I pesci non chiudono gli occhi – Erri de Luca

Título: I pesci non chiudono gli occhi
Autor: Erri de Luca
Editora: Feltrinelli
Páginas: 115 
Ano: 2015 (5º edição)

Voltando no tempo e na memória, Erri de Luca nos conta, em I pesci non chiudono gli occhi, sobre um verão vivido aos 10 anos de idade. No livro não há capítulos, apenas um espaçamento maior entre um trecho e outro, nos dando ainda mais a sensação de uma história contínua, de uma recordação. O narrador é um garoto de 10 anos, que possui um linguajar um tanto quanto adulto, mas totalmente aceitável para aqueles que entram em contato com essa história, pois trata-se de um jovem que adora ler, fazer palavras-cruzadas e que desenvolve um pensamento crítico e filosófico desde cedo.

A narrativa se passa em uma ilha, onde o garoto está passando as férias com a mãe. Seu pai, justamente naquele ano, fora para a América (Estados Unidos) em busca de trabalho e melhores condições de vida. Sua irmã, por outro lado, estava passando as férias com os amigos.

O narrador é um menino tímido, quieto e muito inteligente, e além de passar seus dias na praia, fazendo palavras-cruzadas ou lendo, também aproveitava o mar ou ia ao encontro dos pescadores que ele tanto admirava.

“Eu era um menino viciado no isolamento”

I pesci non chiudono gli occhi (p.87)

O verão apresentado neste livro foi um verão importante para o narrador, que estava crescendo e tomando ainda mais consciência de si e do mundo ao seu redor.

“Crescer comporta uma infinidade de efeitos desconhecidos”

I pesci non chiudono gli occhi (p.90)

Por meio dos livros o jovem aprendia muito. Mas, para além das páginas lidas, é nesse mesmo verão que Erri de Luca conhece o amor verdadeiro, em carne e osso, através de uma menina que não recebe nome algum ao longo da história, pois a lembrança desse sentimento apagara qualquer outra informação da memória do autor.

“Através dos livros de meu pai, aprendi a conhecer os adultos por dentro”

I pesci non chiudono gli occhi (p.14)

A tal jovem, no entanto, era dona de uma beleza que chamava a atenção, o que começou a gerar certa inveja em três garotos um pouco maiores que o narrador. Isso leva a uma perseguição e, para o autor, ao momento marcante de seu crescimento: quando ele apanha desses três garotos.

“A descoberta da inferioridade serve para decidirmos sobre nós mesmos”

I pesci non chiudono gli occhi (p.21)

Não se trata, porém, de uma história de amor, sentimento que o autor não conhecia tão bem e tinha certa dificuldade de acreditar. Como eu disse, é um livro de memórias e a principal temática é a descoberta de si. Mas garota em questão não deixa de roubar um beijo desse menino quieto e isolado. E é então que o título do livro passa a fazer total sentido.

“Fiquei observando-a. ‘Mas você não fecha os olhos quando beija? Os peixes não fecham os olhos'”

I pesci non chiudono gli occhi (p.98)

I pesci non chiudono gli occhi é, portanto, uma belíssima narrativa sobre o autoconhecimento e, principalmente, sobre crescimento. Aos 10 anos de idade, nosso jovem narrador consegue descrever suas dúvidas e seus sentimentos de uma maneira que chega a ser poética. O livro é curto, mas cheio de vida e de lições. Vale a pena conferir com os seus próprios olhos.

“O papel quer retornar vazio, como acontecerá com a terra depois de nós”

I pesci non chiudono gli occhi (p.93)
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4 comentários em “I pesci non chiudono gli occhi – Erri de Luca

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