Citações #61 — Clichês em rosa, roxo e azul

A maior resenha que escrevi ano passado (e talvez em toda a minha existência) foi, sem dúvidas, a da obra Clichês em Rosa, roxo e azul, da autora Maria Freitas, uma antologia com diversos contos com protagonismo bissexual.

Apesar da imensa resenha, comentando conto a conto, inúmeros quotes ficaram de fora, então hoje talvez tenhamos outro post imenso (e já peço desculpas por isso, mas eu não poderia deixar de compartilhar tantas frases marcantes por aqui).

Inclusive, gostaria de começar ressaltando as frases que falam sobre o tema central: a bissexualidade (e outras tantas formas de amar).

“Pensar nas coisas que nós temos que esconder me destrói”

(Conto: Mas… e se?)

“Como contar para a sua irmã que você está encantado por uma garota… e por um garoto também?”

(As razões de Henrique)

“Sempre achei aquela garota magnética”

(Conto: um corpo de verão)

“Eu já me esforçava para amar as minhas próprias imperfeições. Não seria tão difícil assim amar as dela também”

(Conto: um corpo de verão)

“Olho por cima do peito de Felipe e vejo que ele e Ana estão de mãos dadas. Não sinto ciúme. Sinto que tudo está certo. No lugar. Como o prólogo de um livro bom: apenas começando uma nova história”

(Bregafunk do amor)

Mas os contos não são só sobre isso. Cada história, a seu modo, entrega muito mais. Há, por exemplo, diversas passagens sobre a solidão.

“Como dizer a ele que receber um milhão de mensagens não afasta a solidão?”

(Azeitonas)

“Talvez a melhor coisa que eu faça nessa minha vida seja realmente seguir em frente”

(Azeitonas)

“A solidão era uma constante na minha vida”

(Bregafunk do amor)

“Eu conheço tão bem a solidão nos olhos de uma pessoa. Tenho espelho em casa”

(Bregafunk do amor)

E também sobre o medo.

“Você tem razão, eu estou feliz e tenho medo de perder isso”

(Conto: Mas… e se?)

“Tenho medo de voar e cair”

(Conto: Mas… e se?)

“Mas, agora, deitado ali, percebo que não ter medo é quase impossível quando se está feliz”

(Conto: Mas… e se?)

“Era como se ela quisesse se fechar em uma casca, onde ninguém pudesse atingi-la, onde ninguém pudesse chegar até ela”

(Conto: um corpo de verão)

O livro fala, ainda, sobre a falta e a tristeza que todos os sentimentos mencionados até aqui podem gerar.

“Abraço essa mulher como se nunca mais fosse abraçar alguém na vida”

(Conto: Mas… e se?)

“Nessa nossa vida, a gente precisa se acostumar com a falta”

(Conto: Mas… e se?)

“É difícil hoje, foi difícil ontem, mas espero que não precise ser difícil amanhã.”

(Azeitonas)

“E, nesse jogo de War, não quero que a tristeza conquiste todos os meus territórios”

(Bregafunk do amor)

“Meu nariz coça, minha garganta fecha, meus olhos ardem. Não posso quebrar agora”

(Um papai Noel de outro planeta)

“Preciso estar em movimento, sempre, senão minha tristeza me engole”

(Um papai Noel de outro planeta)

A verdade é que o conjunto da obra nos faz refletir — e muito — sobre a complexidade das relações humanas, seja com o outro, seja com nós mesmos.

“A época que morei com a minha avó foi muito difícil, tipo, muito mesmo. Acho que não me adaptei à cidade grande até hoje. Barulho demais, longe demais, carros demais. Gente demais. Talvez seja por isso que escolhi fazer minha faculdade no interior, perto de onde cresci. Sei lá, eu devo ser uma pessoa de raízes”

(Conto: um corpo de verão)

“Homens héteros (e cis) têm muitíssima dificuldade em demonstrar qualquer tipo de afeto básico por medo de ferir sua pobre masculinidade frágil”

(Conto: um corpo de verão)

“Sinceramente, às vezes eu ficava na dúvida se estava apaixonada ou tendo um ataque cardíaco”

(Conto: um corpo de verão)

“Tentei explicar coisas que eu nem sabia que estava guardando dentro de mim”

(Conto: um corpo de verão)

“Bia, só a gente sabe a nossa dor”

(Conto: um corpo de verão)

“Quando nossos olhos se cruzam, sinto que perdi tudo”

(Estrela e a flor)

“Algumas coisas são facilmente substituíveis, outras não”

(Azeitonas)

“Não fomos capazes de enfrentar nada, não é? Você era a minha pessoa, como foi que a gente se perdeu?”

(Azeitonas)

“Ultimamente, vinha respondendo todo mundo no automático, sem realmente me conectar com ninguém”

(Azeitonas)

“Desde o meu último namoro — que deu completamente errado —, jurei que não seria trouxa. Fui trouxa”

(As razões de Henrique)

“Só sabia sentir e sentia demais”

(As razões de Henrique)

“Mesmo sendo nova na cidade, dá para perceber que, ainda que também haja conflitos e diferenças, as pessoas daqui são mais acolhedoras”

(Bregafunk do amor)

“Sou extremamente grata por tudo que ela fez desde que eu cheguei aqui, aliás de antes. Minha vida andava muito vazia até que ela me acolheu e me trouxe para cá. Me sinto abraçada todo dia”

(Bregafunk do amor)

“De alguma forma, esse olhar me reflete e me completa”

(Bregafunk do amor)

“Ele foi meu fã, quando tudo o que eu queria era um amigo”

(Bregafunk do amor)

E também nos lembra da importância da comunicação, tão subestimada nos dias de hoje.

“As palavras se perdem dentro de mim”

(Conto: Mas… e se?)

“Mas pra uma conversa existir é preciso que as duas partes queiram falar e ouvir”

(Azeitonas)

“Às vezes, acho que essa sensação de que alguém está apertando minha garganta, impedindo o ar e as palavras de saírem, nunca mais vai embora”

(Um papai Noel de outro planeta)

Não posso deixar de trazer, também, algumas reflexões importantes sobre o tempo, o fracasso, a decepção.

“Detestava perder tempo. Sabia que o relógio andava rápido demais”

(As razões de Henrique)

“E a pergunta mais difícil de responder, no fim das contas, é: quem é que vai nos enxergar, se estamos todos com pressa?”

(As razões de Henrique)

“Tecnicamente, o próprio tempo-espaço encontra maneiras de colocar tudo no lugar e de curar a si mesmo”

(Um papai Noel de outro planeta)

“Fracasso é não saber a hora certa de desistir, o momento oportuno para abandonar o barco e começar a nadar”

(As razões de Henrique)

“Não sei o que acontece, mas toda vez que me decepciono com algo uma dor crescente invade meu peito, causando um calafrio horrível. Uma vontade de levantar e ir embora. Fugir”

(Bregafunk do amor)

“Lembro da frase que minha psicóloga sempre usa: ‘Estar vivo é decepcionar e ser decepcionada’”

(Bregafunk do amor)

“Estou ainda mais decepcionada comigo mesma, por querer tanto algo e não ter a capacidade de expressar em palavras meus desejos”

(Bregafunk do amor)

A obra te interessou? Então não deixe de ler a resenha completa e, claro, garantir o seu exemplar.

Publicidade

Se gostou, comente aqui (;

Preencha os seus dados abaixo ou clique em um ícone para log in:

Logo do WordPress.com

Você está comentando utilizando sua conta WordPress.com. Sair /  Alterar )

Imagem do Twitter

Você está comentando utilizando sua conta Twitter. Sair /  Alterar )

Foto do Facebook

Você está comentando utilizando sua conta Facebook. Sair /  Alterar )

Conectando a %s