O caminho que me leva até você — Tayana Alvez

Título: O caminho que me leva até você. 
Autora: Tayana Alvez 
Editora: publicação independente 
Páginas: 417 
Ano: 2023

Sinopse

Caroline estava certa de que tinha superado o ex — até ter que entrevistá-lo e lidar outra vez com seus flertes descarados.

Grumpy/Sunshine, amor do passado, friends to strangers to lovers e só tem uma cama!

Obcecada por Fórmula 1 e por trabalho, ser promovida à repórter de campo foi um marco na vida de Caroline Pimenta. Acompanhar a carreira dos principais pilotos deveria ser uma tarefa fácil, se não fosse por Daniel Harris e todas as memórias que compartilhavam.

Muitos anos atrás, Daniel prometeu à Caroline que estariam juntos quando ele ganhasse o seu primeiro Grande Prêmio de Fórmula 1. O destino parece disposto a cumprir sua promessa e juntá-los outra vez, e Daniel vê as coincidências como uma segunda chance para reconquistar a ex-namorada, ainda que ela esteja envolvida com um babaca manipulador e nem um pouco disposta a reviver aquele amor adolescente.

Quando os sentimentos mal resolvidos entram na pista, Caroline tenta focar no trabalho e deixar o passado para trás, mas o destino sempre encontra um caminho — e todas as suas rotas de fuga parecem lhe levar até Daniel Harris; o novato que ela jurou nunca mais amar.

Alerta de conteúdo: Racismo e gaslighting.

Resenha

Livros me encantam por sua capacidade de me apresentar universos com os quais não tenho muita intimidade, ampliando meus horizontes.

Outro dia mesmo, li um livro que falava sobre tênis (o esporte). Agora chegou a vez de me aprofundar um pouco na Fórmula 1.

Vale ressaltar que a autora acompanha o esporte, então a construção do cenário e o desenvolvimento dos personagens neste âmbito ficou excelente.

“No fim do dia, Fórmula 1 é ritmo”

O caminho que me leva até você nos conta a história de Daniel Harris — o Novato — e Caroline Pimenta — a Pimentinha. Ele é piloto de Fórmula 1, ela é jornalista e sonha em poder acompanhar as corridas de pertinho.

“No fundo, eu sempre soube que encontraria um caminho que me levaria até ela”

A história deles, porém, se cruza muito antes da vida adulta: Daniel e Carol se conheceram na escola e da implicância entre um e outro surgiu uma linda amizade, que virou um delicioso romance até que tudo acabou.

“Na primeira vez que falei com Carol Pimenta, eu tinha treze anos”

Quando esta narrativa começa, acompanhamos o reencontro dos protagonistas: Carol, como repórter, tem de entrevistar Daniel após sua primeira vitória na Fórmula 1. Um reencontro depois de cinco anos de uma história mal terminada.

“O tempo passa, mas ele não cura merda nenhuma. Algumas cicatrizes, por mais antigas que sejam, sempre vão doer quando pressionadas”

Este momento, claro, traz à tona muitas histórias e sentimentos que pareciam esquecidos ou superados.

“A pior parte de estar trabalhando nessas ocasiões é: estar trabalhando e precisar terminar seu expediente como se aquilo não tivesse abalado até seus ossos”

Com uma narrativa em primeira pessoa, alternada entre Carol e Daniel, página a página vamos entendendo o presente e o passado deles, enxergando o quanto a história de cada um ainda os afeta mesmo depois de cinco anos do término e desde muito antes, para ser mais exata.

“Deixo mais algumas lágrimas rolarem esperando que em algum momento o amor pare de brigar comigo e eu consiga ter uma relação que dure”

A história se desenrola em alguns meses — fazendo alguns necessários flashbacks — e se passa entre a Europa e o Brasil. Por meio das corridas, conhecemos não apenas alguns dos principais circuitos, mas também algumas belas cidades.

“Finalmente me sinto num lugar ‘diferente’, a Europa é incrível. Tecnologia de ponta em cenários que beiram o medieval, muitos castelos, ruínas, morros, parques… Apesar do clima frio, é possível lidar com a maioria dos lugares por causa do aquecedor e das três camadas de roupas que usamos”

E se só o fato de colocar protagonistas apaixonados por Fórmula 1 já não fosse o suficiente para deixar está história incrível, Tayana Alvez, como sempre, vai muito além.

“Parabéns por achar que um esporte que depende de uma equipe de 800 pessoas é um esporte individual”

A começar pelo fato de que os protagonistas são negros e, desfazendo qualquer estereótipo, provém de famílias ricas, capazes de fornecer total apoio (financeiro e material) às suas carreiras, mesmo sendo contra elas.

“Ser a decepção do papai vem com um peso, e não é todo dia que é fácil carregar”

O caminho que me leva até você também fala sobre solidão, mas não apenas a solidão da mulher negra — tema já muito bem abordado por Tayana em outras obras —, apesar dela também estar marcada ali, bem como o racismo, que a autora sempre faz questão de nos lembrar que existe e como existe.

“Eu tinha 6 anos quando percebi que estava sozinha no mundo, ter pessoas ou não ter pessoas é sempre uma questão de tempo e espaço, e agora, o Gabriel, que esteve ao meu lado no pior momento da minha vida e segurou minha mão por todos os outros, foi só mais uma pessoa que não ficou”

A solidão aqui é daquelas que talvez muitos de nós já sentimos, no passado e até no presente: a solidão de perceber que ninguém permanece, por mais que já tenha estado conosco em momentos difíceis.

“Era como se eu tivesse ficado oficialmente sozinha num mundo com sete bilhões de pessoas”

A narrativa também nos mostra que sonhos não se realizam da noite para o dia, mas que são fruto de abdicações e pequenas conquistas.

“— Às vezes, a gente precisa fazer pequenos esforços, porque as pessoas valem a pena”

Outro tema que se faz muito presente nesta obra são as relações familiares: tanto Carol quanto Daniel têm seus problemas com os pais, ainda que sintam um enorme carinho por seus progenitores.

“Sofia e Carlos só nunca souberam ser pais. Algumas pessoas simplesmente não nascem para isso”

É tocante, ainda, a forma como a autora trata a força, as dores e os sentimentos de Carol. Um livro que nos mostra que somos construídos de altos, baixos e imperfeições e que nem por isso somos menos dignos de amor e respeito.

“Carol quer chorar. Ela quer muito chorar. Mas não vai. Porque a Carol não é assim e isso também dói, esse jeito supermulher dela de ser”

O caminho que me leva até você é, portanto, uma história escrita para nos apaixonar, revoltar e, claro, chorar algumas boas lágrimas, sem querer que ela acabe!

“Como é possível amar tanto uma pessoa e preferir não estar perto dela?”

Se você quiser conhecer esta história, não deixe de clicar abaixo. Ou faça ainda melhor: corra para garantir a sua edição física e com brindes, que está em pré-venda na The Books Editora até o dia 30/08.

Para ficar por dentro das novidades e, claro, saber mais sobre o trabalho da Tayana, já segue a autora em suas redes sociais (Instagram | Twitter).

Livros da Maria Eduarda Passos Freire

Acredito que você ainda não tenha ouvido falar de Maria Eduarda Passos Freire, mas espero que num futuro não muito distante isso mude.

A autora mirim e precoce — esses três livros foram publicados quando ela tinha cerca de 12 anos de idade — tem muito a nos fazer refletir sobre a Educação no Brasil.

E se engana quem acha que é apenas uma criança falando sobre Educação: em seus livros, Maria Eduarda deixa claro as fontes de onde bebe, incluindo, entre elas, ninguém menos que Paulo Freire.

Claro que há muito a ser amadurecido e aprofundado no repertório da jovem, mas as leituras desses livros são rápidas e nos enchem de esperança. Não espere uma leitura muito técnica, porque não é a isso que a autora se propõe (e nem deveria).

Os livros são bem simples, têm ares de livro infantil (letra grande, ilustrações coloridas) e as folhas são brancas e grampeadas, nos convidando a escrever sobre elas. 

Mesmo com essas edições econômicas e sem grandes luxos, é muito bacana ver que uma editora abriu suas portas para publicações como essas, dando a oportunidade para que Maria Eduarda compartilhasse de seu conhecimento e descobertas.

Traçarei um breve comentário sobre cada um dos três livros que li, além de trazer mais algumas informações técnicas sobre eles. Você pode adquirir seus exemplares no site da The Books Editora. E se quiser conhecer mais sobre a autora e incentivar o seu trabalho, não deixe de segui-la no Instagram.

O que é Educação de qualidade?

Páginas: 28 
Ano: 2020

Neste livro, a autora busca explicar o que é a Educação e o que temos de fazer para melhorá-la e valorizá-la.

É também aqui que Maria Eduarda nos revela querer ser professora e, em mais de um momento, menciona a importância de valorizarmos os profissionais da Educação.

Uma coisa que me chamou a atenção — mas que é compreensível, pois a mãe de Maria Eduarda é professora — foi a sensibilidade da jovem com relação à puxada rotina dos professores.

“Professor, aquele profissional incrível que acorda todos os dias cansado, exausto e, mesmo assim, vai trabalhar mais um dia para sobreviver”

Além disso, ela fala sobre o prazer de aprender, os valores que deveriam ser ensinados desde cedo, o sistema avaliativo (aqui ela faz críticas bem pertinentes, que desde cedo me questionei também), as matérias escolares (por outro lado, há aqui uma crítica que requer muito aprofundamento ainda, pois as coisas não são tão preto no branco), a importância de ler e o tempo da aprendizagem de cada um.

“Ser humilde não é você baixar a cabeça, concordar com tudo, não é isso, é apenas você não se achar melhor do que ninguém, sabendo que você não sabe de tudo”

O maravilhoso mundo da educação infantil

Páginas: 28 
Ano: 2020

Dentre os três volumes desta coleção, O maravilhoso mundo da educação infantil é o único que, além dos textos em que Maria Eduarda expõe suas reflexões, traz, também, alguns “pensamentos”, que nada mais são que frases que condensam as ideias ali expostas.

“Ser estimulado ajuda as crianças a acreditarem que têm a capacidade de aprender”

É interessante acompanhar, ao longo das páginas deste livro, a visão de uma jovem sobre a educação de crianças, principalmente nos anos iniciais da vida. Ela deixa, desde o início, clara a importância dessa fase e também o seu gosto por ela.

O que mais chama atenção é a noção que Maria Eduarda carrega de que cada criança tem seu tempo, mas que todas têm a capacidade de aprender, se adequadamente estimuladas a isso.

“Toda criança tem a capacidade de aprender, só que algumas demoram mais, outras demoram menos”

Aqui ela também usa termos muito importantes para essa fase da vida, e que demonstram um certo grau de conhecimento técnico sobre o tema. São palavras como afetividade, projetos, dinamismo, mudança, inclusão e formação continuada.

O maravilhoso mundo da educação de adultos

Páginas: 22 
Ano: 2020

Talvez eu deva recomendar que você comece a leitura destes livros por este volume. 

A verdade é que a ordem dos fatores não altera muito o produto (neste caso). Tanto é que tentei trazer as resenhas numa ordem que me pareceu lógica, mas é em O maravilhoso mundo da educação de adultos que Maria Eduarda fala mais sobre si mesma e sobre o contexto no qual vive.

Nesta obra a jovem fala sobre uma experiência concreta que realizou, de alfabetizar seus avós. E é daí que nascem tantas reflexões e tanto conhecimento técnico e prático da jovem.

“Isso pode acontecer com várias pessoas. Se bem trabalhada, a educação pode mudar vidas e tornar nosso mundo cada vez melhor!”

Ela começa o livro contando sobre como tudo começou e, em seguida, começa a compartilhar algumas das técnicas adotadas em sua missão.

É muito interessante ver como ela realmente montou não apenas um projeto educacional, mas uma espécie de escola, com coordenadora e tudo. E como ela foi testando estratégias e adaptando seu ensino aos alunos que tinha.

“É alfabetizar o aluno de acordo com o que ele convive”

Ainda resta espaço, na obra, para que Maria Eduarda projete seu futuro e nos conte, mais uma vez, sobre seus sonhos.

O que achou desses livros? Não deixe de me contar no comentários!

Conto: O servo do rei — Juliana Lima

O conto O servo do rei faz parte da antologia Entre Amigos organizada por Giuliana Sperandio e publicada pela Editora Sinna

O servo do rei

O servo do rei nos traz a história de uma forte e secreta amizade entre dois jovens: o narrador e Dim. Seus nomes verdadeiros, no entanto, são desconhecidos até mesmo entre eles.

“O brilho em seus olhos era diferente da falta de brilho das outras garotas”

Como todo ser humano, porém, eles crescem e isso acaba por afastá-los aos poucos.

“Já éramos melhores amigos desconhecidos”

O amor que o narrador nutre por Dim está claro desde o começo, mas vai ganhando forma e intensidade com o passar da narrativa.

“Não sei o que sentia por ela antes, mas, depois que se afastou, entendi que não era algo bom. Doía — bons sentimentos não devem doer”

Como todo ser humano, também, esses dois jovens (já não tão jovens assim) são surpreendidos pelos acasos da vida.

“Tudo estava certo, menos o que me aguardava naquela tarde”

O servo do rei, além de falar sobre amizade e amor, fala sobre o poder que nos cega, e sobre vingança desmedida. Uma ótima história para nós fazer refletir.

E aproveitando que a Bienal carioca está chegando, se você quiser conhecer a autora Juliana Lima e seu novo livro, Contos de Fadas de Cabeceira, ela estará no estande da editora The Books (Estande R70 – Pavilhão Verde) no dia 07/09, às 13h00 autografando e distribuindo brindes.

 

Contos de fadas de cabeceira — Juliana Lima

Título: Contos de fadas de cabeceira
Autor: Juliana Lima
Editora: The books
Páginas: 
Ano: ainda não lançado

Primeiras impressões.png

O que trago hoje a vocês não é exatamente uma resenha, mas minhas primeiras impressões sobre o livro Contos de fadas de cabeceira. E eu só não trago uma resenha completa desse livro porque ele ainda será lançado e a autora parceira Juliana Lima disponibilizou para seus parceiros apenas três capítulos, o que é uma maldade imensa, porque se eu pudesse eu já teria devorado esse livro (e vocês já vão entender os meus motivos)!

Em primeiro lugar a autora nos dá um alerta:

Contos de Fadas de Cabeceira é um livro cujo intuito é fazer uma releitura dos tradicionais contos de fadas, criar outros e relacioná-los com os temas e polêmicas da nossa sociedade atual”

Pg. 2

Pelos três primeiros contos disponibilizados, percebo que a autora se manteve em seu propósito e acredito que com o restante do livro não seja diferente (e eu não vejo a hora de ler o resto!). Outro ponto a ser destacado, e que fica claro nesses primeiros contos é o fato de que:

“Porém, este não é um livro de príncipes, princesas, castelos e finais felizes”

Pg. 2

No primeiro conto, por exemplo, chamado Felícia no estado de realidade, nos deparamos com o tempo tentando mostrar à protagonista que a vida não é tão bela quanto ela imagina.

“— A face do tempo pode vir de formas variadas, conforme sua visão sobre mim”

Pg. 7

A cada vez que ele aparece, traz consigo um amigo, que são nossos sentimentos. Mas sentimentos como medo, decepção, inveja. É um conto, portanto, que fala sobre a veloz passagem do tempo e, ao mesmo tempo, sobre amadurecimento. Um conto triste, mas também verdadeiro.

“Ainda acredito na bondade e no amor e não é porque algumas pessoas são ruins que o mundo inteiro será”

Pg. 10

O segundo conto, por sua vez, nos fala de forma mais específica sobre a inveja. Chamado A Branca sem Neve, o conto retrata o ensaio de um grupo teatral e culmina com a chocante estréia da peça, que é uma releitura de “A Branca de Neve”. Fiquei de queixo caído com o final desse conto, como sempre fico de queixo caído com as loucuras que a inveja faz o ser humano cometer.

Por fim, em O Grande Truck temos um certo debate sobre a verdade que me parece  muito necessário nos dias de hoje. O protagonista é um escritor mágico: aquilo que ele escreve torna-se real. Até que sua última frase, talvez verdadeira demais, encerra a sua carreira.

“Os mágicos, detetives e escritores tem algo em comum: o poder de iludir, confundir e ludibriar mentes, o quanto lhes for conveniente”

Pg.31

Esse é um conto para se ler as entrelinhas também e, dos três, foi o que mais me fez refletir.

Além dos contos, também encontrei, ao longo dessas primeiras páginas disponibilizadas pela autora, dois poemas e um microconto. Esse livro promete! E, por falar nisso, ele será lançado no dia 07 de setembro, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, então se você estiver por lá, não deixe de passar no stand da The Books Editora!