Se você já leu minha resenha de Fisheye, da Kami Girão, deve ter percebido que esta é uma história muito bonita e interessante. Por isso, hoje trago aqui alguns dos trechos que ficaram de fora do post anterior.
Uma das coisas que me chamou a atenção na narrativa foi o humor ácido da protagonista, que a cada página fica mais e mais justificado diante de tantos percalços vividos por ela.
“E ri porque era humilhação demais para que eu me atrevesse a chorar”
A história tem como tema central a perda da visão de Ravena Sombra, mas ela também trata de muitos outros tipos de perdas.
“Ainda doía perceber que minhas amizades haviam morrido”
“Mas nem mesmo uma aceitação prévia consegue evitar a dor de perder alguém”
E também fala sobre o medo e o poder (muitas vezes negativo) que esse sentimento tem.
“Tinha tanto medo que já estava sufocada por ele”
Outro ponto interessante de Fisheye é a presença da internet (de maneira até que bem marcante) na construção de algumas das relações humanas ali retratadas.
“A gente nunca é pessoalmente o que parece ser pela internet”
Com estes trechos e este breve post, reforço minha recomendação para que você conheça esta obra tão sensível e importante! Não deixe de ler a resenha se você nunca ouviu falar sobre este livro e, claro, já garante o seu exemplar.
A maior resenha que escrevi ano passado (e talvez em toda a minha existência) foi, sem dúvidas, a da obra Clichês em Rosa, roxo e azul, da autora Maria Freitas, uma antologia com diversos contos com protagonismo bissexual.
Apesar da imensa resenha, comentando conto a conto, inúmeros quotes ficaram de fora, então hoje talvez tenhamos outro post imenso (e já peço desculpas por isso, mas eu não poderia deixar de compartilhar tantas frases marcantes por aqui).
Inclusive, gostaria de começar ressaltando as frases que falam sobre o tema central: a bissexualidade (e outras tantas formas de amar).
“Pensar nas coisas que nós temos que esconder me destrói”
(Conto: Mas… e se?)
“Como contar para a sua irmã que você está encantado por uma garota… e por um garoto também?”
(As razões de Henrique)
“Sempre achei aquela garota magnética”
(Conto: um corpo de verão)
“Eu já me esforçava para amar as minhas próprias imperfeições. Não seria tão difícil assim amar as dela também”
(Conto: um corpo de verão)
“Olho por cima do peito de Felipe e vejo que ele e Ana estão de mãos dadas. Não sinto ciúme. Sinto que tudo está certo. No lugar. Como o prólogo de um livro bom: apenas começando uma nova história”
(Bregafunk do amor)
Mas os contos não são só sobre isso. Cada história, a seu modo, entrega muito mais. Há, por exemplo, diversas passagens sobre a solidão.
“Como dizer a ele que receber um milhão de mensagens não afasta a solidão?”
(Azeitonas)
“Talvez a melhor coisa que eu faça nessa minha vida seja realmente seguir em frente”
(Azeitonas)
“A solidão era uma constante na minha vida”
(Bregafunk do amor)
“Eu conheço tão bem a solidão nos olhos de uma pessoa. Tenho espelho em casa”
(Bregafunk do amor)
E também sobre o medo.
“Você tem razão, eu estou feliz e tenho medo de perder isso”
(Conto: Mas… e se?)
“Tenho medo de voar e cair”
(Conto: Mas… e se?)
“Mas, agora, deitado ali, percebo que não ter medo é quase impossível quando se está feliz”
(Conto: Mas… e se?)
“Era como se ela quisesse se fechar em uma casca, onde ninguém pudesse atingi-la, onde ninguém pudesse chegar até ela”
(Conto: um corpo de verão)
O livro fala, ainda, sobre a falta e a tristeza que todos os sentimentos mencionados até aqui podem gerar.
“Abraço essa mulher como se nunca mais fosse abraçar alguém na vida”
(Conto: Mas… e se?)
“Nessa nossa vida, a gente precisa se acostumar com a falta”
(Conto: Mas… e se?)
“É difícil hoje, foi difícil ontem, mas espero que não precise ser difícil amanhã.”
(Azeitonas)
“E, nesse jogo de War, não quero que a tristeza conquiste todos os meus territórios”
“Preciso estar em movimento, sempre, senão minha tristeza me engole”
(Um papai Noel de outro planeta)
A verdade é que o conjunto da obra nos faz refletir — e muito — sobre a complexidade das relações humanas, seja com o outro, seja com nós mesmos.
“A época que morei com a minha avó foi muito difícil, tipo, muito mesmo. Acho que não me adaptei à cidade grande até hoje. Barulho demais, longe demais, carros demais. Gente demais. Talvez seja por isso que escolhi fazer minha faculdade no interior, perto de onde cresci. Sei lá, eu devo ser uma pessoa de raízes”
(Conto: um corpo de verão)
“Homens héteros (e cis) têm muitíssima dificuldade em demonstrar qualquer tipo de afeto básico por medo de ferir sua pobre masculinidade frágil”
(Conto: um corpo de verão)
“Sinceramente, às vezes eu ficava na dúvida se estava apaixonada ou tendo um ataque cardíaco”
(Conto: um corpo de verão)
“Tentei explicar coisas que eu nem sabia que estava guardando dentro de mim”
(Conto: um corpo de verão)
“Bia, só a gente sabe a nossa dor”
(Conto: um corpo de verão)
“Quando nossos olhos se cruzam, sinto que perdi tudo”
(Estrela e a flor)
“Algumas coisas são facilmente substituíveis, outras não”
(Azeitonas)
“Não fomos capazes de enfrentar nada, não é? Você era a minha pessoa, como foi que a gente se perdeu?”
(Azeitonas)
“Ultimamente, vinha respondendo todo mundo no automático, sem realmente me conectar com ninguém”
(Azeitonas)
“Desde o meu último namoro — que deu completamente errado —, jurei que não seria trouxa. Fui trouxa”
(As razões de Henrique)
“Só sabia sentir e sentia demais”
(As razões de Henrique)
“Mesmo sendo nova na cidade, dá para perceber que, ainda que também haja conflitos e diferenças, as pessoas daqui são mais acolhedoras”
(Bregafunk do amor)
“Sou extremamente grata por tudo que ela fez desde que eu cheguei aqui, aliás de antes. Minha vida andava muito vazia até que ela me acolheu e me trouxe para cá. Me sinto abraçada todo dia”
(Bregafunk do amor)
“De alguma forma, esse olhar me reflete e me completa”
(Bregafunk do amor)
“Ele foi meu fã, quando tudo o que eu queria era um amigo”
(Bregafunk do amor)
E também nos lembra da importância da comunicação, tão subestimada nos dias de hoje.
“As palavras se perdem dentro de mim”
(Conto: Mas… e se?)
“Mas pra uma conversa existir é preciso que as duas partes queiram falar e ouvir”
(Azeitonas)
“Às vezes, acho que essa sensação de que alguém está apertando minha garganta, impedindo o ar e as palavras de saírem, nunca mais vai embora”
(Um papai Noel de outro planeta)
Não posso deixar de trazer, também, algumas reflexões importantes sobre o tempo, o fracasso, a decepção.
“Detestava perder tempo. Sabia que o relógio andava rápido demais”
(As razões de Henrique)
“E a pergunta mais difícil de responder, no fim das contas, é: quem é que vai nos enxergar, se estamos todos com pressa?”
(As razões de Henrique)
“Tecnicamente, o próprio tempo-espaço encontra maneiras de colocar tudo no lugar e de curar a si mesmo”
(Um papai Noel de outro planeta)
“Fracasso é não saber a hora certa de desistir, o momento oportuno para abandonar o barco e começar a nadar”
(As razões de Henrique)
“Não sei o que acontece, mas toda vez que me decepciono com algo uma dor crescente invade meu peito, causando um calafrio horrível. Uma vontade de levantar e ir embora. Fugir”
(Bregafunk do amor)
“Lembro da frase que minha psicóloga sempre usa: ‘Estar vivo é decepcionar e ser decepcionada’”
(Bregafunk do amor)
“Estou ainda mais decepcionada comigo mesma, por querer tanto algo e não ter a capacidade de expressar em palavras meus desejos”
(Bregafunk do amor)
A obra te interessou? Então não deixe de ler a resenha completa e, claro, garantir o seu exemplar.
Andata e ritorno (que, em português significa “ida e volta”) é um livro que contém duas histórias paralelas e, ao mesmo tempo, transversais: no presente, conhecemos Stella e suas aventuras, narradas em primeira pessoa; no passado, temos Gildo e sua dura vida, narrados em terceira pessoa.
A verdade é que Stella é uma jovem que decide embarcar rumo à Itália para tentar descobrir mais sobre seu avô — Gildo — e, ao mesmo tempo, reconectar-se consigo. Então, enquanto ela narra sua própria história, ela também conta sobre a infância, a adolescência e a vida adulta de seu avô.
Como tantas famílias ítalo-brasileiras, a de Stella é marcada por imigrações, batalhas e recomeços.
“É incrível como deixamos de prestar atenção em nós mesmos quando vivemos cercados de outras pessoas”
O que a jovem não imaginava era que a sua própria história poderia se assemelhar tanto à de seu avô: ao longo de sua viagem, Stella conhece Guido, que transforma sua vida e faz com que ela precise fazer escolhas que não estavam em seus planos.
“Naquelas cartas talvez encontrasse a resposta para meus questionamentos constantes”
Com a história de Gildo, mergulhamos em uma Verona antiga, que viveu a guerra. Conhecemos uma família grande, cheia de amor e que, unida, passa por diversas provações.
“Por algum motivo, a ideia de que sua família estava sofrendo com sua suposta morte o machucava muito mais do que as dores que sentia ou as feridas que ainda não haviam cicatrizado por completo”
A história de Stella, por sua vez, nos fala sobre a solidão de estar em um país estrangeiro, a saudade, os fantasmas do passado.
As narrativas, como eu disse, não são apenas paralelas, mas transversais, e é gostoso perceber como, apesar do anos e das diferenças, Stella não nega o sangue que tem.
Andata e ritorno é uma publicação independente, baseada em fatos reais, que vai te transportar em inúmeras viagens.
A diagramação da obra é confortável, com impressão em papel pólen e belos detalhes que minuciosamente adornam as páginas.
Se esta história te interessa, adquira seu ebook abaixo ou veja a possibilidade de também adquirir um exemplar impresso entrando em contato com a autora. Aliás, aproveite e já acompanhe o trabalho dela em suas redes sociais (Site | Instagram).
O tanto de quotes que eu tenho desse livro daria para escrever uma nova história. Então senta que lá vem post grande!
“Não acredito na ideia de felizes para sempre. Por que tem que ser eterno pra ser verdadeiro?”
Costumo pensar que se você quer saber se eu realmente gostei de um livro, basta ver quantos trechos destaquei nele (apesar de ter livros tão bons que eu não consigo escolher pequenos trechos, mas páginas inteiras, então acabo não destacando quase nada).
“É engraçado como nunca pensamos nas decisões simples e fugazes que fazemos todos os dias”
Cada trecho significa identificação, compreensão ou apenas o fato de algum pensamento importante ter surgido em mim por causa dele.
“O ser humano pode ser monstruoso. Mas nós também temos algo que ninguém mais tem. Nós podemos amar, de verdade e com todo o coração”
E é gostoso voltar a esses trechos e, às vezes, dar novos significados a eles. Ou novas importâncias.
“Por um tempo, deixamos que a música fizesse o que música faz. Deixamos ela nos curar”
100 canções para salvar a sua vida, da Camila Dornas, foi, sem dúvidas, uma leitura intensa.
“Poucos meses mudaram tudo. Duas daquelas pessoas estavam mortas. As que foram deixadas para trás quebradas demais para um dia serem consertadas”
E a história já começou me conquistando ao falar de São Paulo de uma forma que não poderia ser mais verdade.
“São Paulo era um completo caos, mas era meu caos, e eu adorava”
Mas outro tema que me é tão caro e que tanto me fez querer ler este livro foi, claro, a música, tão presente em cada momento da narrativa.
“Gostava do jeito como ele articulava as palavras quando discutia música, como se mal pudesse contê-las”
“Ambos acreditavam que a música certa podia salvá-los”
“Chorei com apenas aquela canção como companhia. E, ao menos por um momento, foi o suficiente”
“Observá-lo era como ouvir uma canção calma depois de um dia frenético”
“Ouvimos a música em silêncio, naquele limbo onde nossos problemas foram temporariamente esquecidos”
“Algo extraordinário acontecia quando ele se conectava com uma canção”
Uma história que fala, também, sobre perdas e finais (com ou sem despedidas).
“Porque você está aqui agora. E talvez você não signifique muito para o resto da eternidade, mas significa o mundo para quem está do seu lado. E isso vale a pena. As coisas não precisam ser pra sempre para merecerem ser vividas”
“Nunca pensamos muito na morte. Em quão súbita e sem sentido é”
“Acho que é o que acontece quando alguém que você ama para de existir. A parte que eles ocupavam simplesmente fica lá, vazia”
“Mais que nunca, quis poder abraçá-la, dizer que ficaria tudo bem. Mas era tarde demais”
E, sem dúvidas, uma história sobre empatia e dores que nem sempre podemos compreender.
“Algo nela se quebrou irremediavelmente naquele dia”
“— Nós não fomos as únicas pessoas que ela machucou ao deixar pra trás, Ali”
“Não é apenas sobre pessoas extraordinárias, mas dores extraordinárias”
Sobre sermos, antes de mais nada, humanos.
“Não tem nada errado em querer alguma ajuda de vez em quando”
“O silêncio costuma incomodar as pessoas, porque tem uma capacidade singular de te deixar completamente exposto a si mesmo”
“Não entendo por que estamos tão desesperados para esconder nossas próprias falhas”
“Mas ninguém nunca vê nada exatamente igual à outra pessoa. Nossa realidade é totalmente afetada por quem nós somos”
“Lágrimas contidas são como veneno. Confie em mim, eu sei”
100 canções para salvar sua vida é, ainda, sobre termos nossos vícios, sejam eles saudáveis ou não.
“— Ele é um bêbado. Começou quando minha mãe morreu e nunca mais parou. A bebida o transformou em uma pessoa completamente diferente. Eu já tentei de tudo pra recuperar o homem que ele foi, mas em algum ponto temos que desistir de quem não quer ser salvo”
“Para ela, a adrenalina era uma droga”
E no meio de tanta coisa, ainda sobre espaço para passagens leves, recheadas de amor e de personagens marcantes a seu modo.
“Valentina tinha o tipo de sorriso que mudava o mundo”
“Nós dançamos, e parecia que eu o conhecia, que entendia a energia dele”
“Ele era como um dia de sol logo depois de uma tempestade”
“Acho que nunca me acostumaria à sensação de vê-lo sorrir”
Se você se interessou por essa história e quer saber mais sobre ela, não deixe de ler a resenha e de garantir seu exemplar clicando abaixo.
Espero que não seja segredo para ninguém, mas caso ainda seja, aqui vai uma revelação: sou apaixonada pela escrita do Maicon Moura.
E por falar em segredos, hoje trago mais alguns quotes de O segredo de Susan, uma obra que nos envolve e nos faz pensar sobre os diversos temas (difíceis) que ela aborda.
“Marcas quase esquecidas de uma violência sem razão”
Dentre eles, podemos mencionar a questão da confiança e da verdade.
“Confiança só existe uma vez. Ter a confiança de alguém é muito importante. Bom, apenas se essa pessoa não tiver te sequestrado por tanto tempo”
“O mundo quer enganar você. E que você engane de volta. Ele quer que você entenda que está tudo bem, ele quer que você sorria enquanto a televisão te mostra um corpo de uma mulher num beco”
As marcas de um doloroso e obscuro passado (vivido pela protagonista e ignorado por todos).
“Os hematomas em seu braço mostram que o escuro ainda caminha com ela”
“Linhas brancas, acima dos meus joelhos, mostram que em algum momento eu não fui feliz”
“Nesse escuro eu me sentia salva”
Um livro que fala, em suma, sobre as complexidades da vida de uma maneira diferente daquela que podemos estar acostumados.
“Foi nesse momento que eu entendi que existem dois mundos”
“Com onze anos, eu não quero me preocupar com o futuro”
E sobre a passagem do tempo, por mais intrincada que ela possa ser na própria narrativa apresentada.
“Temos todo o tempo do mundo para corrigir nossos erros.
“Só que o tempo, ele pode ajudar de alguma maneira e muitas vezes melhorar isso”
O segredo de Susan é uma leitura que nos deixa de boca aberta e cabeça fervilhando. Se quiser conferir a resenha, clique aqui. Para acessar o ebook (disponível também no Kindle Unlimited), basta clicar abaixo. E não deixe de acompanhar o trabalho do Maicon em suas redes sociais (Instagram | Linkedin).
Um dos motivos pelos quais gosto de marcar e anotar trechos que me chamam a atenção nos livros que leio é que, através deles, posso relembrar a história, além de, em alguns casos, ter novos insightssobre a mesma.
Mas se tem uma coisa que não precisaria de trechos para lembrar, é da força que a narrativa de A filha primitiva, da autora Vanessa Passos, tem.
“A fome ensinava a ser criativa”
Uma histórias que vai direto e reto ao ponto e que toca em muitas feridas.
“Gente é assim, gosta mesmo é de rir das desgraças dos outros”
Uma narrativa sobre partos, não somente físicos, mas também mentais.
“Fico pensando que escrever é um parto infinito”
E, ainda, um texto que fala sobre paternidade e abandono, mas também sobre a história que nos é negada.
“A busca pelo meu pai e pela escrita caminhavam juntas”
A filha primitiva é também sobre vícios.
“Tinha esquecido que a bebida dá coragem pras pessoas”
Sobre humanidade e desumanidade (não sei se essa palavra existe, mas acho que dá para entender a ideia, né?).
“É fácil esquecer o erro de homem”
“Incrível como o ser humano gosta de se enganar”
Não se trata de uma leitura fácil, como os conteúdos já podem indicar, mas ela é necessária. Para saber mais, você pode ler minha resenha aqui e garantir o seu ebook clicando abaixo.
Acho que todos nós, cedo ou tarde, nos deparamos com um momento em que buscamos uma leitura gostosa, mas rápida e leve. E é exatamente isso que encontramos em Garoto conhece garoto.
O contexto é bem simples e, por si só, poderia render os mais diferentes tipos de história: uma excursão para um parque de diversões.
O foco porém — como não poderia deixar de ser em um conto — está em um momento específico: quando quebra a roda gigante em que Bruno está.
“Só aconteceu. De forma natural”
Aqui, porém, sinto-me na obrigação de fazer alguns esclarecimentos:
1°: Bruno estava morrendo de medo de ir em tal brinquedo.
2°: Bruno estava na fila com seu amigo — que era quem realmente queria ir ao brinquedo —, mas este sentiu uma enorme vontade de ir ao banheiro, deixando o amigo em pânico e sozinho.
Claro que esses acontecimentos eram necessários para que, mesmo quase tendo um treco, Bruno entrasse na roda-gigante e dividisse a cabine com um desconhecido. O que, no final das contas, não foi tão ruim assim…
“Nós ficamos com as mãos uma por cima da outra durante uns dois minutos antes que surgisse um outro assunto”
Ficou com vontade de conhecer e ler esse conto romântico, fofinho e curtinho? Então clique abaixo para saber mais e não deixe de seguir o autor em suas redes sociais (Twitter e Instagram).
Título: No farol da ponta verde
Autora: Beatriz Lima
Editora: Duplo Sentido Editorial
Páginas: 49
Ano: 2021
Assim como este Blog passou por um momento de “abandono” — sofrendo uma ausência minha que, brevemente, comentei aqui —, o projeto Meu Brasil é assim também tem andado, infelizmente, um pouco esquecido.
De qualquer forma, há um conto que, até este exato momento, não resenhei: No farol da ponta verde, escrito por Beatriz Lima.
A história se passa em Alagoas, Estado que ainda não tive a sorte de conhecer, mas que já me deixou encantada com o que li ao longo da narrativa.
Bárbara está no terceiro ano do Ensino Médio. Uma época que, por si só, já é cheia de emoções, que ganham ainda mais cores com o clima competitivo no Colégio Cabreira, devido à competição anual interclasses.
“O verbo ‘ser’ tem uma carga muito grande para nós, o que esperamos no mundo e o que o mundo espera da gente. Somos uma soma de todos esses anos que passamos estudando, de cada professor, aluno, coordenador e matérias”
A narrativa, portanto, divide-se entre as etapas da tal gincana, ao mesmo tempo que fala sobre muito mais. Além disso, ela é permeada por lugares e gírias alagoanos (o que, por vezes, pode ser um pouco difícil para alguém que assim como eu, não conhece quase nada da cultura local, ao mesmo tempo que isso contribui para despertar a nossa curiosidade).
No farol da Ponta Verde é uma história gostosa de ler, que nos envolve e que pode despertar sentimentos como saudade e quentinho no coração.
Infelizmente, no momento o conto não está disponível na Amazon, como anteriormente se fazia com as histórias desse projeto. De qualquer forma, não deixe de seguir a autora em suas redes sociais (twitter e instagram). E se quiser conhecer um pouco dos demais contos da série “Meu Brasil é assim” que já resenhei, é só clicar nos títulos abaixo:
Título: Para o garoto que já tem tudo
Autor: Leblon Carter
Editora: Publicação Independente
Páginas: 49
Ano: 2021
O Natal está batendo à porta e — juro! — por coincidência a resenha de hoje é justamente sobre um conto natalino que, aliás, li sem sequer imaginar que tinha relação com a temática (como eu conhecia o autor, peguei sem nem ler a sinopse, confesso, até porque o título já tinha chamado a minha atenção).
Você costuma fazer desejos nesta época? Não só de metas para o ano que está por vir, mas também de coisas que gostaria de ter ou alcançar? Pois aqui vai um lembrete sempre válido: cuidado com o que você deseja! Mas o que isso tem a ver o conto? Calma que eu te explico.
“‘Quando acreditar que tudo está perdido e ao seu redor só há escuridão, olhe mais fundo. Talvez a luz que procure esteja dentro de você. E, mesmo que não esteja, não se preocupe. Não se precisa de luzes quando se é uma estrela’”
Emílio (ou Milo) é o garoto que já tem tudo. Ou quase. Ele mora em uma casa de quatro andares e todo dia seu motorista vai buscá-lo — dirigindo uma limusine — na escola caríssima em que estuda.
“Lembram quando falei sobre o número de andares representar superioridade? Então…minha casa tem quatro. A maior de todo o bairro. Mas não é por superioridade. Minha mãe diz que, para pessoas pretas, quatro andares é a mesma coisa que dois para pessoas brancas. Ou seja, não estamos no topo. Estamos igualados. Mesmo que igualdade seja bem controversa hoje em dia”
Mas já diria aquele velho ditado: dinheiro não é tudo na vida. E Milo sabe que está bem longe de ter tudo. Ao menos tudo o que deseja. Na escola, por exemplo, ele e seu melhor amigo, Yong Soon, são excluídos, sendo vítimas de racismo, xenofobia, bullying.
“Ei, Pastel de Flango! – o tom debochado de sua voz nos fez criar uma expressão de antipatia e constrangimento. – Você vai conseguir entregar aquela “coisa” – sussurrou bem próximo ao Yong”
Além disso, Milo — e todo o resto de sua classe — é apaixonado por Maria, que o despreza. Mas isso não o impede de fazer o possível para tirá-la no amigo secreto de final de ano e, assim, poder presenteá-la.
E engana-se quem pensa que a falta do amor de Maria é o único que machuca nosso protagonista: ele também se sente muito sozinho em casa, tendo pais extremamente ausentes, mas que também querem determinar para ele um futuro que talvez não seja exatamente o que ele deseja.
“Às vezes pode parecer que eu sou o garoto que já tem tudo: móveis lustrados, limusines espaçosas e uma casa gigantesca. Mas, quando vejo momentos iguais esse da foto do Yong com a mãe, é como se eu não tivesse nada. A simplicidade parecia me atrair mais”
E foi em uma noite solitária e reflexiva que Milo viu uma estrela cadente e fez o seu pedido. Um pedido que mudou o seu dia seguinte, trazendo revelações que ele não poderia esperar.
“Um vislumbre azulado surgiu no céu. Estrela cadente; pensei. A primeira vez em que via uma com meus próprios olhos. Normalmente deveríamos fazer um pedido. Desejar algo que nosso coração sempre ansiou, mas nunca teve”
A leitura desse conto é super rápida e envolvente. A cada página que viramos fica aquele gostinho bom de “o que mais será que está por vir?”. E os personagens cativam, deixando a história ainda mais emocionante.
“As pessoas costumavam sorrir somente pelos lábios, mas ele não”
Se você já está em clima natalino ou se preparando para entrar, recomendo esse conto. Uma história com representatividade, para esquentar nossos corações e também nos fazer refletir.
Muito foi dito na resenha da antologia Amor através do tempo, um lindo projeto literário que reuniu quatro autoras para que elas contassem histórias de amor — das mais variadas — em períodos diferentes da história. Mas mesmo tendo dito tanto, foi enorme a quantidade de quotes que tive que deixar de fora e que agora trago aqui.
“Palavras às vezes machucam mais profundamente que qualquer lâmina”
(Amor através da liberdade — Camila Dornas)
“Suas palavras deveriam ter chegado aos meus ouvidos, mas elas foram direto para o meu coração”
(Amor através da dor – Tay Alvez)
Quando digo que é uma obra que reúne histórias de amor variadas estou me referindo a amores entre homem e mulher, entre mulher e mulher, amores felizes e amores infelizes (para citar o mínimo do mínimo dessa obra).
“Louise era sempre cega ao amor oferecido a ela”
(Amor através da liberdade — Camila Dornas)
“É normal ter tanto carinho assim por alguém que viveu o mesmo inferno que você, certo?”
(Amor através da Guerra – Beatriz Cortes)
E claro que, com tantos amores e desamores, essa obra nos faz sentir uma infinidade de coisas (nos fazendo, inclusive, chorar um pouquinho, porque ninguém é de ferro, né?).
“Nunca fora tão sincera com ninguém antes. Sentia como se tivesse se jogado de um prédio sem saber se tinha asas para voar”
(Amor através da liberdade — Camila Dornas)
“A vida nos obriga a conviver com algumas pessoas, a sobreviver sem outras, e seguir a jornada”
(Amor através da Guerra – Beatriz Cortes)
“Então, quando você disse aquilo, eu quis morrer, porque não era possível que você tivesse mudado tanto. Tivesse se perdido tanto. Mas, você tinha”
(Amor através da dor – Tay Alvez)
Fazer essa viagem no tempo acompanhada de tantos sentimentos também é algo que enriquece muito a obra. Poder perceber tensões diferentes a cada guinada temporal é muito interessante.
“Ela cresceu ouvindo que seria apenas uma coisa, mas as mulheres deveriam poder ser quem quiserem ser sem ser julgadas por isso”
(Amor através da liberdade — Camila Dornas)
“A bomba nos deixou bem mais do que cicatrizes”
(Amor através da Guerra – Beatriz Cortes)
“Alguns discursos que fazemos na vida são lindos, mas não passam de discursos”
(Amor através da dor – Tay Alvez)
E não ache que acabou! O tanto que essas histórias nos fazem refletir é até difícil de explicar.
“Mas ela aprendeu cedo que estar cercado de pessoas não te faz menos solitário”
(Amor através da liberdade — Camila Dornas)
“Mas saiba que, se a guerra chegar até você mesmo sem sua permissão, você pode sobreviver a ela”
(Amor através da Guerra – Beatriz Cortes)
“O amor é formado por detalhes e é preciso ter coragem para amar, mas vi você se tornando um covarde e as coisas que formavam nosso amor, morrendo”
(Amor através da dor – Tay Alvez)
Cada história, a seu modo, nos transmite um pouco de força, de esperança e até de crença na humanidade.
“Às vezes, as pessoas não estão destinadas a passar a eternidade juntas. Às vezes, vidas se cruzam como estrelas cadentes em um vasto universo, juntas por um instante efêmero para criar beleza. Certas pessoas aparecem em sua vida não para ficar, mas para te transformar, para te levar onde você precisa ir”
(Amor através da liberdade — Camila Dornas)
Já fiz minha recomendação para que você leia essa obra, na resenha, e reforço aqui o convite. Mas prepare-se para sentir muito, viu? O ebook está disponível na Amazon.
“Por que doamos tanto de nós mesmos para quem não nos dá nada em troca?”