Quando eu descobri o que era ser eu — Alanys Aleixo

Título: Quando eu descobri o que era ser eu 
Autora: Alanys Aleixo 
Editora: Publicação Independente 
Páginas: 27 
Ano: 2021

Existem histórias curtas que nos abraçam e nos fazem pensar, mesmo que em sua pequena finitude.

“A sensação de questionar a própria existência é de estar sempre abraçada com alguém que, ao mesmo tempo que te diz (de forma extremamente vaga e confusa) o que fazer, te direciona palavras de amor e ódio e te faz sentir medo”

Em Quando eu descobri o que era ser eu, somos apresentados a Agatha Magalhães, uma jovem que, apesar de ser super fã de romances, nunca se apaixonou de verdade por alguém.

“Agatha Magalhães sempre foi tão influenciável que deixaria que os outros decidissem seus sentimentos sobre o amor”

Para ela isso não era exatamente um problema, mas atire a primeira pedra quem nunca se sentiu pressionado por ainda não ter beijado ou por ainda não ter se apaixonado e sentido tudo o que as amigas descreviam sentir. 

“Eu só queria tanto gostar de alguém, como todo mundo fazia, que criava os sentimentos dentro de mim como criava nos personagens das minhas histórias”

Com a reclusão imposta pela pandemia, porém, Agatha começa a refletir ainda mais sobre todas essas questões, até que resolve pesquisar a fundo sobre seus sentimentos, para tentar se entender.

Esta é uma história que vai nos fazer pensar sobre todos os espectros e aspectos da sexualidade e daquilo que sentimos dentro de nós.

Por meio da narrativa construída por Alanys, podemos enxergar um pouquinho mais sobre arromanticidade e assexualidade que, mesmo com a quantidade sem fim de informações que temos hoje, ainda parecem ficar escondidos nas profundezas das discussões sobre o tema.

Mesmo que não traga muitas novidades sobre o tema para quem minimamente já pesquisou sobre ele, é sempre interessante acompanhar a trajetória de alguém que está se descobrindo e descobrindo como se relaciona com o mundo (e melhor ainda é perceber como essa relação é sempre única).

Se a história te interessou, clique abaixo para saber mais. E se quiser conhecer a autora e seus trabalhos, não deixe de segui-la em suas redes sociais (Site | Twitter). 

A casa de vidro — Anna Fagundes Martino

Título: A casa de vidro
Autora: Anna Fagundes Martino
Editora: Dame Blanche
Páginas: 87
Ano: 2016

Sabe aquele livro que você termina de ler e se pergunta se realmente entendeu algo? Pois então, essa foi minha sensação com A casa de vidro. Não se trata de um texto muito rebuscado, mas bastante metafórico. Ao menos eu acho!

“Vocês têm uma obsessão por isso de normal”

A história é curta e, neste caso, isso talvez contribua para a dificuldade em entendê-la. É como se tivesse faltado algo para que o leitor pudesse realmente mergulhar no cenário proposto e entender o mundo criado pela autora. Não que seja um mundo totalmente novo também, pois uma parte dele é o nosso mundo: humano, com guerras e etiquetas, por vezes, difíceis de compreender.

“Esse mundo de vocês tem regras demais. Como vocês dão conta de lembrar de tudo?”

A casa de vidro nos apresenta Eleanor, uma jovem que vive com seu pai em uma casa cheia de empregados, e em cujo quintal há uma grande estufa — a tal casa de vidro — fruto de caprichos de seu genitor.

A vida de todos era pacata, até o aparecimento de um novo jardineiro, que passaria a se dedicar à estufa: Sebastian. Ninguém, além de Eleanor, pareceu se importar muito com o fato de que, depois que Sebastian passou a integrar o quadro de funcionários, a estufa ganhara muito mais vida, assim como a natureza ao redor dela. As pessoas só pareciam se importar, porém, com o fato dele ser “estranho”.

Até esse ponto é relativamente fácil acompanhar a narrativa, ainda que, desde o início, ela tenha saltos temporais, indicados já nos títulos dos capítulos. Mas depois de conhecer Sebastian, não é apenas a vida de Eleanor que muda. A nossa compreensão da história acaba sofrendo um pouco.

“Você diz uma coisa e sente outra o tempo todo”

Aos poucos vamos entendendo que Sebastian não é exatamente humano e, se essa é uma das raras coisas que realmente ficam claras ao longo da história, é igualmente evidente o quanto é esse personagem que nos faz refletir sobre a nossa existência neste mundo.

“E quando um humano fica triste, seu coração dói de tal forma… Que é como se fosse sólido como osso e tivesse se rachado. E aí dói”

Por outro lado, a figura de Eleanor também nos faz refletir: vivendo em uma época em que a figura feminina era totalmente dependente e submissa à figura masculina, Eleanor parece ser uma mulher diferente, uma mulher que enxerga todo seu poder e que mostra como, no fundo, as coisas não são exatamente o que parecem.

“Quando o marido morrer, também ela deixará de existir diante dos olhos do mundo”

Creio que há muito mais por trás das páginas deste curto livro do que aquilo que consegui compreender, mas isto é tudo o que tenho a apresentar a vocês.

Miniconto: Chifres — Michelle Pereira

chifres capa

Hoje é dia de apresentar a vocês o segundo miniconto do mês, escrito pela autora parceira Michelle Pereira. Um conto ainda mais instigante que o primeiro, porque ao mesmo tempo que nos deixa querendo mais, nos dá uma sensação ótima de completude. Uma história linda!

Sinopse:

Quando seu cachecol vermelho foi levado pelo vento, ela teve medo de assustar o cavalo branco que observava.

No entanto, isso o trouxe para perto.

Chifres é um miniconto do arco Contos das Terras Mágicas, um universo onde mito e realidade se misturam.

Para ler “Chifres” basta clicar aqui. Lembrando que a leitura é gratuita (e que vale a pena!)