Título: Poeira Estelar Autora: Gabriela Araujo Editora: Publicação independente Páginas: 27 Ano: 2020

Começando de maneira totalmente despretensiosa, Poeira estelar vai nos fisgando até que, ao final, estamos sentido um mix de sentimentos difícil de explicar.
“Não tema as mudanças, minha pequena. Elas virão, mas fazem parte do mundo que conhecemos”
Apesar da brevidade da narrativa — mais um conto para a minha lista de contos que deveriam ser lidos por muitas outras pessoas — Gabriela Araujo consegue traçar um arco temporal um pouco mais complexo, fazendo-nos acompanhar o desenvolvimento da protagonista Marta, que começa a história como uma simples garotinha que viaja de carona nas estrelas.
“Quanto mais crescemos, menos acreditamos no poder das estrelas”
Mas aos poucos essa garotinha vai crescendo e vendo como o mundo não é simples. E muitas vezes, sequer é justo.
“A mãe enxergou o seu próprio passado naquela frase e desejou poder transferir para a filha sua experiência de vida, poupando-a dos anos de sofrimento até entender”
Porém, não se engane: Poeira estelar não é a simples história de uma garota que cresce e acaba por descobrir o mundo. Brasileira, Marta é uma mulher negra e tem de enfrentar muitos outros desafios que, por vezes, não conseguimos imaginar.
“Queria dizer para a mãe que não era sobre sentir que precisava ser como as outras meninas, ela apenas sentia não ter escolha”
Eu sou mulher e sei dos desafios que encontramos em uma sociedade machista. Mas sou uma mulher branca, que não sofre preconceitos nos lugares que frequenta, que não tem de provar a todo instante que não está fazendo nada de errado e que tem igual direito de estar em qualquer lugar.
“Aos 13 anos, Martinha não tinha uma simples vontade de ter um namorado. Era a vontade de ser vista, de receber carinho, de se sentir ‘normal'”
E é assim, através dos olhos da menina que vira mulher, que Gabriela Araujo consegue abordar de maneira extremamente leve e envolvente assuntos de grande importância, como amadurecimento, preconceito, solidão e até mesmo relacionamentos abusivos (de qualquer tipo, não apenas românticos) e emancipação feminina.
“Marta não sabia daquilo ainda, mas aquele momento selou a completa ruptura entre a pessoa que era e a pessoa que viria a ser”
Não vou dizer que a história me fisgou desde as primeiras páginas, que têm um ar mais onírico, mas logo fui ficando mais e mais presa às palavras desta narrativa e, agora, indico-a a quem busca uma leitura inspiradora, forte, impactante, mas, ao mesmo tempo, que cai como um abraço, um afago, um ombro amigo.
“Não podemos usar o espelho do outro pra enxergar o nosso próprio reflexo, Martinha”
E mesmo sendo uma história de personagens femininas, a leitura é excelente para homens e mulheres, pois com palavras simples, Gabriela Araujo consegue nos ensinar muito.
“A gente cresce e aprende a ignorar o que a gente quer?”
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