Citações #75 — Romance concreto

Quer conhecer um pouco melhor a obra Romance concreto, da Aimee Oliveira? Então acompanhe esses trechos que ficaram de fora da resenha!

O livro fala muito sobre o uso doentio de redes sociais, tanto é que um dos sentidos de “concreto” é justamente o daquilo que está para além das telas: o mundo real.

“O mundo é tão maior do que uma tela…”

“A maioria das coisas é assim. A vida é mais bonita quando a gente joga uns efeitos”

“Não era sempre que uma coisa que não envolvesse notificações captava minha atenção por completo”

“Passei tempo demais encarando a tela do computador, cuidando dos meus perfis sem me lembrar que existia um mundo inteiro em volta”

Claro que esse vício e essa alienação interferem — e muito — em nossas relações sociais, e isso é muito trabalhado ao longo da narrativa.

“Era fácil deixar os problemas de lado em meio à rotina”

“Às vezes as pessoas simplesmente precisavam de um lembrete de que você ainda estava viva”

“Não foi fácil tomar a decisão de ir até ela. Eu podia ter ignorado o seu sofrimento, assim como ela fez com o meu”

“— Acho que tudo é consequência do que a gente faz, sabe?”

Olivia Liveretti é uma protagonista quase insuportável: mimada e extremamente preocupada com sua imagem e seus seguidores. 

“Ora essa, eu era Olivia Liveretti, eu não fazia ameaças vazias.  Tinha uma reputação a zelar”

“Além do mais, eu gostava de pensar que eu era melhor que isso. Mas não tinha certeza se era”

“Não era um saco quando algo que você fazia por prazer virava uma obrigação?”

“Uma estranha satisfação tomou conta de mim por saber que eu não era a única a pensar as coisas horríveis que eu pensava”

“Minha vida estava se transformando em algo que eu nunca achei que se transformaria”

“Assim como todo ser humano no mundo, eu detestava ser julgada”

“— É um saco quando o seu máximo não é suficiente pra realizar seu sonho”

“Entendia como podia ser chato quando alguém, vindo absolutamente do nada, tentava ocupar seu espaço”

“Tentei melhorar minha postura, mas era muito difícil me concentrar na minha aparência quando tudo dentro de mim estava despedaçando igual uma geleira no aquecimento global”

Aos poucos, porém, vamos percebendo que Olivia é apenas uma garota que, com seus erros e acertos, está apenas tentando viver sua vida como uma pessoa normal.

“Aquele mundo não me pertencia mais. A cada esquisitice aquilo ficava mais claro para mim”

“É que não foi no Twitter, foi na rua mesmo, na vida real. Esse lugar esquisito em que não dá para desfazer as ações”

“A melhor maneira de se sentir normal, era fazer coisas normais”

“Eles eram tão legais… Mereciam ter tudo o que quisessem, por mais difícil que fosse”

“Todo mundo diz coisas que não deveria de vez em quando”

“Nada como uma boa dose de paranoia para dar um gostinho a mais ao café da manhã”

“Até porque, não tinha como negar que andava tão satisfeita com a vida que até deixei as insatisfações de lado”

“Não era nada fácil bancar a superior. Principalmente porque eu também estava me sentindo pra baixo”

“Era sempre bom ter algum tipo de proteção contra o mundo quando ele ameaça te esmagar”

Justamente por ser tão humana quanto qualquer outra pessoa, Olivia merece também ser amada. O amor, portanto, não poderia ficar de fora deste livro, que além de tudo se chama Romance concreto também por fazer um jogo com o trabalho do par romântico de Olivia. 

“O que uma voz rouca sussurrada no ouvido de uma pessoa não faz”

“Houve dias que cheguei a pensar que esse tipo de gente só existisse na ficção”

“Era uma pena que ainda não existisse uma unidade de medida para aferir intensidade de um sorriso”

“Era muito difícil ficar congelada enquanto se está queimando por dentro, mas foi o que aconteceu comigo” 

“A gente precisava correr o risco, porque existia uma mínima possibilidade de dar certo”

“Felicidade não era algo que conseguia ser pausado, não era um vídeo no YouTube”

“Quando foi que você começou a ficar com medo de finais felizes?”

Por falar nisso, dá para não se apaixonar por Jonas?

“Nem todo mundo tinha a sorte de ser tão querido quanto ele”

“O cheiro de xampu do cabelo dele funcionava como uma barreira antiestresse ao meu redor”

“Mas acho que o meu preferido era o jeito em que ele se desdobrava em mil para ser um bom trabalhador, um bom estudante e um bom filho, sem perder nenhum tempo reclamando do esforço enorme que aquilo deveria ser”

Romance concreto, claro, traz altas doses de confusão, com boas pitadas de drama.

“Aquele era um ótimo momento para ficar invisível. Momentos de confusão geralmente eram”

“Eu só conseguia olhar pro rosto decepcionado dele e me sentir pequena”

“Não pensei que desse para se sentir pior do que eu já estava, mas pelo visto dava, sim. As palavras de Jonas me machucaram igual uma navalha, cortando meus sentimentos”

“Não adiantava parar o furacão quando ele já tinha destruído tudo o que eu mais prezava”

Outra temática muito importante é, sem dúvidas, o poder da influência, mas também da união das pessoas.

“Era muito mais fácil testar o poder da palavra falada com as pessoas quando sabíamos exatamente onde encontrá-las”

“Quando as pessoas falavam que juntas elas eram mais fortes, elas não estavam de brincadeira”

Se você acha que essa história pode te interessar, vem ler a resenha completa!

Romance concreto — Aimee Oliveira

Título: Romance concreto 
Autora: Aimee Oliveira 
Editora: Publicação independente 
Páginas: 341
Ano: 2019

Sinopse

O que um chiuaua não-adestrado, uma loja sendo demolida, o demolidor da loja em questão e Olivia Liveretti têm em comum?
Isso mesmo: nada.
Principalmente porque o tal demolidor se encontrava completamente coberto de cimento e grosserias. Sendo assim, quando esses quatro elementos se reúnem, numa tarde nublada de segunda-feira, algo estranho acontece. E continua acontecendo à medida que Olivia Liveretti passa a conhecer as razões pelas quais Jonas Caruso continua a demolir a sua querida loja de quinquilharias apesar de seus protestos.
A “Kinki quinquilharias e afins” nunca mais será a mesma.
E Olívia também não.

Resenha

Logo no começo de Romance concreto me veio à mente se eu deveria continuar a leitura, se ela de alguma forma me atrairia em algum ponto. Mas a cada vez que a dúvida batia eu pensava “vou ler mais um pouco e qualquer coisa eu largo”. De repente, porém, eu não queria mais largar. Pelo contrário: queria ler mais e mais e sentia falta dos personagens quando não estava lendo (e sim, quando terminei, ficou aquele vazio de saudade também).

“Sonhos mudam, criança”

As minhas dúvidas iniciais se deram porque achei que a protagonista seria insuportável. Mas como ela mesma aprende ao longo desta história, não podemos julgar as pessoas sem conhecê-las.

“Fiquei chocada com a superficialidade do meu próprio pensamento, mas tive que fazer isso sem olhar para a câmera ou demonstrar emoção”

Olivia Liveretti era influencer conhecida, mas seus dias de glória já não eram uma realidade.

“A conta bancária de Olivia Liveretti já tinha visto dias melhores”

Ainda assim, a conhecemos justamente quando a curva do sucesso está em declínio e ela se recusa a aceitar isso. Então, a primeira impressão que temos desta protagonista é a de uma menina mimada e prepotente.

“Imagina só, Olivia Liveretti exausta pelos cantos. Essa era uma informação que jamais poderia vazar. Por isso sempre que saía, mesmo que fosse para levar Django na rua, escondia minhas olheiras com um montão de maquiagem”

Django é o cachorrinho de Olivia, e por menor que ele seja, tem um papel essencial nesta história. É graças a ele que Olivia acaba esbarrando pela primeira vez com Jonas. E a partir daí o destino deles irá se cruzar de diversas maneiras.

“Quem diria que a demolição de um imóvel podia afetar tanto o emocional de uma pessoa?”

De maneira extremamente leve, Romance concreto nos leva a refletir sobre o universo digital e o quanto muitas pessoas acabam deixando de viver o que realmente importa: o mundo aqui fora.

“Era uma pena a vida não ser um texto que dava para cortar e editar”

Aos poucos, a narrativa também vai pincelando o poder das escolhas e a importância de seguirmos os nossos sonhos, mesmo que, em algum momento, eles mudem. E eles vão mudar, cedo ou tarde.

“Como se existisse esse negócio de se desculpar por sonhar as coisas que a gente sonha”

Outra reflexão importante desta história é o valor da amizade, ainda mais num meio tão superficial quanto os das relações virtuais.

“Nunca pensei que amizade com pessoas da minha idade poderia ser tão despreocupada como era a minha relação com Thaíssa”

E ainda tem espaço para que conflitos familiares se façam presentes, nos mostrando que qualquer família está sujeita a cobranças sem sentido que apenas estragam o relacionamento entre os familiares.

“Não importava o que eu fizesse, fosse bom ou ruim, eles sempre terminavam balançando a cabeça no ritmo da decepção”

Romance concreto se passa no Rio de Janeiro e, por mais que boa parte da história aconteça basicamente nos arredores da casa de Olivia, também temos a oportunidade de visitar, sob a perspectiva dela, a periferia.

“Morei minha vida inteira nessa cidade, mas nunca a tinha visto por esse ângulo”

Chega até a ser surpreendente que Olivia não se incomode de ir para a periferia da cidade, de trem. Algo que eu jamais esperaria da protagonista do começo do livro.

“Tudo era muito novo pra mim. Talvez fosse por isso que eu estivesse encontrando dificuldades em saber como lidar”

O espaço central de todo o conflito desta narrativa, contudo, é a loja Kinki, uma loja de quinquilharias que, segundo a narradora (e protagonista) foi o berço de seus sonhos trabalhistas.

“Sabia que deveria me sentir agradecida, mas na realidade eu ficava um pouco sentida por algo que um dia guiou minha vida inteira ficar cada vez mais no passado”

O livro começa justamente quando, levando Django para passear, Olivia descobre que a Kinki está sendo demolida e fica indignada com isso.

“A verdade doía às vezes”

Um ponto que me chamou a atenção ao longo da narrativa, para além dos temas que foram muito bem introduzidos, foram os diversos jogos de palavras feitos por Olivia.

“Eu era a rainha dos contornos, tanto nos olhos quanto na vida”

Uma história muito gostosa de ser lida para passar o tempo e que, apesar de parecer banal, pode trazer algumas interessantes reflexões (e lágrimas).

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