Citações #64 — Proibidos de esquecer

Claro que eu escrevi uma longa resenha de Proibidos de esquecer, da Tayana Alvez, mas acabei deixando de fora dela muitos lindos trechos, que hoje trago aqui.

Relembro que a obra não está mais disponível para leitura, mas que fica a torcida para que, num futuro não muito distante, ela ganhe uma nova edição.

Proibidos de esquecer é uma narrativa que carrega em si muitas dores.

“Engulo em seco, porque o vazio que luto constantemente para esquecer ainda dói”

“É sempre mais difícil ver o que dói na gente, né?”

Parte dessas dores é causada por um dos sentimentos mais puros e intensos que existem: o amor. Em todas as suas formas.

“A gente sempre vai olhar para outra pessoa e pensar que seria mais feliz se…”

“O término do nosso casamento não me tirou só a minha esposa, mas a minha melhor amiga”

“Como a gente pode amar alguém que não conhece? Como a gente pode carregar tanta culpa por algo que não fez?”

As perdas também se fazem presentes ao longo desta história.

“Quando o perdi, muito de mim foi perdido também”

“É engraçado como quando a gente está feliz, sente que tudo vai durar para sempre” 

“E depois que a gente tem nossa alma partida, nunca é fácil sair do único lugar onde achamos conforto”

Mas se engana quem pensa que este é livro simplesmente triste, daqueles capaz de nos deixar apenas destruídos (deixa também, mas calma lá). Proibidos de esquecer também nos faz ter vários insights positivos sobre a vida.

“As coisas que não duram para sempre também dão certo. Só que no tempo delas”

“Tem reencontros que a gente acha que nunca vão acontecer”

E esta narrativa ainda traz uma definição bem interessante para a inveja.

“Inveja não é querer o que alguém tem, isso é cobiça. Inveja é querer que alguém não tenha alguma coisa”

Por fim, esta é, ainda, uma história sobre recomeços e sobre dar novos rumos às nossas vidas, apesar de tudo.

“No Rio eu sou ‘o pai do Roger’, ‘o pai daquele menino que…’, e eu simplesmente não consigo mais lidar com isso”

Vai me dizer que depois desses lindos trechos você não ficou com vontade de conhecer mais da escrita da Tayana Alvez? Então já segue a autora em suas redes sociais (Instagram | Twitter) e não perde mais nada dela!

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Proibidos de esquecer — Tayana Alvez

Título: Proibidos de esquecer 
Autora: Tayana Alvez 
Editora: Publicação independente 
Páginas: 528 
Ano: 2022

[leia esta resenha ao som de Pensando em você — Paulinho Moska]

Se você já viveu uma história de amor — talvez A história de amor da sua vida — e jurou que aquela seria a última após seu doloroso término, atenção para este livro.

“E é assim que eu percebo, três anos, dois meses e doze dias depois de sair de casa e jurar para mim mesmo que nunca mais me envolveria com ninguém, que estou me apaixonando”

A história de Paulo e Bianca é bem peculiar: Bianca casou-se aos 17 anos, com seu primeiro (e único) namorado; Paulo também logo constituiu família, mas um acontecimento — que vai sendo revelado aos poucos, como todos os detalhes que nos prendem a essa narrativa — nos mostra como ela ruiu de maneira irreparável. Assim como a de Bianca.

“Meu próprio filho me condenou ao inferno na Terra”

Dois corações que, mesmo após anos, ainda estão em frangalhos e que se encontram. Duas histórias bem diferentes, mas também muito parecidas.

“—  Sentir a dor é melhor do que não sentir nada. — Encolhe os ombros. — A dor é uma lembrança de que foi real…”

Aliás, é preciso dizer uma coisa: ao longo dessa história você vai sentir um nó na garganta inúmeras vezes. E vai chorar outras tantas. Provavelmente você vai se identificar em diversos pontos. Mas ao final, talvez você pense que jamais viveu algo tão forte quanto esses protagonistas. E isso é algo que torna esta história ainda mais incrível: mesmo ela estando longe de ser a sua história (ainda bem?), você vai acabar se identificando em alguma medida.

“Aquela que não carrega mais as dores, mas sempre terá as cicatrizes”

E preciso dizer que neste livro talvez esteja o ápice da representatividade que Tayana Alvez tenta sempre trazer em suas histórias, com protagonistas negras, mães solo… Para mim, finalmente uma protagonista que não bebe e que deixa isso bem claro (aliás, só fiquei curiosa com os motivos dela)!

“— Ah, eu não bebo — diz completamente sem graça. — Desculpa, eu devia ter avisado. — Sorri sem jeito”

Brincadeiras à parte, é difícil falar de Proibidos de esquecer. A narrativa já começa intensa, nos deixando claro que tem muito por vir mas, como eu disse, as peças desse quebra-cabeça vão sendo reveladas aos poucos, na medida certa.

“O que a garota me diz é triste, pesado e doloroso, mas seu tom é como o de alguém que pergunta as horas”

A leitura é catártica. Ao final, percebemos que há muita maturidade e, principalmente, muito amadurecimento. As falas e os acontecimentos impactam e é difícil não ficar com esta narrativa impressa na alma.

“Passei tanto tempo tentando encontrar minha voz que esqueci que ouvir também é necessário”

Proibidos de esquecer se passa — majoritariamente — em Búzios e o verão tem um papel muito importante na história: é a estação que permite a reconexão, tanto de Bianca, quanto, no final das contas, de Paulo.

“Vamos sarar feridas nesse verão”

A história é narrada, alternadamente, pelos dois personagens, mas Bianca certamente domina a narrativa. 

“Às vezes dá vontade de perguntar o que mais as pessoas querem de mim”

Ela, que perdeu a mãe quando ainda era jovem; que perdeu o amor da sua vida aos 20 e poucos anos; que está tentando provar — para os outros, mas também para si — que está bem, que está seguindo a vida.

“O problema com o sofrimento é que todo mundo tem um conselho para você”

Ela, que decide viver um verão inesquecível. Mas que não imaginava o quanto ele seria transformador e revelador.

“Querendo ou não, quando você se entrega totalmente a uma pessoa, você entrega sua verdade a ela também, e se tem algo que nós concordamos, mesmo que sem palavras, é que não estamos prontos para falar do passado”

Bianca passa o verão em Búzios porque é ali que sua família tem uma casa. A casa na qual ela passava o verão na infância, mas que, com a morte da mãe, acabou sendo deixada de lado, mesmo que, contraditoriamente, seu pai finalmente a tenha deixado como a mãe sempre sonhara.

“A vida não para quando alguém que a gente ama morre”

Claro que é em Búzios que Bianca conhece Paulo, o dono da sorveteria cujos sabores têm nomes bem… Exóticos (e adoráveis).

Mas quando Paulo oferece protetor solar para Bianca, na praia, ela não imaginava que ele era dono de uma sorveteria. Nem que era tão solitário. Menos ainda que carregava um fardo tão pesado e triste.

“É difícil descrever o quanto os ‘e se’ podem atrapalhar a vida de alguém”

Tentei colocar em palavras a intensidade de Proibidos de esquecer e talvez eu tenha feito parecer que essa é uma história só de tristeza, mas a verdade é que a Tayana sempre sabe equilibrar passagens mais leves e até momentos que nos arrancam no mínimo um sorrisinho de lado e nesta narrativa não seria diferente.

“E, por Deus, que sensação maravilhosa essa de contar o que a gente quer contar para as nossas pessoas favoritas no mundo”

Falei, falei e falei, mas no final das contas, não sei se consegui apresentar esta obra à altura e, infelizmente, a Tay a retirou da Amazon, por estar reestruturando a sua carreira. Ou seja, quem leu, deu sorte. E quem não leu… É torcer para ela relançar em algum momento!

Agora, se você quiser conhecer um pouco da escrita maravilhosa desta autora, já segue ela nas redes sociais (Instagram | Twitter) e vem aqui neste link ver o que ainda é possível ler de obra dela em ebook. E, claro, não deixe de garantir o seu exemplar físico de O Irlandês, em uma nova edição tão ou mais incrível que a primeira.

Citações #59 — Proibida de amar

Se tem uma autora que eu amo, essa autora é Tayana Alvez! A escrita dela envolve, encanta, fascina.

Quem não acompanha o trabalho da Tay, contudo, provavelmente não sabe que muitos dos livros que li (e que já resenhei por aqui) foram retirados da Amazon, pois ela está se reposicionando no mercado literário.

Os quotes que trago hoje são de um desses livros. Porém, não posso deixar de compartilhar essas passagens, tanto para que você tenha um gostinho do que perdeu, quanto para que você entenda o quão incrível essa autora é.

Proibida de amar traz a história de uma jovem com um passado por si só complexo, mas que, além de tudo, está tentando se recuperar de um relacionamento extremamente tóxico.

“Só que, Lavínia, eu ainda cresci sem a presença do meu pai, e isso dói”

A protagonista foi mãe muito cedo, e tem de lidar com as responsabilidades dessa condição, ao mesmo tempo em que luta para se livrar de amarras tão dolorosas.

“Não choro, mas sofro”

O livro carrega uma profundidade e uma densidade que não temos como ignorar, como é típico das histórias de Tayana.

“Então talvez o para sempre exista mesmo, só não seja para mim”

“Eu precisava de pelo menos mais um dia perfeito antes de tudo acabar”

Mas também tem o seu toque de leveza, que torna a leitura extremamente prazerosa.

“Oliver me mostrou o lado bom de estar com outra pessoa”

Uma narrativa que nos faz, ao mesmo tempo, refletir, rir, chorar, amar, se desesperar. E que, com o seu toque sutil, vai nos marcar das mais diferentes formas.

“No dia a dia, contudo, aprendi com minha mãe que as coisas que as pessoas falam de mim não dizem nada sobre mim, dizem sobre elas”

Para não perder mais nenhum trabalho da Tayana, recomendo que você acompanhe as autoras em suas redes sociais (Instagram | Twitter). E se quiser conhecer melhor a história de Proibida de amar, leia a resenha aqui. Se quiser saber que histórias da autora você ainda encontra na Amazon, basta clicar aqui.

A princesa sem reino — Tayana Alvez

Título: A princesa sem reino 
Autora: Tayana Alvez 
Editora: Publicação independente 
Páginas: 120 
Ano: 2022

Releituras dos famosos contos de fadas existem aos montes por aí, porém, uma vez mais, Tayana Alvez nos surpreende com sua criatividade e capacidade de trazer uma história tocante e reflexiva na medida certa.

Tudo começa com Maeve se preparando para o 22° baile de aniversário do príncipe Séan, e desde o início é clara a inspiração desta obra: Cinderela.

Primeiro porque Maeve é — ao menos como nos faz acreditar o início da história — a pobre garota que não quer ficar de fora do baile real e que conta com a ajuda de sua fada madrinha para isso. Mas também porque ela mesma, em seu disfarce, adota o nome da famosa (para nós) princesa para se apresentar.

“A magia é trabalhosa e sempre tem um preço”

Há, contudo, muitas diferenças

Logo vamos descobrindo que, até certo ponto de suas vidas, Maeve e Séan cresceram juntos. O reino de Saoirse, onde vivem, era governado por dois reis: o rei do sul, pai de Maeve, e o rei do norte, pai de Séan.

“Essas lembranças em meio ao castelo no qual vivi os melhores anos da minha vida, fazem meu coração diminuir e meu peito apertar”

Tudo mudou, contudo, quando o rei Rex (o rei do norte) assassinou o pai de Maeve e ela teve de fugir com o que restou de sua família.

“Sou absurdamente grata aos dois, mas a imagem de meu pai morrendo nos meus braços quando eu tinha treze anos e deixando esse mundo sem honra, por causa da ganância de um homem que se dizia seu amigo, não é algo que se possa esquecer”

Esse acontecimento traumático gera um desejo de vingança em Maeve e é interessante perceber que, mesmo sabendo que vingança por vingança é algo ruim, a motivação de Maeve é extremamente compreensível e dificilmente não torcemos por ela.

“Mas, no fundo, a voz que eu quero calar, grita a verdade”

A ida de Maeve ao baile, portanto, tem um único objetivo: mapear as fraquezas do castelo para que ela possa assassinar Rex e retomar o seu trono.

“Tudo é meu e, ao mesmo tempo, nada é”

Desde a morte de seu pai e a consequente fuga, Maeve nunca esteve totalmente sozinha. Ela cresceu e se fortaleceu com a ajuda de sua madrasta, Niamh, e de seu guarda, Cillian.

“Ter as pessoas que eu amo ao meu lado foi o que me ajudou a suportar. Seja lá o que isso signifique”

É com a ajuda deles que Maeve traça seus planos e mantém a cabeça no lugar mesmo quando reencontra Séan e percebe que ele é bem diferente de Rex.

“No entanto, quando precisei de Séan, ele não estava lá”

A princesa sem reino é uma leitura que nos prende porque queremos saber se Maeve terá sucesso em seus planos e também porque queremos descobrir como o coração dela fará suas escolhas, que não sou poucas e nem simples.

“É o quanto esse amor se manteve vivo e resistindo, mesmo no silêncio, que me traz a certeza dessa felicidade”

Você pode ler essa história (e tantas outras) na antologia Se todas as rainhas estivessem eu seus tronos e conhecer mais do trabalho da autora através de suas redes sociais (Site | Instagram)

Você também pode se interessar por outras obras da mesma autora que já resenhei por aqui:

Proibida de amar — Tayana Alvez

Título: Proibida de amar — a namorada de mentirinha do CEO 
Autora: Tayana Alvez 
Editora: Publicação independente 
Páginas: 351 
Ano: 2021

Tem coisa melhor que pegar um livro com altas expectativas, estar tranquila com isso por saber que não vai se decepcionar e definitivamente não se decepcionar?

“Tem coisas na vida pelas quais a gente espera o tempo necessário, não importa quão longo ele seja”

A escrita da Tayana Alvez nos envolve facilmente e eu sempre me surpreendo com a naturalidade que ela insere temas importantes e boas reflexões ao longo de uma história que encanta e desperta, no final das contas, muitos quentinhos no coração.

“Para alguém que passou a vida dando conta de tudo, descansar no amor de outra pessoa foi um desafio”

Em Proibida de amar conhecemos melhor a história da Duda (Eduarda), uma das melhores amigas de Lavínia, de Proibida pra mim.

“O quarteto já passou por muitas fases, boas e sombrias, grudadas e distantes, mas, nos últimos meses, ele me salvou mais vezes do que eu conseguiria contar”

Quem leu Proibida pra mim (leitura não obrigatória para ler esta obra) sabe que Duda é mãe (e que se tornou mãe muito cedo) e que a relação dela com o pai da criança não é nada fácil.

“A Duda já passou por tanta coisa que eu sinto, sinto que preciso estar lá por ela, sabe? Porque ninguém mais vai estar…”

Mas é só neste livro que entendemos o que acontece com ela: o relacionamento de Duda não era nada saudável e isso nos vai sendo revelado enquanto a própria personagem vai se dando conta do quanto isso a afeta, ainda mais quando o filho acaba sendo uma arma nas mãos do desequilibrado pai.

“A gente fica num relacionamento ruim por causa dos momentos bons, né”

A narrativa, em primeira pessoa, é alternada entre Duda e Oliver, um jovem CEO que ainda está lidando com as dores do fim de seu casamento, enquanto se adapta a uma nova cidade, na qual não conhece muitas pessoas.

“Desapaixonar não é uma coisa fácil, muito menos rápida”

Claro que o caminho dessas duas pessoas, quebradas ao seu modo, tinha de se cruzar. Primeiro em um Uber — dirigido pela própria Duda —; depois, graças à Lavínia e ao Daniel.

E é assim que Duda acaba indo à festa que Oliver deu em sua casa, para os funcionários da empresa. E ali surge, como forma de proteção, um namoro de mentirinha entre eles. E também uma amizade. Sentimentos misturados que vão se desenvolvendo de maneira viciante ao longo da narrativa.

“Mesmo que seja uma mentira, ainda é uma delícia”

Os dois protagonistas desta obra são encantadores. A Duda tem a sua força e a sua mania de achar que dá (e que tem de dar) conta de tudo e mais um pouco, enquanto o Oliver é doce, carinhoso e aquele ponto de paz que quem não gostaria de ter, não é mesmo? É, difícil não se apaixonar!

“Não posso prender um homem tão maravilhoso quanto ele numa zona como a minha vida”

Proibida de amar, portanto, consegue falar sobre abandono paternal, gravidez na adolescência, relacionamentos abusivos, sobrecarga feminina, manipulação, cuidado, amizade e tantas outras coisas que somente lendo para se absorver adequadamente. Ah, e tudo isso com um pouco de hot também.

“Estou dizendo adeus, mas não tenho coragem de pronunciar as palavras ainda”

Se é esse tipo de leitura que você está procurando (e, garanto, em algum momento será exatamente o livro que você precisará ler), já clica ali embaixo para garantir seu exemplar. E não deixe de acompanhar o maravilhoso trabalho da Tayana Alvez, seguindo a autora em suas redes sociais (Site | Instagram). 

Outras obras da autora que já resenhei por aqui:

Citações #46 — Proibida pra mim

Costumo ter em mente que um dos indicadores de que eu amei um livro é a quantidade de trechos dele com os quais me identifico ou que chamam a minha atenção.

Ainda assim, estou totalmente surpresa com o tanto de quotes de Proibida pra mim, da Tayana Alvez, que tenho para trazer aqui. Provavelmente deixarei alguns de fora, porque é realmente muita coisa. Mas não era para menos: o livro é realmente ótimo, além de relativamente extenso.

“E, pela primeira vez em anos, isso lhe traz esperança em vez de a assustar”

Na resenha, comecei destacando Lavínia, a protagonista desta obra. Mesmo assim, muitas coisas ficaram de fora, então aqui vão alguns trechinhos a mais para conhecê-la melhor, ressaltando o fato dela tentar ser fria e forte, mas, ainda assim, não conseguir lutar e acreditar em coisas boas para si.

“É, você tem um pedacinho de coração em algum lugar aí”

“— Quando a Lavínia precisa de alguém, não é porque ela está machucada, é porque ela quebrou, Mandy”

“Eu gostaria que você lutasse mais pelas coisas, minha filha”

Também mencionei como é difícil não se identificar em alguma medida com esse furacão chamado Lavínia.

“Lavínia traz uma cor diferente à sua vida, e o que mais o surpreende é que, antes dela chegar, ele nem tinha percebido o quão preto e branco era”

“Só alguém que guarda todos os pesos do próprio mundo consegue ler outra pessoa na mesma situação com facilidade”

“Cair, agora, seria mais do que o fim de um amor, seria o fim de todas as pontes que ela construiu, de todas as permissões que ela deu a si mesma, e ela não se sente nem um pouco preparada para isso”

“Os primeiros meses do ano sugaram toda a sua energia vital e, agora, ela precisa de calmaria e solidão para recarregar suas baterias”

Como boa apaixonada por romances que sou, não poderia de ter amado esse livro pela boa dose de sentimentos e reflexões sobre o amor que ele carrega.

“Beijar Lavínia era como saltar de paraquedas para um viciado em adrenalina, e ele poderia fazer aquilo por horas”

“Ah, pelo que ele fala as coisas não deram certo; mas pelo que ela fala, eles estudavam juntos, se apaixonaram e viveram um grande amor… Até que acabou”

“Uma mulher muito sábia disse um dia que um amor verdadeiro não precisa ser o único. Que um amor verdadeiro significa amar de coração, amar por inteiro”

O amor resiste a muita coisa, minha filha, mas se tem uma coisa que o amor é incapaz de superar é um ego”

“Amar é uma coisa esquisita. Você não controla nada do que sente nem do que pensa. E, por mais que essa sensação ainda incomode Lavínia, não há mais nada que ela possa fazer agora”

“Se o coração de Daniel estivesse inteiro, ele teria se partido com essas palavras”

“Nada nela é apenas dela agora, e isso é desesperador”

“Amar uma pessoa e não poder estar com ela é pior do que não amar ninguém”

Devo admitir, porém, que o que torna esta obra tão sensacional são os tapas na cara (sutis ou não) que ela nos dá.

“E você está se formando aos vinte e quatro, tendo conhecido doze países. Acho que você está em vantagem, embora a vida não seja uma competição”

Quando você opta por ser um pai ausente durante anos, a sensação é de que você vai estar sempre em falta, o que é, além de uma sensação, uma verdade”

“Quero que sejamos honestos um com o outro, sobre tudo, mesmo sobre o que você não consegue sentir”

“Porque nem todos os amores são eternos”

“— Não é porque a sociedade decide que existem idades para fazer as coisas que essas idades são reais, tá bem?”

“Talvez a gente tenha se apegado à pessoa errada e virado as costas para quem estava gritando por socorro. — E assim você acaba de definir a adolescência”

Mas o melhor de tudo é pegar esses quotes e perceber como alguns que já faziam sentido, podem fazer ainda mais com o tempo.

“Contudo, ainda que o coração dissesse o tempo inteiro que ela precisava se manter firme em suas decisões, quando se escolhe priorizar os desejos daqueles que se ama, sofrer ao ver tudo dar errado é uma das possibilidades mais reais”

E, para encerrar, algo para nunca nos esquecermos:

“Todo mundo está passando pelo próprio processo e enfrentando os próprios preconceitos, não dá para a gente exigir que os outros tenham a nossa mesma maturidade”

Algum trecho despertou sua curiosidade? Então não deixe de ler o livro inteiro e encontrar as suas próprias passagens preferidas.

O natal do irlandês — Tayana Alvez

Título: O natal do irlandês
Autora: Tayana Alvez
Editora: publicação independente
Páginas: 95
Ano: 2020

Já que a minha primeira leitura concluída em 2021 foi O casamento, nada mais justo que fechar as resenhas do ano com O natal do irlandês, que além de tudo vem bem a calhar para esta semana, não é mesmo? Só deixando claro, porém, esta é a última resenha do ano, mas não o último post! Ainda nos vemos por aqui, hein.

Foi muito bom rever esse casal que ainda tem os seus altos e baixos, suas doses de realidade e seu enorme poder de nos deixar de coração quentinho. Uma dupla que segue firme na terapia, mas que também amadurece e aprende muito em conjunto. E, sem dúvidas, com um Robert que ainda ultrapassa alguns limites.

“Não acredito que pago essa mulher para desgraçar minha cabeça”

Não só por ser um conto, mas também pela escrita da autora e pela leveza da história — apesar de um ou outro momento de tensão que não poderia ficar de fora —, este é um livro que você consegue ler rapidinho e que vai te deixar ainda mais no clima natalino, mesmo que ele retrate um natal atípico: aquele que passamos em 2020, quando a pandemia continuava bem complicada (e vale lembrar: ela ainda não acabou!).

“Julie está arrumando a cozinha, por isso, desço as escadas para encontrá-la e a cada degrau, percebo que ser um bom homem para a mulher que Julie é para mim não é sobre dependência emocional ou medos e anseios, é sobre valorizar o time perfeito que formamos juntos”

Uma coisa que me surpreendeu neste conto foi que além dele ter me permitido matar a saudade de personagens tão especiais como Julie, Robert e as meninas, ele também me deixou morrendo de vontade de entender melhor quem é o Conor e como ele e a Mari estão. Ou seja: estou ansiosamente no aguardo do livro que contará a história deste outro irlandês…

Se você veio aqui em busca de uma indicação de leitura para o natal, posso te dizer que encontrou! Não deixe de ler O natal do irlandês e aproveitar as festas! Ah, e como agora não é mais possível adquirir apenas o conto, mas o box completo da duologia, já garanta boas leituras para os próximos dias!

Proibida pra mim — Tayana Alvez

Título: Proibida pra mim: um romance com diferença de idade
Autora: Tayana Alvez
Editora: Publicação Independente
Páginas: 645
Ano: 2021

Proibida pra mim é aquele tipo de livro quando você começa a ler pensa “mas para quê tanta página?” e, quando vê, já está completamente envolvido na leitura, querendo mais e mais.

“— O que você tá fazendo comigo, Lavínia? — a pergunta dele é tão sincera que a garota ri”

É até difícil falar dessa história, cheia de pontos extremamente importantes. Mas vamos começar pelo óbvio, que já dá muito o que falar: a protagonista.

“Lavínia engole em seco e se prepara para dizer algo que nunca teve coragem de dizer em voz alta nem na frente do espelho”

Lavinia começou a trabalhar muito cedo, querendo garantir o seu lugar no mundo. Ao mesmo tempo que vemos que ela foi alcançando seus objetivos, também conseguimos enxergar o preço disso para ela que, como consequência mais óbvia, tornou-se uma pessoa extremamente madura para a idade.

“A Lavínia de dezessete anos. Essa eu sei que morre de orgulho de quem eu sou hoje”

Além disso, Lavinia é uma mulher tão real que, mesmo que você ache que não tem nada em comum com ela, é difícil não se identificar em alguma medida. Pode ser na maturidade, na frieza, no coração partido, nas dificuldades.

“Durante os primeiros meses, não foi fácil. O luto pelo amor perdido ainda estava ali, as lembranças eram recentes…”

Por sua maturidade, Lavínia não consegue se relacionar com os garotos de sua idade, que ainda estão em outra fase da vida. Mas se um relacionamento com grande diferença de idade já é complicado, imagina quando trata-se do pai de uma de suas melhores amigas?

“Ela é a amiga da família, ou como Manoela falou mais cedo, é quase da família. Alguém quase da família não namora o pai da amiga”

Isso era algo que eu sabia desde que li a sinopse, mas me perguntava como raios ela não conhecia o pai de sua melhor amiga. E aqui está mais uma parcela da genialidade da Tayana! Não há pontas soltas nesta história, e é graças ao quebra-cabeça de detalhes que a compõem que a autora consegue abordar tantos assuntos fortes e importantes.

“Existem poucas coisas nas quais Lavínia consegue se identificar com Amanda, e não poder amar quem ela gostaria como gostaria é uma delas”

Apesar de Lavínia e Daniel — seu tal amor proibido — serem o centro da história, Amanda é uma peça crucial para a narrativa, trazendo uma dose a mais de detalhes e riqueza.

“É, Dani. Mas a Amanda não é as coisas que aconteceram com ela, a Amanda é nossa filha e se ela nunca quiser te falar sobre o que aconteceu ou não quiser sentar e me dizer que ela tem uma namorada e está feliz, a gente só pode respeitar. — Manoela sorri com pesar e encolhe os ombros. — Filho é isso… São pessoas excepcionais, que a gente nunca vai conhecer”

Proibida para mim é um hot, mas claro que, em se tratando de Tayana Alvez, não seria apenas isso. E é impressionante o quanto ela consegue entregar em conteúdo e imersão. Para além de tudo o que já mencionei, tem uma coisa que eu gosto muito na obra da Tayana e que, uma vez mais apareceu aqui, que é a forma como ela retrata as relações entre pais e filhos.

“E, hoje, depois do que aconteceu com a cozinha e tal, eu percebi que se eu ficar lá, quanto mais velhos eles estiverem, mais impossível vai ser pra eu sair”

E não vou negar que, por mais incrível que a Lavínia seja, eu cheguei a sentir raiva dela. Do medo de se entregar. De viver o que tinha de viver. Mas não preciso nem dizer que a raiva foi, muito provavelmente, por identificação, né?

“Faria qualquer coisa para evitar as lágrimas dela agora, faria qualquer coisa para que o coração dela não fosse um campo tão árido, para que o amor dela não fosse tão surrado”

Nunca imaginei que favoritaria um romance hot, mas Proibida pra mim conseguiu essa proeza sem a menor hesitação. Então não deixe de ler essa obra que escancara feridas, te faz refletir e ainda arranca, na mesma medida, lágrimas e risadas.

“A gente sempre espera que o amor seja normal, mas ele não é. Ele é só amor, e a gente não deveria estabelecer um padrão de normalidade para o amor ou colocar isso numa balança”

O casamento — Tayana Alvez

Título: O casamento
Autora: Tayana Alvez
Editora: Publicação independente
Páginas: 336
Ano: 2020

Como a própria Tayana nos revela, O casamento era para ser apenas um conto que nos mostrasse o que vem depois do “felizes para sempre”, mas, felizmente, ele virou uma história bem maior e intensa.

“Foi completamente inevitável amá-la com todo o meu coração”

Ao longos das páginas deste livro não são poucos os sentimentos que vêm à tona. E não é à toa, portanto, que uma das coisas que mais fica evidente nesta narrativa é importância da terapia.

“O amor é superar as adversidades, suportar o outro, engolir o próprio orgulho e despir a alma. Amar é estar vulnerável”

Uma vez mais nos encontramos com Júlia, Robert, Annabelle e Alice. Agora, porém, eles estão começando a construir uma família. E, outra diferença com relação a O irlandês é que, neste volume, os capítulos se alternam entre Júlia e Robert, e alguns trechos inclusive retomam passagens do primeiro livro, conectando ainda mais as histórias.

“E talvez o amor seja isso, duas pessoas com problemas e imperfeitas que lutam para fazer dar certo diariamente”

Outra coisa que achei muito interessante é que este livro se passa na pandemia! Sim, na pandemia que ainda estamos vivendo. Ou seja, pela primeira vez vi, em uma história, os personagens em quarentena, usando máscaras e álcool gel ao sair… Foi uma experiência bem diferente. E lembrando que a história se passa na Irlanda, então tive um gostinho de como as coisas se desenrolaram por lá no ano passado.

“Não é o melhor dos mundos conviver constantemente com uma ameaça”

O que me encanta e me surpreende nas histórias da Tayana é como ela consegue nos entregar um relacionamento tão real e tão encantador. E claro que, neste livro, não seria diferente: Robert e Júlia têm ainda muitas marcas da vida que precisam superar. Mas quem não tem? Que casal é 100% do tempo totalmente seguro de si?

“O amor não é sobre merecer, é sobre encontrar alguém, entre bilhões de pessoas no mundo, que te aceite com os seus defeitos e com quem você, apesar dos defeitos dela, queira viver a vida inteira ao seu lado. O amor é muito mais sobre ser grato pelo encontro de duas almas do que um atestado de merecimento”

Esse discurso sobre merecimento pega lá no fundo, né? Quem nunca sentiu que “não era suficiente” para alguém que ama/amava? E isso aparece em diversos momentos da história, tanto por parte de Júlia quanto de Robert.

“Mulheres negras têm sorte quando o namorado as apresenta para os amigos e anda de mãos dadas com elas na rua”

Mas O casamento vem para nos lembrar que nenhum casal é perfeito, porém que a harmonia pode existir se houver, em primeiro lugar, diálogo (e amor e respeito, claro, mas isso esse casal já demonstra desde o primeiro volume).

“Rob e eu tínhamos um diálogo super aberto, até não termos mais. Não me isento de culpa porque eu também me calei por muito tempo, mas a diferença é que eu cedi e ele não”

Eu sempre digo isso em minhas resenhas das obras da Tayana Alvez, mas vou dizer novamente: vale a pena conhecer cada uma delas. Para além de um romance envolvente, a autora sempre tem algo novo a acrescentar às nossas reflexões, além de uma visão que poucos encontramos por aí: a de uma mulher negra que sabe o que é ser brasileira e que também sabe o que é viver em outro país.

“Apesar de tudo, nem nos meus sonhos mais esperançosos imaginei que Robert estaria aqui por mim e pelas minhas cicatrizes e não por ele”

Se você se interessou por O casamento, não deixe de clicar aqui e saber mais sobre esse livro maravilhoso.

O irlandês — Tayana Alvez

Título: O irlandês
Autora: Tayana Alvez
Editora: Publicação independente
Páginas: 294
Ano: 2020

Uma vez mais, Tayana Alvez nos presenteia com uma obra que traz como protagonista uma mulher negra. E dessa vez ela vai ainda mais além, colocando em sua história muitos elementos sobre ser uma intercambista na Irlanda.

A ambientação irlandesa, assim como os detalhes, incluindo os perrengues do intercâmbio, são muito bem escritos, pois Tayana viveu tudo isso na pele. O que significa que em O irlandês nós somos transportados e essa viagem, mas ficamos com a parte boa do conforto de nossas casas.

“É bom sentir que o passado está no passado e que temos a vida inteira pela frente”

O fato da autora ser brasileira enriquece ainda mais essa história, pois ela pode nos apresentar com propriedade as diferenças culturais que há entre esses países, tornando a nossa imersão ainda mais completa e real.

“Ouvir da boca de um irlandês que você é o seu amuleto mais precioso é quase tão bonito quanto ouvir um eu te amo”

A protagonista deste livro é Júlia, que sai de Nilópolis (na Baixada Fluminense) para tentar a vida fora do país. E sim, tentar a vida, porque ela espera que o intercâmbio seja apenas uma porta, pela qual ela não pretende voltar tão cedo.

Para isso, porém, Júlia tem de trabalhar muito. Literalmente. E, como trata-se de um intercâmbio estudantil, ela tem de estudar também. Mas sabe aquelas pessoas que não sabem dizer “não”, principalmente quando surge mais uma oportunidade de ganhar um dinheirinho que fará diferença no final do mês? Pois bem, essa é Júlia.

“Quanto mais dinheiro você tem, mais dinheiro quer ter”

E é por não saber/não querer dizer “não” que Júlia, mesmo já trabalhando como garçonete e como cuidadora (em algumas noites), começa a cuidar de Annabelle e Alice. Ela tem de ficar apenas algumas poucas horas com as meninas, entre o fim do expediente da babá e o retorno do pai, Robert.

“Eu estou preparada para muita coisa. Mesmo. Até curso de primeiros socorros eu tenho, mas a dor do abandono de uma mãe? Isso eu não sei como lidar…”

E é assim que vamos, aos poucos, conhecendo essa protagonista tão cheia de si, mesmo que tenha seus medos, inseguranças e, claro, marcas do passado. Júlia sabe de onde vem, mas também sabe onde quer chegar e, ao mesmo tempo, sabe que terá de lutar em dobro simplesmente porque é uma mulher negra.

“Isso pesa. Essa sensação de nunca ser boa o bastante, de ser parada por causa da minha cor, de ser uma subcategoria de mulher porque nasci com mais melanina do que outras pessoas”

Por outro lado, também vamos cada vez mais conhecendo Robert e suas encantadoras meninas. E é muito instigante querer saber mais sobre o seu passado. Sobre as marcas que ele carrega. E as meninas, de certa forma, ainda que sejam muito jovens.

“Dói demais ver uma criança sofrer tanto”

O fato de termos uma (quase) babá e uma pai solteiro com um passado e tanto, me lembrou um pouco Alameda do Carvalho, outra história que gostei muito. A experiência de leitura de cada uma dessas histórias, porém, é bem única, porque os rumos que o enredo toma e o que está por trás de cada trauma são bem diferentes.

O irlandês tem tudo para ser um clichê, mas também tem muito mais para transformá-lo numa história rica e capaz de nos transmitir mensagens importantes como a necessidade de um bom diálogo em qualquer tipo de relacionamento, bem como a solidão da mulher negra (e, por mais que isso possa soar um pouco solto dito assim, fica muito claro o significado disso quando você lê essa história).

“Então é assim que as pessoas se relacionam quando elas têm um bom diálogo e não escondem medos e inseguranças?”

Ah, e claro, tudo isso é feito através de uma narrativa envolvente, daquelas que te fazem rir no momento certo e ficar com o coração apertado na mesma medida.

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