
Talvez você não saiba quem é a pessoa do título deste post — eu mesma não sabia/não lembrava assim, só pelo nome — mas é provável que em algum momento você já tenha lido/ouvido essa frase:
“The opposite of love is not hate, it’s indifference”
(O oposto do amor não é o ódio, é a indiferença).
Na verdade, a frase acima é apenas parte de um trecho maior. E essa frase, em questão, foi originalmente dita por Wilhelm Stekel, mas usada por diversos autores, como o próprio Elie Wiesel. Contudo, hoje eu estou aqui mais para falar sobre a minha relação com essa frase e, ao final, algo que descobri ao pesquisar sobre ela.
A primeira vez que li isso, escrito em inglês mesmo, foi no início do meu treinamento para ser professora de inglês, meu primeiro emprego. Lembro-me bem que, apesar de nunca ter experimentado aquilo, a frase chamou minha atenção a ponto de eu copiá-la em meu caderno (que, aliás, tenho até hoje).
Apesar de ter adorado a frase, ela me parecia aleatoriamente colocada ali. Parecia mais um sinal que qualquer outra coisa. Porém, o coordenador logo explicou que a indiferença também é perigosa no ensino. E sim, com certeza é!
Queria eu estar vindo falar sobre como a indiferença é perigosa para o ensino. E, apesar de eu ser professora, infelizmente eu vim, como disse mais acima, falar da minha relação com essa frase e isso não tem nada a ver com o ensino, mas com o amor mesmo.
Quando entrei em contato com ela pela primeira vez, nunca havia sentido na pele — ao menos não de maneira tão concreta — o poder da indiferença. Mas hoje eu posso dizer que ela é realmente pior que o ódio. Eu pensei nisso em meu primeiro relacionamento, muitas vezes, aliás (mais do que eu gostaria/deveria, talvez). Eu pensei nisso nesses últimos dias (felizmente, com menos intensidade, não que isso ajude muito).
E como — ou por que — a indiferença é pior que ódio? Bom, o que nós esperamos de alguém que declaradamente nos odeia? Com certeza nada de bom! Mas a indiferença não costuma vir de uma pessoa que declaradamente nos odeia. Ela vem de pessoas que amamos e que queremos que nos ame igualmente ou o mais próximo disso que for possível. A sensação de vazio que nos persegue quando percebemos que já não é de interesse — ou talvez nunca tenha sido — da outra pessoa compartilhar das nossas pequenas alegrias, é assombroso.
Ao menos essa frase, por mais triste que seja, me trouxa coisas boas. Da primeira vez, a sensação de sentir o peso dessas palavras, mas sem realmente conhecer o significado delas — e te garanto, essa sensação era boa, o que já não é mais. Agora, a descoberta que ela me trouxe e que está relacionada a quem optei por creditar a frase no título deste texto.
Lá no comecinho eu falei que, na verdade, estou trazendo aqui uma frase dita por Wilhelm Stekel, mas usada por diversos autores (inclusive brasileiros, como Érico Veríssimo e Martha Medeiros). Dentre esses autores, temos Elie Wiesel. E quem era ele?
Escritor, sobrevivente do holocausto e prêmio Nobel da Paz (em 1986). Uma de suas obras foi “A noite“, que encontra-se em minha lista de desejos há tempos.
Entender melhor um dos contextos nos quais essa frase aparece — bem o holocausto, assunto sobre o qual pesquiso e leio sempre que posso, justamente pelo medo dos caminhos aos quais a indiferença pode nos levar — fez-me pensar num turbilhão de outras coisas (como se a minha mente já não estivesse a mil, mas enfim).
Eu ia falar sobre como, depois disso, minhas dores — apesar de ainda estarem doendo demais — pareceram pequenas. Mas como ainda dói, só peço que tomem cuidado. Não se deixem engolir pela indiferença, mesmo quando já não se nutre mais um sentimento como antes. Peça licença e afaste-se, não deixe que o outro sofra por aquilo que você já não pode mais fazer por ele.
E cuide dos que estão e sempre estiveram com você.
Estive lendo sobre esta citação semana passada (ou no início desta semana?). Bem a propósito do espírito da nossa época. Muito bom!
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Que coincidência! Infelizmente, sim /:
Obrigada pela leitura
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