Citações #48 — Cartola (antologia)

A antologia Cartola é uma obra recheada de contos encantadores, como apresentei ao longo desta resenha. Muitos trechos bonitos, porém, ficaram de fora e hoje trarei mais alguns deles (deixando, ainda, outros tantos sem a sua vez, porque tem realmente muita coisa boa ali).

“Quando uma estrela escolhe você, não existe caminho de volta, seu coração começa a precisar daquele brilho para viver”

Corra e olhe o céu (Ana Farias Ferrari)

Como mencionado na resenha, essa obra nos traz sentimentos e temáticas como a tristeza:

“Não ligava mais para queimaduras. Tinha vivido coisas piores”

Alvorada (Bruny Guedes)

“Pouco a pouco, a magia da música foi se perdendo”

Cordas de aço (Thais Rocha)

“Todos estavam tristes, mas não queriam lidar com isso”

Corra e olhe o céu (Ana Farias Ferrari)

A angústia:

“Eu acho que esse foi o instante que ela, Cilene, percebeu que havia mais felicidade no mundo do que ela tinha naquela ocasião”

Amor proibido (Nilsa M. Souza)

“As pessoas dizem que desistir é covardia, contudo, esse talvez seja o meu maior ato de coragem”

As rosas não falam (Lili Dantas)

“Temi que seu eu tivesse que passar pelo ritual de despedida, talvez não conseguisse virar as costas e seguir meu plano adiante”

Meu drama (Ana Paula Del Padre)

A amizade:

“Não se quebra uma amizade”

Amor proibido (Nilsa M. Souza)

A memória e o esquecimento:

“É curioso como cheiros nos imprimem memórias como se fossem tatuagens”

As rosas não falam (Lili Dantas)

“Dizem que as viagens favorecem o esquecimento”

Peito vazio (Simone Aubin)

Ou o distanciamento:

“Às vezes, a pior atitude é não querer se envolver”

O mundo é um moinho (Alessandra Solletti)

“Frio não é só sobre o clima, é também um estado de espírito”

O sol nascerá (Meg Mendes)

A vida e a morte (assim mesmo, juntas e misturadas):

“Em meio ao meu tormento, não mais particular, ele me abraça como se jamais fosse deixar-me ir. E eu não quero”

As rosas não falam (Lili Dantas)

“Você nunca pensa que vai morrer até estar diante da iminência da morte”

Autonomia (C. B. Kaihatsu)

E, claro, o amor, sentimento sempre tão presente e tão intenso:

“Há tempos eu não sentia as emoções juvenis de quando nos sentimos doentiamente atraídos por alguém”

As rosas não falam (Lili Dantas)

“Me pergunto, como ainda é possível eu amar o comportamento odioso nela, a resposta vem fácil logo em seguida, só é possível amar a luz de uma pessoa se também amarmos a sua escuridão, um não existe sem o outro”

As rosas não falam (Lili Dantas)

“O tema do meu trabalho, Amor: efêmero ou eterno?, era minha última esperança em acreditar que as relações duradouras e verdadeiras existiam de verdade. De que ainda valia a pena amar, ou então, me conformar que tudo é mesmo uma mentira e que o amor é apenas uma ilusão dolorosa”

Disfarça e chora (Juliana Kaori)

“Amor, amor de verdade mesmo, não olha a quem, não tem regra, dura o que tem que durar”

Disfarça e chora (Juliana Kaori)

Se tiver gostado desses trechinhos, não deixe de conhecer a obra completa. Como eu disse na resenha, a leitura me surpreendeu bastante (positivamente)!

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Cartola (Antologia)

Título: Cartola
Autor: vários autores
Editora: Cartola Editora
Páginas: 203
Ano: 2021

(leia ao som de Cartola – playlist by Editora Cartola)

A antologia Cartola, publicada pela Editora de mesmo nome, é o primeiro volume de uma série que, quando vi, logo me apaixonei pela proposta: a coleção Músicos e Poetas será composta por antologias inspiradas em músicas de artistas selecionados, em uma homenagem a compositores e poetas brasileiros.

“Eu estava lá e num piscar de olhos não estava mais. Em um momento eu tocava meu violão enquanto Amália cantava a meu lado, sua mão tão relaxadamente posta em minha perna. E, então, eu não estava mais”

Cordas de aço (Thais Rocha)

Como amo a mistura de música e literatura, eu não poderia deixar de conferir o resultado desse trabalho. E uma coisa muito interessante é que ele é um prato cheio tanto para os que conhecem Cartola quanto para os que não conhecem.

“É possível sentir saudades de coisas que você mal lembra ter feito ou vivido?”

Cordas de aço (Thais Rocha)

Para quem já é fã, é uma forma de ver algumas das músicas dele ganhando nova vida, contando outras histórias. E para quem não conhece quase nada do compositor, é uma maneira de se interessar por algumas de suas letras. Eu mesma, não conhecia bem todas as canções selecionadas, então buscava a letra e depois lia a história, observando como aquele texto havia sido inserido na narrativa.

“O mundo é um moinho, vô. E a saudade de você me tritura por dentro”

O mundo é um moinho (Alessandra Solletti)

Além disso, alguns autores optaram por não apenas inserir a música, mas também alguns acontecimentos da própria biografia do compositor ao longo da narrativa, nos fazendo realmente mergulhar no mundo de Cartola.

“Junto com a sua chegada, ele trouxe uma angústia que nunca esteve ali. Descobri o medo da perda”

As rosas não falam (Lili Dantas)

Não posso deixar de confessar, porém, que mesmo animada para essa coleção, iniciei a leitura sem grandes expectativas, mas me surpreendi bastante (e positivamente) com a forma como ela fluiu. Ela contém contos que dão vontade de continuar lendo e desvendando seus segredos. Além disso, foi muito gostoso ver as escolhas de cada autor.

“Você deve escolher quais batalhas deve lutar, eu escolhi fazer o melhor que posso com o tempo que me resta”

Autonomia (C. B. Kaihatsu)

Esta antologia é composta por 20 contos, inspirados, por sua vez, em 20 composições diversas, sendo elas, em ordem (e com o nome dos autores):

1 – Acontece – Naiane Nara

2 – Alvorada – Bruny Guedes

3 – Amor proibido – Nilsa M. Souza

4 – As rosas não falam – Lili Dantas

5 – Autonomia – C. B. Kaihatsu

6 – Cordas de aço – Thais Rocha

7 – Corra e olhe o céu – Ana Farias Ferrari

8 – Disfarça e chora – Juliana Kaori

9 – Meu drama – Ana Paula Del Padre

10 – Minha – Aline Cristina Moreira

11 – Não posso viver sem ela – Edilaine Cagliari

12 – O mundo é um moinho – Alessandra Solletti

13 – O sol nascerá – Meg Mendes

14 – Peito vazio – Simone Aubin

15 – Pranto do poeta – Ana Lúcia dos Santos

16 – Preciso me encontrar – Vanessa Belo

17 – Sala de recepção – Walison Lopes

18 – Sei chorar – Priscila Morais

19 – Tive sim – Alec Silva

20 – Verde que te quero rosa – Rodrigo Barros

É interessante notar como há temáticas e sentimentos que se repetem — sem, no entanto, soarem repetitivos ao longo da obra —, como é o caso da tristeza, da melancolia, da angústia.

“falei sem mais saber o que dizer, como colocar em palavras os sentimentos todos, sendo que ainda não os sabia nomear?”

Corra e olhe o céu (Ana Farias Ferrari)

Mas também há, claro, amor, amizade, leveza. Sentimentos leves e pesados colocados lado a lado e construindo histórias fáceis de ler, mesmo quando surge aquele leve incômodo de um nó na garganta, que logo dá espaço para outros sentimentos.

“Éramos opostos, mas, apesar disso, ou, por causa disso, nos dávamos muito bem, sempre fomos unha e carne”

Meu drama (Ana Paula Del Padre)

A leitura de qualquer antologia pode trazer muitas sensações diversas para cada leitor, uma vez que carrega múltiplas histórias e escritas, mas eu não posso deixar de mencionar aqui que um dos meus contos preferidos foi “Corra e olhe o céu”, da Ana Farias Ferrari.

“Quando pequena, todo os sábados à tarde meus pais e meus tios deixavam os filhos na casa de paredes cor-de-rosa, quase no fim da pequena cidade do interior, sob os cuidados nada cautelosos de vó Naná e do vô Alceu”

Corra e olhe o céu (Ana Farias Ferrari)

Tenho total consciência de que essa é uma escolha bem pessoal, baseada no fato de que me identifiquei muito com a protagonista e com os momentos narrados por ela, dando-me muita saudade e nostalgia.

“Não sei exatamente quando essas tardes mágicas acabaram, talvez com a cobrança da escola e dos cursos extracurriculares nós passamos a ter menos tempo para brincadeiras aos fins de semana, ou talvez a idade e a vontade de ver o mundo se tornaram mais atraentes do que o mundo criado entre aquelas paredes rosas”

Corra e olhe o céu (Ana Farias Ferrari)

Mas já que cada um pode encontrar o seu conto preferido, deixo aqui meu convite para que você conheça essa obra e me conte qual foi a sua história preferida!