Uma canção para a libélula — Juliana Daglio

Título: Uma canção para a libélula 
Autora: Juliana Daglio
Editora: Publicação independente
Páginas: 611
Ano: 2018 

(Para ler ao som de Here in the now – Angra)

Sinopse

Ainda criança, a talentosa Vanessa compôs uma canção para expressar seu fascínio por libélulas. Sem compreender o significado desses insetos alados em sua vida, ela cresceu para se tornar uma pianista de sucesso, famosa em toda a Europa. Porém, sua alma sombria e quieta segue assombrada por uma presença cinza, uma doença inescrutável. A jovem pianista precisa retornar ao Brasil, ignorando a voz obscura que ronda sua mente, prometendo tragá-la para as memórias terríveis que cercam sua antiga casa em São Paulo. Seu reencontro com a mãe não facilita para que enfrente os sintomas de fraqueza que a acometem, levando-a a um abismo em si mesma. Contudo, Vanessa não estará mais sozinha. Em meio a todo o caos, conhece Nathan, um misterioso rapaz que se esconde por trás de meios sorrisos. Logo ele se mostra decidido na missão de ajudá-la a encarar a parte mais difícil de sua doença – a sobrevivência.

Uma história sobre depressão, perdas e superação, que já conquistou centenas de leitores em suas primeiras edições. Agora o texto chega até o leitor em uma segunda versão, com o conteúdo renovado e cenas inéditas que compõe a mesma história. A trajetória de uma simples ninfa através de lagos sombrios, de um casulo apertado, até o romper das asas de uma imponente Libélula.

Seja forte agora, mas não contenha suas lágrimas.

Ouça a Canção até o final.

AVISO DE GATILHO: O livro descreve grandes conflitos internos e emocionais, bem como cenas fortes que podem desencadear emoções latentes.

Resenha

O encontro com essa obra foi lento, até que me vi enredada por ela, querendo mais e mais desse belo texto, escrito por vezes com palavras difíceis, por vezes com palavras poéticas.

“Eu poderia compor uma canção sobre isso, pensei, afastando meu rosto para vê-lo”

Talvez tenha sido uma escolha estranha pegar um livro tão denso para iniciar o ano (essa foi minha primeira leitura concluída em 2025, minha resenhas estão um pouco atrasadas), mas existiria realmente um momento ideal para uma leitura como essa?

“Sentia-me desesperada, experimentando uma sensação de aceleramento, indefesa e perdida num mundo que não me pertencia. Se eu pudesse somente evaporar”

A história de Vanessa não é nada simples e ao longo de todo livro acompanhamos a sua angústia e a sua dor.

“Ouvia a música dentro mim, mas tornei-me silêncio. Uma garotinha de cabelos de algodão, perdida em si mesma, tomada por uma dor devastadora feito uma ferida esburacada de um pedaço que fora arrancado de mim. Algo havia sido tirado a força de mim, de fato. Doía mais do que qualquer agrura física”

Sabemos que ela carrega uma enorme culpa, mas é aos poucos que vamos entendendo de onde ela vem e o que há realmente por trás disso. As peças são encaixadas aos poucos, fazendo surgir o quadro completo no momento certo.

“Porém havia de fato ocorrido uma desgraça naquela casa, e cada parte daquele piso e daquelas paredes me fazia lembrar dela”

Muito antes do acontecimento que marca sua existência, Vanessa já era uma criança retraída – e aqui também vamos entendendo aos poucos o porquê – e depois as coisas só pioraram.

“Odiava essa mania que as pessoas tinham de medir palavras para falarem comigo, como se eu fosse de vidro”

Mas o terror poderia ser ainda maior, se Vanessa não tivesse uma família capaz de ajudá-la. Enquanto sua mãe era seu maior pesadelo, foi sua tia que a tirou daquela realidade e permitiu que a menina se tornasse uma das pianistas de maior renome mundial.

“Algumas pessoas me acusaram de tirar uma criança de um lar, embora eu estivesse dando a ela um lar. Mas no final de tudo, você tem seu próprio mundo, sua alma e seu coração de libélula”

O amor de sua prima também é algo belo de se acompanhar. Duas amigas-irmãs que sempre estiveram ali, uma pela outra.

“Minha prima se apaixonava e desapaixonava com muita frequência, mas não deixava de ser real e intenso em todas as vezes que acontecia”

No entanto, sabemos, a vida não dá tréguas e, no auge de sua carreira, a vida de Vanessa dá outra volta e ela se vê obrigada a enfrentar seu passado e seus temores.

“Todo mundo que me olha sabe que eu estou quebrada”

É bonita a forma como a obra trata a depressão, sem romantizá-la. A protagonista se refere à “Vilã Cinzenta” que a assombra e acredito que esta seja uma boa forma imagética de enxergarmos as coisas.

“Tudo começa assim: uma tristeza aqui, um dia de apatia ali; uma angústia fraca, outra forte. Depois vem a perda de interesses. Resolve-se reconhecer a própria inutilidade. Não há vontade alguma de levantar da cama, e, quando se levanta, não há vontade de voltar. Daí por diante, tudo parece estar perdido. Parece não ter volta. Talvez não tenha…”

Nem tudo no livro, porém, é perfeito. Nathan, um cara um tanto quanto misterioso, por mais encantador que seja, não me convenceu de todo.

“— Estou tentando mostrar o mundo que você não estava vendo”

Colocado como o salvador de Vanessa, algumas de suas ações parecem exageradas, ainda que bem intencionadas 

“Sei que pensa que as pessoas não sabem as coisas que não fala, mas você não tem a mínima noção do que seu rosto diz, do quanto você é transparente”

Por diversos momentos me questionei como esta história poderia acabar e, claro, até o último momento estava difícil imaginar qual exatamente seria o desfecho. Faria sentido um final feliz? E se não fizesse, como concluir sem deixar o leitor desesperançoso?

“Experimentei um grau de ansiedade boa, como há muito não sentia”

O livro é narrado pela própria protagonista, o que provavelmente nos faz mergulhar ainda mais em sua profusão de sentimentos.

“Eu não era feliz. Não conseguia esquecer, tinha me esfriado, tornando-me incapaz de sentir coisas boas, de me permitir alguma alegria”

Para além da depressão, pelo próprio jeito de ser desta protagonista, a obra também fala muito sobre relações sociais, sempre nos dando o que pensar.

“A verdade é que minhas relações sociais sempre giraram em torno da tentativa de não ser desagradável”

Uma canção para a libélula é um livro que vai mexer em muitas questões para cada ser humano que entrar em contato com ele. Uma obra que, sem dúvidas, vale a leitura. E, se você quiser saber mais sobre ela, clique abaixo

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Um milhão de finais felizes — Vitor Martins

Título: Um milhão de finais felizes 
Autor: Vitor Martins
Editora: Alt
Páginas:  352
Ano: 2018

Sinopse

Jonas não sabe muito bem o que fazer da vida. Entre suas leituras e ideias para livros anotadas em um caderninho de bolso, ele precisa dar conta de seus turnos no Rocket Café e ainda lidar com o conservadorismo de seus pais. Sua mãe alimenta a esperança de que ele volte a frequentar a igreja, e seu pai não faz muito por ele além de trazer problemas.

Mas é quando conhece Arthur, um belo garoto de barba ruiva, que Jonas passa a questionar por quanto tempo conseguirá viver sob as expectativas de seus pais, fingindo ser uma pessoa diferente de quem é de verdade. Buscando conforto em seus amigos (e na sua história sobre dois piratas bonitões que se parecem muito com ele e Arthur), Jonas entenderá o verdadeiro significado de família e amizade, e descobrirá o poder de uma boa história.

Resenha

Daquelas leituras que são como um abraço quentinho, Um milhão de finais felizes é uma história que pode trazer muitos pontos de identificação, não importa de onde você é, trazendo também muita familiaridade para quem é de São Paulo. 

“É o tipo de sentimento que me dá vontade de gritar e sumir ao mesmo tempo. Eu me sinto cheio, mas vazio ao mesmo tempo”

Isso porque a história se passa justamente entre São Paulo e Santo André. Jonas, nosso protagonista narrador mora na cidade do ABC Paulista e trabalha na capital, no Rocket Café

“A gente não tem controle de nada. Mas você não pode deixar essa falta de controle te impedir de viver o agora”

Jonas vem de uma família relativamente humilde e, para dar continuidade aos seus estudos, precisa trabalhar. É por isso que, mesmo tendo o sonho de ser escritor, ele vive a exaustiva rotina de trabalhar como atendente numa cafeteria temática.

“Será que eu me tornei aquelas pessoas que enxergam sinais em tudo e vivem completamente iludidas planejando o futuro com alguém que elas acabaram de conhecer?”

Este, contudo, é um de seus menores problemas na vida, uma vez que ele tem uma mãe extremamente religiosa e um pai absurdamente preconceituoso enquanto Jonas… Bem, ele é gay e só queria poder levar uma vida normal.

“Aceitar que sou gay significou aceitar que vou para o inferno e viver constantemente com medo da morte”

Tudo o que ele encontra de barreira em sua própria família, porém, Jonas encontra de amor entre seus amigos, que sempre o recebem de braços abertos.

“É bom me sentir querido quando, na maior parte do tempo, eu sinto que sou um grande problema na vida de todo mundo”

Amizade, aliás, é uma temática importante aqui, porque ao mesmo tempo que o protagonista tem dois grandes amigos do Ensino Médio — a Isadora e o Danilo — ele também encontra em Karina — sua colega de trabalho — um porto seguro e a necessidade de aprender a equilibrar suas amizades.

“Eu sempre achei que me abrir para outra pessoa faria com que eu me sentisse vulnerável, mas, de alguma forma, contar tudo para Karina faz com eu me sinta aliviado”

No meio de tantas dúvidas e problemas — afinal a vida não dá trégua — Jonas conhece Arthur e se apaixona, mas acha que jamais será correspondido pelo cara que inspira seu mais novo personagem.

“Sou muito bom em começar histórias novas e muito ruim em concluir histórias antigas”

Claro que se assim fosse, metade de Um milhão de finais felizes não existiria, então nós podemos torcer e vibrar a cada página por esse casal. Mas será que a história real de Jonas também tem um final feliz? 

“Acho que o grande problema é que eu leio demais. Fico fantasiando sobre como as coisas podem acontecer comigo de um jeito mágico e orquestrado pelo universo”

Esta é uma leitura leve, mas nada leviana: falando sobre homofobia, solidão, medos e amadurecimento, Um milhão de finais felizes é capaz de despertar os mais variados sentimentos em seus leitores. 

“Eu sei que a tempestade vai começar a qualquer momento, mas ainda é cedo para me proteger”

A linguagem é tranquila de acompanhar, jovial e divertida, nos fazendo mergulhar na linha de raciocínio (ou na falta dela) de Jonas.

“É então que me dou conta de que, sem que a gente perceba, a vida continua acontecendo. O mundo nunca vai parar para que eu resolva toda a minha vida e recomece do zero”

E os personagens despertam em nós a vontade de conhecê-los mais e mais.

“É tão bom finalmente estar empolgado com alguma coisa na vida”

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O pequeno livro do TDAH — Alice Gendron

Título: O pequeno livro do TDAH: um manual para enfim entender como sua mente funciona 
Original: The mini ADAH Coach
Autora: Alice Gendron
Editora: Best Seller
Páginas: 208
Ano: 2024 (2º edição)
Tradução: Thaíssa Tavares

Sinopse

É possível ter TDAH e ser uma pessoa focada? Apenas pessoas hiperativas têm TDAH? Ao ser diagnosticada com TDAH, aos 29 anos, a ilustradora Alice Gendron tinha diversos questionamentos como esses. Ela, então, começou a postar no Instagram ilustrações bem-humoradas que retratavam a sua rotina com o transtorno. Gendron logo percebeu que não estava sozinha, e hoje o perfil the_mini_adhd_coach conta com mais de 600 mil seguidores em todo o mundo.

Com uma abordagem leve e bem-humorada, O pequeno livro do TDAH oferece uma perspectiva completa e solidária a respeito da vida com TDAH, abordando os desafios de quem vive com o transtorno e trazendo dicas para ajudar os leitores a procurarem um diagnóstico e organizar melhor a rotina.

Com ilustrações espirituosas e dicas práticas, Gendron rompe com estereótipos a respeito do tema e também compartilha com o leitor insights, entre eles:

  • Como identificar a influência do TDAH na sua rotina, desde dificuldades para administrar o tempo, preparar refeições e lidar com relacionamentos amorosos;
  • Aprender a liar com as emoções que surgem após o diagnóstico;
  • O que significam expressões e palavras como “cegueira” temporal, disfunção executiva e hiperfoco, graças ao seu glossário único sobre o assunto;
  • A importância de aprender a trabalhar com o cérebro, e não contra ele a fim de prosperar tendo TDAH;
  • Enfim entender a si mesmo e como o seu cérebro funciona!

Inclusivo e empático, O pequeno livro do TDAH é uma obra que encoraja a todos com o diagnóstico de TDAH ou que conheçam pessoas com o transtorno, dos mais jovens aos mais velhos, a entender a si mesmos e celebrar as diferenças.

Resenha

O pequeno livro do TDAH simplesmente saltou diante dos meus olhos na última Festa do Livro da USP e não sei exatamente que impulso me fez comprá-lo, mas ainda bem que isso aconteceu.

Esta obra é um abraço e, ainda que ela seja escrita sobretudo para pessoas que têm TDAH, acho que é uma leitura que todo mundo deveria fazer, principalmente pais e professores.

“Este é um livro sobre TDAH, escrito por alguém com TDAH”

Além de nos oferecer uma visão muito clara de como o TDAH pode afetar a vida das pessoas, ele também traz algumas sugestões de como lidar com isso.

“Quando entendemos por que agimos de determinada maneira, encontrar uma solução se torna muito mais fácil”

A obra é dividida em três partes, além de contar com um prefácio, uma introdução (Qual é o meu problema), um guia de como usar o livro e uma conclusão.

A primeira parte do livro chama-se Introdução ao TDAH e nos apresenta – de maneira leve e natural – diversas informações e dados sobre o transtorno.

“Nem sempre é fácil conseguir o diagnóstico de TDAH. Em partes, pela complexidade do transtorno e pelo quanto ele afeta as pessoas de maneiras diferentes, mas também porque outros transtornos mentais podem camuflar os sintomas de TDAH”

A segunda parte, Um dia com TDAH, nos faz enxergar como é o cotidiano de uma pessoa que tem esse transtorno. Sabe aquele seu amigo que nunca responde suas mensagens ou que sempre chega atrasado nos eventos? Pode ser TDAH!

“Sentir-se extremamente cansado o tempo todo não é normal”

Por fim, na terceira parte, chamada Dicas para lidar com o TDAH, a autora oferece uma série de pequenos truques e medidas que podem facilitar o cotidiano de uma pessoa que tem TDAH. 

Em diversos momentos das três partes do livro senti que havia dicas que podem ser úteis também para o cotidiano de pessoas que não têm esse transtorno, mas que por viverem num mundo com um excessivo volume de informações, sentem-se perdidas. 

O livro é extremamente fácil de ler: ele é ilustrado e direto ao ponto. A diagramação também é excelente, clara, e o livro consegue unir informação e sugestões práticas na medida certa.

“Muitas pessoas duvidam do diagnóstico de TDAH depois que finalmente o recebem”

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Quinze Dias — Vitor Martins

Título: Quinze dias 
Autor: Vitor Martins
Editora: Globo Alt
Páginas: 208
Ano: 2017 

Sinopse

Felipe está esperando por esse momento desde que as aulas começaram: o início das férias de julho. Finalmente ele vai poder passar alguns dias longe da escola e dos colegas que o maltratam. Os planos envolvem se afundar nos episódios atrasados de suas séries favoritas, colocar a leitura em dia e aprender com tutoriais no YouTube coisas novas que ele nunca vai colocar em prática.

Mas as coisas fogem um pouco do controle quando a mãe de Felipe informa que concordou em hospedar Caio, o vizinho do 57, por longos quinze dias, enquanto os pais dele estão viajando. Felipe entra em desespero porque a) Caio foi sua primeira paixãozinha na infância (e existe uma grande possibilidade dessa paixão não ter passado até hoje) e b) Felipe coleciona uma lista infinita de inseguranças e não tem a menor ideia de como interagir com o vizinho.

Os dias que prometiam paz, tranquilidade e maratonas épicas de Netflix acabam trazendo um turbilhão de sentimentos, que obrigarão Felipe a mergulhar em todas as questões mal resolvidas que ele tem consigo mesmo.

Resenha

Tem livro que a gente lê e não quer que acabe, mas ao mesmo tempo não quer parar de ler e, inevitavelmente, ele irá acabar. E se isso pode causar uma enorme tristeza, pode igualmente gerar um grande quentinho no coração. 

“Minha vó sempre foi assim. Ela sempre tinha o livro certo para a ocasião certa”

A união desses sentimentos tão contraditórios é ótima para explicar como foi minha leitura de Quinze dias.

“Eu me sinto parte. E esse é um sentimento bom”

Logo de cara recebemos uma informação importante, que está no fio condutor desta história e que afeta diversos acontecimentos: o protagonista narrador, ainda adolescente, é gordo.

“Às vezes tenho a impressão de que a lista de apelidos pra gente gorda é infinita. Claro que isso não quer dizer que seja criativa, mas fico impressionado com a quantidade de nomes que os caras da escola conseguem inventar, quando seria muito mais fácil me chamar apenas de Felipe”

Não é à toa que Felipe espera ansiosamente por suas férias

“Nunca vou entender como uma pessoa que tem metade do meu tamanho consegue fazer com que eu me sinta tão pequeno”

Como sempre, mergulhei nesta leitura tentando saber o mínimo sobre ela e fiquei encantada com o fato do título ser tão simples, mas também tão explicativo. Isso porque os planos de sossego de Felipe vão por água abaixo quando ele descobre que Caio – seu vizinho – passará 15 dias hospedado em sua casa.

“Quando você afirma uma coisa, por mais que ela esteja clara para todo mundo, ela se torna real”

Caio não é um total desconhecido: eles costumavam se dar bem na infância, passando horas e horas se divertindo na piscina.

“Eu não entendia direito o que estava sentindo, mas sei que com doze anos comecei a entrar na piscina sempre vestindo uma camiseta. E depois dos treze, nunca mais entrei na piscina”

Mas claro que a chegada da adolescência muda tudo, e Felipe torna-se cada vez mais alguém que só quer se esconder. Ele tinha, sem dúvidas, muitos motivos para isso.

“O riso tem um som desesperador quando o motivo da piada é você”

Acontece que Caio não é como os outros. E eles não precisavam ter se afastado.

“Porque quem diz a verdade abre caminho para as coisas boas”

O livro é curto e delicioso de ler. Para nós, esses quinze dias passam voando, ao mesmo tempo em que vamos, aos poucos, descobrindo mais e mais sobre seus personagens.

“Eu nunca fui corajoso. Sempre fui do tipo que aguenta calado e finge que nada aconteceu”

São muitos os temas importantes levantados por essa obra: para além da gordofobia, a obra também fala sobre homofobia, bullying, abandono paternal, terapia e a difícil fase da adolescência.

“Acho que eu sempre me mantive tão ocupado tentando não ficar mal, que eu acabei esquecendo de tentar ficar bem”

Um livro daquele que vai arrancar algumas lágrimas, gerar algumas indignações, mas também vai dar quentinhos no coração e vontade de abraçar os personagens incríveis que ele nos apresenta.

“Acho incrível como a terapia sempre faz as coisas mais óbvias parecerem a descoberta do século”

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Novelion: A ascensão de uma estrela — Lucas Lyu

Título: Novelion: A ascensão de uma estrela 
Autor: Lucas Lyu
Editora: Publicação independente
Páginas: 494
Ano: 2019 

Sinopse

Numa sociedade luxuosa e evoluída dividida por signos denominada Novelion, não basta ter nome ou família. Para se viver lá, primeiro deve-se conquistar o direito. Para viver como rei, primeiro você deve servi-los. Para alcançar a ultra-humanização, primeiro você deve vencê-la. E é por isso que a Seleção Ultra-humana existe; para peneirar os mais fortes dos mais fracos. Para desmembrar os pré-evoluídos e impulsionar os evoluídos. Dyllan não queria ser escolhido tão cedo para a Seleção Ultra-humana, mas não teve escolha quando seu nome foi proferido diante do universo inteiro. Então, ele respirou fundo e entrou em Pandora, o túnel que todos os candidatos almejam percorrer desde o dia da transferência. Agora, o garoto do signo de Peixes encontra-se cercado de dois perigos mortais: candidatos que almejam sua morte e uma guerra iminente entre o signo de Peixes e o signo de Libra que se arrasta por todos os lados. Desesperado e agarrado a própria vida, tudo que ele queria era não ser atingido. Mas adivinha?

Inspirado em Jogos Vorazes, Fúria Vermelha, Harry Potter e Guerra dos Tronos.

Gatilhos: Violência Extrema. Palavrões. Ansiedade.

Resenha

Coisa boa é poder aproveitar os encontros que a vida nos oferece e Novelion foi uma grata surpresa propiciada pela Bienal do Livro que aconteceu em São Paulo no último ano.

“Os homens vivem e lutam para que seus nomes sejam proclamados mesmo depois de suas mortes”

Sentada em um dos corredores lotados do evento, comecei a ouvir Lucas Lyu e seu amigo divulgando esta obra com inspiração em Harry Potter, Jogos Vorazes e Fúria Vermelha, além de contar com uma sociedade dividida em signos (e um protagonista de Peixes). Não tinha a menor chance de tudo isso não me convencer a comprar um exemplar da obra.

“As pessoas se simpatizam com a sua causa quando você é simpático”

O livro, claro, acabou furando a fila e não me arrependo de ter feito isso. Pelo contrário, aliás, já quero ler os demais da série.

“Depois disso, eu nunca mais vou ver o planeta Senn de novo. Eu deveria estar feliz, mas não estou”

Quem já leu Jogos Vorazes não terá dificuldade em se ambientar com Novelion e sua crueldade.

“Não há lugar para perdedores no reino de Novelion”

E também não vai estranhar a dureza do terrível processo de ultra humanização (que de humano não tem nada).

“No fundo eu sempre soube que a Seleção Ultra-humana é um banho de sangue e morte. Mas viver isso é totalmente diferente”

Claro que digo isso tendo lido apenas o primeiro volume de Novelion, obra na qual não chegamos ao cerne da seleção, mas onde podemos acompanhar algumas lutas e dificuldades.

“Eu achei que a morte era gélida como a neve. Estou enganado. Não sinto frio. Sinto calor e solidão”

Narrada em primeira pessoa, esta história é capaz de nos enredar, nos deixando curiosos para saber o que vem a seguir e como (ou se) o protagonista vai sobreviver. 

“Eles se esquecem de que um pisciano também luta, provoca, apanha, se vinga e nutre rancor”

Além disso, a história é capaz de despertar no leitor os mais diversos sentimentos: medo, compaixão, raiva, nojo, empatia…

“Esse é o estilo pisciano. A leveza e a doçura levadas em golpes ligeiros, localizados, pré-determinados e com graciosidade”

Sem contar que é uma delícia ver que o autor conseguiu mesclar sua inspiração em histórias diferentes e críticas essenciais sem tornar tudo uma grande e barata miscelânea.

“Nós crescemos e aprendemos com os humanos. Tomamos seus costumes, suas histórias e sua ancestralidade com a nossa evolução. Mas agora eu me pergunto: quando foi que tomamos seu gosto por guerras e destruição?”

O ritmo da história também é bem equilibrado. Por vezes mais rápido; por vezes mais devagar, para nos dar um respiro necessário.

“Uma vez que ela tenha ganhado: uma morte ainda é uma morte, independente de como é conquistada”

Sem dúvidas, há muito a absorver neste primeiro volume de Novelion. Somos apresentados à estrutura da sociedade em que se passa a história, a diversos personagens, a um tempo que é o presente, ao mesmo tempo em que também nos mostra algo do que veio antes.

“Meu lugar é aqui. Definitivamente, é aqui”

Abordando temáticas como alianças, traições, sede de poder e estratificação social, Novelion é capaz de nos fazer desligar da realidade, ao mesmo tempo em que nos faz refletir sobre ela.

“Se houvesse a opção de ajudar, eu ajudaria. Mas estamos na Seleção Ultra-humana. E aqui, todo pedido de ajuda vem com uma faca no pescoço”

Por fim, claro que me diverti vendo a caracterização dos personagens de acordo com seus signos. Uma caracterização que vai muito além do estereótipo, mas que também nos faz entender certos comportamentos, como este da passagem abaixo que, quando li, gritei “PISCIANO!”, porque o protagonista estava viajando na batatinha quando seu nome foi chamado.

“É então que percebo que sou eu”

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Fisiologia do amor — Lyra Rocha

Título: Fisiologia do amor (Ciência do amor - Livro 1) 
Autora: Lyra Rocha
Editora: Publicação independente
Páginas: 268
Ano: 2019 

Sinopse

Nada melhor do que seguir o coração e encontrar sua alma gêmea, não é mesmo? Não para Cecília Perosini. Para ela, encontrar o par perfeito é nada mais do que pura ciência. Coração saltitando, mãos suando e corpo tremendo? Tudo resultado dos hormônios biológicos do nosso corpo. Como professora e pesquisadora da área, Cecília sabe tudo sobre a fisiologia do ser humano durante o amor e, por isso, ela está disposta a usar dos seus conhecimentos para não ter o coração arrancado e quebrado por homem nenhum.

Ela já planejou tudo. O homem perfeito está idealizado em sua mente. Nada de bonitos, atraentes e fortões. Não. A ciência mostra que para um relacionamento dar certo, sua escolha deve ser bem diferente. Por isso, Cecília está determinada a seguir seu plano.

Mas o que acontece quando a vida lhe dá uma rasteira e põe à prova toda a teoria que criou? Depois de conhecer um homem que é exatamente tudo o que Cecília fugiu, ela se vê em uma situação difícil ao tentar seguir o rumo que predeterminou em sua vida e em um embate entre a razão e o coração.

Resenha

Fisiologia do amor é uma obra que beira ao absurdo e que, mesmo assim, nos prende e faz pensar.

“Não é fácil viver a simplicidade quando a sua mente está bombardeada de informações e teorias”

Isso porque a protagonista, Cecília, uma grande pesquisadora, não acredita no amor. Ao menos não no amor que acontece de repente e que pode ter um final feliz.

“O amor podia curar? Remendar a alma? Sim, mas se encontrássemos a pessoa certa”

Para ela, o amor é fruto de nosso hormônios e, assim sendo, pode ser racionalizado, nos fazendo escolher a pessoa certa, no momento certo.

“O amor é superestimado. São apenas reações biológicas do nosso corpo”

Como não poderia deixar de ser, porém, Cecília acaba caindo em tudo aquilo que tenta negar e contradizer, quando esbarra em Bernardo e se vê obrigada a conhecer o rapaz, que não sai de seu pé.

“Claro que já tinha visto homens até mais bonitos antes. Mas esse, em particular, me perturbou e me deixou completamente desconfortável. Primeiros sinais da atração”

Com uma narrativa em primeira pessoa e por meio de uma linguagem simples – mesmo tendo uma cientista caxias como narradora – Fisiologia do amor nos faz querer saber cada vez mais sobre o que vem a seguir e nos faz torcer pelos personagens e pelas situações que se apresentam diante de nossos olhos.

“A teoria do caos diz que uma mudança no início de um evento qualquer, pode trazer consequências enormes e absolutamente desconhecidas no futuro”

A protagonista não é perfeita, como a própria autora explica ao final do livro, e, para muitas pessoas, pode inclusive ser irritante. Ainda assim, a história nos envolve e Bernardo é capaz de derreter o mais duro dos corações.

“A verdade é que Bernardo mexia comigo, muito mais do que eu queria. Porém precisava aprender a lidar com ele de qualquer jeito”

A história se passa sobretudo na Universidade em que Cecília trabalha, alternando entre o laboratório e o restaurante. Além disso, espaços como um shopping, um restaurante e um barzinho também aparecem, indicando que a história se passa em uma cidade cheia de vida.

“— A vida é muito curta para esperar o brigadeiro esfriar. Poderia ser uma frase normal, no entanto havia muita coisa implícita ali”

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Em busca de sentido — Viktor E. Frankl

Título: Em busca de sentido: um psicólogo no campo de concentração 
Original: trorzdem Ja zum Leben sagen
Autor: Viktor E. Frankl
Editora: Vozes
Páginas: 184
Ano: 2023 (58º edição)
Tradutores: Walter O. Schlupp e Carlos C. Aveline  

Sinopse

O fundador da Logoterapia mostra aqui como foi a sua própria experiência em busca do sentido da vida num campo de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. Apresenta também, numa segunda parte, os conceitos básicos da logoterapia.

Resenha

Em busca de sentido passou um longo período na minha lista de desejados, pelo simples fato de ser uma obra sobre o holocausto. Isso era tudo o que eu sabia sobre o livro, até iniciar sua leitura que, sem dúvidas, foi uma das melhores e mais marcantes do último ano.

“Nenhum ser humano e nenhum destino podem ser comparados com outros; nenhuma situação se repete”

Dizer que este é “um livro sobre o holocausto”, aliás, é um grande erro. Os horrores do campo de concentração estão aqui, complementando esta obra que, apesar de curta, vai muito além disso.

“Somente aos poucos se consegue levar essas pessoas a reencontrar a verdade, tão trivial, de que ninguém tem o direito de praticar injustiça, nem mesmo aquele que sofreu injustiça”

Em busca de sentido começa com um prefácio à edição norte americana de 1984, que já me ajudou a perceber que este, apesar de ser um livro um pouco técnico e que aborda um assunto tão difícil, não seria complicado de seguir com a leitura.

“O ser humano é capaz de mudar o mundo para melhor, se possível, e de mudar a si mesmo para melhor, se necessário”

Depois, vem um prefácio do próprio autor e, nele, começamos a adentrar a obra, iniciando no mundo da logoterapia — o verdadeiro tema deste livro —  fundada por Viktor Frankl.

“Pensava que poderia ser útil a pessoas que têm inclinação para o desespero”

O livro, então, é dividido em três partes: em busca de sentido, conceitos fundamentais da logoterapia e a tese do otimismo trágico.

“Chorava o violino — dentro de mim algo chorava junto”

Ao longo dessas três partes, acompanhamos a narrativa do autor enquanto prisioneiro em Auschwitz, bem como seus estudos e a crença de que é preciso encontrar um sentido na vida (e aqui o título passa a ser óbvio) para superar a dor.

“A vida é sofrimento, e sobreviver é encontrar sentido na dor”

Em busca de sentido é tocante e nos faz pensar em nossas vidas, em nossas escolhas e caminhos.

“A preocupação ou mesmo o desespero da pessoa sobre se a sua vida vale a pena ser vivida é uma angústia existencial, mas de forma alguma uma doença mental”

Conhecer esta forma de terapia também amplia a nossa visão sobre como podemos encarar doenças mentais e possíveis tratamentos.

“Nem todo conflito é necessariamente neurótico; certa dose de conflito é normal e sadia. De forma similar, o sofrimento não é sempre um fenômeno patológico”

Chega a ser impressionante pensar que alguém que viveu tudo o que o autor deste livro viveu, consiga escrever uma obra tão fácil de compreender e, ao mesmo tempo, que fala com uma certa leveza (sem leviandade alguma) de assuntos tão pesados.

“A dor psicológica, a revolta pela injustiça ante a falta de qualquer razão é o que mais dói numa hora dessas”

Uma obra que precisa ser lida ao menos uma vez na vida, mas cuja leitura pode ser feita com muita calma e cuidado para não se entrar num turbilhão de sentimentos complexos.

“O alívio psíquico é produzido por ilusões que certamente podem ser perigosas na área fisiológica”

Em seu formato físico, na edição da Editoras Vozes, o livro é pequeno e leve, com uma diagramação bem simples e páginas brancas.

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O que todo pedagogo precisa saber sobre comunicação inclusiva — Eduardo de Campos Garcia

Título: O que todo pedagogo precisa saber sobre Comunicação Inclusiva 
Autor: Eduardo de Campos Garcia
Editora: Wak Editora
Páginas: 128
Ano: 2019 

Sinopse

Este livro fala sobre os possíveis meios e modos de comunicação existentes para um trabalho efetivo e significativo a ser realizado com todo e qualquer ser humano, seja ele ouvinte, surdo, cego etc. Tem como objetivo colocar na mesa assuntos que, até então, tornavam o tema tabu que, talvez, por insegurança, afastavam pessoas que deveriam estar próximas. Seus capítulos, embora não definam problemas, procuram amenizar a dúvida e apresentam as possibilidades para a prática da comunicação assistiva e inclusiva.

Resenha

Uma leitura que fiquei em dúvida se traria para cá, mas que acabei me inspirando a escrever a resenha na semana de dia dos professores e que, por fim, não postei devido ao meu pequeno sumiço deste espaço (que comentei brevemente aqui). 

O que todo pedagogo precisa saber sobre comunicação inclusiva é uma obra curtinha e bem fácil de ler, pois o autor escreve como se estivesse conversando conosco. 

“Comunicar algo, em muitos momentos, é fazer com que a ideia comunicada pareça uma verdade, muitas vezes inquestionável”

O fato da obra ser curta e fácil é bom e ruim ao mesmo tempo. Bom porque torna o conhecimento contido nela acessível, mas ruim porque ele é um tanto quanto superficial. 

“Mas, nem todo pensamento é flexional e linear”

Para chegar à comunicação inclusiva, o autor inicia o percurso com o capítulo Comunicação: conceito e história, no qual ele traz algumas definições do que é comunicação.

Em seguida, Eduardo Campos traz o capítulo Cuidado! Nem tudo, embora pareça, é comunicação alternativa e suplementar. Aqui, o autor explica o que seria uma comunicação alternativa e suplementar, dando exemplos do que se encaixa ou não nessas categorias.

Por fim, no quarto capítulo — de título Tecnologia assistiva: usabilidade por meio de outros recursos — o autor nos apresenta diversas coisas presentes no nosso cotidiano, e que são importantes para a inclusão. Até mesmo o esporte entra neste grupo e isso foi bem interessante de aprender.

“A prática esportiva estimula não apenas o desenvolvimento neuromotor, o fortalecimento muscular e o equilíbrio mas também a comunicação e a formulação de estratégias”

Apesar de ter achado a obra superficial e até um pouco repetitiva em alguns pontos, consegui refletir sobre alguns elementos e aprender coisas interessantes com ela, como a diferença que existe nos pisos táteis, que podem ser divididos em pisos de alerta e pisos direcionais. 

“Relevante é entender que o que é convencional para determinada cultura não o é para outra”

A obra também oferece algumas atividades ao final de cada capítulo, que servem tanto para verificar se o que foi apresentado foi realmente compreendido, quanto para ampliar nossos horizontes. 

O que todo pedagogo precisa saber sobre comunicação inclusiva é um livro indicado para quem está adentrando o mundo da inclusão e da comunicação e não faz ideia de onde começar. 

“Nem todo mundo processa a linguagem da mesma forma”

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Recesso — Claus Castro

Título: Recesso 
Autor: Claus Castro
Editora: Telha
Páginas: 236
Ano: 2022 

Sinopse

Em meio à pandemia do coronavírus, um professor desiludido com a vida, profissão e relacionamentos se vê impedido de deixar sua rotina caótica, lutando contra o tempo para se libertar da pior prisão em que já foi posto.

Recesso é um romance que busca sintetizar todo o desprezo e o sentimento de fracasso passado ao longo da carreira do autor até o momento.

Resenha

Sabe quando um livro simplesmente surge na sua frente e a sinopse te faz dizer “ok, essa será minha próxima leitura”? Pois foi isso o que aconteceu com Recesso, cuja temática é de grande interesse para mim. 

“A chave estava em não procurar por uma entrada”

Donizete (ou Doni) é um professor que, aos 30 anos, está desiludido com tudo: o emprego, as relações humanas, a vida.

“Todo propósito de uma vida pode ser resumido em chegar no instante em que ela acaba”

Narrada por ele, a história se torna densa e, em muitos pontos, incômoda, o que não poderia ser diferente diante do momento em que ele vive e as situações que o circundam.

“Minha bússola era o mero acaso e em minha direção vinha o desconhecido”

Tantas críticas já foram feitas ao ensino brasileiro, principalmente àquele público, mas através da história de Doni podemos enxergar o outro lado: o do professor que tem de dar tudo de si para receber tão pouco em troca.

“Você precisa estar preparado para tudo e isso não existe”

O protagonista desta história não é concursado, mas um professor substituto, coisa que, infelizmente, tem se tornado tão comum nas escolas. 

“Estamos transformando o mundo em algo que não pode ser vivido, trancando nossos sonhos à luz do dia e escrevendo sobre eles em quartinhos escuros”

Esses professores são jogados em escolas que podem ser perto ou distantes de suas residências, e cobrem licenças e afastamentos. Estão ali temporariamente, na incerteza do amanhã.

“Esse sistema, essa rotina, essa ansiedade, fazem com que eu não veja a hora do dia terminar e de começar outro, para ver seu fim outra vez”

Diante desse cenário, não seria de se espantar que Doni tivesse uma vida cheia de problemas. Mas, para melhorar a situação, ele também é um viciado em álcool e sexo.

“Tudo corria mais ou menos bem e não estava sendo nada mal ter algumas expectativas não correspondidas a essa hora”

O personagem se afoga na vida e nos vícios e é difícil não ir afundando com ele, percebendo o quanto estamos errando e fazendo tão pouco para melhorar as perspectivas.

“Seja lá o que estamos fazendo, é melhor pararmos, e pararmos depressa. Estamos perdidos e perdendo-os, um por um, dizendo para nós mesmos que não há nenhuma salvação possível. Somos nós os próprios carrascos daqueles que um dia juramos libertar”

Há, ainda, um agravante importante para esta narrativa: a pandemia do coronavirus. Imagina viver toda essa profusão de sentimentos num momento tão caótico para a humanidade. É difícil não se identificar em alguma medida.

“Era a corrida da morte, uma grande fuga de algo que não enxergamos, mas que víamos em todos os lugares, um verdadeiro ‘salve-se quem puder’”

Com palavras ácidas e diretas, Claus Castro, através de Doni, consegue nos fazer refletir sobre capitalismo (e seus absurdos), solidão, educação (e, muitas vezes, a falta dela), sonhos e hipocrisias.

“Na escola não respeitamos os jovens. Nas ruas não respeitamos os velhos. Como pode se ter um presente assim?”

Foi estranho, depois de um longo período, ler uma história com um protagonista masculino e hétero, que me despertou tantas lembranças de pessoas parecidas e ao mesmo tempo tão diferentes dele. 

“Não há respostas o suficiente para minhas perguntas”

A forma como as mulheres são retratadas ao longo das páginas (lembrando aqui que o personagem tem o seu vício em sexo, ao mesmo tempo que é extremamente solitário) foi algo que há tempos eu não via e que, com certeza foi um baque, principalmente por me lembrar que muitas vezes somos vistas assim.

“Pode levar o tempo que for, você nunca irá entender completamente, nem em parte, nem minimamente uma mulher, não importa a idade que ela tenha ou que pensa que carrega”

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Música para morrer de amor — Rafael Gomes

Título: Música para morrer de amor 
Autor: Rafael Gomes
Editora: Incompleta
Páginas: 218
Ano: 2021

(Para ler ao som de Codinome beija-flor Cazuza)

Sinopse

A trama é das mais simples, uma variação do clássico triângulo amoroso: Isabela sofre por um coração partido, Felipe quer muito se apaixonar e Ricardo, seu melhor amigo, está apaixonado por ele. Mas, numa obra que é sobre as canções para morrer de amor tanto quanto sobre os caminhos da paixão, e se pensássemos nessa sinopse de uma forma, digamos, mais musical? Em vez de um triângulo, um terceto. Em vez de uma ciranda de sentimentos, três duetos. Ou então a orquestração de três solos intercalados de corações pós-adolescentes que batem com a impulsividade e o derramamento típico das paixões juvenis (e não importa que idade se tenha, sempre estaremos sujeitos às paixões juvenis). A história do trio completa uma década. Mas este livro comemorativo não é apenas sobre aventuras românticas. É também um estudo aprofundado sobre como levar aos cinemas uma história de amor e música nascida nos palcos. O texto original da premiada peça Música para cortar os pulsos (2010) chega ao livro em versão revisada. Guiados por letras de canções das quais extraem sua educação sentimental, os três amigos embaralham alguns paradigmas da trama amorosa e confirmam outros, questionando padrões de sexualidade e duvidando da certeza dos próprios sentimentos. O roteiro do longa-metragem Música para morrer de amor, adaptado do texto teatral e lançado em 2020, vem publicado na íntegra e acrescido de mais de uma centena de notas do autor-diretor. Nelas, Rafael Gomes detalha o processo de adaptação entre as duas linguagens e as especificidades de cada formato, além de curiosidades de bastidores.

Resenha

Dia desses a Nati, minha amiga, me entregou um livro e disse “acho que está na hora de você ler isso”. O livro em questão era Música para morrer de amor.

“Mas é preciso acabar, e isso é bonito”

Eu sabia que encontraria alguma coisa dela ali. Mas encontrar alguma coisa dela significava encontrar algo de mim também. E foi o que aconteceu.

“Medimos a velocidade de um carro em quilômetros por hora, e a área construída de um imóvel em metros quadrados. Para mensurar o espanto que me causou essa primeira leitura, proponho a adoção de uma nova medida: epifania por parágrafo”

Este livro contém muitas coisas dentro de si, para além das tantas mensagens que me tocaram de alguma forma. Começo, então, falando sobre a estrutura, para só então passar para a história em si.

“Eu não sei o que você tá pensando, mas provavelmente é útil você descobrir que ser amado também é dolorido”

A obra começa com o prefácio A parte que me toca, escrito por Vinicius Calderoni, de onde extraí a passagem usada um pouco mais acima.

Em seguida, mergulhamos no ensaio ficcional Uma década de playlists, escrito por Rafael Gomes. 

“Quantas coisas em uma história de amor são playlists, para além das seleções musicais?”

A essa altura, é difícil já não estar morrendo de amores pelo livro e querer mais e mais. 

“Eu sou esse cara que se apaixona por um monte de gente o tempo todo, mas eu juro que são coisas diferentes, de jeitos específicos”

Finalmente, chegamos a Música para cortar os pulsos, roteiro revisado da peça homônima, escrita por Rafael Gomes e encenada no teatro do Sesc Pinheiros, em 2010.

“O amor nunca é só amor. O amor é um monte de outros sentimentos misturados”

Como eu queria ter assistido a essa peça, mas em 2010 eu sequer sabia da existência dela (e talvez não pudesse compreender nem metade de tudo o que ela tem a transmitir).

“Ri das cicatrizes quem nunca foi ferido”

Aqui conhecemos Ricardo, Isabela e Felipe. Três jovens tão únicos e tão iguais a tantos outros. Cheios de amores, dúvidas e medos.

“Difícil isso de dar nome para os sentimentos, apreender o sentido das coisas”

Isabela está tentando superar o final de um relacionamento. Aquele que parecia tão certo e tão especial.

“Eu tenho um coração partido e eu nunca mais vou amar ninguém”

Ricardo está lidando com os sentimentos que carrega dentro de si, os amores que transbordam e a vontade de abraçar o mundo. 

“De mentira eu me apaixono o tempo todo”

E Felipe, coitado, está no meio do caminho. Querendo se apaixonar perdidamente, ele percebe que precisa, em primeiro lugar, entender o que realmente deseja e também se conhecer melhor.

“Quando eu digo ‘amor’ e você diz ‘amor’, quem disse que a gente tá falando da mesma coisa?” 

Uma história incrível, que certamente tocou muitos corações. Tanto é que ganhou uma adaptação para as telonas. Ou quase isso.

“A única coisa que eu penso é que talvez eu vá explodir. E tudo por causa de um coração que um dia vai parar mesmo, de qualquer jeito”

Depois do roteiro da peça, neste livro, nos deparamos com Música para morrer de amor, também de Rafael Gomes. Este é o roteiro do longa-metragem, comentado pelo autor (o que torna a leitura ainda mais agradável e interessante). 

“Todo mundo é imaturo, amor. Só que todo mundo finge que não”

Por mais que algumas falas e cenas sejam semelhantes, como o próprio autor explica, passar a história para as telas levou a modificações necessárias. E é possível notar isso ao longo da leitura.

“Na raiz do amor já está a destruição: a gente começa e já começa a terminar”

Mas Música para morrer de amor não chegou efetivamente às telonas. Ele foi parar somente nos serviços de streaming, porque foi lançado durante a pandemia, em 2020.

“E amor assim, tão espontâneo e tão imprevisto e que vive ganhando tão pouco em troca, deve ser no fim das contas pelo menos um sentimento bom”

O livro termina, ainda, com a seção Caixas, cadernos e HDs, que reúne registros fotográficos e visuais de tudo o que pudemos acompanhar ao longo do livro. 

“E o sorriso é uma porta de entrada confiável pro pensamento”

A diagramação de toda a obra é ótima: tem cores, desenhos e o papel utilizado é extremamente confortável de ler e manusear.

Além disso, essa é uma daquelas obras que tranquilamente podemos ler enquanto escutamos uma boa música e, se a mágica der certo, tudo irá se completar e conversar.

Se você se interessou por este livro, saiba mais sobre ele clicando abaixo. E se quiser conhecer mais o trabalho do Rafael Gomes, siga-o em suas redes sociais (Instagram).

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