
Preparando aulas de italiano, deparei-me com o termo “biblioteca viva”. Nunca tinha ouvido falar e achei um conceito muito interessante e que, claro, merecia um espacinho por aqui. Uni o útil ao agradável e, por isso, a tradução de hoje será justamente sobre esse tema. O post original pode ser lido aqui, junto a outras muitas informações sobre o projeto.
O que é uma biblioteca viva?
Biblioteca Viva, tradução do termo Human Library, é um método inovador, simples e concreto para promover o diálogo, diminuir os preconceitos, quebrar estereótipos e melhorar a compreensão entre pessoas de diferentes idades, sexos, estilos de vida e background cultural.
Como funciona?
A biblioteca viva apresenta-se como uma biblioteca de verdade, com bibliotecários e um catálogo de títulos entre os quais escolher. A diferença está no fato de que para ler os livros você não precisa folhear as páginas mas… conversar, porque os livros são pessoas em carne e osso! Esses “livros vivos” são “emprestados” para a conversa: cada leitor escolhe o seu livro.
Quem são os livros vivos?
Os livros vivos são pessoas que têm consciência de pertencer a uma minoria sujeita a estereótipos e preconceitos. Com o desejo de destruir isso, essas pessoas colocam-se à disposição para discutir as próprias experiências e os próprios valores com os outros.
Os títulos são, preferencialmente, bem diretos, como por exemplo “moça lésbica”, “mulher islâmica com véu”, “imigrante albanês”, justamente para suscitar reações emocionais dos potenciais leitores, ativando sua curiosidade, mas também os estereótipos e preconceitos.
A biblioteca viva oferece aos leitores a oportunidade de entrar em contato com pessoas com as quais dificilmente elas poderiam confrontar-se. O encontro torna concreta e única a pessoa que temos diante de nós, que deixa, portanto, de ser percebida como representante de uma categoria baseada em uma generalização e que passa a ser reconhecida em sua unicidade, uma pessoa que não representa ninguém a não ser a própria experiência e história.
Quanto dura?
Biblioteca viva — envolvendo pessoas de carne e osso — é um evento muito limitado temporalmente, geralmente de um ou dois dias; em alguns raros casos, pode chegar a três ou quatro dias. A conversa, ou seja, a leitura de um livro vivo, dura, na maioria das vezes, cerca de meia hora.
Feedback
Entrevistados, sejam os livros, sejam os leitores, descrevem esta como uma experiência de grande impacto, que enriqueceu significativamente suas humanidades.
Um pouco de história
Nascida em Copenhague, a Human Library foi criada por um pequeno grupo de jovens, em resposta às agressões de cunho racista sofridas por um amigo, em 1993. Convencidos de que a compreensão fosse uma pré-condição para a tolerância, os jovens fundaram a associação “Stop The Violence”, alcançando, em pouco tempo, 30.000 adesões entre os jovens dinamarqueses. Solicitada a preparar uma grande intervenção para o festival de Roskilde, em 2000, “Stop The Violence” colocou em prática o método Human Library, que coloca as pessoas de frente aos seus prejuízos, oferecendo um espaço protegido para hospedar um diálogo franco e aberto. A iniciativa teve um grande sucesso e, desde 2003 é reconhecida pelo Conselho Europeu como uma boa prática e, como tal, é encorajada. Daí em diante, foi exportada em todo o mundo com grande sucesso.
Como eu disse no início deste post, não conhecia esse conceito de biblioteca viva e achei muito interessante! E você, já conhecia? Já viu algo semelhante no Brasil? Pensei até na possibilidade de se trabalhar algo do tipo em escolas, seria uma experiência e tanto!
Muito interessante, Tatiana. Abre um mundo de possibilidades.
Valeu!!!
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Com certeza abre! Pensei em como seria interessante fazer isso nas escolas também
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Eu tinha visto uma imagem e uma chamada sobre isso, mas estava com pressa e não parei pra olhar. E, uau! Parece realmente muito interessante e importante ter bibliotecas vivas. Quem sabe assim, tenhamos mais empatia?
Excelente texto, Tati!
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Achei super incrível também! E necessário, sem dúvidas. Empatia tem estado um pouco em falta, né?
obrigada pelo carinho!
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