Título: Amar, verbo intransitivo Autor: Mário de Andrade Editora: Círculo do livro Páginas: 151 Ano: 1984
Amar, verbo intransitivo não é uma leitura das mas fáceis, mas garanto que possui suas singelezas e aborda o amor de uma maneira peculiar: como algo que pode (deve, na verdade) ser ensinado a um jovem.
“É coisa que se ensine o amor?”
Amar, verbo intransitivo (p.26)
Laura e Felisberto Souza Costa são um casal tradicional, católico. Junto de seus filhos Carlos, Maria Luísa, Laurita e Aldinha, eles formam uma interessante família rica e paulistana, que mora em Higienópolis.
A questão é que as coisas começam a mudar um pouco quando Souza Costa decide contratar Elza, uma alemã, para ensinar sobre o amor a Carlos. Elza, porém, entra na casa da família como “professora de alemão”, língua que ensina a Carlos e Maria Luísa, os filhos mais velhos. E ela também ensina piano e costura para as meninas. Na casa, Elza é chamada de Fräulein que, se não estou enganada (eu não sei nada de alemão), pode significar “senhorita”.
“O amor nasce das excelências interiores”
Amar, verbo intransitivo (p.9)
A narrativa do livro, ainda que um pouco confusa para mim, aos poucos vai deixando claro que Elza já desempenhara esse papel — de ensinar o amor — outras vezes, mas que Souza Costa tinha certa vergonha dessa presença em casa, deixando, inclusive de contar a verdadeira tarefa de Elza para Laura, sua esposa, que, ao descobrir, fica chocadíssima.
“Fräulein achava desnecessária tanta mentirada, e bobo tanto preconceito”
Amar, verbo intransitivo (p.57)
O mais interessante do livro foi perceber como ele vai lidando com certos assuntos polêmicos e tabus da sociedade. Ao longo da história aparecem questões como os imigrantes, o preconceito de Elza — alemã — com relação aos brasileiros, o sexo para os jovens, as doenças, drogas, e até sobre o “ser mulher”.
Também gostei dos momentos em que o narrador começa a dialogar com o leitor, explicando melhor algum aspecto da história ou mesmo dando sua opinião.
“Mas eu só quero saber neste mundo misturado quem concorda consigo mesmo!”
Amar, verbo intransitivo (p.49)
O livro também é bem curto, então se você está pensando em se aventurar pelos clássicos da literatura brasileira e não sabe bem por onde começar, esta é uma boa pedida, mesmo não sendo uma leitura tão fácil. Vale lembrar que algumas coisas ficam subentendidas na história, mas que se você consegue entender o contexto dela, certamente a leitura acabará fluindo.
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Deve ser um ótimo livro concerteza.
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Recomendadíssimo!
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Amei a resenha, amo clássicos e esse é um que desejo muito ler! Vou ver se acho um desse por aqui :)
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Eu também estava querendo ler esse e aí ganhei de uma amiga! Adorei ❤
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