Citações #79 — Storia di chi fugge e di chi resta

A cada volume da tetralogia napolitana que eu leio (e, infelizmente, agora já estou no último) o encantamento por essa história só aumenta. 

Do penúltimo livro — sempre com o lembrete de que este post pode conter spoilers — muitos trechos interessantes ficaram de fora da resenha. Compartilho aqui o que ficou para trás, com tradução minha e os originais ao final do post.

Em Storia di chi fugge e di chi resta, assim como nos demais volumes desta tetralogia, a autora consegue imprimir em sua escrita uma interessante visão da vida e do mundo que retrata, nos fazendo refletir, por exemplo, sobre a dureza do viver e do tornar-se.

“A vida é uma coisa muito dura, Lenù”

“Tornar-se. Era um verbo que sempre me deixara obcecada, mas que só me dei conta pela primeira vez naquela ocasião. Eu queria me tornar, mesmo que soubesse o quê” 

“Eu precisava aprender a me contentar comigo mesma”

“O padre não era uma garantia, nada era uma garantia no feio mundo em que vivíamos”

“Fui muito miserável, muito massacrada pela obrigação de me destacar nos estudos”

Alguns trechos também nos fazem refletir sobre o adoecimento das pessoas, da sociedade, do mundo em que vivemos e, claro, sobre relações igualmente doentias.

“E hoje eu penso assim: não é o bairro que está doente, não é Napoli, é o globo terrestre, é o universo ou os universos”

“Casa comigo para ter uma criada de confiança, todos os homens se casa para isso”

“É uma tristeza a solidão feminina, eu me dizia, é um desperdício esse rompimento uma com a outra, sem protocolos, sem tradição” 

“Você, quanto mais se sente verdadeira e está bem, mais se distancia. Eu, só de cruzar o túnel da avenida, já me amedronto”.

“A nova carne vive repetia a velha por jogo, éramos uma cadeia de sombras que entrava em cena com a mesma carga de amor, de ódio, de vontades e de violência”

“Nunca mais, nunca mais moveria um dedo por ninguém. Parti, fui me casar”

Aliás, como eu sempre acabo destacando, as relações humanas são extremamente centrais nesta narrativa e neste volume não seria diferente. Os relacionamentos, as amizades e a família ganham ainda mais destaque ao longo das páginas.

“Um homem, exceto pelos loucos momentos em que você o ama e ele te penetra, fica sempre fora”

“Nos tornamos, uma para a outra, fragmentos de voz, sem nenhuma confirmação do olhar”

“Eleonora teria entendido que com o amor não se pode fazer nada, que é insensato dizer a uma pessoa que quer ir embora: não, você tem que ficar”

“Pietro, em suma, não era capaz de me passar confiança, me olhava sem me ver”

“Nós duas precisávamos de uma nova dimensão, de corpo e, no entanto, tínhamos nos distanciado e não conseguíamos mais nos entregar”

Por fim, um tópico que gostaria de ressaltar é o da metalinguagem: a escritora que fala sobre escrita e sobre esse universo, numa ótica, mais uma vez, bem interessante.

“Disse que a face repugnante das coisas não era suficiente para escrever um romance: sem fantasia não parecia uma coisa verdadeira, mas uma máscara”

E aí, gostou desses trechos? Se quiser conferir os originais, basta ler este post até o final. E se quiser saber mais sobre o livro como um todo, vem ler a minha resenha:

Trechos originais (na ordem em que aparecem neste post)

“La vita è una cosa molto brutta, Lenù”

“Diventare. Era un verbo che mi aveva sempre ossessionata, ma me ne accorsi per la prima volta solo in quella circostanza. Io volevo diventare, anche se non avevo mai saputo cosa”

“Dovevo imparare ad accontentarmi di me”

“Il prete non era una garanzia, niente era una garanzia nel brutto mondo in cui vivevamo”

“Ero stata troppo miserabile, troppo schiacciata dall’obbligo di eccellere nello studio”

“E oggi la vedo così: non è il rione a essere malato, non è Napoli, è il globo terrestre, è l’universo, o gli universi”

“Mi sposa per avere una serva fidata, tutti gli uomini si sposano per questo”

“È un dispiacere la solitudine femminile delle teste, mi dicevo, è uno sciupo questo tagliarsi via l’una dell’altra, senza protocolli, senza tradizione”

“Tu tanto più ti senti vera e stai bene, quanto più ti allontani. Io, se solo passo il tunnel dello stradone, mi spavento”

“La nuova carne viva ripeteva la vecchia per gioco, eravamo una catena di ombre che andava da sempre in scena con la stessa carica di amore, di odio, di voglie e di violenza”

“Mai più, mai più avrei mosso un dito per nessuno. Partii, andai a sposarmi”

“Un maschio, a parte i momenti pazzi in cui lo ami e ti entra dentro, resta sempre fuori”

“Diventammo l’una per l’altra frammenti di voce, senza nessuna verifica dello sguardo”

“Eleonora avrebbe capito che con l’amore non c’è niente da fare, che è insensato dire a una persona che vuole andare via: no, devi restare”

“Pietro insomma non era capace di darmi fiducia, mi guardava senza vedermi”

“Avevamo entrambe bisogno di nuovo spessore, di corpo, e tuttavia c’eravamo allontanate e non riuscivamo più a darcelo”

“Disse che la faccia schifosa delle cose non bastava a scrivere un romanzo: senza fantasia non pareva una faccia vera, ma una maschera”

“Disse che la faccia schifosa delle cose non bastava a scrivere un romanzo: senza fantasia non pareva una faccia vera, ma una maschera”

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