Título: Storia di chi fugge e di chi resta: tempo di mezzo Autora: Elena Ferrante Editora: E/O Edizioni Páginas: 382 Ano: 2013 Título em português: História de quem foge e de quem fica: tempo intermédio

Sinopse
A continuação do aclamado A amiga genial. No terceiro volume da série napolitana, Lenù e Lila partem para os embates da vida adulta. Numa sequência angustiante e sem espaço para a inocência de outrora, Elena Ferrante coloca o leitor no meio do turbilhão que se forma das amizades, das relações sociais e dos interesses individuais. História de quem foge e de quem fica é uma obra de arte a respeito do amor, da maternidade, da busca por justiça social e de como é transgressor ser mulher em um mundo comandado pelos homens.
Resenha
Concluída a leitura de mais um volume da tetralogia napolitana, tudo o que consigo pensar é “caramba, não é a toa que isso aqui fez/faz tanto sucesso”.
Antes de continuar com qualquer comentário, porém, gostaria de lembrar que, em se tratando de uma resenha do terceiro volume de uma série, as chances deste post conter spoilers são altas, então prossiga na leitura por sua conta e risco.
Também aproveito para relembrar que li a história em italiano e que os trechos em português que aparecerem ao longo desta resenha foram traduzidos por mim, estando os originais ao final do post, na ordem que forem utilizados por aqui. E se quiser ler minhas resenhas anteriores, basta clicar aqui e aqui.
Agora sim: vamos ao que interessa!
Neste terceiro volume, temos uma Elena mais madura e, devido ao distanciamento (principalmente físico) de Lina, mais livre das influências (que ainda não vejo com bons olhos, mesmo que agora a Lina esteja levemente menos impalatável para mim) da amiga.
“Sabia com clareza, agora, que cultivar a nossa amizade só era possível se segurássemos nossas línguas”.
Ainda assim, é notável a dependência que nossa autora protagonista tem com relação a esta personagem e o quanto isso molda seu caráter e suas ações.
“Aceitar que eu era uma pessoa mediana”
Os assuntos abordados neste volume não são menos pesados que os vistos anteriormente, se fazendo ainda mais presente as questões políticas da época.
“Bons ou maus, os homens acreditam que cada tarefa deve colocá-los em um pedestal como São Jorge matando o dragão”
Consequentemente, se discute muito sobre máfia e fascismo e o quanto as relações sociais e políticas estão à mercê de forças violentas como essas.
“Quantas pessoas que foram crianças conosco não estavam mais vivas, desaparecidas da superfície terrestre por causa de doença, porque os nervos não aguentaram a dureza dos tormentos, porque o sangue delas foi derramado”
O medo também não poderia deixar de se fazer presente em um contexto tão duro. Lenù teme pelas pessoas que ama, de diferentes formas. Teme por Pietro, por suas filhas, por seus amigos e parentes, por si mesma.
“Assim que eu descia do trem, me movia com cautela nos lugares em que cresci, tomando o cuidado de falar sempre em dialeto, como se para mostrar ‘sou uma de vocês, não me façam mal'”
Ah, sim, nossa protagonista se casa e se torna mãe ao longo deste volume. Também com medo, não só pelas violências, mas por aquilo que ela se tornará a partir do momento em que passar a viver na pele este novo papel: o que ela terá de deixar de lado? O que será da vida dela dali para frente? Ela está pronta para isso?
“Era urgente que eu me habituasse, portanto, àquele novo pertencimento, em especial eu deveria ter consciência dele”
E a solidão bate forte à sua porta. Um retrato fiel do que significa ser mãe para muitas mulheres, ainda hoje.
“eu estava grávida pela segunda vez e, no entanto, vazia”
Inclusive quase não há personagens novos neste livro, ainda que (ou justamente por isso) Lenù viva boa parte da história longe de Napoli.
“Me sentia frágil e sozinha”
Em Storia di chi fugge e di resta continua a se fazer central as relações sociais e os laços que fazemos e desfazemos ao longo da vida.
“Mas o costume de fazer confissões tão bem articuladas, nós duas, com quase vinte e cinco anos, não possuímos”
Este volume começa com a lembrança de que toda a história foi escrita anos depois dos acontecimentos narrados, a partir de um desaparecimento de Lila. Mas ao longo dessas páginas, que logo voltam ao passado que nos está sendo apresentado, percebemos diversos outros momentos de aproximação e afastamento entre Lila e Lenù e também entre outros personagens da série.
“Que lembrança conservava do nosso amor, admitindo que conservasse alguma?”
Em vários momentos somos relembrados, também, do papel central que os estudos têm nesta história. Sua importância para que a protagonista possa ir muito além, o que inclusive dá vida ao título deste livro.
“O essencial era sair de Napoli”
Ao mesmo tempo, porém, há uma forte crítica à “hipocrisia acadêmica”, ao fato de que muito se fala, muito se teoriza, mas pouco há de concreto ali para uma sociedade regida pela violência.
“Vocês professores insistem tanto no estudo porque com isso ganham o pão, mas estudar não serve para nada, nem mesmo nos melhora, pelo contrário, nos torna ainda mais malvados”
E, como não poderia faltar, ainda mais no momento em que Lenù se torna realmente adulta, deixa suas origens, se casa, tem filhos e redescobre o amor, Storia di chi fugge e di chi resta faz boas críticas à sociedade machista em que vivemos.
“Uma comunidade que acha natural sufocar com o cuidado dos filhos e da casa tanta energia intelectual feminina, é inimiga de si mesma e nem mesmo percebe”
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“Sapevo con chiarezza, ormai, che coltivare la nostra amicizia era possibile solo a patto che tenessimo a freno la lingua”
“Accettare che ero una persona media”
“Buoni o cattivi, gli uomini credono tutti che a ogni loro impresa devi metterli su un altare come san Giorgio che ammazza il drago”
“Quante persone che erano state bambine insieme a noi non erano più vive, sparite dalla faccia della terra per malattia, perché la nervatura non aveva retto alla carta vetrata dei tormenti, perché era stato versato il loro sangue”
“Appena scendevo dal treno, mi muovevo con cautela nei luoghi dove ero cresciuta, badando a parlare sempre in dialetto come per segnalare sono dei vostri, non mi fate male”
“Era urgente che mi abituassi dunque a quella nuova appartenenza, soprattutto ne dovevo avere consapevolezza”
“Ero per la seconda volta pregna e tuttavia vuota”
“Mi sentivo fragile e sola”
“Ma la tradizione per confidenze così articolare noi due, a quasi venticinque anni, non ce l’avevamo”
“Che memoria conservava del nostro amore, ammesso che ne conservasse ancora una?”
“L’essenziale era andarmene da Napoli”
“Voi professori insistete tanto sullo studio perché con quello vi guadagnate il pane, ma studiare non serve a niente, e nemmeno migliora, anzi rende ancora più malvagi”
“Una comunità che trova naturale soffocare con la cura dei figli e della casa tante energie intellettuali di donne, è nemica di se stessa e non se ne accorge”
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