Como prometido no último post sobre o Mestrado, hoje venho falar um pouquinho sobre o Programa de Aperfeiçoamento ao Ensino (mais conhecido por PAE), porque ele deixa os alunos (principalmente bolsistas) um pouco doidos.
Primeiro é preciso entender o que é o PAE. Trata-se de um programa criado pela CAPES, ao perceber que os alunos de pós-graduação tinha muita experiência com pesquisa e pouca em sala de aula. Isso significa que o objetivo do programa é aprimorar a experiência dos pós-graduandos na atividade didática voltada para o ensino superior (ou seja, mostrar aos alunos como é dar aula na graduação).
Na USP, pode acontecer das normas gerais do PAE variarem de uma Unidade de Ensino para outra (por exemplo, a FFLCH pode ter regras diferentes da Poli e assim por diante). Mas existe uma regra geral, que é a existência de duas etapas que devem ser cumpridas na seguinte ordem:
- Preparação pedagógica
- Estágio supervisionado
A preparação pedagógica assume diferentes características: pode ser uma disciplina de Pós-Graduação (como agora acontece na FFLCH) — o que permite que o aluno obtenha créditos com ela; pode ser um conjunto de conferências — muitas vezes condensados num tempo menor; pode ser um núcleo de atividades (confesso que sobre esse não tenho o menor conhecimento).
A preparação pedagógica pode ser cumprida em qualquer unidade USP. Isso significa que, por exemplo, se você é da FFLCH, que colocou essa etapa em formato de disciplina, mas prefere cumprir em formato de conferências, basta procurar uma unidade que ofereça nesses moldes e se inscrever.
Para o estágio supervisionado, o aluno precisa escolher uma matéria da graduação e se inscrever para atuar como estagiário na mesma. Essa atuação depende da aprovação tanto do seu orientador quanto do professor que ministrará a disciplina. Depois disso, você irá acompanhar, ao longo do semestre, as atividades realizadas, frequentará as aulas, irá auxiliar o professor e poderá até ministrar uma aula — preferencialmente relacionada à sua pesquisa.
Para os aluno em geral, o PAE é opcional, mas para os bolsistas CAPES, ele é obrigatório. Se o Programa no qual você está inscrito possui Doutorado, você pode, no Mestrado, cumprir apenas a preparação pedagógica e cumprir o estágio supervisionado no Doutorado. Mas, mesmo que você cumpra as duas etapas ainda no Mestrado, e venha a fazer o Doutorado depois, terá de cumprir novamente o estágio supervisionado.
Isso significa, claro, que é possível realizar mais de um estágio supervisionado, mas a preparação pedagógica só precisa ser feita uma vez, isto é, não importa quantas vezes você queira ser estagiário PAE, você só precisa ter feito uma vez a preparação pedagógica.
As duas etapas podem ser realizadas em qualquer semestre — porém nunca ambas no mesmo semestre—, mas é importante prestar atenção aos prazos de inscrição de cada uma delas.
É possível ser estagiário PAE de maneira voluntária ou bolsista (mesmo para aqueles que já são bolsistas CAPES). Na FFLCH, quando você se inscreve na segunda etapa do PAE, automaticamente você passa a concorrer a uma bolsa, mas, como sempre há mais inscritos que bolsas, nem sempre é possível conseguí-la. Ainda assim, em tese, você pode receber esse auxílio por até duas vezes no Mestrado e mais duas vezes no Doutorado ou até quatro vezes no Doutorado (caso você não tenha recebido no Mestrado).
Eu fui estagiária PAE duas vezes: uma vez de maneira voluntária e outra como bolsista. Nas duas formas, é preciso entregar, mensalmente, uma folha de frequência assinada, para que, ao final, você possa receber os créditos formativos relativos à sua participação no programa. Também é preciso entregar um plano de estágio no início do programa e um relatório ao final. Sim, infelizmente é bem burocrático, mesmo quando você é voluntário. A experiência, porém, é bem enriquecedora, e acho que é realmente um programa necessário.
Se você é bolsista CAPES, tenha sempre em vista o PAE, lembre-se sempre de incluí-lo no seu planejamento da pós-graduação para não ficar tudo para a última hora!
Se tiverem alguma dúvida, podem me perguntar!
3 comentários em “Desmistificando o Mestrado [7] — PAE”