Um milhão de finais felizes — Vitor Martins

Título: Um milhão de finais felizes 
Autor: Vitor Martins
Editora: Alt
Páginas:  352
Ano: 2018

Sinopse

Jonas não sabe muito bem o que fazer da vida. Entre suas leituras e ideias para livros anotadas em um caderninho de bolso, ele precisa dar conta de seus turnos no Rocket Café e ainda lidar com o conservadorismo de seus pais. Sua mãe alimenta a esperança de que ele volte a frequentar a igreja, e seu pai não faz muito por ele além de trazer problemas.

Mas é quando conhece Arthur, um belo garoto de barba ruiva, que Jonas passa a questionar por quanto tempo conseguirá viver sob as expectativas de seus pais, fingindo ser uma pessoa diferente de quem é de verdade. Buscando conforto em seus amigos (e na sua história sobre dois piratas bonitões que se parecem muito com ele e Arthur), Jonas entenderá o verdadeiro significado de família e amizade, e descobrirá o poder de uma boa história.

Resenha

Daquelas leituras que são como um abraço quentinho, Um milhão de finais felizes é uma história que pode trazer muitos pontos de identificação, não importa de onde você é, trazendo também muita familiaridade para quem é de São Paulo. 

“É o tipo de sentimento que me dá vontade de gritar e sumir ao mesmo tempo. Eu me sinto cheio, mas vazio ao mesmo tempo”

Isso porque a história se passa justamente entre São Paulo e Santo André. Jonas, nosso protagonista narrador mora na cidade do ABC Paulista e trabalha na capital, no Rocket Café

“A gente não tem controle de nada. Mas você não pode deixar essa falta de controle te impedir de viver o agora”

Jonas vem de uma família relativamente humilde e, para dar continuidade aos seus estudos, precisa trabalhar. É por isso que, mesmo tendo o sonho de ser escritor, ele vive a exaustiva rotina de trabalhar como atendente numa cafeteria temática.

“Será que eu me tornei aquelas pessoas que enxergam sinais em tudo e vivem completamente iludidas planejando o futuro com alguém que elas acabaram de conhecer?”

Este, contudo, é um de seus menores problemas na vida, uma vez que ele tem uma mãe extremamente religiosa e um pai absurdamente preconceituoso enquanto Jonas… Bem, ele é gay e só queria poder levar uma vida normal.

“Aceitar que sou gay significou aceitar que vou para o inferno e viver constantemente com medo da morte”

Tudo o que ele encontra de barreira em sua própria família, porém, Jonas encontra de amor entre seus amigos, que sempre o recebem de braços abertos.

“É bom me sentir querido quando, na maior parte do tempo, eu sinto que sou um grande problema na vida de todo mundo”

Amizade, aliás, é uma temática importante aqui, porque ao mesmo tempo que o protagonista tem dois grandes amigos do Ensino Médio — a Isadora e o Danilo — ele também encontra em Karina — sua colega de trabalho — um porto seguro e a necessidade de aprender a equilibrar suas amizades.

“Eu sempre achei que me abrir para outra pessoa faria com que eu me sentisse vulnerável, mas, de alguma forma, contar tudo para Karina faz com eu me sinta aliviado”

No meio de tantas dúvidas e problemas — afinal a vida não dá trégua — Jonas conhece Arthur e se apaixona, mas acha que jamais será correspondido pelo cara que inspira seu mais novo personagem.

“Sou muito bom em começar histórias novas e muito ruim em concluir histórias antigas”

Claro que se assim fosse, metade de Um milhão de finais felizes não existiria, então nós podemos torcer e vibrar a cada página por esse casal. Mas será que a história real de Jonas também tem um final feliz? 

“Acho que o grande problema é que eu leio demais. Fico fantasiando sobre como as coisas podem acontecer comigo de um jeito mágico e orquestrado pelo universo”

Esta é uma leitura leve, mas nada leviana: falando sobre homofobia, solidão, medos e amadurecimento, Um milhão de finais felizes é capaz de despertar os mais variados sentimentos em seus leitores. 

“Eu sei que a tempestade vai começar a qualquer momento, mas ainda é cedo para me proteger”

A linguagem é tranquila de acompanhar, jovial e divertida, nos fazendo mergulhar na linha de raciocínio (ou na falta dela) de Jonas.

“É então que me dou conta de que, sem que a gente perceba, a vida continua acontecendo. O mundo nunca vai parar para que eu resolva toda a minha vida e recomece do zero”

E os personagens despertam em nós a vontade de conhecê-los mais e mais.

“É tão bom finalmente estar empolgado com alguma coisa na vida”

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Quinze Dias — Vitor Martins

Título: Quinze dias 
Autor: Vitor Martins
Editora: Globo Alt
Páginas: 208
Ano: 2017 

Sinopse

Felipe está esperando por esse momento desde que as aulas começaram: o início das férias de julho. Finalmente ele vai poder passar alguns dias longe da escola e dos colegas que o maltratam. Os planos envolvem se afundar nos episódios atrasados de suas séries favoritas, colocar a leitura em dia e aprender com tutoriais no YouTube coisas novas que ele nunca vai colocar em prática.

Mas as coisas fogem um pouco do controle quando a mãe de Felipe informa que concordou em hospedar Caio, o vizinho do 57, por longos quinze dias, enquanto os pais dele estão viajando. Felipe entra em desespero porque a) Caio foi sua primeira paixãozinha na infância (e existe uma grande possibilidade dessa paixão não ter passado até hoje) e b) Felipe coleciona uma lista infinita de inseguranças e não tem a menor ideia de como interagir com o vizinho.

Os dias que prometiam paz, tranquilidade e maratonas épicas de Netflix acabam trazendo um turbilhão de sentimentos, que obrigarão Felipe a mergulhar em todas as questões mal resolvidas que ele tem consigo mesmo.

Resenha

Tem livro que a gente lê e não quer que acabe, mas ao mesmo tempo não quer parar de ler e, inevitavelmente, ele irá acabar. E se isso pode causar uma enorme tristeza, pode igualmente gerar um grande quentinho no coração. 

“Minha vó sempre foi assim. Ela sempre tinha o livro certo para a ocasião certa”

A união desses sentimentos tão contraditórios é ótima para explicar como foi minha leitura de Quinze dias.

“Eu me sinto parte. E esse é um sentimento bom”

Logo de cara recebemos uma informação importante, que está no fio condutor desta história e que afeta diversos acontecimentos: o protagonista narrador, ainda adolescente, é gordo.

“Às vezes tenho a impressão de que a lista de apelidos pra gente gorda é infinita. Claro que isso não quer dizer que seja criativa, mas fico impressionado com a quantidade de nomes que os caras da escola conseguem inventar, quando seria muito mais fácil me chamar apenas de Felipe”

Não é à toa que Felipe espera ansiosamente por suas férias

“Nunca vou entender como uma pessoa que tem metade do meu tamanho consegue fazer com que eu me sinta tão pequeno”

Como sempre, mergulhei nesta leitura tentando saber o mínimo sobre ela e fiquei encantada com o fato do título ser tão simples, mas também tão explicativo. Isso porque os planos de sossego de Felipe vão por água abaixo quando ele descobre que Caio – seu vizinho – passará 15 dias hospedado em sua casa.

“Quando você afirma uma coisa, por mais que ela esteja clara para todo mundo, ela se torna real”

Caio não é um total desconhecido: eles costumavam se dar bem na infância, passando horas e horas se divertindo na piscina.

“Eu não entendia direito o que estava sentindo, mas sei que com doze anos comecei a entrar na piscina sempre vestindo uma camiseta. E depois dos treze, nunca mais entrei na piscina”

Mas claro que a chegada da adolescência muda tudo, e Felipe torna-se cada vez mais alguém que só quer se esconder. Ele tinha, sem dúvidas, muitos motivos para isso.

“O riso tem um som desesperador quando o motivo da piada é você”

Acontece que Caio não é como os outros. E eles não precisavam ter se afastado.

“Porque quem diz a verdade abre caminho para as coisas boas”

O livro é curto e delicioso de ler. Para nós, esses quinze dias passam voando, ao mesmo tempo em que vamos, aos poucos, descobrindo mais e mais sobre seus personagens.

“Eu nunca fui corajoso. Sempre fui do tipo que aguenta calado e finge que nada aconteceu”

São muitos os temas importantes levantados por essa obra: para além da gordofobia, a obra também fala sobre homofobia, bullying, abandono paternal, terapia e a difícil fase da adolescência.

“Acho que eu sempre me mantive tão ocupado tentando não ficar mal, que eu acabei esquecendo de tentar ficar bem”

Um livro daquele que vai arrancar algumas lágrimas, gerar algumas indignações, mas também vai dar quentinhos no coração e vontade de abraçar os personagens incríveis que ele nos apresenta.

“Acho incrível como a terapia sempre faz as coisas mais óbvias parecerem a descoberta do século”

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Citações #12 — a playlist da minha vida

 

As citações de hoje são do livro A playlist da minha vida, escrito por Leila Sales e publicado no Brasil, em 2014, pela editora Globo Alt. Trago somente três passagens, mas há muitas outras na resenha que escrevi.

“Tem dias que, sabe como é, desde a hora em que acordamos até a que vamos dormir, tudo em que a gente toca se parte em mil pedacinhos” (p.85)

Quem nunca sentiu que em alguns dias tudo pareceu dar errado? São dias difíceis, tristes, solitários. Mesmo quando há alguém ao nosso lado. Alguém que está realmente fazendo de tudo para que possamos ver que não é bem assim. E mesmo nesses casos, sentimos que só estamos partindo também a pessoa em mil pedacinhos.

Às vezes o remédio é respirar fundo, ouvir uma música, dormir. É se desligar e tomar distância do problemas. É saber que tudo passa!

A próxima passagem eu destaquei simplesmente porque achei muito bonita:

“As palavras se agitavam no meu cérebro como beija-flores, renovando o ar dentro de mim” (p.173)

Gostei dessa imagem das palavras como beija-flores e como algo que renova o ar, que traz vida.

Por fim, uma passagem que também é muito bonita:

“Algumas pessoas te tratam bem só porque gostam de você” (p.196)

Não é gostoso saber quem existem pessoas que nos tratam bem sem segundas intenções, pelos simples fato de que gostam realmente de nós? Para Elise, a protagonista do livro de onde saíram essas citações, isso parecia impensável, afinal, ela era uma jovem que a vida inteira sofrera bullying e que finalmente estava descobrindo que poderia ter amigos também.

Citações #1 — Fúria Vermelha

Comecarei as citações do blog com frases retiradas do livro Fúria Vermelha, escrito por Pierce Brown e publicado no Brasil pela editora Globo Alt. Trata-se do primeiro volume da série Red Rising e é um romance de ficção científica que se passa em Marte.

É interessante como esse livro fala sobre nosso lugar no mundo e sobre força.

“Não sou tão durão quanto imaginava ser. Nenhum mergulhador-do-inferno de fato é. Nenhum home de fato é” (p.83)

“Nos lugares densos de homens, a humanidade se desintregra com mais facilidade” (p.101)

“O mundo é muito grande e frio. Sou pequeno demais” (p.326)

Fúria vermelha também faz algumas críticas à sociedade e ao poder.

“Vazia é a vida sem liberdade, Darrow” (p.52)

“Vingança é uma coisa vazia, Darrow” (p.89)

(é engraçado perceber como, no livro, essas duas citações estão relativamente distantes uma da outra, mas colocadas assim, tão perto, nos mostra o quão parecidas e complementares são).

“Poder não é uma coisa real. É apenas uma palavra” (p.115)

“Ninguém saca o jogo, porque ninguém conhece as regras. Ninguém segue o mesmo conjunto de regras. É como a vida” (p.365)

Há, ainda, uma forte presença da humanidade, que, contraditoriamente, está muito em falta na história.

“Cansado de ver todos os olhos cheios se esvaziarem” (p.124)

“Ele é feio num mundo onde deveria ser bonito e, por causa de suas deficiências, foi escolhido para morrer. Ele, de muitas maneiras, não é melhor do que um vermelho” (p.289)

“É como se ele fosse tão sensato a ponto de ser inumano” (p.423)