Precisamos conversar sobre a Bienal

Precisamos conversar sobre a Bienal

Resolvi adiar todos os posts do Blog pelo “simples” fato de que precisamos conversar sobre o que aconteceu na 19º Bienal do Livro carioca, na última sexta-feira (acontecimento que teve seus desdobramentos sábado e domingo também, últimos dias do evento).

Caso você, leitor deste Blog, viva numa bolha maior que a minha (porque olha, nunca vi pessoa tão desinformada quanto eu!) e não saiba do que estou falando, explico: na sexta-feira (06/09) foi divulgado que na quinta-feira (05/09) o prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, havia determinado que “Vingadores, a cruzada das crianças” fosse recolhido por conter a imagem de um beijo entre dois homens (imagem essa que eu talvez nunca tivesse visto se não fosse essa idea babaca, que teve como resultado a veiculação de tal imagem em diversas mídias). No mesmo dia, “fiscais da prefeitura” também foram à Bienal para identificar e lacrar livros “impróprios” (leia-se: livros LGBTQ+). Obviamente houve muita reação a esses absurdos e vale à pena dar uma pesquisada!

Diante de tudo isso eu não poderia ficar calada. Eu precisava ao menos vir desabafar (depois de baixar milhares de ebooks LGBTQ+). Meu último post aqui foi com  indicações de livros que falam sobre suicídio. E nesse post eu comentei que fiz isso porque sei o quanto livros são importantes, o quanto eles podem nos ajudar.

Ora essa, a mesma lógica serve para os livros LGBTQ+! Quantas pessoas que fogem do padrão imposto por uma sociedade retrógrada já não encontraram nos livros um refúgio, uma força pra seguir em frente, um consolo? E quantas pessoas que se encaixam no padrão imposto por uma sociedade retrógrada não puderam aprender com livros desse tipo, passando a respeitar e a ter empatia com os outros?

Vamos dizer que eu faço parte desse segundo grupo (pessoas que se encaixam no padrão imposto por uma sociedade retrógrada). E vamos dizer que eu confesso que, apesar da vontade, ainda não li muitos livros LGBTQ+. Garanto a vocês que um dos livros que mais me marcou na vida foi Menino de Ouro, que fala sobre intersexualidade, um assunto que até então eu praticamente desconhecia. E, além disso, a forma como a história é construída, nos faz pensar muito sobre questões de gênero e identidade. Outra leitura que mexeu muito comigo foi Aristóteles e Dante descobrem os segredos do universo.  Fico pensando quanto mais não posso aprender com outros livros LGBTQ+ que estão na minha lista de desejados (como Um milhão de finais felizes e Conectadas) e com aqueles que não estavam, mas que já adquiri (como No meu lugar e Querido ex,)?

Todo tipo de leitura/literatura é válida e só resta a nós, leitores, apoiarmos nossos escritores (nacionais e internacionais) e contribuir para que a literatura não sucumba à censura.

Aproveito e peço para que deixem nos comentários desse post indicações de livros LGBTQ+ que não podemos deixar de ler!

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Conto: O servo do rei — Juliana Lima

O conto O servo do rei faz parte da antologia Entre Amigos organizada por Giuliana Sperandio e publicada pela Editora Sinna

O servo do rei

O servo do rei nos traz a história de uma forte e secreta amizade entre dois jovens: o narrador e Dim. Seus nomes verdadeiros, no entanto, são desconhecidos até mesmo entre eles.

“O brilho em seus olhos era diferente da falta de brilho das outras garotas”

Como todo ser humano, porém, eles crescem e isso acaba por afastá-los aos poucos.

“Já éramos melhores amigos desconhecidos”

O amor que o narrador nutre por Dim está claro desde o começo, mas vai ganhando forma e intensidade com o passar da narrativa.

“Não sei o que sentia por ela antes, mas, depois que se afastou, entendi que não era algo bom. Doía — bons sentimentos não devem doer”

Como todo ser humano, também, esses dois jovens (já não tão jovens assim) são surpreendidos pelos acasos da vida.

“Tudo estava certo, menos o que me aguardava naquela tarde”

O servo do rei, além de falar sobre amizade e amor, fala sobre o poder que nos cega, e sobre vingança desmedida. Uma ótima história para nós fazer refletir.

E aproveitando que a Bienal carioca está chegando, se você quiser conhecer a autora Juliana Lima e seu novo livro, Contos de Fadas de Cabeceira, ela estará no estande da editora The Books (Estande R70 – Pavilhão Verde) no dia 07/09, às 13h00 autografando e distribuindo brindes.