
Se você chegou neste diário de leitura após ter lido o último e está com expectativas de que eu compare a história presente em As mil e uma noites com a versão da Disney… Sinto te decepcionar, mas eu mal me lembro de ter assistido ao filme (e também não assisti o live action…).
Quebradas as expectativas, vamos ao que interessa, isto é, A história de Aladim, ou a lâmpada maravilhosa.
Trata-se de uma narrativa bem longa e que começa apresentando um jovem relativamente pobre, mas que mesmo sabendo que precisará trabalhar para ter algum sustento, não se interessa por nada.
Um dia, após a morte do pai deste jovem, chega à cidade um senhor, que logo se apresenta como irmão desse falecido pai. Ele é acolhido na casa do jovem rapaz e, aos poucos, lhe promete mundos e fundos.
E aqui temos a primeira lição dessa história: desconfie de quem, do nada, vem te trazer todas as soluções para seus problemas. É o bom e velho “quando a esmola é grande, o santo desconfia”.
O tal senhor era, na verdade, um mágico. E uma pessoa cruel, que apenas queria conseguir a tal lâmpada maravilhosa. Aliás, ele buscara por isso toda a vida e apenas encontrou em Aladin a pessoa capaz de concluir a missão e realizar seus desejos.
Por sorte, claro, o jovem consegue escapar das garras desse mágico cruel e, mais que isso, ainda se vê dono de grandes riquezas. Mas isso ele vai descobrindo aos poucos e, o mais interessante: ele sabe ser muito comedido em seus pedidos.
Um parênteses aqui: não sei se foi na adaptação da Disney ou em outra narrativa do tipo que surgiu aquela velha história de que só podemos fazer três desejos ao gênio da lâmpada. No desenrolar da história aqui narrada, vemos que Aladim faz bem mais que isso. E, diferentemente de outras histórias deste mesmo livro, este gênio não é ruim como outros, mas apresenta-se como escravo daquele que detém a lâmpada.
Mas voltando…
Pode parecer que erguer o mais belo palácio já visto no mundo, da noite para o dia, não seja exatamente um símbolo de comedimento, mas Aladim também poderia simplesmente ter dito, assim que descobriu os poderes da lâmpada: quero ser rico.
Contudo, isso também é uma característica da própria história e, ouso dizer mais: da própria cultura na qual ela se insere. Afinal, mesmo aquilo que parece um grande milagre, tem um quê de esforço por trás.
Apesar da extensão, esta narrativa não é nada cansativa, uma vez que quando as coisas parecem que vão ficar bem, algo acontece para perturbar a paz. Nós realmente sentimos vontade de prosseguir na leitura e ver onde aquilo vai dar, como Aladim irá se safar de mais uma enrascada.
Esta história, como todas as outras, é muito rica e eu percebi uma coisa bem interessante que provavelmente está relacionada a isso: eu costumo ler a noite, antes de dormir, e quando leio As mil e uma noites tenho uma noite recheada de sonhos mais vívidos que nas demais noites. Curioso, não?