Cigarro e anéis no rabo do gato — Maicon Moura

Título: Cigarro e anéis no rabo do gato e outros contos
Autor: Maicon Moura
Editora: publicação independente
Páginas: 57
Ano: 2021

No início do ano eu postei aqui no blog a resenha de Não quero patos elétricos, indicando fortemente a leitura desta obra. Mas se mesmo depois do que escrevi você não se convenceu a ler um livro que talvez te tire da zona de conforto, hoje eu trago uma nova (e talvez mais fácil) opção: a coletânea Cigarro e anéis no rabo do gato e outros contos, publicada pelo mesmo autor.

“As horas passam rápido. Como os dias, os meses e os anos. Coisas irão acontecer e outras não irão”

Considero que esta possa ser uma forma “mais fácil” de te convencer a embarcar em um novo gênero literário porque as histórias aqui são mais curtas (afinal, são contos) e você pode saboreá-las com calma, além de pegar algumas sutis menções à space opera anteriormente resenhada. Porém, um alerta: o fato das histórias serem mais curtas e de você poder lê-las com calma não significa que você irá se deparar com histórias banais ou toscas. Muito pelo contrário!

“Existem pessoas que sabem muitas coisas. Essas pessoas não estão na faculdade, não estão em escritórios, não são Deuses. Estão por aí, esperando o momento certo para mudarem seu modo de ver as coisas”

A coletânea Cigarro e anéis no rabo do gato reúne cinco contos que se passam numa realidade que (ainda) não é nossa, com simulacros, tecnologia e uma consciência ambiental muito acima da que temos hoje (e que ainda tem tanto a melhorar). É muito maluco perceber, porém, como apesar de tudo isso, os personagens são bem parecidos conosco, sendo reais e humanos mesmo quando não o são (achou confuso? Leia e entenderá!).

“O pensar é um grande mistério, as lembranças são confusas e nossa opinião é falha. Somos um amontoado de incertezas não confiáveis”

Outro aspecto excelente desta coletânea é que as narrativas trazem muitos significados e descobertas para nós, leitores, nos fazendo refletir sobre a vida e a morte e tudo o que há entre essas duas pontas.

“Sabemos que vai acabar e o que estamos fazendo?”

Confesso que tive a honra de ler essa obra ao menos duas vezes (porque, além de tudo, eu a revisei!) e não vou negar que a cada leitura eu me surpreendo com um novo detalhe, um novo pensamento.

“Deprimente é pensar que esse não é o mundo real”

E se você ainda está achando o título desse livro muito estranho, saiba que ele é o nome de um dos contos, e que depois da leitura, talvez as coisas passem a fazer mais sentido. Aliás, os títulos dos contos, em ordem, são:

  1. Beijo e chuva de sábado
  2. Cigarro e anéis no rabo do gato
  3. “Papai?” perguntou minha menininha
  4. Ele, a moça e a saída
  5. Mas eu quero morrer (conto bônus, que eu já havia lido de maneira separada e cuja resenha você encontra aqui).

“Corri como se a vida dependesse daquilo. E dependia”

Espero ao menos ter despertado a sua curiosidade com relação à essa coletânea e a tudo o mais que o Maicon escreve. Você pode acompanhar o trabalho do autor através da newsletter, do Instagram e do Linkedin.

“Eu devia ter me esforçado mais”

Com relação a esse trabalho, ele está disponível na Amazon, mas em breve ganhará o formato físico… Com um prefácio meu! Entre em contato com o autor para adquirir o seu exemplar.

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Em casa — L. S. Morgan

Título: Em casa
Autora: L. S. Morgan
Editora: Publicação independente
Páginas: 14
Ano: 2020

Desde que nasci, moro na mesma casa. Ao longo dos anos, porém, conheci muitas pessoas que se mudaram. Não apenas de casa, mas também de cidade, de estado, de país. Muitas dessas pessoas tiveram a oportunidade de fazer essa mudança por escolha, o que não minimiza tanto assim os impactos, as dificuldades que se tem de enfrentar em um lugar que não é o seu. Principalmente, também, quando se sai de um lugar tranquilo para um lugar agitado.

“Sinto cheiro de mato, de terra, de saudade guardada no peito”

Já nas primeiras linhas de Em casa me lembrei desses rostos que me remetem a mudança e que sempre admirei. A protagonista, com uma narrativa envolvente, consegue retratar bem o impacto que abandonar uma cidade pacata e chegar a uma cidade grande e caótica pode nos causar. Mas, ao contrário das tantas pessoas que conheci, ela não se mudou por opção: fora arrancada de seu lar.

Uma criança tirada à força de casa. É isso que Em casa nos mostra. Mas não só: o texto fala sobre a perda de alguém que se ama. Aliás, perda talvez seja o maior fio condutor dessa história, porque a protagonista perde uma mãe para a morte, perde uma mãe porque a sociedade não pode aceitar que uma criança tenha duas mães e, por fim, perde um lar.

“Achei que ela apenas dormia e demorei um tempo para entender que ela não acordaria, quando compreendi, chorei”

Em casa é um conto e, como tal, é curto. Para tratar de tantos assuntos em tão poucas páginas é preciso, portanto, ser direto. Mas a autora consegue fazer isso com uma linguagem rica de sentimentos e sensações, transmitindo tudo o que uma narrativa como essa pode nos propiciar.

Uma leitura de poucos minutos que foi uma grata surpresa para mim. Aquele tipo de história que combina com um domingo chuvoso e um café quente, que vai mexer com você e te fazer perceber que existem prazer nas menores coisas da vida.

Se interessou por Em casa? Então não deixe de clicar aqui. E se você gosta de marcadores, ao final do ebook a autora te dá a possibilidade de solicitar alguns.