As pequenas virtudes — Natalia Ginzburg

Título: As pequenas virtudes
Original: Le piccole virtù
Autora: Natalia Ginzburg
Editora: Einaudi
Páginas: 65 
Ano: 1962 

Antes de começar a resenha em si, gostaria de fazer como a própria Natalia Ginzburg e deixar aqui um aviso: li o livro em língua italiana (por isso não tem o nome do tradutor ali em cima), mas trarei as citações de acordo com a tradução feita por Maurício Santana Dias, na edição brasileira, publicada em 2015 pela Cosac Naify.

O aviso da autora, por outro lado, é sobre o fato de que a obra reúne ensaios publicados em diferentes jornais e revistas, bem como em períodos diferentes de sua vida. E já com esse aviso inicial temos a oportunidade de nos deliciar com a escrita de Natalia. As pequenas virtudes é aquele livro que queremos ler, mas que até entrar em contato com ele, não temos como saber (então se permita entrar em contato com ele!).

“E, vejam bem, não é que se possa esperar da escrita um consolo para a tristeza”

O livro é dividido em duas partes, mas confesso que não ficou muito claro para mim se há algo que justifique essa divisão. De qualquer forma, a primeira parte é composta pelos seguintes títulos:

  • Inverno em Abruzzo
  • Os sapatos rotos
  • Retrato de um amigo
  • Elogio e lamento da Inglaterra
  • La maison Volpé
  • Ele e eu

Não vou falar sobre cada um deles, mas também não posso deixar de comentar que Inverno em Abruzzo foi um bom começo para este livro. Ele nos dá a dimensão da pessoalidade por trás dos textos, além de já nos permitir uma deliciosa viagem através das palavras da autora.

“Uma vez sofrida, jamais se esquece a experiência do mal”

E quando eu digo “deliciosa viagem” não estou necessariamente falando de algo feliz, muito menos de uma passeio, mas do fato que a escrita é tão envolvente e tão bem construída que todo o cenário surge diante de nossos olhos.

“Mas aquele era o tempo melhor da minha vida, e só agora, que me escapou para sempre, só agora eu sei”

Mas desses primeiros ensaios, aquele que mais chamou minha atenção foi Os sapatos rotos. Isso porque o texto fala muito mais que sobre “sapatos quebrados”. Fala sobre viver e, consequentemente, sofrer. E sobre seguir adiante mesmo assim. A metáfora presente neste ensaio é tão bem construída que nos emociona.

“Tenho os sapatos rotos, e a amiga com quem vivo neste momento também tem os sapatos rotos”

A imagem dos sapatos, aliás, não aparece apenas neste texto, mas também em outros. E é algo que realmente nos faz pensar.

“Aliás, para aprender mais tarde a caminhar com sapatos rotos talvez seja bom ter os pés enxutos e aquecidos quando se é criança”

Eu falei que não ia comentar texto por texto, mas os ensaios dessa primeira parte são bem marcantes, então também gostaria de dizer que achei divertido o Elogio e lamento da Inglaterra e que achei curiosa a relação de amizade apresentada em Retrato de um amigo.

“Sobre minhas dores reais, não choro nunca”

Mas o ensaio que não posso mesmo deixar de citar é Ele e eu. Um retrato de uma relação real. Até demais. Tudo começa às mil maravilhas e, pouco a pouco, vai se tornando algo complicado. Triste. E a maneira que Natalia apresenta isso é muito bonita.

“Acho que ele gosta que eu dependa dele, em tantos aspectos”

Os textos da segunda parte, por sua vez, são:

  • O filho do homem
  • O meu ofício
  • Silêncio
  • As relações humanas
  • As pequenas virtudes

Nessa segunda parte achei alguns textos mais longos e cansativos. Mas O meu ofício é bem interessante, porque a autora vai traçando sua vida de escritora, nos contando sobre inspirações e momentos. E imagine tudo isso feito com essa linguagem tão dela que, a essa altura, já estamos mais que afeiçoados.

“Assim, e cada vez mais, tenho a sensação de errar em cada coisa que faço”

Agora As pequenas virtudes mais que ser o ensaio que dá nome ao livro, é, também, um texto lindíssimo. Fechou com chave de ouro, nos deixando reflexivos e, ao mesmo tempo, com o coração quentinho.

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2 comentários em “As pequenas virtudes — Natalia Ginzburg

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