Se você gosta de musicais e mora em São Paulo (capital) ou arredores, recomendo a peça Meu destino é ser star, em cartaz no Teatro Frei Caneca (Rua Frei Caneca, 569 – 7° andar). E se você gosta de Lulu Santos, provavelmente se lembrou de uma certa música dele com esse nome. Acertou em cheio: Meu destino é ser star é um musical que nos apresenta a história de alguns jovens que buscam seu espaço no ramo do teatro musical, e suas histórias são contadas através das músicas de Lulu Santos.
Se você não conhece muito da obra de Lulu Santos, ou mesmo não é tão fã assim, não se preocupe: essa peça também é pra você. A narrativa nos traz muitas reflexões interessantes e os arranjos das músicas ficaram de arrepiar. Os atores são extremamente talentosos e a produção está de tirar o fôlego.
O musical vai ficar pouco tempo em cartaz aqui na cidade: apenas até dia 14 de abril. Então bora correr pra assistir! Os espetáculos ocorrem às sextas (20hrs), sábados (16hrs e 20hrs) e domingos (19hrs). Algumas das apresentações também contam com interpretação em libras!
Os ingressos variam entre R$25,00 (a meia-entrada mais barata) e R$150,00 (a inteira mais cara). Eu fui assistir o musical com minha amiga, que me indicou a peça, e meu namorado. Compramos os ingressos mais baratos, mas como o teatro estava até que vazio, conseguimos nos sentar mais à frente. Se, por um lado, isso foi ótimo para nós, por outro lado, achei uma pena ver o teatro tão vazio. A produção desse espetáculo com certeza não foi fácil, então espero que eles tenham mais público nas próximas sessões!
Quem conhece São Paulo sabe que esta é uma cidade cheia de oportunidades culturais para todos os gostos e, por isso, decidi trazer para vocês algumas das coisas que aproveitei nos últimos dias (ou que ainda vou aproveitar) e que realmente valeram a pena. E tem dica para todos os bolsos!
A primeira dica é a exposiçãoA biblioteca à noite, que está em cartaz até dia 10 de fevereiro de 2019, no Sesc Paulista. A exposição é gratuita, sendo necessário somente um agendamento prévio.
Essa exposição foi inspirada no livro de mesmo nome do escritor Alberto Manguel. E vou confessar que a exposição me deixou extremamente curiosa para ler essa obra! Mas não é só por isso que recomendo esse passeio cultural: a exposição começa com um cenário lindo e inspirador e, depois, por meio de realidade virtual, podemos conhecer diversas bibliotecas pelo mundo! É um “passeio” extremamente agradável e encantador.
Minha segunda dica é a peça de teatroDoze homens e uma sentença, em cartaz no Teatro da USP (TUSP) até o dia 16/12/2018. Apesar de representar uma cena tipicamente Norte Americana, em uma sala de júri, a peça traz muito do Brasil, com críticas bem interessantes à sociedade.
12 homens estão fechados em uma sala e precisam, de maneira unânime, decidir o destino de um jovem de 16 anos, acusado de matar o próprio pai. Cada um desses homens possui a sua história, seus jeitos e seus motivos para escolher entre “inocente” e “culpado”.
A peça é encenada às quintas, sextas, sábados e domingos e o ingresso custa R$40,00 (inteira) ou R$20,00 (meia) e o pagamento deve ser em dinheiro ou cartão de débito. A duração da peça é de 100 minutos e recomendo que vocês a assistam na primeira fileira (os lugares não são marcados).
Por fim, minha terceira dica é de algo que acontece essa semana e é um evento muito aguardado pelos leitores vorazes: a Festa do Livro da USP, que esse ano chega à sua 20º edição. Cerca de 200 editoras participam desse evento, vendendo seus livros com pelo menos 50% de desconto (sim, cinquanta por cento!). A entrada na festa é gratuita (mas você pode sair falido de lá) e a edição deste ano irá durar 4 dias: de quarta a sábado.
Uma conselho de amiga: veja antes de ir as editoras que vão participar, a localização delas, os livros que estarão disponíveis. Isso pode tornar seu passeio mais rápido e menos estressante e você pode até controlar melhor seus gastos! Para todas esses informações, basta acessar o site do evento: https://paineira.usp.br/festadolivro/?page_id=1089
Título: Pirandello em cinco atos
Autor: Maurício Santanda Dias (tradução e organização)
Editora: Carambaia
Páginas: 184
Ano: 2017
Um título que diz muito sobre o livro: Pirandello em cinco atos nos apresenta a tradução de cinco peças deste grande autor italiano. São peças breves, de ato único, mas repletas de conteúdo. O livro está organizado, segundo explica o próprio tradutor e organizador do livro, em ordem cronológica da encenação das peças.
O primeiro texto com o qual entramos em contato é O torniquete, que se passa em uma cidade do interior (da Itália), na “atualidade” (essa peça foi escrita entre 1889 e 1900). Tal peça conta com apenas 4 personagens: Andrea Fabbri e sua esposa Giulia; Antonio Serra, um amigo do casal; Anna, a empregada do casal.
Uma das acepções possíveis para “torniquete” é “instrumento destinado a apertar ou a cingir apertando”. Nesta peça, ao descobrir que Giulia o trai com seu amigo Antonio Serra, Andrea começa a contar uma história para fazer com que sua esposa confesse seu próprio crime. Ele faz isso como se “apertasse” sua esposa.
“Nesse estado, as palavras mais inofensivas parecem alusões: cada olhar, um gesto; cada tom de voz, um…”
Pirandello em cinco atos (p.13)
Uma história bem interessante, dramática e que prende nossa atenção.
Depois, entramos em contato com Limões da Sicília, que se passa no norte da Itália também “nos dias de hoje” (esta peça foi encenada pela primeira vez em 1910). Afora os figurantes, nesta peça aparecem Ferdinando, Dorina e mais alguns criados de Sina Marnis — uma grande cantora — e de sua mãe, Marta Marnis. Por fim, temos a presença de Micuccio Bonavino, que viaja horas e horas para reencontrar sua amada cantora.
O final dessa história é bem interessante e a encenação, creio eu, pode até ser engraçada.
A peça seguinte chama-se A Patente, e não tem uma localidade precisa, como nos textos anteriores. Somos apresentados a 7 personagens: Marranca, um oficial de justiça; três juízes; D’Andrea, também este um juiz (mas o único com nome); Rosario Chiàrchiaro, personagem central desta narrativa; Rosinella, filha de Rosario.
Essa foi uma das peças que mais gostei: Rosario é chamado à presença do juiz D’Andrea, por estar movendo uma ação que certamente perderá. No entanto, nosso protagonista faz isso para provar a todos que morrem de medo dele que sua fama de mau agouro pode lhe render muito dinheiro.
Foi nesse texto, também, que li uma das melhores passagens desse livro:
“Porque o mal, minha querida, pode ser feito a todos e por todos; já o bem, só àqueles que precisam dele”
Pirandello em cinco atos (p.100)
A penúltima história de Pirandello em cinco atos chama-se O Homem da Flor na Boca. Trata-se de uma história com apenas dois personagens: o tal homem do título e um cliente. Esta peça também não tem uma localidade definida e o que achei mais interessante foi a questão da “flor na boca”, que é uma metáfora para um epitelioma que o homem traz em sua boca, um sinal de que a morte se aproxima. Acho que esse é um dos textos mais malucos desse livro, mas que pode trazer reflexões interessantes.
Por fim, temos a peça O outro filho, que se passa na Sicília, nos primeiros anos do século XX, quando muitos jovens saíam da cidadezinha em que se passa a história. Saíam em campanhas militares, em busca de uma vida melhor. Nesse texto aparecem as comadres da vizinhança e Ninfarosa, uma bela jovem; Maragrazia, uma mãe que sofre com a ausência de seus filhos; Tino, que está de partida; Jaco Spina, também da vizinhança; um jovem médico, com um coração cheio de compaixão; Rocco Trupìa, o filho bastardo.
Esse texto traz um desfecho um tanto quanto interessante e reflexivo, sobre o filho não querido por conta da forma como ele foi concebido. Um tema que, vejam só, aparece numa peça escrita há tantos anos, mas que até hoje é considerado um tabu em nossa sociedade.