A teoria de tudo – Jane Hawking

Título: A teoria de tudo
Original: Travelling to infinity: my life with Stephen
Autor: Jane Hawking
Editora: Gente
Páginas: 447
Ano: 2014
Tradução: Sandra Martha Dolinsky e Júlio de Andrade Filho

Dizer que eu adorei esse livro certamente seria mentira, mas não consegui deixar de ler até o fim para entender a visão de Jane Hawking sobre seu relacionamento com Stephen Hawking.

Assisti ao filme homônimo em 2015 e me lembro de ter gostado da história e ter ficado com vontade de ler o livro. 3 anos depois, eu já não me lembrava bem como era descrito o final desse romance — o que me prendeu até a última página — mas o livro me pareceu um pouco mais maçante do que eu esperava.

“Nem três dias, nem três meses e nem mesmo três anos poderiam ter me preparado, ou qualquer outra pessoa, para o que ainda estava por vir”

A teoria de tudo (p.350)

Uma coisa, no entanto, é bem clara e não podemos deixar de mencionar: a vida de Jane Hawking, ao lado de Stephen, não foi nada fácil, e não somente pelo fato da ELA, doença que, aos poucos, foi dominando o corpo de Stephen, mas também por conta de toda a genialidade desse cientista, bem como de seu ceticismo e as difíceis relações interpessoais dele e de sua família.

“A culpa, disse ele, é o risco que se corre esforçando-se sempre para o mais e o melhor; o amor é a única resposta para a culpa”

A teoria de tudo (p.374)

Hoje em dia temos muito mais informações sobre a ELA — Esclerose Lateral Amiotrófica — do que a que existia na época em que Stephen Hawking foi diagnosticado, recebendo uma previsão de poucos anos de vida (que ele superou e muito!). A ELA é uma doença que degenera progressivamente os neurônios motores do cérebro e da medula espinhal, gerando uma fraqueza muscular que, aos poucos, vai paralisando o portador dessa doença. Ainda não há cura para a ELA.

“As expressões no rosto de Stephen eram sempre uma medida muito mais poderosa de suas emoções do que suas palavras, e nessas ocasiões era o sorriso em seu rosto que transmitia sua alegria inconfundível por seus filhos”

A teoria de tudo (p.154)

O livro está dividido em 4 partes e o que me fez não gostar tanto dele é que a escrita, por vezes, é um pouco confusa. Apesar das mais de 400 páginas, parece que algumas coisas acontecem do nada. Mal fica claro que Jane e Stephen estão namorando e, de repente, eles se casam. O segundo filho do casal também, é mencionado de maneira confusa em um primeiro momento. Mas também não podemos nos esquecer que esse livro foi uma espécie de libertação de Jane. Ela precisava escrever o que escreveu, da forma como fez, para entender tudo o que viveu.

“Como eu amava Stephen, eu queria me dar bem com sua família, gostar deles e ser amada por eles, e não conseguia perceber o motivo de esse relacionamento em particular ser tão difícil”

A teoria de tudo (p.93)

Quando eu defendo a Jane aqui e digo que ela não teve uma vida fácil após casar-se com Stephen, estou me apegando a inúmeros momentos do livro em que eu mesma fiquei angustiada com tamanha pressão em cima dela, tamanha falta de reconhecimento de todos os seus esforços, tamanha repressão.

“O simples fato de ser capaz de racionalizar o medo não me fez lidar com isso com mais facilidade, porque eu tinha vergonha de admitir essa fraqueza, em especial quando nossa vida era estritamente governada por aquela corajosa máxima de Stephen — que, se houvesse uma doença física em casa, não havia espaço para problemas psicológicos também”

A teoria de tudo (p.124)

Uma mente brilhante nem sempre revela um ser humano brilhante. E claro que a doença também teve um papel de grande influência na vida desse jovem casal, que apesar de toda a adversidade, no entanto, conseguiu constituir uma linda família, com 3 filhos, ter uma casa, inúmeros amigos. E todos esses fatores, sem dúvidas foram essenciais para Jane.

“Por medo de machucá-lo, tentei intuir seus sentimentos, sem forçá-lo a expressá-los, estabelecendo assim, inconscientemente, uma tradição de não comunicação que se tornaria intolerável com o passar do tempo”

A teoria de tudo (p.41)

A partir da terceira parte do livro a insustentabilidade do relacionamento entre Stephen e Jane fica ainda mais evidente. Chega a ser angustiante ler essas páginas.

“Era óbvio: estávamos vivendo à beira de um precipício. Ainda assim, é possível, mesmo à beira de um precipício, ficar raízes que penetram rochas e pedras, que se insinuam até mesmo nos solos mais pobres para formar uma base suficientemente segura para os galhos acima, por mais atrofiados que sejam para produzir folhagem, flores e frutos”

A teoria de tudo (p.243)

A quarta parte ainda revela muitos momentos de tensão, até que a situação de ambos se resolve, de uma forma que, creio eu, foi a melhor para cada um. E a paz vai aos poucos se instaurando. O bacana é que, ao final, apesar de todo o peso dessa narrativa, terminamos a leitura mais leves, com a sensação de que as coisas se resolveram. De que houve uma espécie de “felizes para sempre”.

Livro disponível na Amazon por R$34,71.

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