Filhos que não leem: instruções de uso [tradução 8]

Escrever para papais e mamães nunca me passou pela cabeça, mas a verdade é que as dicas que encontrei no post Figli che non leggono: istruzioni per l’uso (e que traduzirei aqui embaixo), podem ser úteis não apenas para pais, mas também para professores ou mesmo para qualquer pessoa que tenha contato com jovens (e, por que não? Adultos) que não gostam de ler.

O post original encontra-se no site Cultura18, e foi publicado em maio de 2019, por Erica Regalin. Confira aqui.


A maioria dos pais reclama que os filhos não leem o suficiente; mas é difícil competir com tablet e smartphone: o display iluminado parece ter a capacidade de aprisionar o usuário em um vórtice que não deixa espaço para dar atenção a outras atividades! As novas gerações estão habituadas a receber milhares de estímulos simultaneamente e as mídias sociais fossilizam as mentes para a leitura de textos breves e velozes; faz-se, portanto, necessário treinar novamente os jovens a encarar um bom número de páginas (inclusive de uma certa complexidade). Não todos, porém, aproximam-se dos livros espontaneamente, sendo, portanto, necessário utilizar táticas estratégicas para colocar um exemplar nas mãos dos próprios filhos!

O QUE NÃO É PRECISO FAZER

Obrigá-los a ler: insistir não te levará a lugar nenhum; o único efeito obtido será o de fazê-los odiar os livros, o que é bem diferente de não amá-los.

Criticar as demais atividades: cada uma delas sempre agrega valor, o que contribui para o crescimento e o estabelecimento da personalidade deles.

Gritar com eles ou diminuí-los diante dos outros porque não leem: desmerecer um jovem em fase de crescimento e fazê-lo sentir-se um erro pode causar insegurança.

Impor os próprios gostos: você não é o seu filho, portanto é necessário tratá-lo como uma pessoa única e aceitar que ele pode apreciar inclusive as leituras que você mais detesta!

O QUE É PRECISO FAZER

Dar o bom exemplo! Se os pais não transformam a leitura em uma prioridade, optando por ativamente dedicar um tempo a ela, não podem esperar que o filho o faça. Ninguém gosta de hipocrisia!

Proibir alguns livros em casa: a curiosidade é a característica dos jovens que mais facilmente pode ser desfrutada. O objeto proibido sobre o qual criar esse misticismo pode ser um exemplar com ilustrações peculiares ou um projeto gráfico interessante.

Responder às perguntas deles com um livro! Demonstrar a utilidade dos textos os encoraja a utilizá-los. Pode também ser divertido planejar uma “caça” às informações com os livros de casa, colocando-os como base útil para qualquer tipo de pesquisa e premiando o vencedor com um bom lanche.

Criar um espaço para os livros deles. Por que devemos considerar algo importante se nem mesmo temos um espaço para isso? Construir e personalizar uma prateleira ou uma biblioteca com os próprios pais relaciona simbolicamente aos livros uma ótima recordação!

Perguntar a opinião sobre o que leram ou estão lendo (independentemente do tipo de livro). O diálogo é um enriquecimento contínuo, principalmente se a sua opinião interessa a alguém.

Presentear com livros que correspondem aos gostos pessoais dos filhos: não é preciso limitar-se às narrativas, mas explorar também álbuns ilustrados e graphic novel; o conteúdo poderá ser aprofundado através de livros cada vez mais precisos e complexos.

Estimule-os a acabar com os livros: é muito bom avaliar criticamente uma obra, principalmente aquelas que não gostamos. Encoraje-os a falar de cada elemento que não gostaram e, se possível… Esteja ao lado deles!

Tablet e smartphone nem sempre são inimigos: existem diversas plataformas que permitem a leitura de ebook e fan-fiction. Talvez o fascínio da tela luminosa desta vez possa ser positiva aos olhos ali “colados”.

Encorajar as novas gerações a ler talvez não seja assim tão difícil: são múltiplas as ações possíveis de realizar. Cada pessoa, porém, é diferente, portanto a criatividade, a imaginação e a vontade de fazer continuam a ser o melhor instrumento para usar para encontrar novas soluções e metodologias. O importante é reinventar-se sempre!

8 comentários em “Filhos que não leem: instruções de uso [tradução 8]

  1. Meu pais não são leitores, mas sempre teve muitos livros em casa, e num dia desses eu pegueis alguns comecei a folhear e ai fui fisgado, de forma indireta até, eles me ajudaram nisso. Mas acho que o exemplo é a base de tudo né, tanto de exemplo de ler, ou de se alimentar bem, tomar decisões e atitudes corretas, enfim exemplos acho o mais marcante de tudo nessas dicas.

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    1. Eu concordo com você que o exemplo seja a base, mas você também está aí para mostrar que mesmo sem eles, as coisas podem ser diferentes! Hahahahaha claro que, desde que haja um mínino para isso, como, no seu caso, a presença de livros em casa!

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  2. Meus pais tiveram uma educação muito simples e por isso mesmo nunca foram adeptos da leitura. Minha mãe por ter sido muito religiosa passou a ler muita coisa segmentada ao catolicismo, e buscando me doutrinar me introduzia a algumas leituras e reflexões muito interessantes na minha pré adolescência. Sem saber ele me incentivou a tomar o gosto pela leitura. Levei sorte de ter uma biblioteca muito boa no colégio que que estudei, fato este que aguçou a minha curiosidade ao completar séries como a da Bruxa Onilda e mais tarde a coleção vagalume. Não tenho filhos, mas busco incentivar meus sobrinhos os presenteando sempre com obras apropriadas para a sua idade. Espero estar plantando uma sementinha da leitura neles!

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    1. Esse é um tópico importante ainda hoje: a questão da acessibilidade dos livros. Enquanto não tivermos boas bibliotecas — como a que você teve a sorte de ter na escola — não teremos como negar que o acesso ao livro ainda tem um quê de elitismo.
      Mas que bom que você tornou-se leitor e, melhor ainda, que tem tentando plantar essa sementinha em seus sobrinhos. Creio que logo colherá bons frutos com essa prática!

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