As cabeças trocadas – Thomas Mann

Título: As cabeças trocadas: uma lenda indiana
Original: Die vertauschten Köpfe
Autor: Thomas Mann
Editora: Companhia das Letras
Páginas: 118
Ano: 2017 (1º edição)
Tradução: Herbert Caro

Comecei a ler As cabeças trocadas e pensei: será que chego ao fim? Não sei quase nada sobre a cultura indiana, a linguagem não é das mais fáceis e nem os nomes dos personagens facilitam as coisas… Mas terminei! E gostei bastante da história e da forma como ela é contada. O narrador vai conversando conosco e nos explicando os pormenores, como alguém que realmente nos conta uma história.

“Oxalá os que ouvem esta história, talvez iludidos por seu desenrolar até agora ameno, não caiam na armadilha de uma interpretação errônea de seu verdadeiro caráter”

As cabeças trocadas (p.37)

Além de conversar conosco o narrador é bem realista. Depois da frase aí de cima a história toma uns rumos bem malucos!

O livro começa contando a história de Shridaman e Nanda, dois grandes amigos, apesar de suas diferenças: Shridaman é quase um intelectual e seu corpo é frágil, enquanto Nanda é forte, sendo um trabalhador braçal. A vida desses dois amigos começa a mudar quando eles veem Sita, a das belas cadeiras (que tipo de alcunha é essa, gente?), banhando-se no rio.

Shridaman apaixona-se perdidamente por Sita e, para sua sorte, Nanda a conhece, pedindo a mão dela em casamento para o amigo. Tudo incrível, não fosse o fato de Nanda ter um corpo maravilhoso, desejado por Sita.

As coisas complicam-se ainda mais quando os três, durante uma viagem, perdem-se e encontram um templo. Shridaman entra para rezar e ali acaba se matando, utilizando uma espada. Por conta da demora, Nanda vai atrás do amigo, para ver o que está acontecendo e ao deparar-se com a cena do amigo sem a cabeça, acaba por igualmente matar-se. É a vez de Sita averiguar o que está acontecendo. Ao constatar o horror, decide esta também se matar. Sabendo, porém, que não terá forçar para erguer a espada, decide sair do templo para se enforcar com um cipó. E então uma nova reviravolta acontece na história, sendo determinante para os momentos finais da narrativa.

Como eu disse, tive, em um primeiro momento, dificuldades para ler As cabeças trocadas, mas aos poucos a gente vai entrando na história e compreendendo as ironias da narrativa. O livro está dividido em doze capítulos relativamente curtos e nessa edição da Companhia das Letras há, ainda, um posfácio que ajuda a compreender alguns elementos da obra.

Outra coisa interessante na linguagem é que, mesmo difícil, ela é bem irreverente: algumas figuras importantes que aparecem ao longo da história nos fazem rir, chamando os protagonistas de bobos, dizendo que eles fazem tolices. Ao mesmo tempo, esses personagens fazem longos discursos, essenciais para a narrativa.

Se você quiser conferir com seus próprios olhos essa loucura toda, clique aqui:

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