
Recentemente, escrevi uma resenha do conto Poeira Estelar, da Gabriela Araujo, publicado de maneira independente, na Amazon, em 2020.
Como espero ter deixado claro na resenha, esta foi uma história que me conquistou aos poucos, deixando-me totalmente encantada ao final da leitura. Uma narrativa daquelas que aquecem o coração e que realmente surpreendem bastante.
“Em todos os momentos Marta sabia que não tinha controle sobre a velocidade nem sobre o seu destino, mas aquilo não a perturbava”
É fácil notar estes meus sentimentos pela quantidade de trechos da obra que destaquei. E como muitos ficaram de fora da resenha, trago-os aqui para que você também possa sentir esse gostinho e se animar a ler o conto inteiro (indico de verdade a leitura).
“Questionava-se quantas histórias deixou de viver porque foi somente cedendo ao que a vida parecia pedir”
Eu gosto muito — e acabo ficando bem reflexiva — quando leio histórias que falam sobre as nossas escolhas e sobre como deveríamos ser quem queremos ser e não quem os outros querem que sejamos. Tenho o péssimo hábito de tentar a agradar a todos, deixando-me em segundo plano, e histórias assim me fazem pensar sobre isso.
“Nunca pôde ser a mulher que era, pois estava muito ocupada falhando em ser a mulher que queriam que fosse”
Mas Poeira Estelar é encantador porque também mostra, de maneira muito palpável, o processo de amadurecimento de uma garotinha, e como esse crescimento nos faz deixar a criança que há em nós (e, muitas vezes, os sonhos que carregamos) para trás.
“Ela largou de bobagem, como sua amiga diria, e manteve seu foco no futuro que podia traçar. O preço disso foi algumas noites em claro e dias no escuro”
Em mais de um ponto, aliás, a história fala sobre perdas e despedidas, das mais variadas.
“Marta sentia cada vez mais que a vida era uma permanente coleção de despedidas e temia chegar em um ponto em que não teria mais nada”
E a verdade é que esses dois assuntos que acabei de mencionar — o do amadurecimento que nos faz deixar sonhos para trás e o das perdas —, misturam-se de maneira muito bonita na história.
“E evitar mudanças era como tentar segurar a areia entre os dedos. A cada perda, ela foi se despedindo dos próprios sonhos até quase se despedir de si”
Se você ainda não se convenceu a ler Poeira Estelar, mais uma coisa que achei muito bonita na história: o fato da protagonista não apenas crescer (em tantos sentidos), mas também o fato dela ter mudado de cidade, o que a faz viver ainda mais desafios do que ela já vivia. Se você já passou por isso, provavelmente irá se identificar (eu nunca me mudei, sequer de casa ainda, mas as palavras de Poeira Estelar conseguem transmitir muitos dos sentimentos envolvidos).
“Ela se mudou para a cidade e se mudou de si, porque não reconhecia mais a pessoa na qual aos poucos se transformava”
E então, o que achou desses trechos? Que tal adquirir o seu ebook? Boa leitura!