem.
“Tinha tanto medo que já estava sufocada por ele”
Outro ponto interessante de Fisheye é a presença da internet (de maneira até que bem marcante) na construção de algumas das relações humanas ali retratadas.
“A gente nunca é pessoalmente o que parece ser pela internet”
Com estes trechos e este breve post, reforço minha recomendação para que você conheça esta obra tão sensível e importante! Não deixe de ler a resenha se você nunca ouviu falar sobre este livro e, claro, já garante o seu exemplar.
Título: Pílulas azuis
Original: Pilules bleues
Autor: Frederik Peeters
Editora: Nemo
Páginas: 206
Ano: 2022 (9º reimpressão)
Tradutor: Fernando Scheibe
Sinopse
Nesta narrativa gráfica pessoal e de rara pureza, por meio de um roteiro simples e de temas universais (o amor, a morte), Frederik Peeters conta sobre seu encontro e sua história com Cati, envolvendo o vírus ignóbil que entra em cena e muda tudo, e todas as emoções contraditórias que ele tem de aprender a gerenciar: amor, raiva, compaixão. Pílulas azuis nos permite acompanhar, sem nenhum vestígio de sentimentalismo, através de um prisma raramente (senão nunca) abordado, o cotidiano de uma relação cingida pelo HIV, sem deixar de lançar algumas verdades duras e surpreendentes sobre o assunto. Apesar da seriedade do tema, Pílulas azuis é uma obra cheia de leveza e humor. Não é à toa que é considerada por muitos a obra-prima de Frederik Peeters. Uma das mais belas histórias de amor já publicadas.
Resenha
Não sou uma pessoa que costuma ler muitos quadrinhos, conheço bem pouco desse universo. Mas acompanhando as postagens da Maíra (@literamai) é difícil não se interessar por algumas (várias) histórias. E foi assim que Pílulas azuis foi parar na minha lista de livros desejados.
“E, de tempos em tempos, entre desconhecidos, algumas pessoas especiais…”
Nesta obra autobiográfica, Frederik Peters nos fala sobre temas como amor, companheirismo, presença, morte, preconceito e, o principal: sobre AIDS.
“A ciência apenas nomeou! Foi a sociedade que classificou!”
Uma história que parece começar sem grandes pretensões, apesar do traço já nos indicar certa densidade e melancolia, mas que, ao final, nos traz muitos ensinamentos e reflexões.
“As pessoas continuam desinformadas. Tenho que explicar toda a história desde o começo, todas as evoluções da medicina… É uma chatice… A ignorância leva ao medo”
E se este quadrinho já fez muita gente enxergar os avanços da medicina, o sabor da leitura torna-se ainda melhor quando feito após notícias da eficácia do tratamento (e até da cura) da doença a partir do transplantes com células-tronco.
Logo no início da história, Frederik nos fala sobre Cati, uma mulher livre, espontânea, por quem ele se apaixona. Mas queria o destino que eles ficassem juntos apenas muitos anos mais tarde, quando a bagagem dela já havia triplicado em tão pouco tempo: ela tornara-se HIV positiva e tinha um filho igualmente positivo.
Juntos, os três vão aprendendo a lidar com a doença, com os julgamentos da sociedade, com as constantes idas a médicos e hospitais.
“As pessoas muitas vezes têm medo do que é muito pequeno ou invisível… Têm a impressão de que aquilo pode lhes fazer mal… Entende?”
Por ser um quadrinho, a leitura desta obra é relativamente rápida, mas pede um pouco de respiro. O traço é duro e a narrativa é toda em branco e preto, com impressão em papel off-white, que contribui para o contraste entre o traço (que parece nanquim) e o espaço. Não é um desenho necessariamente muito agradável aos olhos, assim como o tema não o é.
Uma leitura daquelas que não imaginamos precisar, até que a realizamos. Então se você tem uma mínima curiosidade sobre a vida e seus percalços, já deixo aqui a minha recomendação. Não é muito difícil encontrar a obra em formato físico (tem em vários sites, inclusive na estante virtual) e também tem o ebook na Amazon:
Sendo este um blog sobre livros e também um espaço em que compartilho um pouco do meu conhecimento de italiano, já estava mais do que na hora de falar sobre o assunto que escolhi para hoje, não é mesmo?
O artigo que venho traduzir desta vez consegue unir esses dois assuntos: como você poderá ver, os “pais” da língua italiana são, justamente, três grandes autores que, por meio de suas obras, ajudaram a construir a língua que hoje é falada na Itália.
É útil e bonito aprender uma nova língua, principalmente o italiano, mas alguma vez você já se perguntou quando e como nasceu o italiano moderno?
Dando uma volta no museu Uffizi, em Firenze, podemos admirar as três estátuas dos “Grandes do século XIV” mais conhecidos como “os pais da língua italiana”, ou seja, Dante, Petrarca e Boccaccio.
Com Italiahomestay buscamos descobrir o porquê e, para honrar as nobres origens desta língua, Italiahomestay apresenta este artigo inteiramente em italiano!
Com relação ao clima histórico-político do período, é possível considerar fundamental o intelectual Dante, porque ele viveu bem a fundo a situação crítica de Firenze. As suas obras principais são: De Vulgari eloquentia, na qual tentou estabelecer uma língua vulgar italiana de norte a sul; La Vita Nuova, antologia poética, De Monarchia e Il Convivio. A sua cultura foi enciclopédica e aberta aos impulsos tecnológicos e de Averroè. Ele viveu nos anos finais da Idade Média, quando a cultura romana estava se apagando, sobrecarregada por uma Itália dividida em cidades.
Petrarca, assim como Dante, dedicou suas obras a uma mulher. Se Dante personificou a teologia, o conhecimento e a fé, em Beatriz; Petrarca escreveu Il Canzoniere para Laura. Uma obra fascinante de Petrarca, e il Secretum, no qual ele dialoga com Santo Agostinho, falando sobre suas angústias. É um livro muito íntimo, sofisticado. Não faltam outras obras, menos conhecidas que il Canzoniere, mas não por isso menos importantes, e são obras em latim, em verso e em prosa, como o De bucolicum Carmen ou l’Africa. Ele viveu na época das senhorias, em um período de transição entre a Idade média e o Humanismo e a crise da Igreja e do Império: as duas instituições que haviam sido um ponto de referência para o ser humano.
Além disso, Petrarca, diferentemente de Dante, identifica no latim a língua da comunicação, a língua oficial da cultura. Utiliza o vulgar no Canzioniere, mas privilegia nas obras de conteúdo mais elevado o latim, e tem consciência da ruptura ocorrida entre o mundo antigo e o mundo contemporâneo.
Giovanni Boccaccio aparece mais aberto à comunicação com um público burguês e se diferencia dos dois primeiros por uma questão muito simples: foi, antes de mais nada, um narrador, mais que um poeta. E, de fato, o seu Decameron é uma antologia de novelas. No Decameron ele expressa uma narrativa de grande fascínio comunicativo que é um modelo e um cânone para as histórias em prosa, assim como Dante e Petrarca são para as obras poéticas.
Fundamental na produção escrita dos três é a figura feminina que se concretiza respectivamente em Beatrice, Laura e nas damas de honra que circundam Fiammetta. Dante encarrega a figura feminina de um forte significado simbólico: a beleza de Beatrice se reflete no mundo que a circunda e dela emergem os versos que a elogiam, que a tornam uma figura salvadora mesmo mantendo as características de uma criatura mortal.
Ao amor por Laura, por outro lado, são dedicados quase todas as composições do Canzioniere de Petrarca, cuja experiência é completamente marcada por este amor. Toda concretude física, porém, é eliminada, e tudo se torna abstrato e simbólico. O amor confere ao poeta um valor excepcional, mas diferentemente de Dante, é algo inerente à alma sem antecedentes filosóficos, não é uma força salvadora, mas um desejo que se torna razão de vida, um amor sexual, terreno.
Diversas são, por outro lado, as figuras femininas no Decameron: sedutoras e misteriosas, mas também doces e apaixonadas figuras maternas. E é o sentimento que constituiu a síntese dos motivos amorosos de Boccaccio. A grande novidade é que o autor atribui a palavra diretamente a uma voz feminina: a mulher não é mais “objeto de amor” contado por uma voz masculina, mas um objeto falante, amante, às vezes abandonada e desesperada, que busca a cumplicidade feminina.
A mulher, para Boccaccio, é a protagonista de muitas novelas; não se limita a ser sombra e reflexo das paixões do homem, mas se torna a verdadeira atriz, que afronta e sofre a questão amorosa dentro de si, como sincera criação do próprio coração.
Agora me conte: você já conhecia esses autores? E sabia desses detalhes sobre suas obras?
Título: A chance de encontrar o amor no metrô
Autor: Rafael Dourado
Editora: Publicação independente
Páginas: 68
Ano: 2016
Sinopse
Existem dias que simplesmente nada dá certo e o simples fato de levantar da cama nos leva a uma série de acontecimentos desagradáveis.
Tess sabia disso, ela tinha perdido o horário no único dia que não poderia se atrasar. Para piorar, seu carro não pegava de forma alguma e completando o pacote de azar, não tinha dinheiro suficiente para um táxi; o metrô era sua única opção.
O que ela não sabia é que as vezes, nossas melhores chances vêm embrulhadas em um grande pacote de problemas.
Resenha
Quem tem o costume de andar de transporte público sabe bem como é difícil — ao menos vez ou outra — não se pegar observando as pessoas ao redor e até mesmo — por que não? — acabar se apaixonando momentaneamente por alguém.
“Um amor de metrô é uma constante quase tão real quanto usar o transporte”
Tess, a protagonista desta história, porém, não é uma pessoa que pega metrô todos os dias: ela tem carro e costuma ir dirigindo para a faculdade.
Acontece que a vida nem sempre quer colaborar conosco e no dia em que ela acorda atrasada — e é um dia muito importante para ela, como aos poucos vamos descobrindo — seu carro resolve não ligar.
“— Saiba, pequeno gafanhoto, que os dias que parecem ruins podem ser os melhores da sua vida”
Sem alternativa, ela resolve correr para o metrô, mas nem mesmo ele consegue salvar a pele da pobre protagonista, porque, claro, é um daqueles dias em que o metrô está com problemas.
Está certo que esse drama todo era necessário para que a história acontecesse. Uma narrativa curta, mas cheia de emoções. E o melhor: num simples vagão de metrô.
Totalmente atordoada com os percalços do dia, Tess acaba conhecendo Adam, ainda no metrô, e o que poderia ser só o pior dia da vida dela, torna-se um dia inesquecível (de maneira positiva, que fique claro!).
“Acho que nunca fui pega de surpresa tantas vezes em um curto espaço de tempo”
A chance de encontrar o amor no metrô é um conto que consegue, em suas poucas páginas, tratar não somente da imprevisibilidade da vida, mas também dá importância de olharmos para o lado e de sermos empáticos com os outros, em tudo, inclusive seus traumas.
“Faço essa viagem todo dia, e é sempre muito solitária. Ninguém olha para ninguém, são todos muito reservados”
Uma leitura leve, rápida e capaz de ser tão surpreendente quanto a manhã de Tess.
“Seu sorriso fez tudo que estava ruim no meu dia melhorar um pouco”
Se você ficou com vontade de conhecer está história, não deixe de clicar abaixo. Aproveite, também, para seguir o autor em suas redes sociais (Twitter | Instagram | Facebook).
Daquelas leituras que entregam muito mais do que se espera, ano passado tive a oportunidade de ler Teto para dois(Beth O’Leary) e me surpreender com uma história cheia de nuances, que me deixou bem reflexiva.
Por isso, apesar de ter deixado apenas algumas poucas passagens de fora da resenha, não poderia deixar de trazê-las aqui.
Teto para dois é uma narrativa que vai, aos poucos, nos fazendo enxergar um relacionamento abusivo.
“Sem ele, eu me sinto… perdida”
“Você é linda e eu nunca vou machucar você como ele fez”
Também é uma história que nos faz refletir sobre a síndrome do impostor (que atinge principalmente as mulheres).
“Eu me sinto uma fraude. Quer dizer, trabalhei quase em tempo integral no livro dela nos últimos meses, mas também reclamei demais e não paguei a ela um bom adiantamento, na verdade”
Abordando tais temas, o livro não poderia deixar de retratar, também, como a terapia pode ser (e realmente é) de grande ajuda.
“Achei que ela fosse me dizer o que tem de errado comigo. Em vez disso, meio que descobri algumas coisas sozinha… o que eu não teria feito sem ela sentada ali. Muito estranho”
Teto para dois tem uma protagonista contagiante, dona de uma força que ela mesma não reconhece, e encantadora.
“Tiffy é tão impulsiva que é contagioso”
Se você não conhece muito desta história, te convido a ler minha resenhaaqui e, claro, já garantir o seu exemplar (físico ou digital).
Calma, não vai embora ainda não! Semana passada escrevi um post sobre os cinco anos do Blog das Tatianices e gostaria de avisar que ele já está atualizado com a vencedora do sorteio de cinco livros nacionais que preparei. Corre lá para conferir.
Fiquei muito feliz com as respostas recebidas no formulário e espero poder continuar trazendo bons conteúdos por aqui. Saiba que vou sempre levar em conta os comentários feitos, bem como vou prestar mais atenção às categorias preferidas por vocês!
Aproveito para lembrar que este espaço está sempre abertos a comentários, seja por aqui, seja por email!
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Julie está em um momento complicado da vida. Depois da morte do seu pai, ela e sua mãe se mudam para o outro lado do país – lar de sua avó materna, que ela nunca conheceu. Julie se vê obrigada a deixar seus melhores amigos para trás, a enfrentar colegas nem um pouco receptivos no novo colégio, e a conviver com Arthur, esse garoto implicante que parece amar tirar sarro de seus sapatos e que a coloca em furadas desde seu primeiro dia de aula. Entre mistérios, brigas e romance, Julie descobre algo sobre sua avó que muda o rumo de tudo. Ela só queria terminar o Ensino Médio e decidir o que fazer na faculdade, mas a vida não poderia facilitar tudo para ela, poderia?
Resenha
Não importa de onde você é, se existe uma verdade universal é a de que o último ano da escola nunca é fácil.
“Para piorar tudo, não estava certa quanto ao que fazer na porcaria da faculdade. Por que a gente tem que escolher tão cedo, afinal de contas?”
É um marco muito importante, uma mudança muito abrupta e muitas escolhas para fazermos. E em Mocassins e all stars é justamente esta a fase retratada.
Julie está para iniciar seu último ano do Ensino Médio. Com alguns adendos: poucos meses antes ela perdera o pai, figura extremamente importante em sua vida, e, com isso, sua mãe decide sair de Nova Iorque e ir para Monterey, do outro lado do Estado, onde mora a vó materna de Julie, com quem ela nunca teve muito contato.
“O dia seguinte marcava o início de uma nova fase na minha vida. Uma escola nova, em um estado novo”
Para dificultar ainda mais as coisas, claro, Julie tem de encarar colegas não muito receptivos.
“Como se ir para uma escola nova, num estado novo não fosse ruim o bastante, a escola era, além de tudo, a melhor do estado”
A começar por Arthur, que logo implica com o all star de Julie. Quer dizer, ela encara o comentário dele como uma implicância, mas, aos poucos, vamos vendo que não é bem assim.
“Quando eu me dei conta da situação, você já tinha roubado um pedaço enorme de mim. E eu não quero que você devolva, não importa o que o mundo pense”
Também há Bárbara, a garota super popular. Ela sim implica de verdade com Julie. Principalmente ao notar o interesse de Arthur na novata…
“E não é nisso que consiste ser jovem? Querer tudo e, mesmo assim, ter tanto medo das coisas darem errado?”
Apesar de todos os pesares, Julie consegue fazer novas amizades, além de conquistar a admiração de muitos outros estudantes da nova escola. Ela acaba se juntando à Leah e aos meninos do basquete, David, Roger, Peter e Jack, criando laços que, num primeiro momento, pareciam impossíveis.
“Vocês perdem a oportunidade de fazer amigos muito legais, porque são preconceituosos, porque são fúteis”
É ao lado de seus novos amigos — mas também dos antigos, que ficaram em Nova Iorque — que Julie vai viver um turbilhão de sentimentos e acontecimentos que um ano pode comportar.
“— Você não sabe o que ter um amigo aqui significa pra mim”
Até poderia parecer surreal o que acontece nos 12 meses no qual a história majoritariamente se passa, mas sabemos que a vida é uma caixinha de surpresas e que algumas pessoas são mais predestinadas a viver milhares de altos e baixos seguidos.
“Estiquei meus braços na direção dele, esperando que pudesse ajudar a completar o vazio que ele carregava dentro do coração da mesma forma que ele ajudava a completar o que eu carregava”
E, como não poderia deixar de ser, há um fator essencial para tornar tudo ainda mais intenso e complicado nesta narrativa: o amor.
“O amor não é cor de rosa. O amor é vermelho, cor de sangue, cor de luta, cor de coragem”
Inclusive, os plots relacionados a isso são bem interessantes! Confesso que fui pega de surpresa e só conseguia pensar “não, não é possível”.
“Às vezes, a gente se questiona por que a vida nos prega peças”
Contudo, como acredito que já ficou claro, Mocassins e all stars não é somente um romance, abordando diversos outros assuntos importantes, como a perda (e o luto), a amizade, a necessidade de seguirmos em frente e, claro, o encerramento do ensino médio e a montanha-russa que isso gera dentro de nós.
“De certa maneira, o Ensino Médio nunca acabava mesmo. As lembranças que a gente construía por lá ficavam para sempre com a gente, assim como as mágoas e as tristezas também”
Mocassins e all stars é uma das primeiras obras de Clara Savelli e, apesar de trazer uma escrita ainda um pouco crua, é capaz de nos envolver, encantar e surpreender. Fiquei com muita vontade de ler outros livros da autora, e tenho certeza que a escrita dela amadureceu muito nos últimos anos, o que só torna tudo ainda melhor.
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