O irlandês — Tayana Alvez

Título: O irlandês — Uma comédia romântica (Com amor, Dublin — Livro 1)
Autora: Tayana Alvez
Editora: Publicação independente
Páginas: 273
Ano: 2022

SINOPSE

UM PAI SOLO, UMA BABÁ ATREVIDA E DUAS CRIANÇAS QUE TRAMAM PARA QUE OS DOIS FIQUEM JUNTOS! O que esperar dessa receita?

Aos vinte e sete anos, Júlia decidiu sair do conforto da casa de sua família na Baixada Fluminense e tentar a vida fora do país.
Morando numa casa com outras 6 pessoas, batendo ponto em dois empregos e um curso de inglês, ela está à beira de um surto e a última coisa da qual precisava era mais um trabalho.
No entanto, depois de uma noite atípica em seu Karaokê favorito, Julia recebe uma proposta irrecusável e bem, que Deus a ajude.

Há um ano Robert tinha a família perfeita, o emprego perfeito e a casa perfeita.
Agora ele mora numa casa que não lhe pertence e, enquanto tenta fazer o melhor pelas filhas, está lutando para juntar os cacos e superar a dor que o abandono da ex-mulher provocou.

Um encontro inesperado e a tal proposta irrecusável leva-os a conviver juntos, numa aproximação forçada que surpreendentemente não incomoda nenhum deles.

Sem nem perceberem o que os atingiu, a amizade de Júlia resgata Robert de dores que ele nunca imaginou superar, e o amor de Robert leva Júlia a lugares que seu coração nunca pensou em chegar… Mas, no fim, será isso o bastante para corações machucados se permitirem recomeçar?

RESENHA

Já faz uns anos que não tenho sido muito adepta da releitura. Quando eu era pequena, lia duas ou três vezes o mesmo livro, principalmente aqueles que eu mais gostava ou os que tinha que ler para a escola. Com o tempo, porém, meu acesso aos livros foi crescendo e meu tempo diminuindo e, com isso, passei a priorizar leituras inéditas. Afinal, a vida é muito curta para lermos tudo o que queremos ler.

“Mas, acima de tudo isso, sou grata pela vida que me permiti viver e pelo dia em que decidi que minhas feridas não iam me parar”

Recentemente, contudo, concluí uma releitura e foi uma delícia também. Foi como reencontrar um velho amigo e saber que aquele abraço ainda tem gosto de lar. Claro que contribuiu muito para isso o fato da autora ser uma das minhas preferidas: Tayana Alvez.

“Aperto ainda mais o abraço porque desde que aprendi o que é admiração, sei que esse é o sentimento mais importante de um relacionamento, seja ele qual for”

Confira aqui outras resenhas da mesma autora.

Já comentei em outros posts que a Tay retirou alguns de seus livros da Amazon. Isso porque ela publicava livros com hot, que já não condizem com o que ela realmente quer publicar. Um destes livros, contudo, era justamente O irlandês, que a autora reeditou e relançou. E com uma bela surpresa: uma edição física do primeiro volume (aguardando ansiosamente um físico de Minha querida Julie também)!

“Subo as escadas feliz e contente, sabendo que eu não tenho a menor ideia do que estou fazendo com a minha vida, mas quero continuar assim”

A resenha de hoje, portanto, não é 100% nova, mas eu não poderia deixar de comentar novamente sobre O irlandês, de maneira mais fiel à atual edição.

Neste livro, Tayana Alvez nos presenteia com uma protagonista e tanto: brasileira, negra, nascida na baixada fluminense, Júlia decide tentar a sorte fora do país, em Dublin, como intercambista.

“A pior parte do racismo é que ele nunca cura”

A ambientação irlandesa, assim como os detalhes, incluindo os perrengues do intercâmbio (afinal, eles não poderiam faltar), são muito bem escritos, pois Tayana viveu tudo isso na pele. O que significa que em O irlandês nós somos transportados a essa viagem através do desconhecido e do desejado, sem contudo, ter de passar pelas dificuldades vividas por Júlia, ainda que a escrita da Tay seja tão forte que é difícil não mergulhar nos problemas e nos momentos felizes que encontramos ao longo das páginas.

“A vida na Irlanda nem sempre facilita encontros”

O fato da autora ser brasileira enriquece ainda mais essa história, pois ela pode nos apresentar com propriedade as diferenças culturais que há entre esses países, tornando nossa imersão ainda mais completa e real.

“Ouvir da boca de um irlandês que você é o seu amuleto mais precioso é quase tão bonito quanto ouvir um eu te amo”

Na esperança de que o intercâmbio seja apenas o início de uma vida distante do Brasil, Júlia trabalha muito. E, como trata-se de um intercâmbio estudantil, ela tem de estudar também. Mas sabe aquelas pessoas que não sabem dizer “não”, principalmente quando surge mais uma oportunidade de ganhar um dinheirinho que fará diferença no final do mês? Pois bem, essa é Júlia.

“Quanto mais dinheiro você tem, mais dinheiro quer ter”

É por não saber/não querer dizer “não” que Júlia, mesmo já trabalhando como garçonete e como cuidadora (em algumas noites), começa a cuidar de Annabelle e Alice. Ela tem de ficar apenas algumas poucas horas com as meninas, entre o fim do expediente da babá que realmente cuida das meninas e o retorno do pai, Robert, após o trabalho.

“Eu estou preparada para muita coisa. Mesmo. Até curso de primeiros socorros eu tenho, mas a dor do abandono de uma mãe? Isso eu não sei como lidar…”

E é assim que vamos, aos poucos, conhecendo essa protagonista tão cheia de si, mesmo que tenha seus medos, inseguranças e, claro, marcas do passado. Júlia sabe de onde vem, mas também sabe onde quer chegar e, ao mesmo tempo, sabe que terá de lutar em dobro simplesmente por ser uma mulher negra.

“Isso pesa. Essa sensação de nunca ser boa o bastante, de ser parada por causa da minha cor, de ser uma subcategoria de mulher porque nasci com mais melanina do que outras pessoas”

Por outro lado, também vamos cada vez mais conhecendo Robert e suas encantadoras meninas. E é muito instigante querer saber mais sobre o seu passado. Sobre as marcas que ele carrega. E que as meninas também carregam, ainda que sejam tão jovens.

“Dói demais ver uma criança sofrer tanto”

O fato de termos uma (quase) babá e uma pai solteiro com um passado e tanto, me lembrou um pouco Alameda do Carvalho, outra história que gostei muito. A experiência de leitura de cada uma dessas histórias, porém, é bem única, porque os rumos que o enredo toma e o que está por trás de cada trauma são bem diferentes.

“Meu coração quase rasga meu peito e eu sinceramente não sei o que estou sentindo, mas sei que é incrível”

O irlandês tem tudo para ser um clichê, mas também tem muito mais para transformá-lo numa história rica e capaz de nos transmitir mensagens importantes como a necessidade de um bom diálogo em qualquer tipo de relacionamento, bem como a solidão da mulher negra (e, por mais que isso possa soar um pouco solto dito assim, fica muito claro o significado disso quando você lê essa história).

“Então é assim que as pessoas se relacionam quando elas têm um bom diálogo e não escondem medos e inseguranças?”

Ah, e claro, tudo isso é feito através de uma narrativa envolvente, daquelas que te fazem rir no momento certo e ficar com o coração apertado na mesma medida. Uma história que flui facilmente e que, quando menos esperamos, já a devoramos.

“Choro uma dor que nem é minha, que eu nem deveria estar sentindo”

A edição física está muito linda, com uma diagramação incrível e pensada nos mínimos detalhes. Um livro que com certeza vou guardar com muito carinho.

Se você quiser saber mais sobre o trabalho da Tayana Alvez, não deixe de segui-la em suas redes sociais (Instagram | Twitter) e, claro, já garante ao menos o seu exemplar digital deste livro maravilhoso.


O natal do irlandês — Tayana Alvez

Título: O natal do irlandês
Autora: Tayana Alvez
Editora: publicação independente
Páginas: 95
Ano: 2020

Já que a minha primeira leitura concluída em 2021 foi O casamento, nada mais justo que fechar as resenhas do ano com O natal do irlandês, que além de tudo vem bem a calhar para esta semana, não é mesmo? Só deixando claro, porém, esta é a última resenha do ano, mas não o último post! Ainda nos vemos por aqui, hein.

Foi muito bom rever esse casal que ainda tem os seus altos e baixos, suas doses de realidade e seu enorme poder de nos deixar de coração quentinho. Uma dupla que segue firme na terapia, mas que também amadurece e aprende muito em conjunto. E, sem dúvidas, com um Robert que ainda ultrapassa alguns limites.

“Não acredito que pago essa mulher para desgraçar minha cabeça”

Não só por ser um conto, mas também pela escrita da autora e pela leveza da história — apesar de um ou outro momento de tensão que não poderia ficar de fora —, este é um livro que você consegue ler rapidinho e que vai te deixar ainda mais no clima natalino, mesmo que ele retrate um natal atípico: aquele que passamos em 2020, quando a pandemia continuava bem complicada (e vale lembrar: ela ainda não acabou!).

“Julie está arrumando a cozinha, por isso, desço as escadas para encontrá-la e a cada degrau, percebo que ser um bom homem para a mulher que Julie é para mim não é sobre dependência emocional ou medos e anseios, é sobre valorizar o time perfeito que formamos juntos”

Uma coisa que me surpreendeu neste conto foi que além dele ter me permitido matar a saudade de personagens tão especiais como Julie, Robert e as meninas, ele também me deixou morrendo de vontade de entender melhor quem é o Conor e como ele e a Mari estão. Ou seja: estou ansiosamente no aguardo do livro que contará a história deste outro irlandês…

Se você veio aqui em busca de uma indicação de leitura para o natal, posso te dizer que encontrou! Não deixe de ler O natal do irlandês e aproveitar as festas! Ah, e como agora não é mais possível adquirir apenas o conto, mas o box completo da duologia, já garanta boas leituras para os próximos dias!

O irlandês — Tayana Alvez

Título: O irlandês
Autora: Tayana Alvez
Editora: Publicação independente
Páginas: 294
Ano: 2020

Uma vez mais, Tayana Alvez nos presenteia com uma obra que traz como protagonista uma mulher negra. E dessa vez ela vai ainda mais além, colocando em sua história muitos elementos sobre ser uma intercambista na Irlanda.

A ambientação irlandesa, assim como os detalhes, incluindo os perrengues do intercâmbio, são muito bem escritos, pois Tayana viveu tudo isso na pele. O que significa que em O irlandês nós somos transportados e essa viagem, mas ficamos com a parte boa do conforto de nossas casas.

“É bom sentir que o passado está no passado e que temos a vida inteira pela frente”

O fato da autora ser brasileira enriquece ainda mais essa história, pois ela pode nos apresentar com propriedade as diferenças culturais que há entre esses países, tornando a nossa imersão ainda mais completa e real.

“Ouvir da boca de um irlandês que você é o seu amuleto mais precioso é quase tão bonito quanto ouvir um eu te amo”

A protagonista deste livro é Júlia, que sai de Nilópolis (na Baixada Fluminense) para tentar a vida fora do país. E sim, tentar a vida, porque ela espera que o intercâmbio seja apenas uma porta, pela qual ela não pretende voltar tão cedo.

Para isso, porém, Júlia tem de trabalhar muito. Literalmente. E, como trata-se de um intercâmbio estudantil, ela tem de estudar também. Mas sabe aquelas pessoas que não sabem dizer “não”, principalmente quando surge mais uma oportunidade de ganhar um dinheirinho que fará diferença no final do mês? Pois bem, essa é Júlia.

“Quanto mais dinheiro você tem, mais dinheiro quer ter”

E é por não saber/não querer dizer “não” que Júlia, mesmo já trabalhando como garçonete e como cuidadora (em algumas noites), começa a cuidar de Annabelle e Alice. Ela tem de ficar apenas algumas poucas horas com as meninas, entre o fim do expediente da babá e o retorno do pai, Robert.

“Eu estou preparada para muita coisa. Mesmo. Até curso de primeiros socorros eu tenho, mas a dor do abandono de uma mãe? Isso eu não sei como lidar…”

E é assim que vamos, aos poucos, conhecendo essa protagonista tão cheia de si, mesmo que tenha seus medos, inseguranças e, claro, marcas do passado. Júlia sabe de onde vem, mas também sabe onde quer chegar e, ao mesmo tempo, sabe que terá de lutar em dobro simplesmente porque é uma mulher negra.

“Isso pesa. Essa sensação de nunca ser boa o bastante, de ser parada por causa da minha cor, de ser uma subcategoria de mulher porque nasci com mais melanina do que outras pessoas”

Por outro lado, também vamos cada vez mais conhecendo Robert e suas encantadoras meninas. E é muito instigante querer saber mais sobre o seu passado. Sobre as marcas que ele carrega. E as meninas, de certa forma, ainda que sejam muito jovens.

“Dói demais ver uma criança sofrer tanto”

O fato de termos uma (quase) babá e uma pai solteiro com um passado e tanto, me lembrou um pouco Alameda do Carvalho, outra história que gostei muito. A experiência de leitura de cada uma dessas histórias, porém, é bem única, porque os rumos que o enredo toma e o que está por trás de cada trauma são bem diferentes.

O irlandês tem tudo para ser um clichê, mas também tem muito mais para transformá-lo numa história rica e capaz de nos transmitir mensagens importantes como a necessidade de um bom diálogo em qualquer tipo de relacionamento, bem como a solidão da mulher negra (e, por mais que isso possa soar um pouco solto dito assim, fica muito claro o significado disso quando você lê essa história).

“Então é assim que as pessoas se relacionam quando elas têm um bom diálogo e não escondem medos e inseguranças?”

Ah, e claro, tudo isso é feito através de uma narrativa envolvente, daquelas que te fazem rir no momento certo e ficar com o coração apertado na mesma medida.

Ficou com vontade de conhecer a Julia, o Robert e as meninas? Então clica aqui.