Hoje dou início a mais um tipo de post por aqui: comentários e/ou um pouco da história por trás das músicas que eu mais gosto. Começo com “Como nossos pais”, porque essa música — não à toa — ecoou dias e dias em minha cabeça.
A música que ficou famosa na voz de Elis Regina, foi composta e lançada por Belchior, no álbum “Alucinação”, de 1976. Elis Regina a gravou no mesmo ano, em seu álbum “Falso Brilhante”.
Não quero lhe falar,
Meu grande amor,
Das coisas que aprendi
Nos discos
Quero lhe contar como eu vivi
E tudo o que aconteceu comigo
1976, o ano que não terminou. O ano em que “misteriosamente” dois populares ex-presidentes morreram em menos de 4 meses: Juscelino Kubitschek em 23 de agosto e João Goulart em 6 de dezembro.
Viver é melhor que sonhar
Eu sei que o amor
É uma coisa boa
Mas também sei
Que qualquer canto
É menor do que a vida
De qualquer pessoa
1976, o ano que antecedeu golpes ainda maiores à democracia brasileira (em 1977 Geisel chegou a fechar o Congresso Nacional), que já sofria desde 1964, quando os anos de chumbo começaram. E foi em 1976 que Castello Branco tornou as eleições para governador indiretas e os prefeitos passaram a ser escolhidos pelos governadores (já imaginaram a beleza disso, não?).
Como nossos pais retrata a desilusão que boa parte da juventude brasileira sentia naqueles anos tão sombrios. E olha que a música foi lançada um ano antes de grandes conflitos entre polícia e estudantes.
Por isso cuidado meu bem
Há perigo na esquina
Eles venceram e o sinal
Está fechado para nós
Que somos jovens
Para abraçar seu irmão
E beijar sua menina na rua
É que se fez o seu braço,
O seu lábio e a sua voz
Mesmo diante de um cenário tão difícil, porém, a música ainda consegue trazer certo ar de esperança. Acho que esse foi um dos principais motivos pelos quais a deixei repetindo sem parar em minha mente.
Você me pergunta
Pela minha paixão
Digo que estou encantada
Como uma nova invenção
Eu vou ficar nesta cidade
Não vou voltar pro sertão
Pois vejo vir vindo no vento
Cheiro de nova estação
E como já deu para notar em algumas passagens anteriores, a música também fala de amor. Afinal, falar de juventude e não falar de amor é uma missão quase impossível, não?
Já faz tempo
Eu vi você na rua
Cabelo ao vento
Gente jovem reunida
Na parede da memória
Essa lembrança
É o quadro que dói mais
O que mais me impressiona em Como nossos pais é o fato de que ela é ainda tão atual, outro motivo pelo qual a repeti incessantemente durante o período das eleições. Ela me parece uma alerta, um pedido para que possamos abrir nossos olhos. E, novamente, ela nos dá vontade de ter fé que as coisas podem ser melhores. É isso que esperamos, não?
Minha dor é perceber
Que apesar de termos
Feito tudo o que fizemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Ainda somos os mesmos
E vivemos
Como os nossos paisNossos ídolos
Ainda são os mesmos
E as aparências
Não enganam não
Você diz que depois deles
Não apareceu mais ninguém
Você pode até dizer
Que eu estou por fora
Ou então
Que eu estou inventandoMas é você
Que ama o passado
E que não vê
É você
Que ama o passado
E que não vê
Que o novo sempre vem
Mas mesmo tendo trechos de esperança e de amor, Como nossos pais também fala sobre imobilidade, sobre impotência. Uma música que consegue englobar também aqueles que desistiram de lutar por um bem maior e passaram a lutar por um bem próprio: a segurança e o acúmulo de dinheiro.
Hoje eu sei
Que quem me deu a ideia
De uma nova consciência
E juventude
Tá em casa
Guardado por Deus
Contando vil metal
Muito linda essa música.
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Gosto muito!!
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Mudou o template? Ficou lindo.
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Obrigada!!
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Adorei! 💛 Belchior vive! ^^
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Com certeza!!
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