
Acho que não é segredo para ninguém (ao menos não deveria ser) que eu adoro romances, daqueles bem “água com açúcar” mesmo. O que talvez nem todo mundo concorde é que mesmo esses livros podem nos trazer algumas reflexões interessantes, ainda que esse não seja o objetivo deles.
“Como algo pode ser a razão da sua vida e, ainda assim, te destruir?”
Foi o que aconteceu enquanto eu lia Uma mentira imperfeita, da Beatriz Cortes, publicado pela Bendita Editora. Li o livro no começo deste ano e adorei! Muitos dos trechos que destaquei durante a leitura ficaram de fora da resenha (que você pode ler aqui) e agora os trago neste post.
Acho que umas das coisas mais interessantes sobre essa história é que ela fala muito sobre autoconhecimento.
“Estou totalmente aliviada por ter, enfim, chegado a alguma conclusão sobre mim mesma”
“Eu sou uma fraude, não consigo terminar nada do que me propus a fazer na vida, nem mesmo uma maldita terapia”
“Uma das coisas que percebi nesses longos anos de redescoberta de mim mesma foi que, enquanto eu dizia sim para todo mundo, deixei que o não tomasse conta de quem eu sou”
E, ao mesmo tempo, também fala sobre conhecer o outro.
“Não adianta ficar procurando fundamento nas escolhas do outro se você ainda não consegue entender as suas próprias”
“Tento pensar se em algum momento houve indícios de que essa transformação aconteceria com ele, mas no fundo eu sei que essas coisas acontecem de uma hora ou outra”
Como já era de se esperar, a história fala, ainda, sobre o amor, mas percorre caminhos interessantes para isso, muito ligados, também, ao que já mencionei sobre a obra.
“Todas as minhas tentativas de relacionamento foram exatamente assim, como saltar de paraquedas e descobrir no meio do caminho que ele está com defeito: você sabe que, quando chegar ao chão, vai ser uma droga, mas a sensação de poder voar é indescritível”
“Quando perdemos alguém que amamos muito, a gente também corre o risco de nos perder de quem somos”
“É incrível como ele consegue tornar até um furacão muito mais leve”
Um assunto que fica pairando ao longo da narrativa e que desperta a nossa curiosidade é a culpa que a protagonista carrega e que queremos entender melhor.
“Hoje faz oito anos, e, sempre que essa fatídica data chega, tenho a sensação de que estou revivendo aquele pesadelo”
“Só queria que soubesse que te amo, e que não tem um dia da minha vida que eu não me arrependa do que aconteceu”
“Absorvi toda a culpa, todo o sofrimento, e achei que isso fosse o necessário para permanecer firme, para me tornar forte”
“A chama da culpa sempre esteve aqui, crepitando ao meu redor, e ele nunca percebeu. Ninguém nunca notou”
Outro sentimento forte é a melancolia, que gera pensamentos que nos fazem querer abraçar a protagonista.
“Descobri, com o passar do tempo, que existem muitas formas de morrer, e não sou capaz de perdê-lo em mais uma”
“Sinto o peso de suas palavras destroçarem meu coração em mil pedaços”
“É a minha vida despencando aos poucos, afundando em uma areia movediça, desmanchando feito papel”
Mas o mais interessante mesmo é ver como somos múltiplos e como uma única pessoa pode se transformar tanto em tão pouco tempo.
“Não dá para simplesmente ser outra pessoa depois de tanto tempo sendo… eu”
“É uma pena que não haja espaço para a Nina no Rio de Janeiro, no mundo real. Talvez um dia eu possa me dar o luxo de viver algo parecido outra vez”
Se esta obra despertou o seu interesse, não deixe de clicar no livro aí embaixo para conhecê-lo melhor!