Título: Regras da Zona Sul Autor: Leblon Carter Editora: Publicação independente Páginas: 41 Ano: 2020

Ainda na vibe de O som no fim do túnel, Regras da Zona Sul é um conto que nos mostra mais um pouco da realidade brasileira. Aqui, porém, na periferia de São Paulo. E mesmo em locais “tão” diferentes, os personagens de ambas as narrativas têm muito em comum.
A similaridade mais gritante, claro, é o fato de que Igor — protagonista e narrador de Regras da Zona Sul — também mora apenas com o pai, que está sempre bêbado e largado pelos cantos, e com Érico, seu irmão mais velho que não vê a hora de se livrar daquela realidade.
“Anos de negligência fazem isso com o afeto”
Consequentemente, a falta de amor é, também, algo muito presente na vida de Igor, assim como era na vida de Maycom.
Ao mesmo tempo que é fácil destacar essas similaridades, porém, é possível destacar muitas diferenças, que vão para além do fato da história se passar em Estados diversos.
Regras da Zona Sul é muito mais real, muito mais cru: não há uma superação da realidade ali vivida, não há uma verdadeira perspectiva de dias melhores, ainda que os personagens tenham consciência do que vivem.
“Tento evitar que as drogas comam os poucos neurônios que me restam por conviver com aquela família”
Além disso, este conto aborda algumas questões interessantes como romances LGBTQ+, religiosidade e o valor que a família tem, nos casos em que esta ainda é sólida e unida (e, lembrando, tudo isso narrado a partir do ponto de vista da periferia).
“Os Russo poderiam ser baderneiros, criminosos e violentos, mas a família sempre estava em primeiro lugar”
Ao longo das páginas também fica claro o valor que a verdade e a honra podem ter mesmo em lugares onde só parecer haver violência e injustiça.
Mas, para entender como isso se dá, só lendo Regras da Zona Sul, porque esses elementos têm a ver com os principais acontecimentos da história.
E, se me permite uma sugestão, leia este conto. Leitura rápida, mas que vai te fazer conhecer um pouco mais da nossa realidade e te fazer pensar sobre ela. E, nesta leitura, você não precisa ter tanto estômago quanto para ler O som no fim do túnel.
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