
No diário de leitura de hoje vou comentar duas histórias que li, porque a primeira, na verdade, era bem curtinha e não tenho tanto o que falar. Trata-se de A história do príncipe Zein Alasnam e do rei dos gênios.
O que eu mais gostei nesta narrativa foi o fato dela retratar os excesso cometidos por um jovem que torna-se rei muito cedo e que, como tantas pessoas fazem ainda hoje, ao ver-se dono de enormes riquezas, gasta-as como se elas nunca fossem acabar. Mas acabam.
Porém, este não é exatamente o foco desta história. O ponto principal dela são alguns sonhos que este jovem tem — quando já está tudo praticamente perdido em sua vida — e que lhe parecem uma mensagem. Ele decide, então, seguir esse sonhos, mas nas duas primeiras vezes que o faz, nada acontece. Porém, nada como a persistência, não é mesmo?
Depois, li A história de Codadad e seus irmãos e, quando dei início à leitura, pensei já tê-la lido, pois é realmente muito parecido com o de narrativas anteriores:
“Os que escreveram a história do reino de Diarbekir dizem que na cidade de Harran reinara um rei magnífico e poderoso. Amava seus súditos e era amado por eles. Possuía mil virtudes, e só lhe faltava, para ser perfeitamente feliz, ter um herdeiro. Embora vivessem no seu harém as mais formosas criaturas do mundo, não conseguia ter filhos delas”
(As mil e uma noites – volume 2 — p. 190)
Seguindo um pouco na leitura, porém, percebi que era realmente uma nova narrativa, que logo me prendeu. Claro que, por algum milagre, o rei teve não apenas um, mas cinquenta filhos! Um desses filhos, porém, é criado por um primo do rei e, no final das contas, é aquele que melhor se desenvolve nas habilidades necessárias para tornar-se um rei.
Mas nenhuma narrativa de As mil e uma noites é tão simples assim, então claro que esta é recheada de reviravoltas. E ela está conectada à A história da princesa de Deriabar. Essas duas narrativas encerram-se juntas (portanto, as li como sendo uma única história).
Acho que o único ponto reflexivo que me vem agora à mente, com relação a essas últimas duas narrativas, é como a figura masculina é sempre cumulada de glórias, bons feitos e bênçãos que ajudam a fugir de uma má sorte, enquanto a figura feminina é sempre desgraçada, sofrida e até mesmo causa de todo o mal.
Não digo que em todas as narrativas desta obra é assim, provavelmente eu estaria mentindo se fizesse tal afirmação, mas consigo me lembrar de muitas nas quais a mulher traz algum tipo de infortúnio ao homem. Porém, não sejamos injustos: muitas vezes elas também lutam para que a verdade seja apresentada e a figura masculina não sofra alguma pena não merecida.
A próxima narrativa que lerei chama-se A história do adormecido despertado, um título que já despertou minha curiosidade (e a do sultão da Índia, conforme mencionado no próprio livro). Ela é um pouco mais longa (são mais de 60 páginas), então não sei muito bem o que esperar (e quando trarei o próximo diário de leitura, confesso).
Mas fiquem de olho! E se já tiverem lido As mil e uma noites tentem me contar o que vem pela frente, sem dar spoilers (sim, estou desafiando vocês!).