Eu sou escritora?

A verdade é que este é um assunto sobre o qual penso bastante. Muitas pessoas diriam (e dizem) que sim, sou escritora. Eu, por outro lado, tenho dificuldade em concordar com elas. Mas por quê?

Tive a sorte e o privilégio de crescer em uma família de leitores e acredito que já comentei muitas vezes sobre isso aqui no Blog. Não sei qual foi o primeiro livro que li ou que livro despertou minha paixão pela leitura, só sei que, desde que me entendo por gente, sou apaixonada pelas palavras e estou sempre lendo um livro atrás do outro.

Isso significa que, desde pequena, sou fascinada pelo universo literário. Sempre achei o máximo a capacidade de completos desconhecidos me apresentarem novos mundos e novas possibilidades. Conhecer um um autor (pessoalmente, digo) era algo bem raro e surreal para mim. Então eu sempre vi essas pessoas como seres realmente fantásticos, de outro mundo, inalcançáveis, mas capazes de fazer maravilhas com as palavras.

(Ao mesmo tempo, esse pensamento não faz sentido algum, pois tenho familiares que também publicaram livros, que trabalham com livros… Enfim, a ingenuidade faz isso conosco).

Hoje em dia (ao menos antes dessa pandemia), eu vou a eventos literários e vejo com meus próprios olhos que escritores são seres de carne e osso como eu; ou então eu troco ideias, através das redes sociais e do blog, com autores que me pedem para ler seus livros e divulgá-los. São gente como a gente. E, ainda assim, não consigo me colocar no mesmo nível que eles. Não consigo me ver como escritora.

Mas, Tati, por que você deveria se considerar uma escritora?

Caso você ainda não saiba, tenho alguns contos publicados. Mas sim, por enquanto, é “só” isso. De qualquer forma, contarei um pouco mais sobre cada um deles.

Em 2016, quando eu ainda tinha meu outro Blog (que deletei pouco tempo depois), fiquei sabendo sobre uma seleção de contos natalinos, para uma antologia da Editora Illuminare.

Naquela época, eu não sabia muito bem como funcionavam essas antologias, nem a importância que elas podem ter para autores iniciantes. Ainda assim, como o natal era uma época especial para mim, resolvi escrever sobre o tema e, sem grandes pretensões, enviei meu conto. Eu só queria poder colocar no papel como eram as minhas festas natalinas, pois sei que minha família comemorava de maneira muito especial. E ver esse edital foi o empurrãozinho que eu precisava para isso.

Acontece que… meu conto foi selecionado! Eu sequer havia comentado com pessoas próximas que tinha enviando um conto para uma seleção. E só joguei a informação “no mundo” quando meus exemplares chegaram aqui em casa, porque até então eu não poderia acreditar numa coisa dessas.

Lembro-me, inclusive, que haveria um evento de lançamento da antologia, no Rio de Janeiro, e eu e meus pais até cogitamos participar. Acabou não dando certo, mas às vezes me pergunto como teria sido isso. Talvez as coisas fossem diferentes se eu tivesse ido a esse evento…

De qualquer forma, passava a existir a minha primeira publicação de verdade: o conto “Devaneios de um caloroso natal” na antologia “Natal em verso e prosa“, da Editora Illuminare.

Depois disso, só fui mergulhar novamente neste mundo mais recentemente. Desde o final do ano passado, para ser mais exata, com um edital para uma antologia sobre romance clichê. Quer algo mais a minha cara?

Li a proposta e logo senti um comichão para colocar em palavras uma ideia que foi nascendo, aos poucos, dentro de mim. Foi assim que, em dezembro de 2019, consegui ser selecionada para a antologia “Um clichê para recordar“, da Editora Cervus, com o conto “Pegue a minha mão (e a minha vida inteira)” [alguém aí sacou a referência desse título?].

Por uma série de motivos (como atrasos na publicação, falta de informação, erros), acabei não divulgando essa antologia, que só veio a ser efetivamente publicada em outubro deste ano. Mas ela finalmente existe!

Um pouco depois de ser selecionada para a antologia da Cervus, fui convidada a organizar a antologia “Um amor para chamar de meu“, da Editora Lettre. Mas, além de organizar, eu teria de escrever um conto também… E foi aí que publiquei “A língua do amor”, um dos meus contos mais queridos (por mim, digo). O ebook desta antologia foi publicado em março de 2020 e a versão física saiu em julho deste mesmo ano.

Por fim, ainda em 2020, publiquei o conto “A vida em ondas”, na antologia de halloween da Editora Lettre. “Gostosuras ou travessuras” foi publicada em outubro e pode ser lida gratuitamente!

Sim, eu tenho quatro contos publicados e, mesmo assim, não me considero escritora. Mas não, eu não acho que quem escreve apenas contos seja menos escritor que alguém que publicou um livro solo. Apenas tenho dificuldades em me ver neste papel.

Ainda assim, agradeço aos que discordam de mim e, mais ainda, aos que me apoiam em minhas loucuras literárias. Quem sabe um dia eu mesma mude essa visão que tenho? Mas me resta uma dúvida: o que é essencial para que você considere uma pessoa uma escritora?

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11 comentários em “Eu sou escritora?

  1. Com certeza é uma escritora. Seria interessante ter algumas postagens acerca desdes concursos quando surgem! Eu mesmo já me inscrevi para alguns, sendo até selecionado em um deles (mas não me lembro qual), mas achei furada sabe, do tipo caça níquel e nem levei adiante a ideia.

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      1. Não, eu não, você sim, você publicou, mas para mim é um hobby, um momento de imaginar uma história, criar e por nas linhas. Em 1984 numa ida ao Rio de Janeiro, tive uma ideia de cinco cenas, comprei um bloco e uma caneta e listei em cena a, b, c, d, e.
        Passei 25 dias no Rio me divertindo, quando voltei escrevi o faroeste O Décimo Homem.
        Escrito em cadernos, a mão.
        Amava isto, mas depois qualquer tentativa de escrever me deixa(va) com os braços, leia-se ombros, fora de ação, dores fortes.
        Tentei uma última vez há uns três meses e acabei me afastando do blog e da internet.
        Para mim é hobby, e nada mais do que isso.

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  2. Para mim, basta escrever algo para ser escritor (nem precisa ser publicado), a diferença talvez estaria em ser amador ou profissional (que é outra discussão, rs).
    Uma outra dúvida que me surge (e para essa não tenho resposta) é se necessariamente precisamos escrever ficção para sermos escritores.

    Quanto às antologias que você participou, fiquei com uma curiosidade: Foram daquelas em que você tem a “obrigação de comprar” um número X de livros no final? Ou foram publicações tradicionais?

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    1. Realmente, há uma grande diferença entre ser amador e profissional!
      Eu diria que não, afinal, temos excelentes biografias e relatos de guerra (ou outros eventos históricos) para ler…
      Sobre as antologias, exceto “Gostosuras ou travessuras”, que foi um projeto sem fins lucrativos, as demais eu tive de pagar uma “taxa de inscrição” e, com isso, tinha direito a uma quantidade de exemplares (entre dois e quatro). Mas não havia a obrigação de comprar ou vender mais que estes exemplares.

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