Título: A cidade do Sol Original: La città del Sole Autor: Tommaso Campanella Editora: Vozes de Bolso Páginas: 57 Ano: 2014 Tradução: Carlo Alberto
O livro A Cidade do Sol é uma obra extremamente curta e, ao mesmo tempo, densa. Se por um lado o fato dele ser construído em forma de diálogo faz com que a leitura pareça leve, por outro lado é preciso estarmos atentos às falas e descrições nelas contidas. O diálogo em questão se dá entre os dois únicos personagens do livro: um Hospitalário (Cavaleiro da Ordem dos Hospitalários de São José de Jerusalém) e um Genovês, que viajara com Colombo.
O cavaleiro, ao encontrar com o Genovês, pede que este lhe conte tudo o que vira durante suas navegações. O Genovês — que é quem mais fala ao longo do livro — começa a contar alguns infortúnios da viagem e logo chega à Cidade do Sol, passando a descreve-la conforme as perguntas do Hospitalário.
Por meio desse diálogo, Campanella consegue idealizar uma cidade metodicamente organizada. Um exemplo dessa organização sistemática é o fato de que todos os habitantes da Cidade do Sol trabalham e fazem isso para um bem comum.
“Entretanto, todos têm o necessário. E entre eles o amigo se conhece nas guerras, nas enfermidades, nas ciências, nas quais se ajudam e ensinam uns aos outros”
A cidade do Sol (p.12)
A primeira pergunta do Hospitalário é “como é construída essa cidade? Como ela é governada?”, ao que se segue uma descrição detalhada da forma física da cidade, bem como de seu complexo governo: o Príncipe Sacerdote — que se chama Sol (ou Metafísico) — é quem governa a cidade, assistido por três príncipes — Pon, Sin e Mor (Poder, Sabedoria e Amor). Só os nomes daqueles que governam a Cidade do Sol já diz muito sobre a mesma.
Além disso, na cidade ainda há os Magistrados:
“A cada virtude que nós temos, correspondem para eles um magistrado: há um que se chama Liberalidade, outro Magnanimidade, outro Castidade, um que se chama Fortaleza, outro Justiça criminal e civil, outro Solércia, outro Verdade, outro Beneficência, outro Gratidão, outro Misericórdia etc.”
A cidade do Sol (p.13)
Esses Magistrados são escolhidos pelos Príncipes, bem como pelos mestres de cada arte. Como todos os cidadãos são igualmente educados em todas as artes, escolhe-se para ser Magistrado aquele que tem maior aptidão.
Um ponto que deve ser destacado sobre a Cidade do Sol é o fato de que até mesmo as relações são controladas. A geração (ou reprodução) segue regras importantíssimas, que visam à manutenção de uma qualidade — ou um equilíbrio —das novas gerações. Bizarro, não? Mas não é só isso! Não são as pessoas que escolhem o próprio parceiro e caso não haja reprodução entre um casal estabelecido, trocam-se os parceiros. E tudo isso controlado pelo tal Príncipe Mor. A tal cidade perfeita certamente desconhecia o que era amor de verdade, mas ainda assim era considerada uma cidade feliz.
Por outro lado, tirando essa questão esquisitíssima, a Cidade do Sol parece viver sob uma espécie de comunismo que deu certo:
“Mas entre eles, distribuindo-se os ofícios, as artes e as labutas entre todos, cada um não trabalha mais do que quatro horas por dia, o tempo que sobra é utilizado para aprender brincando, disputando, lendo, ensinando, caminhando, sempre com alegria.
A cidade do Sol (p.25)
Há ainda muitos outros assuntos que são abordados ao longo do livro, que, no entanto, tem um final abrupto, pois o Genovês deve partir e não tem mais tempo de contar tudo o que vira.
Apesar de ser uma obra um tanto quanto antiga — Tommaso Campanella publicou A cidade do Sol em 1602 — este livro traz muitas críticas que ainda fazemos em nossa sociedade ou que ao menos conseguimos compreender, como a crítica ao ócio (puro e simples) e aos governantes que nada sabem, ou então à riqueza desmedida por parte de alguns, bem como a ostentação.
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Oi Tati!
Não conhecia esse livro e adorei a dica. Ele tem uma premissa super interessante, parecida com distopias famosas como 1984 e Admirável Mundo Novo, porém me passou a impressão de ser bem original. Gosto muito desse tipo de história, vou procurar mais sobre ele.
Beijos!
Mais Uma Página
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Não havia pensado nessa relação que você fez entre as distopias, mas faz muito sentido. O que faz esse livro ser diferente é que tem menos ciência, tecnologia, mais questões culturais e sociais
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