Cidade das Mandalas — Nayara Van Dike

Título: Cidade das Mandalas 
Autora: Nayara Van Dike 
Editora: Publicação independente 
Páginas: 204 
ano: 2022

Paris, a cidade luz, geralmente associada a histórias românticas, ganha novas características em Cidade das Mandalas, da autora Nayara Van Dike.

“Por que ir para Paris significa abandonar?”

Nesta história não é (somente) o amor que está no ar, mas também a poluição em níveis exorbitantes, o que confere à narrativa um quê apocalíptico.

“As pessoas estavam em suas casas, respirando seus ares menos poluídos, debatendo-se contra os seus demônios”

Aliás, é difícil não traçar paralelos entre o que acontece ao longo das páginas deste livro e o que vivemos em 2020 e 2021, ainda que os motivos que levem à quarentena forçada (e indesejada) sejam diferentes (mas não por completo). 

Kundalini, a jovem de nome diferente, perde seu emprego justamente quando a situação em Paris começa a tornar-se insustentável e a cidade precisa ser esvaziada.

Mas é também nesse momento que ela reencontra seu amigo de infância, com quem inicia um relacionamento, principalmente por toda a ligação deste com seu falecido pai, cuja morte Kundalini ainda tem muito a digerir dentro de si.

Perdida em pensamentos e sentimentos, porém, Kundalini encontra outra pessoa que irá transformar sua vida: Michel.

“Tinha bons amigos, mas nenhum deles me ajudou, apenas Michel”

Assim, entre tentar entender os sinais de que ela precisa superar seu passado, do que ela deseja para um relacionamento, de quem é ela, Kundalini se perde e se encontra pelas ruas de Paris, tanto as que ela já conhece quanto pelas que ela ainda vai conhecer.

A narrativa mistura realidade e fantasia de maneira muito natural e nos faz mergulhar num universo entre o palpável e o onirico, nos ensinando um pouco sobre outras culturas e, principalmente, sobre como o exterior é um reflexo do nosso interior. 

São muitas metáforas que nos fazem pensar e buscar dentro de nós respostas que não sabíamos que estávamos precisando.

Um livro para ser lido com calma, porque ele tem uma força difícil de explicar. É uma daquelas obras que, cedo ou tarde, cairá nas suas mãos no momento certo. Ou então que você pode fazer chegar a quem mais precisa.

A obra está disponível na Amazon (clique abaixo) e indico fortemente que você conheça mais do trabalho da autora, não apenas através de suas histórias, mas também visitando o seu site recheado de materiais úteis para autores e interessantes para leitores.

O casamento — Tayana Alvez

Título: O casamento
Autora: Tayana Alvez
Editora: Publicação independente
Páginas: 336
Ano: 2020

Como a própria Tayana nos revela, O casamento era para ser apenas um conto que nos mostrasse o que vem depois do “felizes para sempre”, mas, felizmente, ele virou uma história bem maior e intensa.

“Foi completamente inevitável amá-la com todo o meu coração”

Ao longos das páginas deste livro não são poucos os sentimentos que vêm à tona. E não é à toa, portanto, que uma das coisas que mais fica evidente nesta narrativa é importância da terapia.

“O amor é superar as adversidades, suportar o outro, engolir o próprio orgulho e despir a alma. Amar é estar vulnerável”

Uma vez mais nos encontramos com Júlia, Robert, Annabelle e Alice. Agora, porém, eles estão começando a construir uma família. E, outra diferença com relação a O irlandês é que, neste volume, os capítulos se alternam entre Júlia e Robert, e alguns trechos inclusive retomam passagens do primeiro livro, conectando ainda mais as histórias.

“E talvez o amor seja isso, duas pessoas com problemas e imperfeitas que lutam para fazer dar certo diariamente”

Outra coisa que achei muito interessante é que este livro se passa na pandemia! Sim, na pandemia que ainda estamos vivendo. Ou seja, pela primeira vez vi, em uma história, os personagens em quarentena, usando máscaras e álcool gel ao sair… Foi uma experiência bem diferente. E lembrando que a história se passa na Irlanda, então tive um gostinho de como as coisas se desenrolaram por lá no ano passado.

“Não é o melhor dos mundos conviver constantemente com uma ameaça”

O que me encanta e me surpreende nas histórias da Tayana é como ela consegue nos entregar um relacionamento tão real e tão encantador. E claro que, neste livro, não seria diferente: Robert e Júlia têm ainda muitas marcas da vida que precisam superar. Mas quem não tem? Que casal é 100% do tempo totalmente seguro de si?

“O amor não é sobre merecer, é sobre encontrar alguém, entre bilhões de pessoas no mundo, que te aceite com os seus defeitos e com quem você, apesar dos defeitos dela, queira viver a vida inteira ao seu lado. O amor é muito mais sobre ser grato pelo encontro de duas almas do que um atestado de merecimento”

Esse discurso sobre merecimento pega lá no fundo, né? Quem nunca sentiu que “não era suficiente” para alguém que ama/amava? E isso aparece em diversos momentos da história, tanto por parte de Júlia quanto de Robert.

“Mulheres negras têm sorte quando o namorado as apresenta para os amigos e anda de mãos dadas com elas na rua”

Mas O casamento vem para nos lembrar que nenhum casal é perfeito, porém que a harmonia pode existir se houver, em primeiro lugar, diálogo (e amor e respeito, claro, mas isso esse casal já demonstra desde o primeiro volume).

“Rob e eu tínhamos um diálogo super aberto, até não termos mais. Não me isento de culpa porque eu também me calei por muito tempo, mas a diferença é que eu cedi e ele não”

Eu sempre digo isso em minhas resenhas das obras da Tayana Alvez, mas vou dizer novamente: vale a pena conhecer cada uma delas. Para além de um romance envolvente, a autora sempre tem algo novo a acrescentar às nossas reflexões, além de uma visão que poucos encontramos por aí: a de uma mulher negra que sabe o que é ser brasileira e que também sabe o que é viver em outro país.

“Apesar de tudo, nem nos meus sonhos mais esperançosos imaginei que Robert estaria aqui por mim e pelas minhas cicatrizes e não por ele”

Se você se interessou por O casamento, não deixe de clicar aqui e saber mais sobre esse livro maravilhoso.

Tatianices recomenda [12] — Forest

Depois de um tempinho sem postar nada nessa seção, hoje eu resolvi falar sobre um aplicativo que eu sempre acho que todo mundo conhece, mas percebi que não é bem assim. E trata-se de um aplicativo que pode ser muito útil nesses tempos de quarentena e home office. Então, sem mais delongas, apresento a vocês o Forest.

Trata-se de um aplicativo que te “impede” de mexer no celular durante o tempo que você escolher (entre 10 e 120 minutos). E ele faz isso de uma maneira simples, mas lúdica (ok, não sei se esse é o melhor adjetivo a se usar aqui).

A ideia é a seguinte: você tem de plantar uma árvore. Para isso, é preciso ficar longe do celular. Se você precisar usá-lo e, portanto, sair do Forest, sua árvore morre. Pode parecer bobo, mas é muito triste ver aquela arvorezinha morta no seu jardim!

E existem diversos tipos de árvores a se plantar e elas ficam diferentes conforme o tempo que você estipula para que elas cresçam. Quando você completa seu objetivo, recebe moedas por isso e, com essas moedas, pode comprar novos “modelos” de árvores.

O slogan desse aplicativo é stay focused, be present (mantenha-se focado, seja presente), no sentido de que, se você focar para fazer as suas coisas, te sobrará mais tempo para estar com quem ama. Por isso que eu digo que ele pode ser um bom aliado nesses tempos em casa…

Tenho usado muito o Forest para fazer valer o método pomodoro, que consiste em intercalar o trabalho (ou momento produtivo) com um pouco de descanso. Algumas pessoas costumam fazer é 25 X 5, isto é, 25 minutos trabalhando e 5 descansando. No meu caso, preferi adotar o que outras pessoas fazem também: 50 X 10, ou seja, 50 minutos trabalhando e 10 descansando. Isso significa que passo 50 minutos focada e aproveito esses 10 minutos não apenas para me levantar, mas também para responder mensagens no whatsapp, conferir alguma rede social, olhar o email.

É engraçado como faz diferença! Minha mente não para quieta um minuto e muitas vezes estou trabalhando e penso “nossa, preciso conferir meu saldo”, “nossa, será que eu respondi aquela mensagem”, “ah, vou conferir rapidinho essa notificação aqui”, . Sem o Forest eu vou lá e checo tudo isso no momento em que penso, perdendo totalmente a minha concentração. Com ele não, eu penso “bom, depois eu vejo isso”, e sigo trabalhando.

Vocês já conheciam esse aplicativo ou outro semelhante? Ele te ajuda?