Juncos ao vento – Grazia Deledda

Título: Juncos ao vento
Original: Canne al vento
Autor: Grazia Deledda
Editora: Carambaia
Páginas: 224
Ano: 2015 (1º edição)
Tradutor: Maria Augusta Mattos

Antes de mergulhar na leitura de Juncos ao vento propriamente dito, nos deparamos com um esclarecedor ensaio escrito por Maria Teresa Arrigoni. Foi ali que descobri o quão importante na literatura italiana foi Grazia Deledda e como nós, brasileiros, pouco sabemos sobre isso.

Grazia Deledda foi a segunda mulher a receber um Nobel de Literatura e foi justamente com Juncos ao Vento que isso ocorreu, em 1926. Não é a toa, também, que Grazia é um dos principais nomes da literatura italiana do século XX. Me pergunto como não estudamos isso nas aulas de literatura italiana da faculdade (eu fiz Letras português e italiano e, portanto, estudei diversos nomes da literatura italiana, mas jamais Grazia Deledda).

É ainda mais espantoso pensarmos que Juncos ao Vento não figura entre leituras obrigatórias de um curso de italiano quando percebemos a sua riqueza: a obra apresenta uma pequena província Sarda — Nuoro — utilizando muito de suas características físicas e culturais para discutir questões humanas. A natureza, aliás, é de extrema importância ao longo de toda a obra, estando sempre muito ligada aos acontecimentos e sentimentos da narrativa.

Além disso, o personagem principal de Juncos ao Vento é um servo negro — Efix —, que desempenha o papel de um sábio, sendo uma figura muito importante para as mulheres da família Pintor, uma família aristocrática em decadência.

O livro narra muitas crises existenciais e apresenta diversas fragilidades humanas, além de apresentar os costumes e lendas de uma sociedade agropastoril da Itália do século XX. Apesar das inúmeras descrições que aparecem ao longo da história, a linguagem é direta, e permeada por um humor amargo e fatalista.

Trata-se, sem dúvidas, de uma narrativa amarga e triste, e a única esperança — à qual nos apegamos devido a Efix — é de que a vidas das senhoras Pintor melhore com a chegada de Giacinto, sobrinho delas, filho da irmã que fugira e que também já morrera. Essa esperança, porém, dura pouco.

Falar desse livro sem falar da edição brasileira dele seria um desperdício, uma vez que a Carambaia preocupou-se com todo o projeto gráfico do mesmo: todo em preto e branco e com um papel leve e uma capa bem maleável, o livro permite uma flexibilidade semelhante à dos juncos que dão nome à história. Além disso, a tiragem dessa edição foi limitada — contando com apenas 1000 exemplares, todos numerados à mão.

Juncos ao Vento não é uma leitura fácil, mas para quem gosta de saborear a verdadeira literatura italiana, aprendendo um pouco mais sobre seus costumes, paisagens e cultura e ainda gosta de leituras que trazem boas reflexões, certamente esta é uma excelente recomendação!

[Nota: não trouxe nenhuma passagem desse livro, porque, infelizmente, fui assaltada no exato dia em que terminei a leitura do mesmo e como levaram minha mochila, fiquei sem meu livro e sem as passagens que eu traria aqui…]

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