Demorei tempo demais para finalmente conhecer a escrita do Vitor Martins, mas já dizia o ditado “antes tarde do que nunca” (até porque seria triste demais passar por essa vida sem nunca ler nada do autor).
Um milhão de finais felizes foi publicado em 2018 e, de maneira leve — mas ainda tão necessária hoje — consegue abordar temas de extrema importância, falando, por exemplo, sobre ansiedade.
“Será que algum dia no futuro meus problemas de hoje também parecerão pequenos?”
“Percebo que esse é meu ideal de felicidade. Estar junto sem medo de que alguma coisa ruim vá acontecer a qualquer momento”
Também retrata as dificuldades da vida, os sentimentos e a força que cada um pode ter dentro de si.
“— Eu sei que eu ainda estou meio quebrado por dentro, mas eu não sou frágil”
Outra temática que permeia toda a obra (e não apenas essa, mas tantas outras do autor) é o da homofobia.
“Saber que meu pai prefere um filho drogado do que um filho gay me causa uma dor diferente de todas as dores que eu já senti”
Se você quer saber mais sobre esta história, clique abaixo para ler a resenha completa.
Recesso, do autor Claus Castro, foi uma leitura que me apareceu do nada, graças ao contato do próprio autor, e que me fez pensar em alguns (vários) assuntos, que retomo aqui, com alguns trechos que destaquei ao longo da leitura e que ficaram de fora da resenha.
O primeiro deles é a nossa memória: aquilo que lembramos e esquecemos, por querer ou pela passagem do tempo.
“Lembrar é um presente me tomando o futuro e este tempo é um sono do qual não posso despertar”
“Algo morre em você e você não consegue continuar sendo a mesma pessoa. Você se perde, no amor ou nessa ausência, e passa a ser tudo aquilo que detestava, para esquecer, para não esquecer, para tampar o rombo no seu peito com a continuação de uma história que já terminou”
“Você esconde no fundo de um álbum no celular uma foto de alguém que não vê há dez anos”
“Toda vez que ficamos, estamos deixando algo para trás, um lapso, uma oportunidade ou o início de uma memória que seja”
Tempo, aliás, é outra temática muito presente, e o autor nos faz pensar sobre a História e o que estamos fazendo com nossas vidas.
“Três revoluções industriais, e a tecnologia foi capaz de nos aproximar de tudo, menos de nós mesmos”
“Quando nasci havia um muro, e pessoas morrendo por uma liberdade em cima dele. Hoje somos livres e vivemos nossas vidas construindo barreiras entre nós”
“A história não era linear, não éramos lineares, nossas histórias não passavam de linhas que ora se trançavam e ora se desembaraçavam numa grande fiação de mais um maquinário que nos roubava”
O narrador possui uma amargura muito visível e, por isso, essas temáticas são tão densas, assim como quando ele fala sobre a relação que temos uns com os outros e como deveríamos estar mais verdadeiramente presentes.
“Mal saíamos de casa e nos sentíamos tão sozinhos, nossas dores não eram mais capazes de nos unir de nos fazer encontrar no outro um ombro para desabar”
“Antes precisávamos de pessoas que falassem, agora precisamos de pessoas que possam escutá-las”
“Nunca antes se falou tanto em amor e nunca antes quisemos ser verdadeiramente tão amados”
Relacionamentos, aliás, estão no cerne dessa narrativa, e nos despertam muitas reflexões.
“Quem era ela pra querer um homem em mim? E quem era eu pra querer uma mulher nela?”
“Mulheres… o que fazer com elas? O que faríamos sem elas? O que estaríamos fazendo se fôssemos elas?”
Há um destaque especial para a dor, presente em diversos momentos da narrativa.
“Não há como combater a dor com a dor, tudo que se tira disso é mais sofrimento”
“A dor é tudo que me move”
Barulho e silêncio também aparecem em tantos outros momentos da história.
“O barulho te assusta num primeiro momento, mas o silêncio pode trazer à tona muitas outras palavras que não foram escutadas”
“Não há conversas, nem murmúrios, só o que existe é o caos, e você em silêncio querendo lutar contra isso”
Recesso é uma leitura que ecoa muito em nós por, além dos temas já mencionados, trazer uma profunda reflexão de um eu que não sabe bem que é e porque veio ao mundo.
“Diziam que eu poderia ser tudo o que quisesse, porém não consigo nem ser eu mesmo”
“Não importa quanto tempo passe, eu ainda estarei aqui. E acho que é isso o que mais me desespera”
“A vida estava tentando me ensinar uma lição, que eu nunca poderia aprender”
E por nos lembrar constantemente de que a vida não é fácil.
“Por que é que quando a coisa resolve andar é aí que ela volta pior do que antes?”
“Aceitar que a vida é um caminho difícil não vai tornar as coisas mais fáceis; no entanto, isso tornará as que seguirem assim verdadeiras”
Concluo este post com uma passagem que vai dar muito o que pensar e convido você a saber mais sobre este livro através da minha resenha.
“A barbárie está na indiferença, no cruzar dos braços. Não mexe um músculo move muito mais coisa que se pode imaginar”
Digo e repito sempre: sou muito fã dos livros da Tayana Alvez e com Um fake dating com benefícios, publicado em 2024, não foi diferente. Por isso, hoje trago alguns (vários) trechos que ficaram de fora da resenha.
O que mais me encanta na escrita da autora é que ela consegue abordar, de maneira inteligente e envolvente, temas muito importantes. Neste livro, posso citar, por exemplo, a forma como a autora trata das marcas deixadas pela pandemia do coronavírus.
“Contudo, o fim da pandemia devolveu o sol para uma vida que, até então, era de um inverno constante e me permitiu, aos poucos, conseguir sair de casa, reconquistar uma rotina ‘normal’ e interagir com as pessoas sem que o pânico que a doença me causou por anos me dominasse”
“E, por Deus, o covid tirou muitas coisas de mim, não tinha a menor chance dele tirar toda a minha vida das minhas mãos também”
“Dois anos se passaram desde o fim do caos, mas alguns de nós vão ter sequelas para sempre”
Por outro lado, como o próprio título da obra talvez possa sugerir, um dos temas centrais é, sem dúvidas, o amor e suas complexidades.
“Só que, ainda assim, não posso fingir que não sinto nada, quando a verdade é que, todas as vezes que termino de ler a lista antes de ir a um dos nossos encontros, uma voz alta e clara toma minha cabeça dizendo que está tudo bem ele ser um problema. Afinal, eu sempre fui uma aluna nota dez em matemática”
“Isso não é paixão e muito, muito menos, amor. É só nostalgia e carência”
“Mas no amor os resultados lógicos raramente existem”
“Já ouvi que o amor é um sentimento, é o encontro de dois acasos, é uma escolha, mas a verdade é que o amor é exatamente como o mar: uma força, irrefreável e impiedosa, que lança nossas certezas por terra e acaba com cada plano que temos para contê-lo; amar alguém é incrível na mesma medida que perigoso”
“Beijar na boca é gostoso. Beijar alguém por quem você se atrai é uma delícia. Mas nada se compara a beijar a única mulher pela qual você sempre foi apaixonado”
“Eu sou maluco por essa mulher. Ela gosta de mim. E isso devia ser o suficiente”
“Se gosta tanto de mim, por que me largou aqui sozinha, Guilherme?”
“Na verdade, o amor que vejo em seus olhos todas as vezes que ele olha para mim é o mais perto que cheguei do meu coração explodir em anos”
“Queria odiar essa sensação. Queria detestá-lo, lembrar o tempo inteiro que ele foi embora e como foi, mas é o que Nina me disse: não consigo”
“O amor é a linha invisível que nos liga à lucidez. O amor é a força invisível que nos impulsiona a seguir”
“— A gente ama as pessoas apesar das coisas, não por causa das coisas, Beatriz”
“Qual verdade? — A de que a vida pode ser boa de muitos jeitos, mas não vale a pena sem amor”
Acredito que muitos dos trechos acima também vão nos levando a outro ponto importante para esta narrativa: o passado e alguns erros que ele esconde.
“São letras sobre amor, dor e culpa. Cada uma delas conta os fragmentos de uma história que jurei deixar morta e enterrada no passado”
“E eu gostaria que isso não fosse uma lembrança, mas é”
“Nós éramos fortes, feitos para nunca quebrar. E a única coisa que nos mantém longe é eu não saber porque nós quebramos”
“Talvez contar o que aconteceu não destrua tudo no fim das contas”
“Nós sabemos. Temos completa certeza de que o passado vai nos destruir”
“Na verdade, o tempo não cura nada”
“Mas o passado não é um lugar no qual a gente possa mexer…”
“Talvez não exista culpa, talvez as coisas tenham acontecido como deveriam e foi uma sucessão de equívocos que nos trouxe até aqui”
Uma história que carrega muitas dores, mágoas e a necessidade do perdão.
“Dois milhões de justificativas para dar, mas vejo em seus olhos escuros e perdidos que ela não se importa. Não mais”
“Às vezes, tudo que você precisa é de uma pessoa que ame de todo o coração bebendo água de coco na orla com você, depois de uma manhã de trabalho. E, às vezes, tudo o que o outro merece é o melhor de você depois de tanto tempo encarando apenas o pior e decidindo ficar”
“Você me traiu da pior forma que alguém pode trair outra pessoa: jurando que era pro meu bem”
“Perdoar, nunca vai significar esquecer”
Outra coisa que chama a minha atenção na escrita da Tayana é a sua capacidade de criar personagens tão reais e, também, tão incríveis. A forma como ela retrata o ser humano é precisa, marcante.
“Homens sensíveis são perigosos, eles cuidam de você, cantam para você e aí, pronto, você dorme agarrada neles. Mais especificamente, sendo a parte de dentro da conchinha”
“E todas essas pequenas grandes coisas fazem da minha amiga o meu xodó, aquilo que me traz esperança na humanidade”
“— Às vezes, as pessoas acham que sabem o que estão fazendo quando, na verdade, não têm a menor ideia”
E, claro, ela não se esquece jamais de colocar pessoas pretas como protagonistas, fazendo questão de nos lembrar do básico.
“É bom, é simplesmente bom saber que pessoas pretas e periféricas também conseguem realizar sonhos”
Por fim, acho importante destacar que os livros dessa autora sempre nos deixam lições marcantes, que com certeza vão variar muito de pessoa para pessoa, de acordo com o momento que estamos vivendo e aquilo que acreditamos, mas que, de uma forma ou de outra, estarão ali, ecoando em nós.
“Tentar fingir que você não quer ser feliz quando tudo o que precisa está a dois passos?”
“A vida é maior. Maior que a dor, a insegurança, a reclusão e o rancor”
Se você gostou dos quotes que encontrou aqui, não deixe de ler a resenha completa, para saber mais sobre este livro!
Quero andar de mãos dadas, como comentei na resenha, foi uma obra que comecei a ler sem esperar muita coisa e que me surpreendeu bastante.
“Algumas coisas chamam nossa atenção e nos fazem ficar presos a elas de uma maneira quase hipnótica”
A obra, escrita por Victor Lopes, aborda diversos assuntos delicados, mas necessários, como as mentiras que contamos, muitas vezes numa tentativa de nos proteger ou sobreviver.
“As mentiras da minha vida ficavam cada vez maiores e nada de bom surgia delas. Nada de bom. Só surgia dor”
“Mais uma mentira contada. Agora era só esperar pela próxima”
No caso desta história, essas mentiras são a forma que os protagonistas encontram para se defender num mundo que, mesmo se dizendo tão evoluído, ainda é tão retrógrado.
“Deveria ter colocado um ponto final, pois sei melhor do que ninguém que não vai dar certo, que não posso gostar dele e deixar acontecer o que quer que seja que poderia acontecer”
“— A verdade é que nós sempre precisamos fazer as coisas mais comuns meio escondidos, isso se não quisermos que nos xinguem, ou nos batam ou tentem nos matar. Desculpa, não queria te assustar.
— De boa. Eu sei como é. 2014 e as pessoas ainda não aceitam”
“Meus sonhos de encontrar alguém por quem eu me apaixonasse trouxeram com eles o pesadelo da realidade”
“As pessoas me olhavam e eu tinha certeza de que elas viam em meus olhos o que acontecera, conseguiam ver minhas mentiras e me julgavam por ser gay. É isso o que as pessoas fazem, não importa quem sejam. Nada importa para elas se você não for igual a elas”
E, como não poderia deixar de ser, o medo se faz bem presente.
“Talvez esse seja o motivo pelo qual não nos falamos normalmente ontem, porque estamos com medo de nossos sentimentos”
“Resolvi enfrentar esse medo, mesmo sabendo que não podia haver muitas consequências positivas”
Medo esse que faz um dos protagonistas não conseguir agir como gostaria. O impede de ser quem realmente é.
“Eu não posso ser outra pessoa, ainda que queira”
“Essa minha cara é a cara de alguém que não pode ser quem é e não pode viver o que quer por medo do que vocês vão fazer e pensar e do que vai acontecer com nossa família”
“Cada coisa que eu deixava de fazer para poder manter meu segredo, era uma tonelada a mais colocada sobre meus ombros”
“— Eu estragaria tudo para eles.
— Você prefere estragar tudo para você?
— É só o que posso fazer agora”
“Eu não posso fazer o que quero fazer e preciso aceitar isso”
“Eu fiz um pedido. Pedi que tudo mudasse. Pedi que eu pudesse viver”
Uma hora, porém, quando guardamos demais dentro de nós, as coisas acabam extravasando.
“E certo dia foi exatamente o que aconteceu. Eu explodi”
À espreita, nesta história, há muito mais. A morte, principalmente, está sempre rondando, de mãos dadas com muita angústia e ansiedade.
“Um dia eu chegaria da escola e ela não estaria mais lá. Eu só torcia para que esse dia não fosse hoje”
“Eu não via como era possível existir desse jeito com coisas tão boas acontecendo e sendo substituídas, transformadas quase num passe de mágica, em sentimentos desesperadores”
“Depois de um fim, algo começa”
“E eu fiz. Às três e meia da manhã, eu fiz a dor por dentro parar. A dor por fora era muito mais libertadora. No meio do quarto escuro tudo ficou vermelho e eu vi todas as luzes se apagarem antes mesmo de conseguir pedir ajuda”
Porém nem só de dor e tristeza vivem as páginas desta obra. Há também muito amor e companheirismo.
“Meu mundo estava em meus braços e eu não queria largar”
“Por fim, acho que fiz a coisa certa, por mais doloroso que possa ser para ele, eu precisava tocar no assunto, mostrar que estaria ao lado dele e que existem coisas mais importantes do que o que a família pensa sobre ele. Mas será que eu disse tudo isso?”
Se você se interessou por esses trechos, leia a resenha completa clicando abaixo e garanta seu exemplar.
No meu lugar foi uma leitura forte que realizei este ano.
Escrito por Jorge Castro, o livro aborda temas importantes e assuntos pesados. Talvez por isso a lembrança seja algo difícil ao longo da história.
“Lembrar é doloroso. Desperta outros medos”
Assim como o medo é uma presença constante.
“Tudo pode acontecer. E pode ser bem ruim”
Mas onde há medo, também há coragem.
“É corajoso deixar o mundo saber que você existe”
Aliás, há personagens corajosos também, e cheios de personalidade.
“Carol não puxou em nada as características do irmão. Aventureira nata, desde pequena. Nunca gostou de ser limitada”
Mas, sem dúvidas, a principal lição da obra é a necessidade de sermos quem somos, independentemente do que os outros dizem (ou pensam).
“A gente só consegue ser feliz quando para de se preocupar com a forma como os outros veem nossa casa, e passa a focar no que realmente importa: se sentir bem dentro dela”
Se quiser saber mais sobre No meu lugar, não deixe de ler a resenha completa clicando abaixo.
Difícil saber como será o nosso futuro, quando tantas mudanças nos cercam em um intervalo de tempo tão curto.
“Quando simplesmente nada acontece, ninguém sabe exatamente o que fazer…”
Mas poder brincar com as possibilidades que essas incertezas nos trazem é algo que pode render boas histórias, como as que compõem a antologia Clones de Verão, do Pedro Henrique, que soube explorar isso de diferentes maneiras.
Das histórias mais possíveis às mais impossíveis, o autor nos faz ir e voltar no tempo com uma facilidade incrível, ao mesmo tempo que nos faz rir e nos coloca para pensar em assuntos que nos são tão cotidianos, mas sob uma nova perspectiva.
“E aqui estamos nós, vivendo num trabalho de quinto ano”
Por isso, eu não poderia deixar de trazer esses quotes que ficaram de fora da resenha e, assim, compartilhar um pouco mais dessa obra.
“Em comparação com o restante do universo agora conhecido, nada é realmente ‘grande’”
Para fechar, deixo duas das melhores passagens do livro, que dialogam de maneira intensa com a nossa realidade e que são como dois socos no estômago.
“A felicidade é complicada, porque não pode ser medida em níveis ou formas”
“Como eu disse, o ambiente de trabalho põe à prova o limite da civilidade e ética”
E aí, acha que este livro pode te interessar? Então dá uma lida na resenha completa e já garanta o seu exemplar!
Ano passado li diversas obras com protagonismo LGBTQIA+ e, dentre elas, estava a antologia Resilientes, organizada pela Se Liga Editorial e publicada em 2019.
Ao longo da resenha, comentei que a pluralidade se faz presente nesta obra não apenas nos personagens, mas também nos gêneros e temáticas que ela traz.
A começar, claro, pelos relacionamentos humanos. As histórias falam muito de amor — e seus lados bons e ruins —, mas não só.
“Afíba não distinguia suor de lágrima. Em pé no ônibus, se entortava para apoiar a cabeça no ombro de Tom, que, ignorando a sauna humana que era o amigo, se deixava abraçar, repetindo a frase que vinha recitando durante o percurso até a rodoviária no centro do Rio de Janeiro: — Migo, vai ficar tudo bem. Ele não te merecia”
(A sétima onda — Juan Julian)
“Vidas que se tocam em algum momento, cujas órbitas se afastam naturalmente”
(Sob(re) o som das árvores — Laís Lacet)
“Te amar foi vermelho – um ardente vermelho”
(Colorido — Luke Marcel)
“Aprendi que o amor não precisa machucar para ser recíproco, que não precisa queimar para ser bom e nem sangrar para ser verdadeiro”
(Colorido — Luke Marcel)
“Mas, sinceramente, acho que só comecei a entender de coração partido quando descobri que a frase ‘eu te amo’ pode ser uma arma usada somente para conseguir algo de alguém”
(Essência — Marta Vasconcelos)
“É engraçado como a linha entre amor e ódio é tênue”
(Doce vingança — Marcela Cardoso)
A dor — em suas diversas formas e intensidades — também marca uma notável presença ao longo das páginas.
“Havia muito, Ana observava o mundo com olhos gelados. Não se importava com ninguém, só vagava solitária, tendo a dor como única companheira”
(Setembro — Maria Freitas)
“Por que tanta dificuldade em entender o outro? Se alguém diz que está sofrendo, dê a mão, faça um café, ofereça ajuda”
(Setembro — Maria Freitas)
“A dor muda criaturas diferentes de formas diferentes, ela dizia quando eu a questionava”
(Sob(re) o som das árvores — Laís Lacet)
“Será que existe um lugar para onde vão as palavras não ditas, ou elas ficam eternamente machucando e se remoendo dentro de nós?”
(Notas de liberdade — Jean Carlos Machado)
Alguns trechos já apontam outro assunto que não poderia faltar nesta antologia: a solidão.
“Também… Mas o que me mata é a solidão. É falar e ninguém ouvir”
(Setembro — Maria Freitas)
“O pôr do sol que vi sem a sua companhia mostrou-me o quanto uma cor quente pode ser fria e solitária”
(Colorido — Luke Marcel)
E alguns contos fazem um importante questionamento sobre quem realmente está ao nosso lado.
“Você alguma vez já parou para se perguntar se esses seus amigos vão estar ao seu lado no momento mais difícil da sua vida?”
(Destino irônico — Felipe Ricardo)
“Se minha família não me apoia, como esperar que os outros o façam?”
(Notas de liberdade — Jean Carlos Machado)
Lembrando, também, que não podemos viver pelos outros (e deixar de viver).
“Depois que você morre, não dá mais para viver”
(Setembro — Maria Freitas)
“Enxerguei através dos seus olhos tudo o que eu não era e tudo aquilo que nunca poderia ser. E acho que isso me atraiu”
(Colorido — Luke Marcel)
“Mandou eu me cuidar, porque não faria isso por mim”
(Colorido — Luke Marcel)
“A única coisa que eu sei é que você nunca vai se perdoar se não escolher a sua felicidade”
(Instituto Santa Bárbara — Thalyta Vasconcelos)
“Não gosto de causar transtorno às pessoas, nem de magoá-las, decepcioná-las, mas não está dando para fugir disso nos últimos meses”
(Matéria de capa — Dane Diaz)
“Feio é você deixar de ser feliz, com medo do que os outros vão pensar”
(Destino irônico — Felipe Ricardo)
“Você não pode viver sua vida tentando enganar a eles e a si mesmo. Não é justo com eles e não é justo com você”
(Certezas — Rafaela Haygett)
O conto Colorido foi um dos que mais chamou minha atenção, por usar as cores para falar dos sentimentos.
“De todas as cores que conheço, a rosa foi a que mais me aterrorizou”
(Colorido — Luke Marcel)
“O meu desejo foi vermelho em todos aqueles dias que passei sentindo a sua falta”
(Colorido — Luke Marcel)
“Amarelo foi a luz que enxerguei no dia em que resolvi me assumir, finalmente deixando aquele armário escuro e assombrado”
(Colorido — Luke Marcel)
Mas esta não foi a única história na qual a arte se fez presente.
“Tudo ao seu redor era construído, nada era real, nada era palpável”
(Pintura na parede — Luciana Cafasso)
“Tem a sensação de poder conhecer o mundo por trás de cada pincelada, por trás de cada escultura”
(A palavra de ordem: resistir — Tauã Lima Verdan Rangel)
Em suma, Resilientes é uma antologia que fala sobre sentimentos, caos, dores, amores, lembranças, momentos, preocupações…
“Tem um monte de coisas que você não sabia. A culpa é minha por não ter conseguido te contar”
(Debaixo da chuva — T. S. Rodriguez)
“Tudo nela era caos e tudo em mim foi atraído para o seu redemoinho”
(Sob(re) o som das árvores — Laís Lacet)
“Tudo o que me restou foram os momentos ruins”
(Colorido — Luke Marcel)
“Não sei se o destino existe, mas, se sim, ele é muito irônico”
(Girassóis — Beatriz Avanci)
“Sabe quando você alimenta um sonho, mas, quando ele se realiza, parece que alguma coisa está fora do lugar?”
(Doce vingança — Marcela Cardoso)
“Realmente odiava como podia me preocupar com as mínimas coisas por nada”
(Certezas — Rafaela Haygett)
“O jovem sente um cansaço de tudo, está enfadado da mesmice dos dias, da vida, dos amigos, dos projetos… Enfim, da existência humana”
(A palavra de ordem: resistir — Tauã Lima Verdan Rangel)
Se você se interessou por esses contos, clique abaixo para saber mais.
Despretensiosamente, As luzes em mim, de Roberto Azevedo, foi me conquistando ao longo da leitura. Foram muitos fatores que contribuíram para isso e hoje trarei alguns aqui, para além daquilo já mencionado na resenha.
Uma das coisas que mais gostei, por exemplo, foi a presença das cores na narrativa.
“Utilizar as cores que não pode mais ver para se curar”
“Qual seria a cor do fim?”
E a presença delas é ainda mais interessante quando pensamos que o protagonista perdeu a visão quando era apenas uma criança.
“As luzes dentro de Marcos já não são as mesmas”
E claro que esse acontecimento molda sua vida, mexendo com seus sentimentos e seu crescimento, impondo muita solidão ao protagonista, algumas dores, mas também alegrias e descobertas.
“Nunca na vida, Marcos se sentiu tão só”
“Os sentimentos puros e recíprocos, quando existem, simplesmente transparecem”
“A felicidade, às vezes, constrói falsos escudos, onde o mundo parece perfeito”
“A dor é mais persistente do que qualquer tentativa de ser forte”
“Só quer que esse sentimento dure para sempre, livre de rótulos. Só deseja amar e seguir amando”
A narrativa também fala muito sobre preconceito e sobre como enxergamos aquilo que é diferente.
“Os jovens, às vezes, inventam desculpas estranhas para as coisas que não conseguem entender…”
“Não quer mais ser atingido pelo mundo que o julga”
Para além das cores, a música é outra arte que se faz presente nesta história, tendo um importante papel.
“Assim como Marcos, que desde muito pequeno amava desenhar, Maurício amava a música e achava aquele instrumento o mais lindo de todos”
“A música os envolve, criando um mundo único e especial, onde nada importa ou é proibido”
Se você se interessou por As luzes em mim, leia a resenha completa clicando no post abaixo.
Hoje é dia de mergulharmos um pouco mais na obra Carrie Soto está de volta, da Taylor Jenkins Reid. Um livro que demorou um pouco para me pegar, mas que depois eu não conseguia mais largar, e que me deixou pensando em muitos assuntos.
A começar pelo fato de que este livro trata da força feminina, tantas vezes deixada em segundo plano ou subestimada pela sociedade machista em que vivemos.
“Vivemos em um mundo onde mulher excepcionais precisam perder tempo esperando homens medíocres”
Uma história que também fala sobre perdas, não apenas de uma partida, mas também de pessoas queridas.
“E eu me pergunto por que passei a vida inteira com tanto medo de perder, sendo que já tenho tanta coisa”
“O luto é um buraco escuro e profundo”
Outra temática presente neste livro é a da busca pelo perfeccionismo. Carrie Soto é uma protagonista insuportável, dentre tantos motivos também pela sua incessável busca por ser A melhor.
“O lado ruim do perfeccionismo é que a pessoa está tão acostumada a fazer tudo dar certo que entra em colapso quando dá tudo errado”
Mas a narrativa nos conquista porque, apesar de tudo, Carrie é humana e muitas de suas características são, na verdade, fruto do meio em que cresceu e da maneira como foi educada.
“Pela primeira vez na vida, posso ser… outra coisa”
Por fim, gostaria de destacar um trecho em que a personagem fala do papel de treinador, mas que também pode ser muito bem aplicado à educação (tema que, como visto aqui, muito me agrada).
“É um privilégio poder orientar uma pessoa até determinado ponto e depois deixá-la terminar tudo sozinha. Transmitir a alguém todo o conhecimento que tem e torcer para que seja bem utilizado”
Se você ainda não leu minha resenha deste livro, não deixe de clicar abaixo para ler!
Hoje é dia de reviver o aclamado Luzes, do Leblon Carter, com alguns dos quotes que ficaram de fora da resenha.
“Não é fácil escrever”
Esta foi uma obra que, conhecendo um pouco do autor, me fez identificar alguns de seus traços no personagem principal.
“Ser um escritor claramente me torna um viciado em desculpas para escrever”
“Mas é que, às vezes, ainda dói, sabe? Fazer tudo sozinho e o tempo todo”
Além disso, a história, em diversos momentos, nos faz pensar sobre a importância de não nos deixarmos em segundo plano, coisa que não é tão simples assim para muitos de nós.
“Como se importar mais com as outras pessoas pode ser uma coisa legal? Eu não deveria me preocupar mais comigo?”
“Mas, como se controla isso? Como você aprende a ouvir mais os seus sentimentos do que os das outras pessoas?”
Isto também nos leva a outras passagens que tratam dos nossos sentimentos mais íntimos e da nossa forma de nos colocarmos no mundo.
“Nem tudo é culpa sua. O mundo não gira ao seu redor, mesmo que pareça, às vezes”
“O problema é quando você sente tanto que acaba sentindo sozinho, por dois”
“Existem pessoas que são como rochas. Não adiantava tentar senti-las, entendê-las ou analisá-las. Era como se houvesse uma forte camada blindada e impenetrável revestindo sua pele e seus pensamentos”
“E era assim que pessoas amargas se moldavam: quando estavam ocupadas demais, prestando atenção nos outros, enquanto sua própria vida virava uma bagunça”
A dualidade do ser humano (e todas as nuances dentro dela) também se faz presente ao longo dessas páginas.
“É engraçado como o conceito de bem ou mal parece tão simples quando somos mais jovens”
E apesar de toda a carga emocional, a narrativa consegue transmitir uma leveza que nos lembra que, apesar de tudo, o que queremos é apenas uma felicidade tranquila e genuína.
“Por que o mundo sempre parece ficar em câmera lenta quando observamos algo que nos fascina?”
“Mas eles pareciam felizes, juntos. Assim como eu queria estar”
Se você ainda não leu a resenha de Luzes, não deixe de ler. Depois disso, garanto que você vai querer correr para garantir o seu exemplar digital desta história.