Título: Lost in translation: um compêndio ilustrado de palavras intraduzíveis de todas as partes do mundo Original: Lost in translation: an illustrated compendium of untranslatable words from around the world Autora: Ella Frances Sanders Editora: Livros da Raposa Vermelha Páginas: 110 Ano: 2018 Tradutora: Livia Deorsola

Olhando muito rapidamente para a capa (e para o formato) deste livro, pode parecer que se trata de uma obra infantil. Mas basta vislumbrar o título e já ficamos em dúvida. Com o subtítulo, então, tudo fica ainda mais claro: não, Lost in Translation não é um livro infantil e sim “um compêndio ilustrado de palavras intraduzíveis de todas as partes do mundo”!
Mesmo folheando esta obra, porém, ainda poderia restar a impressão de ser um livro infantil, devido às páginas coloridas e ilustradas. Ouso dizer até que a simplicidade e a forma poética dos textos contribua para transmitir muito da pureza infantil, afirmação que faço como um elogio à obra.
“As palavras deste livro podem ser respostas a perguntas que você jamais imaginou fazer, ou quem sabe a outras que alguma vez já tenha feito. Elas podem concretizar emoções e experiências que pareciam imprecisas ou indescritíveis, e até mesmo fazer você se lembrar de alguém que esqueceu há muito tempo”
Como alguém que trabalha (também) com tradução, não pude deixar de imaginar como foi a experiência de traduzir este livro. Isso porque ele nos traz inúmeras palavras, de línguas diversas, e que não têm uma tradução exata em outros idiomas. Quer um exemplo? A palavra “kabelsalat”, do alemão, que significa algo tipo “salada de cabos”, ou seja, aquele emaranhado de fios que a gente nunca consegue resolver.
Já dá para imaginar, portanto, como esse livro é um prato cheio para quem, assim como eu, tem paixão por línguas diversas. Mas tenho certeza que a forma como ele foi pensado consegue encantar mesmo quem não tem tanto interesse assim por outros idiomas, mas que gosta de aprender sobre o mundo.
“Embora às vezes mostrem um falso aspecto de permanência, os idiomas não são imutáveis”
Uma coisa que achei curiosa é que este livro realmente traz palavras de diversos idiomas — muitos, aliás, eu sequer conhecia e são falados por um grupo realmente pequeno de pessoas — mas não traz nenhumazinha de italiano ou de português!
“Jayus: uma piada tão ruim que não resta nada a fazer a não ser rir” (Indonésio)
Lost in translation vai seguindo um único formato em toda a sua extensão: a palavra em sua língua original e seu significado, além de um pequeno (pequeno mesmo!) texto sobre ela, sobre seu uso ou alguma curiosidade, como acontece, por exemplo, com a palavra holandesa “Struisvogellpolitiek” cujo significado é “literalmente ‘política do avestruz’. Agir como se a coisa não fosse com você… quando você sabe perfeitamente que algo ruim aconteceu” e que vem acompanhada do seguinte texto:
“Esse termo não deixa de ser surpreendente, afinal, os avestruzes mais próximos vivem a milhares de quilômetros da Holanda…”
Claro que o mais interessante desse livro é que a gente descobre diversas palavras que significam algo que sempre quisemos explicar. Vou deixar aqui alguns exemplos que mais chamaram a minha atenção:
“Trepverter: A frase ou resposta engenhosa que passa pela nossa cabeça quando já é muito tarde para usá-la. Literamente ‘palavras de escadas’” (Ídiche)
Ah, e claro, antes de continuar, queria ressaltar que é importante tomarmos cuidado com palavras que podem parecer algo (por conta da nossa língua) e que não são, mas também como nem tudo é tão diferente assim!
“Karelu: a marca que fica na pele por se usar algo muito apertado” (Tulu — falado numa região do sudeste da Índia)
“Szimpatikus: alguém que você acaba de conhecer e que, no entanto, intui que é boa pessoa” (Húngaro)
“Vacilar: quando a experiência de viajar é um si mesma mais importante que o destino” (Espanhol)
E aí, ficou com vontade de conhecer mais palavras que você sempre buscou e não sabia? Então clique aqui e divirta-se!