Música e livros: 10 canções inspiradas na literatura [tradução 28]

Música e literatura são dois tipos de arte que aprecio imensamente e, por isso, resolvi que nada mais justo que a primeira tradução do ano fosse de um texto que unisse esses dois assuntos.

O artigo em questão, escrito por Simon, foi tirado do Blog Thomann, tendo sido publicado originalmente em 16 de maio de 2021.

Vamos à tradução?


Quando literatura e música se fundem, o resultado é, frequentemente, monumental: muitas e muitas vezes os músicos encontram inspiração para os textos deles na literatura. Bob Dylan, por exemplo, destaca a enorme influência que tiveram sobre ele autores como Fyodor Dostoievsky. Inúmeras bandas do metal, do rock, do folk e de muitos outros estilos procuram sua inspiração nos romances de fantasia e de horror, e também na alta literatura. Eis aqui 10 exemplos da engenhosa interação entre literatura e música!

1. Bohemian Rhapsody – Queen | “O estrangeiro” de Albert Camus

O famoso escritor e filósofo francês Albert Camus foi a inspiração para um dos maiores e mais complexos sucessos do Queen: “Bohemian rhapsody”. Freddie Mercury escreveu o texto sozinho, inspirando-se no assunto do romance: um artista que não se preocupa com as convenções e não quer ser subordinado aos padrões sociais. De acordo com o assistente pessoal de longa data de Mercury, Peter Freestone, Freddie fica em paz consigo mesmo sobre a admissão de sua homossexualidade escrevendo essa letra. Que impressionante sinergia entre música e literatura!

2. Sympathy for the devil – The Rolling Stones | “O mestre e Margarida”, de Mikahil Bulgákov

“O mestre e Margarida” é a obra mais conhecida do escritor russo Mikhail Bulgákov, um clássico da literatura russa do século XX. O romance descreve a vida em Moscou, de maneira alegórica, humorística e satírica. Os Stones se inspiraram nesta absurda e verdadeira história quando compuseram a música “Sympathy for the devil”. Um clássico literário que se torna um clássico do rock. Na música, Mick Jagger deixa o diabo falar, inclusive na parte em que diz “quem matou os Kennedys”. A resposta de Satanás: “quando, afinal de contas, foi apenas você e eu”.

3. Rime of the ancient mariner – Iron Maiden | “A balada do velho marinheiro”, de Samuel Taylor Coleridge

“The rime of the ancient mariner” ou “a balada do velho marinheiro”, é um poema narrativo escrito pela figura literária britânica Samuel Taylor Coleridge, em 1798. Ainda nos dias de hoje, essa poesia ressoa como uma balada, com versos tão preciosos que influenciam até hoje a língua inglesa. São, de fato, numerosas as frases que passaram a fazer parte da língua inglesa usada hoje. Não só: o poeta influenciou inclusive o Iron Maiden, que celebram a balada por cerca de 14 minutos.

4. Animals – Pink Floyd | “A revolução dos bichos”, de George Orwell

Pink Floyd está, sem dúvidas, entre os maiores ícones da narrativa e da união entre literatura e música. Com o álbum “Animals“, eles mergulharam no mundo visionário do excepcional escritor George Orwell. O álbum é baseado no romance de Orwell, “Revolução dos Bichos“, a fábula distópica de 1945, na qual os animais se revoltam contra as regras de seus proprietários humanos. “Com a cabeça enfiada no lixo, dizendo ‘continue a cavar'”. O álbum busca descrever o capitalismo e as suas vítimas.

5. Ramble On – Led Zeppelin | “O senhor dos anéis”, de J. R. R. Tolkien

J. R. R. Tolkien, com o seu trabalho “O senhor dos anéis“, forneceu para muitas bandas um modelo preciso de mundo fantástico: a sua estimulante narrativa da Terra Média contém, obviamente, uma quantidade infinita de inspiração, a qual músicos e bandas ficam felizes de explorar. Entre os representantes mais conhecidos está Led Zeppelin, com “Ramble On“. Na música, de 1969, os roqueiros interpretam o romance de fantasia e não se abstêm de citar diretamente em seus textos a obra em questão. E sabe de uma coisa? Diz-se até que rolou disputa pelo copyright!

6. Charlotte Sometimes – The Cure | “Charlotte Sometimes”, de Penelope Farmer

Ok, o maior sucesso do The Cure continua sendo “Friday I’m in love“. O grupo, principalmente o líder, Robert Smith, são um exemplo de ligação entre música e literatura. O camaleão e excêntrico Robert Smith tem um livro preferido, e é um livro infantil chamado “Charlotte Sometimes“, escrito por Penelope Farmer. Smith usou justamente o livro infantil como modelo para a canção homônima de 1981, “Charlotte Sometimes”. Mais relacionado à literatura que isso, impossível!

7. Lucy in the Sky with Diamonds – Beatles | “Alice no país das maravilhas”, de Lewis Carroll

A vanguarda da música psicodélica, “Lucy in the Sky with Diamonds” não é nada menos que uma derivação da obra literária “Alice no país das maravilhas“, de Lewis Carroll. O livro infantil foi publicado pela primeira vez em 1875 e, cerca de um século depois, os Beatles retomaram o tema e o transformaram em “Lucy in the sky with diamonds”. A música foi escrita durante um dos períodos mais criativos do quarteto fantástico.

8. Moon Over Bourbon Street – Sting | “Entrevista com o Vampiro”, de Anne Rice

Sting não é apenas um icônico cantor e baixista: o artista inglês é conhecido, também, por sua intelectualidade, sem falar em uma leve tendência para tudo aquilo que está fora da curva. A música do The Police Moon over Bourbon Street” é baseada no romance “Entrevista com o Vampiro“, da escritora americana Anne Rice, no qual um bêbado — frustrado com a morte de sua esposa e de seu filho ainda não nascido — caminha pelas ruas de New Orleans, quando é mordido por um vampiro. Sting leu o livro depois de um concerto em New Orleans, em seu hotel, no famoso bairro francês. Olhando a rua deserta, escreveu os seus pensamentos sobre “Moon over the Bourbon Street” e então surgiu a composição homônima.

9. Romeo and Juliet – Mark Knopfler | “Romeu e Julieta”, de William Shakespeare

Romeu e Julieta“, a tragédia mais famosa que já saiu da pena de William Shakespeare, conta a agridoce história de dois amantes cujas famílias só se reconciliaram com a morte deles. Numerosos artistas de música clássica, pop e rock retomaram o tema. Por exemplo, Mark Knopfler/Dire Straits com a homônima balada “Romeo and Juliet” uma das composições mais conhecidas do Dire Straits. Nos seus versos, descreve a cena na qual Julieta fica famosa, deixa o seu Romeu e se distancia do seu bairro, onde se encontraram pela primeira vez. 

10. All Along the Watchtower – Bob Dylan | “Frankenstein”, de Mary Shelley

All Along the Watchtower” é uma música do Bob Dylan, é importante ressaltar, mesmo que a canção tenha ficado famosa em uma versão significativamente modificada por Jimi Hendrix. Segundo as explicações, o título é baseado no romance de terror “Frankstein“, de Mary Shelley, um dos clássicos de horror por excelência. Considerando que a maior parte dos textos de Bob Dylan são recheados de aforismos, a conexão, neste sentido, é bem fácil de imaginar. 

Existem numerosos outros exemplos da agradável sinergia entre literatura e música. O que ambas as formas de arte têm em comum é estarem constante em busca de inovação e, ao mesmo tempo, de história, passando frequentemente a bola entre si. Críticos, especialistas em literatura e apaixonados por música geralmente amam interpretar e se deixar levar pelas obras nascidas das inspirações que, por sua vez, inspirarão também.


E você, saberia mencionar outros exemplos? Deixe aqui nos comentários, vou adorar conhecer mais músicas e suas referências!

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