Título: Pessoas Normais
Original: Normal People
Autora: Sally Rooney
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 264
Ano: 2019
Tradução: Débora Landsberg

Sinopse
Na escola, no interior da Irlanda, Connell e Marianne fingem não se conhecer. Ele é a estrela do time de futebol, ela é solitária e preza por sua privacidade. Mas a mãe de Connell trabalha como empregada na casa dos pais de Marianne, e quando o garoto vai buscar a mãe depois do expediente, uma conexão estranha e indelével cresce entre os dois adolescentes ― contudo, um deles está determinado a esconder a relação.
Um ano depois, ambos estão na universidade, em Dublin. Marianne encontrou seu lugar em um novo mundo enquanto Connell fica à margem, tímido e inseguro. Ao longo dos anos da graduação, os dois permanecem próximos, como linhas que se encontram e separam conforme as oportunidades da vida. Porém, enquanto Marianne se embrenha em um espiral de autodestruição e Connell começa a duvidar do sentido de suas escolhas, eles precisam entender até que ponto estão dispostos a ir para salvar um ao outro. Uma história de amor entre duas pessoas que tentam ficar separadas, mas descobrem que isso pode ser mais difícil do que tinham imaginado.
Resenha
Pessoas normais foi um livro que, para mim, pareceu demorar demais para chegar ao ponto, mas tendo concluído a leitura, acredito que o tempo dele é na medida para assimilar certos sentimentos que a obra busca transmitir.
“Os sentimentos eram suprimidos com tamanho cuidado na vida cotidiana, forçados a caber em espaços cada vez menores, que acontecimentos aparentemente banais tomavam uma importância insana e assustadora”
A narrativa nos conduz, aos poucos, a uma reflexão sobre a sociedade e os tempos que vivemos, fazendo isso através de uma história que poderia ser extremamente banal, mas que, no final das contas, não é. Ou melhor, é, só que isso não a torna menos necessária.
“Bom, sempre é fácil pensar em razões para não se fazer alguma coisa”
A história é narrada em terceira pessoa, com diversos diálogos, e num ritmo que é quase um fluxo de consciência. Algo nessa combinação me incomodou, mas não consegui definir exatamente o quê.
“Muitas pessoas realmente a odeiam”
Os protagonistas são dois: Connell Waldron e Marianne Sheridan.
“Quer dizer, você nunca vai conhecer de verdade a outra pessoa, e coisa e tal”
Connell é um garoto que, apesar de pobre, é relativamente bem popular na escola, principalmente por suas habilidades esportivas.
“Connell gostaria de saber como as outras pessoas conduziam suas vidas particulares, para que pudesse copiar seus exemplos”
Marianne, por sua vez, encontra-se no lado oposto da sociabilidade: considerada esquisita, ninguém faz muita questão de se aproximar dela, assim como ela não faz questão de se aproximar dos outros.
“Marianne tinha uma vida drasticamente livre, ele percebia. Ele estava imobilizado por várias razões. Ele se importava com o que os outros pensavam dele”
Ao menos na aparência é assim. Mas a verdade é que a mãe de Connell trabalha na casa de Marianne e isso acaba por aproximá-los.
“Estar sozinho com ela é como abrir uma porta para fora da vida normal e fechá-la depois de passar”
Além disso, a história começa quando ambos estão no último ano da escola, mas a situação muda quando vão para a faculdade: Marianne torna-se popular, enquanto Connell vê-se à margem.
“Ele não é do tipo que se sente confortável confiando nos outros, ou exigindo coisas deles”
E é aqui que as coisas vão ficando interessantes, porque somos, aos poucos, arrastados para uma narrativa que vai se tornando complexa justamente por retratar a complexidade humana: angústias, amores, autoconhecimento, crises, segredos.
“Se as pessoas pareciam agir despropositadamente no luto, era porque a vida humana era despropositada, e esta era a verdade que o luto revelava”
Os protagonistas são jovens, sentem-se perdidos em momentos diferentes e por causas diversas. Mas, no fundo, são humanos, possuem tanto em comum.
“Seria tarde demais para falar que queria ficar com ela, isso era claro, mas quando havia ficado tarde demais?”
Por diversas vezes, senti vontade de chacoalhar os dois, mas a verdade é que isso só é possível porque vemos de fora o desenrolar dos fatos. No fundo, já fomos (ou ainda somos) Connell e Marianne.
“Parece intelectualmente frívolo se preocupar com pessoas ficcionais se casando. Mas é isso: a literatura o comove”
O tom narrativo parece acompanhar o clima do local onde se passa a história: no interior da Irlanda em um primeiro momento, a história é melancólica e lenta; e em Dublin, quando os jovens vão para a faculdade, as coisas começam a acelerar.
“A vida propicia esses momentos de alegria, apesar de tudo”
A história se passa em cerca de quatro anos e é interessante acompanhar o quanto as coisas podem mudar, ir e voltar, neste espaço temporal. São muitos momentos e reflexões, não apenas para os protagonistas, mas também para nós, que os acompanhamos nesta jornada.
“Ele não tem certeza do que é permitido que amigos curtam uns nos outros”
Sendo Pessoas normais um livro que divide opiniões, gostaria de saber: você já leu? O que achou?
Não li. Não leria. Admiro sua paciência e perseverança em tentar significar inclusive livros chatos. Beijos
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É realmente uma obra que divide opiniões. Mas agradeço a leitura da resenha e o comentário!
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