Hoje, portanto, trago estes trechos, para que você possa conhecer um pouco mais desta obra tão encantadora.
Como o título já deve deixar claro, trata-se de uma antologia LGBTQIA+, que vai nos fazer refletir sobre como nosso amor vai muito além de uma mera nomenclatura.
“Ainda assim, Mateus está confuso consigo mesmo. Não se reconhece bissexual nem gay… A sensação é que nenhuma nomenclatura o representa de verdade e isso o apavora, embora não saiba explicar o motivo”
(Multicolor — Thati Machado)
Aliás, a temática do amor, claro, se faz muito presente ao longo das páginas desta obra.
“Amar é sobre ser inteiro, é sobre dois uns que se unem pra somar, não se anular”
(Três versões de mim — Leonardo Antam)
Mas o livro vai muito além. Fala sobre perdas.
“Agnes odiava perdas. Havia perdido tanto na vida…”
(Multicolor — Thati Machado)
“A hora de nos formarmos oficialmente chegou e isso significa que talvez sigamos caminhos diferentes”
(Monocromático — Rafael Ribeiro)
E medos.
“Então… parece que o Dani tá surtando e não quer mais casar.”
(Três versões de mim — Leonardo Antam)
Também fala sobre primeiras impressões e expectativas.
“Primeiras impressões podem dar uma rasteira na gente”
(Monocromático — Rafael Ribeiro)
“O ensino médio começou sem mudanças significativas. Como a cidade é pequena, não tem muita gente nova pra conhecer, então tudo estava igual. As mesmas pessoas, a mesma escola, até alguns professores continuavam lecionando. As expectativas estavam lá embaixo”
(Monocromático — Rafael Ribeiro)
“Isso não vai complicar as coisas? Por que é tão difícil achar alguém legal? O problema sou eu?”
(Três versões de mim — Leonardo Antam)
O primeiro conto trata muito da questão do lar e como este pode ser um tema bem delicado para a comunidade LGBTQIA+.
“— O meu lar é onde você está”
(Multicolor — Thati Machado)
E ainda encontramos histórias que falam sobre os rituais que conhecemos tão bem, mas que ganham novos formatos.
“É o dia de dizer “sim”. Das trocas de juras pretensamente eternas, de trocar as alianças. Seguir o protocolo e fazer tudo que os noivos fazem até o fim”
(Três versões de mim — Leonardo Antam)
Acima de tudo, esta é uma obra que fala sobre humanidade.
“Se ninguém ligava para ela enquanto pessoa, os trataria como máquinas”
(A garota no bar — Delson Neto)
Mas sem deixar de conter histórias de diferentes gêneros, inclusive ficção científica.
“Se um dia fossem pegos a cadeia seria um destino básico, pois as consequências de um cybercrime já eram bem piores naquela altura”
(A garota no bar — Delson Neto)
Se interessou? Então leia a resenha completa para saber mais e garantir seu exemplar!
Título: Orgulho de ser Autor: Vários autores Editora: Se Liga Editorial Páginas: 108 Ano: 2020
Sinopse
A antologia #OrgulhoDeSer reúne 8 histórias, contadas por 8 autores diferentes que, juntos, representam a comunidade mais colorida do mundo. Nesse livro, vocês encontrarão altas doses de representatividade em histórias de diferentes gêneros. Chore, sorria, vibre, angustie-se… Não importa o sentimento que invada você: permita-se SENTIR. Escancare as portas do armário e não se esqueça de se orgulhar por ser exatamente quem é!
Resenha
Vira e mexe aparece resenha de antologias por aqui e sou uma forte defensora delas. Como já comentado neste post, acho que elas são uma boa forma de conhecer novos autores, além de nos permitir, muitas vezes, mergulhar em gêneros diferentes.
A antologia Orgulho de ser ainda tem aquele toque a mais que eu adoro: histórias com muita representatividade.
Como o livro é composto por apenas oito contos, vou falar brevemente sobre cada um, na ordem em que estão colocados no livro.
Multicolor (Thati Machado)
Orgulho de ser se abre com esta narrativa que nos faz ressignificar a palavra lar.
“É possível ressignificar a palavra lar? Nossos cinco protagonistas provam que sim. Agnes, Tomás, Clarice, Dante e Mateus definem o Instituto Multicor como a casa aconchegante e tranquila que nunca tiveram”
(Multicolor — Thati Machado)
Indo e vindo no tempo, a história nos conta um pouco sobre seus personagens e o que os une.
“Cada um deles sabia como era se sentir completamente sozinho em um mundo habitado por tanta gente. Cada um deles sabia como era se sentir sem um lugar para chamar de lar”
(Multicolor — Thati Machado)
O Instituto Multicolor com certeza é um sonho para as pessoas da comunidade LGBTQIA+, sobretudo aquelas rejeitadas pela própria família.
“Porque família nunca foi uma questão de sangue, afinal de contas. Família sempre foi questão de ser. E de estar”
(Multicolor — Thati Machado)
Uma história que dá um quentinho no coração e muita vontade de fazer o bem.
“Nós ajudamos os outros da mesma forma que somos ajudados”
(Multicolor — Thati Machado)
A garota no bar – Delson Neto
A garota no bar já é uma história mais distopica, que se passa em Nova Avalon.
“O sono poderia voltar, mas Nova Avalon não a deixaria dormir”
(A garota no bar — Delson Neto)
É muito interessante como algumas críticas à nossa sociedade são colocadas ao longo das linhas.
“O humano estava acostumado com a destruição de si mesmo desde o princípio, ‘do pó viemos, ao pó retornaremos’, dizia a antiga religião”
(A garota no bar — Delson Neto)
Seu clima é sombrio e melancólico.
“O futuro não tinha misericórdia e nem paciência para lidar com a dificuldade alheia perante a mudança daqueles anos inconstantes”
(A garota no bar — Delson Neto)
Mas, ainda assim, a história também fala sobre o amor.
“Amar não era sortear um nome, sexo ou identidade. Era espontâneo, vindo de dentro”
(A garota no bar — Delson Neto)
E, mesmo que de maneira não tão direta, mas deixando muito claro, esta é uma narrativa sobre preconceitos.
“A cidade permitindo ou não, mais uma história começaria em Nova Avalon”
(A garota no bar — Delson Neto)
Monocromático (Rafael Ribeiro)
Depois, temos Monocromático, um conto com uma temática que sempre me conquista: o final do ensino médio.
“Quem foi que disse que nós temos que escolher a trilha da nossa vida toda aos 17 anos? Não consigo entender, sério!”
(Monocromático — Rafael Ribeiro)
Neste caso, mais especificamente, estamos na formatura de Luiz — o narrador — e Paulo — seu melhor amigo e algo mais.
“Todo mundo espera um “felizes para sempre” para um casal, ou que pelo menos eles fiquem juntos no final da história. Eu estou aqui pra dizer que tudo bem se eles não ficarem. As coisas boas duram pra sempre, mas nunca da mesma forma como começaram. Absolutamente tudo é mutável. E acolher as mudanças e lidar com elas só depende da gente”
(Monocromático — Rafael Ribeiro)
O outro Vicente (Camila Marciano)
O começo deste conto me deixou um pouco confusa. A narrativa parecia poética. E então eu me apaixonei. Pela escrita, pela história, pelos personagens.
Trata-se da história de um neto que está acompanhando a internação da avó, dona Odete.
“Como pode um lugar onde a gente morre não ter cor nem de vida, nem do contrário?”
(O outro Vicente — Camila Marciano)
Claro que, neste momento, um mistério surge: à beira da morte, Dona Odete quer que o filho dê um recado para Paloma. Mas quem é Paloma?
Uma história que quase me fez chorar.
Corações tortos (Luiz Gouveia)
Corações tortos é uma história um pouco mais pesada, pois contém cenas de briga e agressão. E, apesar disso, é uma história extremamente necessária, por retratar uma realidade que, infelizmente, ainda persiste.
O conto termina com uma dose de quentinho no coração que alivia parte da angústia ali apresentada.
“É… não sei como te dizer, mas parece que você fez uma bagunça aqui dentro e eu… gostei”
(Corações tortos — Luiz Gouveia)
Banho de lua (Mariana Jati)
Ao contrário do conto anterior, este aqui inspira leveza: um grupo de jovens amigos que vai passar a noite na mansão da Lai.
Uma narrativa cheia de representatividade, umas doses de insegurança e muita fofura.
3 versões de mim (Leonardo Antan)
Acho que o título já nos dá um bom panorama do que vem pela frente. Mas ele não nos conta uma coisa: é o dia do casamento de Daniel e Gui.
“Sorrio ao pensar no meu futuro marido, o Dani. Imagino-me anos atrás e fico orgulhoso. Afinal, cheguei onde mais sonhava. Se o Gui do passado estivesse vendo essa cena estaria comemorando”
(Três versões de mim — Leonardo Antam)
Um dia que já nos deixa carregados de emoção, mas que para Gui ganha contornos ainda mais interessantes: a possibilidade de conversar com seu eu do passado, mas também de receber alguns spoilers do futuro.
“Viveria uma história sabendo que ela pode dar errado?”
(Três versões de mim — Leonardo Antam)
Um conto que, para além de nos fazer viajar nessa situação hipotética bem interessante, também nos coloca para pensar sobre variados tipos de preconceito.
“Afinal, o mundo faz questão de dizer que só as pessoas magras que importam”
(Três versões de mim — Leonardo Antam)
Flores para Ellen (Jonas Maria)
Para fechar a antologia, outro conto distopico e sombrio.
“Acho que já devemos ir, Niko. Ela já deve estar lá — Alisson usou um tom de voz mais ansioso do que gostaria”
(Flores para Ellen — Jonas Maria)
O conto é triste e retrata uma realidade em que seus personagens precisam lutar para conseguir remédios e sobreviver.
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