As 220 mortes de Laura Lins — Rafael Weschenfelder

Título: As 220 mortes de Laura Lins
Autor: Rafael Weschenfelder
Editora: Publicação Independente
Páginas: 53
Ano: 2020

Escrever um conto não é uma tarefa tão simples quanto parece, porque não é simplesmente escrever uma histórinha curta e acabou. A “histórinha” precisa ter começo, meio e fim na medida certa. E se tem algo que eu posso dizer é que As 220 mortes de Laura Lins tem exatamente isso. Ok, talvez eu não importasse de ler um pouco mais… Mas isso é pelo que ainda vou apresentar abaixo.

Acho que uma das coisas que surpreende logo de cara neste conto é a linguagem: totalmente acessível. Digo, o conto é escrito numa linguagem adequada aos personagens nele apresentados (dois jovens que estão no ensino médio) e, ao mesmo tempo, é recheado de referências que nos aproximam ainda mais dos acontecimentos e da narrativa. Não é uma história que termina em si mesma, mas que nos abre horizontes.

E aqui pegamos outro ponto crucial: a narrativa. Impossível não ser fisgado por essas páginas. Rafael pegou uma ideia e trabalhou em cima dela de maneira muito criativa, divertida e, apesar de tudo (e vocês já vão entender essa “ressalva”), leve.

Em certo momento da leitura, fiquei pensando se havia uma metáfora por trás daquelas palavras, onde tudo aquilo chegaria. Entendi que não era exatamente uma metáfora, mas havia uma grande mensagem a ser passada e… Uau! Como isso foi muito bem feito.

Mas vamos ao que interessa: antes de começar a leitura da história propriamente dita, somos apresentados a 5 regras. Guarde-as, você logo entenderá cada uma e — provavelmente, ao menos comigo foi assim — achará muito bacana o paralelo ali traçado.

“Nesse jogo, é a mente que fica com as cicatrizes mais profundas”

Os capítulos são nomeados de “ciclos” e isso também logo se explica. Se você olhar o sumário, verá: Ciclo 1, Ciclo 2, Ciclo 3, Ciclo 220, Ciclo 221 e Laura. Não, não é um erro. Lembre-se que estamos falando de um conto e você, ao iniciar a leitura, logo entenderá que não seria possível narrar cada um dos ciclos (eu leria, viu?). Mas por quê?

A cada novo ciclo, Daniel acorda em seu quarto, olha para o celular e vê a mesma data e hora: 17 de maio, 13:23. A cada novo ciclo, Daniel vai se encontrar com Laura no Parque do Ibirapuera. E a cada novo ciclo, Daniel tenta evitar a morte de sua amiga (e falha).

É claro que depois do 3º ciclo, tanto Daniel quanto nós, leitores, já entendemos que ele está preso em um looping temporal. O que não sabemos — e nem ele — é como sair disso.

E apesar disso poder soar repetitivo, não é. Não apenas porque, a cada ciclo, Daniel descobre algo novo, mas também porque somos, aos poucos, apresentados à história dele e de Laura, que é muito mais complexa e instigante do que poderíamos esperar de dois jovens colegiais.

Ok, talvez “instigante” tenha sido um adjetivo exagerado, mas a realidade é retratada ali de maneira tão palpável que não tem como não vermos um filme passando em nossas cabeças.

“Viver a mesma tragédia 219 vezes e não poder conversar com ninguém é demais até para Daniel Trombadinha”

Li esse conto bem rapidamente, torcendo até o último momento por um final feliz. Não posso dizer que cheguei onde esperava, mas o final está realmente muito bem pensando.

E se te deixei com vontade de saber mais sobre essa história, clica aqui.

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5 comentários em “As 220 mortes de Laura Lins — Rafael Weschenfelder

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