Serial Killer: a verdadeira face do mal (Antologia)

Título: Serial Killer: a verdadeira face do mal
Organização: Larissa Oliveira
Editora: Lettre
Páginas: 135
Ano: 2020

Recém saída do forno, a antologia Serial Killer: a verdadeira face do mal veio para abalar as estruturas. Bom, pode ser exagero meu, mas é que realmente me surpreendi com essa obra e não acho que seja simplesmente pelo fato desse ser um gênero com o qual não tenho tanto contato.

“Quero mostrar para ela que os monstros vivem na superfície, que o bem e o mal estão dentro de todos e que nós escolhemos qual lado queremos vivenciar”

(Conto: Na superfície)

As histórias que encontrei ao longo das páginas dessa antologia me surpreenderam pela variedade. Os seriais killers são muito diversos entre si: homens, mulheres, crianças (!), jovens, adultos, ricos, pobres… Isso sem contar, claro, aqueles contos que deixam certa dúvida no ar.

Nós somos o verdadeiro mal. Somos um mal que está oculto nas sombras, esperando o momento certo de rasgar sua garganta.

(Conto: Lady Jack)

Outra coisa que chamou a minha atenção é que há tanto homens quanto mulheres escrevendo. E há homens que fizeram protagonistas femininas e mulheres que fizeram protagonistas masculinos e assim por diante. Realmente bem mesclado e bem fora do padrão.

“A festa estava lotada de pessoas superficiais”

(Conto: Antes que o leite acabe)

E não, caro leitor, não se deixe enganar: muitas reviravoltas também nos aguardam nas páginas de Serial Killer. É claro que, num livro como esse, nem tudo é o que parece ser!

“Miguel se achava muito inteligente, e isso o tornava alguém altamente manipulável, pois bastava dar um sorriso meigo, se fingir de atrapalhada e dizer que acreditava em alguma besteira, para que ele confiasse ter alguém ingênuo à sua frente”

(Conto: Lady Jack)

Agora, uma coisa que me surpreendeu ainda mais que tudo o que já mencionei até aqui foi o fato de que, em mais de um conto, os seriais killers se apresentam a nós com uma falsa capa de moralidade, isto é, buscam justificar as mortes que cometem como uma espécie de justiça ou “limpeza da sociedade”.

“As palavras do dono do estabelecimento só comprovam o que eu sempre digo: as pessoas só se importam com os problemas das outras quando eles não causam problemas para si mesmas”

(Conto: Jingle Bells – Jungle Hells)

Isso me surpreende pela forma como os autores usaram desse elemento para construir suas histórias. Elemento este que, infelizmente, faz realmente parte de nossa sociedade. Afinal, quantas pessoas não fazem coisas ruins acreditando ou alegando estar fazendo algo de bom para o mundo?

É, essa antologia talvez tenha me deixado reflexiva. E tanto me deixou reflexiva que, olhando aqui a sinopse dela, me pergunto se eu não deveria ficar com certo medo dos autores. Isto porque na sinopse diz-se que “buscamos, nesta antologia, fazer com que cada autor mostrasse o seu monstro interior. Isso mesmo, todos temos um monstro adormecido dentro de nós”.

Ora, se a ideia era que cada autor mostrasse seu monstro interior e disso nasceram contos tão bem escritos… O que será feito desses monstros que agora estão entre nós?

Brincadeiras a parte, essa é uma antologia que vale a pena ser lida. Eu já solicitei a minha versão física (que está em pré-venda no site da Editora), porque vi que está com uma diagramação incrível, melhor que a de muita editora grande. Mas, por enquanto, li na versão digital (disponível na Amazon), que tem uma diagramação mais simples, mas que não muda em nada a qualidade das histórias lidas.

Se você é amante do gênero, a leitura desta antologia te permitirá conhecer novos autores. Se, por outro lado, você é como eu e não tem o hábito de ler coisas nessa área, aventure-se. Não me arrependo nem um pouco de ter me jogado de cabeça nessa.

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