
Uma canção para a libélula, da Juliana Daglio, foi minha primeira leitura de 2025 e, ainda que quase um ano tenha se passado, ainda há ecos destas páginas em mim. Como mencionei na resenha, trata-se de uma obra densa, porque aborda temas como a dor (física e emocional):
“Quando uma dor pede para levar embora suas lembranças ruins, ela leva também a parte boa”
“Não havia amor no mundo que pudesse me salvar da dor cortante que já tinha roubado a vida dentro de mim”
“Naquele ínterim, eu compreendi com uma certeza quase palpável, que as vítimas da Depressão e do Suícidio não são apenas aqueles que sofrem”
“Ninguém sabia a tristeza atroz que estava dentro de mim, oca e funda como um abismo aberto dentro do peito”
“Às vezes, é só ouvindo ou lendo sobre a dor de outras pessoas que conseguimos encontrar saída para as nossas”
“Apesar da dor que carregava sobre os ombros, era bom me sentir ouvida”
“Talvez a dor seja inevitável. Algo que todos os seres vivos terão que passar eventualmente”
Ao longo da narrativa, descobrimos que muito dessa dor vem da perda e do luto.
“Quando você morre, mata também uma parte das pessoas que o amam”
“O mundo me deu um anjo e eu o deixei partir”
“O dia que conheci minha mulher, foi o mesmo em que a perdi”
“Talvez ainda houvesse algo em mim a ser salvo; um caco do que um dia eu fui”
“O frio, só o frio. Mas ele não foi suficiente para calar a voz da menina que eu fui…”
“A vida e a morte não se posicionam em lados opostos de um tabuleiro…”
“Quando você morre, mata também uma parte das pessoas que o amam”
Provavelmente, já deu para perceber que uma das temáticas centrais da obra é a depressão, que se faz presente sobretudo através da Vilã Cinzenta:
“Saí dali terminando de desmoronar, certa de que não havia tratamento nenhum que pudesse parar aquilo”
“Tinham me dito que os remédios iam fazer efeito com o tempo e eu me sentiria um pouco melhor, mas nada disso aconteceu”
“Mandar um depressivo ver as coisas de forma mais positiva é como pedir a um deficiente auditivo que ouça uma música…”
“A angústia trazida pela depressão causa um horror imenso, sem motivos concretos…”
“Nada é realmente belo, num patamar totalmente multicolorido, para quem tem a Depressão nas veias da mente”
“Ali estava a Vilã Cinzenta me sabotando novamente, me dizendo que nada seria como antes”
“Não há motivos para seguir em frente, não há galhos em que se apoiar quando se cai de cabeça no abismo dessa Vilã”
Esta é uma temática que também nos conduz à solidão e ao vazio existencial:
“É dolorosamente solitário não ser compreendido”
“É preciso ter coragem para enfrentar a sobrevivência”
Para tratar dos assuntos até aqui mencionados, é preciso falar, também, das relações humanas, cruciais para esta história:
“Alex e Marcos viveram treze anos com um fantasma meu pairando na casa”
“Suas palavras ecoavam, derrubando as muralhas que eu tinha construído ao redor de mim”
“Pessoas tendem a dramatizar, algo que sempre me incomodou nas relações sociais”
“Ninguém é bom ou mau, tampouco uma mistura exata. As pessoas são complexas…”
Mas também há espaço para o amor:
“Pessoas como eu, que crescem frias, distantes e cheias de complexidades, quando cedem não amam pouco, mas poucos”
“Estar apaixonada era correr o risco de ser rejeitada”
“Era sobre aquilo que as pessoas apaixonadas escreviam em canções…”
“De alguma forma ser forte por outra pessoa era mais fácil do que ser forte por mim mesma”
E há espaço para a poesia, na forma de música, de arte, de expressão.
“A música era minha liberdade”
“Usei a música para fugir de alguns dos meus problemas, para realmente não ter que enfrentá-los”
“A canção da Libélula era um fragmento perdido da minha alma”
“Certas mensagens são mais eficazes se ditas sem palavras”
Um livro introspectivo, que nos faz refletir, também, sobre autoconhecimento:
“A verdade fere, mas liberta”
“Não queria me identificar com aquilo. Era humilhante e doloroso”
“Eu não queria mais ser eu, porque não queria pôr outra pessoa quebrada no mundo”
“As cicatrizes não são algo para se exibir, mas podemos usar as nossas para evitar as dos outros”
“— Superar, Vanessa — retrucou de imediato. — Não é esquecer e nem passar por cima do que aconteceu”
“É nos momentos que precedem à loucura que toda a sensatez se volta para a realidade da vida”
“Não importa em qual lugar dessa cidade eu esteja, meu passado vai sempre me perseguir”
Apesar das muitas frases que trouxe aqui, ainda há muito a se explorar na leitura de Uma canção para a libélula, então, se você se interessou, não deixe de procurar.








