Dolls — A. S. Victorian

Título: Dolls. 
Autora: A. S. Victorian 
Editora: Publicação independente. 
Páginas: 275 
Ano: 2018

Sinopse

A família Hyeon era perfeita, todos diziam. Até um desastre acontecer e transformar profundamente Jack Hyeon. Ela decide então que a vida é curta demais para viver de aparências e que precisa começar a fazer suas próprias escolhas. Como primeira decisão, aproxima-se de uma colega de escola, Ede, que é o contrário dos padrões que os senhores Hyeon impuseram para a filha.

Já Edeline carrega sua própria lista de infortúnios e descobre na amizade uma forma de superar o passado. Mas a vida dá uma reviravolta quando percebe que seus sentimentos estão tomando um outro rumo.

Resenha

Dolls foi um livro que comecei com as expectativas lá embaixo, mas que logo me conquistou de tal maneira que dei atenção somente a ele.

“Como ser fiel a uma coisa que nunca daria certo?”

Vale ressaltar que a leitura é pesada, por mais que o leitor esteja a todo momento sendo preparado para o pior. Antes de continuar, gostaria de lembrar que há cenas de violência doméstica, estupro e tentativa de suicídio.

“Eu sempre tive medo do escuro, mas, depois de um tempo, o medo está tanto ao nosso lado que já se torna nosso amigo”

A narrativa começa nos apresentando duas garotinhas tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão parecidas: Edeline Stein (Ede) e Jaqueline Hyeon (Jack).

“Eu e a Jack sabemos como é ter momentos difíceis. Não é muito bom ficar guardando isso dentro de você, dói muito e só vai piorar. Precisa de alguém com quem conversar”

Esse início, aliás, me lembrou bastante O lado extraordinário da falta, mas no caso de Dolls, como eu ressaltei, a história vai ganhando contornos muito mais pesados.

Porém, como no livro mencionado, temos Edeline, filha única, em uma família humilde e cheia dos seus problemas.

“A família se mudara há pouco tempo. Não queria ter escolhido exatamente aquela parte do subúrbio, muito menos aquela casa que não era nem um pouco o que desejavam chamar de lar, mas as circunstâncias, a falta de capital para algo melhor e a pressa, os fizeram ficar com o que conseguiram: a casa longe do centro, meio acabada, meio inteira”

Não que a família de Jack seja perfeita como quer fazer parecer, muito pelo contrário, aliás. Mas eles são uma grande e extremamente influente família. Ao menos dinheiro eles possuem de sobra.

“Não era uma família muito unida aquela”

Dolls começa quando as meninas têm apenas sete anos de idade e se conhecem na escola em que estudam. 

“Por mais que odiasse a escola, preferia ficar lá do que voltar para o vazio de casa”

Um incidente, porém, logo as separa e, após um salto temporal elas finalmente se reencontram.

“As coisas mudaram depois do acidente com Edeline e nos dez anos que se seguiram. Os pais de Jack decidiram mudá-la de turno, e, por alguns anos, ela foi esquecida pelos antigos colegas”

Voltando às diferenças entre as duas meninas, está o fato de que Jack é extremamente fria e, aparentemente, desinteressada de tudo, enquanto Ede tem um brilho no olhar que fascina o coração gelado de Jack. 

“Pare de agir como se ninguém se importasse e você tivesse que carregar todo peso sozinha”

Mas, como eu disse, elas também possuem semelhanças e não falo somente da idade: ambas passam por situações bem difíceis (lembra que deixei um alerta no início desta resenha?) e sentem-se extremamente sozinhas.

“As coisas não simplesmente somem, sabe? Nós vamos guardando elas dentro de nós… Até que explodem”

Tão opostas por um lado e tão semelhantes por outro, Ede e Jack sempre tiveram o necessário para se darem bem.

“— Esse é o problema das pessoas — Mordeu o sanduíche. — Elas costumam se prender aos momentos ruins e esquecem os felizes”

A história não se resume a acontecimentos pesados e tristes. Há muitas passagens capazes de nos oferecer um quentinho no coração e um abraço gostoso.

“Gostar de alguém era algo novo para ela”

E na mesma medida em que há personagens que não parecem ter coração, há muitos outros que renovam nossa fé na humanidade.

“Nós não precisamos magoar as pessoas para sermos felizes”

O que me encantou nessa história foi o fato de que ela é muito real, palpável. As personagens agem de acordo com suas histórias, seus sofrimentos e suas pequenas conquistas. E por mais que nem todo mundo encontre alguém que renove as esperanças, alguns dos pontos felizes dessa história são uma pequena fuga necessária para a realidade apresentada.

“Você não precisa tentar ser forte sempre. Todo mundo precisa ser ajudado às vezes”

Além disso, tem ainda um detalhe que me encantou muito nesta narrativa, mas que não quero revelar aqui, porque foi gostoso imaginar se isso aconteceria e a revelação foi muito boa de acompanhar. 

“Gostar de alguém é errado?”

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O lado extraordinário da falta — Ana Hantt e Josie Baron

Título: O lado extraordinário da falta 
Autoras: Ana Hantt e Josie Baron 
Editora: Publicação independente 
Páginas: 184 
Ano: 2020

Logo de cara, o que chama a atenção nesse livro é o título: O lado extraordinário da falta.

“Afinal, o ‘felizes para sempre’ poderia ser diferente em cada história”

Na vida, podemos sentir um vazio por diversos motivos e, aos poucos, é isto que esse livro vai nos mostrando, mesmo que nem sempre tão diretamente.

“Mas, aí, ela me falou sobre todas as novas possibilidades que as perdas iriam me proporcionar. Assim que meu coração estivesse forte o suficiente para entender o que acontecera, eu iria procurar por novas aventuras, me arriscar, descobrir caminhos que não consideraria se fosse de outro modo”

O começo pode ser um pouco confuso, porque a história alterna entre as duas protagonistas e, até que nos acostumemos com ambas, as coisas podem ficar um pouco perdidas.

“— Meu nome é Jackie.

— Meu nome é Elena.

E aquele foi o momento em que suas vidas mudaram para sempre”

Aliás, Jackie e Elena, as tais protagonistas, tinham tudo para jamais cruzarem o caminho uma da outra, mas o destino quis que não apenas elas se encontrassem, mas que virassem amigas. Praticamente a única amiga uma da outra. 

“Tenho que saber que consigo fazer as coisas sozinha, que não preciso contar com ninguém”

A vida de Jackeline Foster é marcada por episódios difíceis desde cedo. A perda, ali, parece natural (mas não deveria).

“Ela já não queria ser a princesa de Niagara Falls. O reino perdera o encanto”

Elena Whitehill, por outro lado, deveria ter tudo. Mas ela não necessariamente quer tudo o que tem e, para buscar seus verdadeiros desejos, terá de abdicar de muita coisa.

“Vai cursar o seu semestre na Itália, Elena. Você não pode viver uma vida que não é sua. Eu não posso viver uma vida que não é minha. Nós vamos dar um jeito de fazer a nossa mãe entender isso”

A história dessas duas se cruza, ainda, com a de muitas outras pessoas, principalmente suas próprias famílias e o fardo que elas trazem à vivência dessas jovens.

“Ela sabia que, depois de uma vida inteira de mudanças constantes, tudo o que Daniel queria era um lugar para pertencer”

O lado extraordinário da falta é uma história (ou várias, se pararmos para analisar), portanto, que vai nos ensinando a lidar com as mudanças, com as perdas, com o deixar para trás para seguir em frente.

Quando comecei a ler, encontrei algo totalmente diferente do que eu esperava (o que eu esperava, afinal?) e demorei um pouco para me conectar à história, até que fui enredada pelo que poderia acontecer com as protagonistas e em que ponto a história delas se concluiria.

Sim, porque não posso dizer que a narrativa termina: são dores reais demais, acontecimentos palpáveis. Acompanhamos as meninas desde a infância até o início da vida adulta e só podemos esperar que o que acontece depois da última página seja o melhor para elas.

Se você quer (ou precisa) dar novos significados às suas perdas, recomendo a leitura de O lado extraordinário da falta, já alertando para os possíveis nós na garganta que essa história vai te dar. 

“Seu maior oponente vencera aquela batalha e técnica nenhuma ajudaria a aplacar a dor dessa perda”

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