Título: O jovem Carlos Mattos
Autora: Maria Augusta Bastos de Mattos
Editora: Migalhas
Páginas: 304
Ano: 2023

Sinopse
Como foi a infância e a juventude de Carlos Mattos antes de se tornar o filósofo e professor que viveu por quase meio século na interiorana cidade de Capivari, em SP?
O livro oferece ao leitor a experiência autobiográfica dos primeiros anos de um profundo estudioso: como se forja um intelectual? quais livros lê? com quem aprende? Tudo isso é apresentado ao leitor, tendo como cenário São Paulo na década de 1920 e a Europa no entre guerras.
O livro partiu de textos memorialísticos, trechos de diários infantis e juvenis, cartas à família e colegas, anotações variadas e registros cotidianos de Carlos – cujo lema era Nulla dies sine linea. Temperados com recordações e rearranjos feitos por seus descendentes, recompôs-se neste livro um pouco de sua história pessoal e familiar, escolar e religiosa, desde seu nascimento, em 1910, até o final de sua formação acadêmica formal, em 1940. Junto a uma erudição que vai se consolidando com o passar dos anos, percebe-se intacta sua veia finamente humorística.
O trabalho é de autoria da professora dra. Maria Augusta Bastos de Mattos.
É o primeiro da coleção “Nenhum dia sem uma linha”.
Resenha
“Quando reviraram minha mala, eu disse: ‘é filosofia, vocês não entendem’”
Como seria incrível se todos nós pudéssemos ter a oportunidade de ver a vida de pessoas importantes para nós contada em um livro pensado com todo o cuidado e o carinho necessários.
“A vida de cada indivíduo é um fragmento da história”
O jovem Carlos Mattos não é exatamente um livro para o grande público, mas é uma obra que, para mim, tem um valor sem igual: me permitiu conhecer ainda mais meu vô, que, de toda forma, só conheci por meio das histórias contadas por outras pessoas. Mas calma, este livro é bem mais complexo que isso.
“Os bisnetos e trinetos, com um recuo de mais de 100 anos, é que gostarão de reler (ainda se lerá nesse tempo?) coisas tão antigas, inéditos guardados para eles que viverão num mundo tão diferente”
A começar pelo fato de que este é apenas o primeiro volume de uma trilogia (ainda não completa), e nos conta sobre a infância e a juventude (até os estudos universitários) de Carlos Lopes de Mattos.
Além disso, trata-se de um livro com múltiplas vozes: em alguns trechos, lemos palavras escritas por Carlos em diários e cartas; em outros momentos, tudo é costurado pela narrativa que torna esta obra possível, reunindo também documentos e imagens que enriquecem ainda mais o que está exposto ali.
“A narrativa que segue foi composta tendo como base sua autobiografia (escrita em 1987 a partir de suas lembranças e de suas anotações em dois diários, o de 1925 e o que escreveu entre 1935 e 40). Somaram-se as lembranças e impressões de seus filhos, histórias sempre repetidas na família, transcrições de cartas, informações esparsas e mesmo textos escritos por outras pessoas ligadas a ele”
Por meio deste livro pude perceber como o peculiar humor da minha família realmente tem seus traços herdados (genéticos?) e também pude me surpreender com a cultura e as pessoas com quem meu vô teve contato, ainda que eu já imaginasse um pouco (mas não soubesse nem da metade).
Também pude conhecer, mesmo que através de sua escrita, um lado extremamente humano de meu vô, que mesmo com todos os seus estudos e conhecimentos, jamais se esquecera de onde viera e quem era, ressaltando, mais de uma vez, as suas inseguranças.
“Lembro-me de que, quando saía com meu irmão mais velho e meu pai, sentia-me impedido de falar, de medo de cair no ridículo. Sempre me senti inferiorizado”
Mas esta não é uma obra de interesse apenas familiar. Por meio das passagens deste livro, podemos conhecer uma São Paulo antiga (e foi uma delícia viajar por ruas que hoje são tão movimentadas e que, naquela época, ainda eram, literalmente, “tudo mato”) e vivenciar um pouco da História, não apenas brasileira, mas também internacional (nas páginas finais deste volume, Carlos está vivendo numa Europa novamente em guerra: a II Guerra Mundial).
“Nasci em São Paulo, à rua Martinho Prado, 25, defronte do que hoje é a Praça Roosevelt, a 26 de setembro de 1910”
Se este livro despertou o seu interesse, você pode encontrá-lo neste link.



